Casa da Quinta das Carrafochas

IPA.00010425
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal
 
Arquitetura agrícola e arquitetura residencial, barroca. Quinta de produção composta por casa com capela no extremo esquerdo, e por anexos agrícolas, formando um pátio interno, fechado pelo muro e por portão armoriado.
Número IPA Antigo: PT031107140048
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

Conjunto edificado em banda, de forma rectangular implantado paralelamente à EM. O conjunto é marcado por pátio central de distribuição e acesso aos edifícios de diferentes funções. O corpo a NE. do pátio, destinado a funções utilitárias, de apoio à produção agrícola e habitação de pessoal, possui dois volumes externos de coberturas complexas com remate em beirado, tendo, o que abre para o pátio, cobertura em telhados de tesouro. O corpo principal da quinta, no extremo SO. do conjunto, corresponde à residência e à capela, de volume único e cobertura homogénea quatro águas com duas águas-furtadas viradas a N. e E. Existe ainda um corpo edificado que fecha o pátio a NO. e que deita para jardim formal de planta semicircular. Estrutura em alvenaria de pedra. O corpo da CASA é composto pela zona residencial e pela capela no extremo esquerdo, evoluindo a primeira em dois pisos. A fachada é pintada de rosa, flanqueada por cunhais em cantaria e rematada em friso e cornija, tendo, no extremo esquerdo um pano dividido por pilastra, com os pisos divididos por friso de cantaria, sendo as pilastras encimadas por pináculos do tipo balaústre; possui sete janelas de sacada no piso nobre, com guardas de ferro forjado e molduras a cantaria de calcário encimadas por fortes cornijas rectas salientes, marcadas por filete entre o lintel e o friso. As bases das varandas são em cantaria trabalhada, ao nível do espelho e prolongam-se horizontalmente, a modo de cinta, ao longo da fachada principal da casa. O piso térreo possui sete janelas de peito igualmente emolduradas a cantaria de calcário. A capela, dedicada a Nossa Senhora do Monte do Carmo, remata em espaldar recortado e ornado por volutas enroladas na parte inferior e cornija contra-curvada, do tipo borromínico no coroamento, tendo cruz latina no vértice. Sob o vértice da cornija, exibe-se a pedra de armas e sob esta um óculo circular, actualmente cego. A porta da capela, em cantaria de calcário trabalhada, possui frontão semicircular interrompido com enrolamento de volutas que enquadram plinto de pedra e respectivo pináculo. O entablamento é composto por cornija recta, friso e lintel. As ombreiras possuem bases salientes e recortadas. Sobre a porta, óculo barroco octogonal, em cantaria recortada, sendo quatro dos seus lados convexos. É rematado superiormente por um pequeno frontão. A capela possui uma sineira de pedra na sua extremidade O. formada por arco de volta perfeita, assente em impostas salientes, onde se encontra o sino de bronze, encimada por cornija recta, rematada por duas volutas e pináculo central. Entre a casa e as dependências utilitárias, encontra-se o muro onde se abre o portal nobre, de acesso ao pátio central. O portal é em cantaria lavrada e possui coroamento contra-curvado e pedra de armas muito pronunciada. O PÁTIO empedrado, a calcário e basalto formando mosaico de padrão geométrico possui fonte em mármore, com bacia em forma de semi-decaedro e recorte contracurvado, ostentando uma carranca de pedra, de onde jorra a água. A fachada lateral direita inclui o acesso principal à residência nobre e deita para o pátio central. O acesso à casa faz-se por meio de escada perpendicular à fachada e formando varanda no piso nobre, onde se abrem duas portas enquadradas por três painéis monumentais de azulejos, em bicromia, a azul e branco, representando cenas de caça, onde se podem ver cavaleiros montados perseguindo o touro, o veado e o javali. A fachada principal do corpo utilitário é composta por edifício de dois pisos com porta no piso térreo e três janelas de peito no piso superior e por edifício térreo com dois vãos de porta, todos eles emoldurados a cantaria de calcário. O corpo é percorrido por soco de cantaria de calcário, escalonado de modo a acompanhar a topografia. INTERIOR da CAPELA composto por nave e capela-mor, a primeira percorrida por azulejos em bícromia, a azul e branco, formando silhares representado episódios da vida da Virgem, possuindo cobertura em falsa abóbada de berço com pinturas murais, assente em friso e cornija. O arco triunfal é pintado em grotescos à face e no intradorso. A capela-mor possui painéis de azulejo, em bicromia azul e branco, representando Paisagens e enquadrando os lavatórios em mármore. A cobertura é em falsa abóbada de berço, pintada a fresco com representação de duas cartelas laterais assente em cornija em madeira policromada imitando mármores embutidos e policromos. Tem retábulo-mor de talha.

Acessos

EM 628, A-das-Lebres, junto ao limite da freguesia de Loures, na Rua Francisco Franco Cannas. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.847391, long.: -9.166135

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural e urbano, implantado a meia-encosta. A N. da EM 628 envolvida por terreno de exploração vinícola a N.e a S. da EM 628 por áreas agrícolas e florestais. A Quinta das Carrafochas (v. PT031107140201) constitui uma bolsa agrícola e florestal envolvida por tecidos urbanos fragmentados, de diferente morfologia e densidade, bem como por duas grandes infra-estruturas viárias a N. e a O.: a A9/CREL e a A8.

Descrição Complementar

Os azulejos da nave representam: Educação da Virgem, Apresentação no Templo, Casamento da Virgem, Anunciação, Nascimento de Jesus, Adoração do Magos, Fuga para o Egipto e Sagrada Família. As pinturas da cobertura formam cornucópias, flores, frutos, enrolamentos e volutas de motivos vegetalistas. Coroamento da falsa platibanda com cartelas apoiadas em mascarões e representando motivos simbólicos alusivos à Virgem (da Lua, o Espelho e um medalhão central com representação do Sol, a Torre de Marfim e o Poço) envolvidos por cercaduras concheadas barrocas e grinaldas de flores. As cartelas articulam-se com o medalhão central do tecto, representando Nossa Senhora do Carmo e as Almas do Purgatório, por meio de dois pequenos querubins. O medalhão possui cercadura composta por volutas enroladas e um pequeno querubim na sua base. O retábulo é formado por sotobanco, banco, corpo e ático. No sotobanco existem duas portas nos corpos laterais enquadrando a mesa do altar com seu frontal em madeira policromada, imitando mármores embutidos policromos. O banco é constituído por um friso marcado pelas bases em talha dourada das colunas existentes no registo superior. Nos intervalos destas bases existem cartelas decorativas em madeira policromada imitando mármores embutidos. O corpo do altar possui dois nichos sobrepostos em cada lado, enquadrados por pares de colunas salomónicas rematadas superiormente por capitéis compósitos de talha dourada. Ao centro está um sacrário com imagem de Nossa Senhora no topo, tendo como pano de fundo dois painéis em madeira policroma imitando mármores embutidos. O ático, sobre a cornija em madeira pintada, é composto por duas ordens de colunas salomónicas dispostas em arco de volta perfeita articuladas entre si por quatro tramos em talha dourada. Nos intervalos dos referidos tramos, vêem-se composições em madeira policroma imitando mármores embutidos, tal como na base do ático. O fecho do arco é composto por brasão em talha dourada com o monograma de Nossa Senhora sobrepujado por coroa real.

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1714 - construção da casa e capela promovida por Francisco Gomes Lisboa, homem de negócios da cidade; 1740, cerca - colocação dos azulejos do pátio e do tanque ornamental e portal armoriado; Séc. 18, 2.ª metade - a Quinta das Carrafouchas é adquirida por João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho, figura de destaque durante o governo do Marquês de Pombal *1; 1804, 21 dezembro, a Quinta das Carrafouchas encontrava-se para arrendar, mantendo-se na posse da mesma família; 1875 - aquisição da quinta por Quirino Luís António Louza.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; molduras das janelas e portais, cunhais, pilastras em cantaria: revestimento parcial do alçado E., revestimento parcial dos alçados interiores da capela, revestimento parcial das paredes que envolvem o tanque ornamental em azulejos tradicionais. Ccoberturas exteriores em telha. Janelas com vidro simples; caixilharias, portadas interiores, portas em madeira. Calçada em calcário e basalto.

Bibliografia

Almeida, M. Lopes de - Subsídios para a História da Universidade de Coimbra e do seu Corpo Académico - 1801-1821. Coimbra: Imprensa de Coimbra Lda., 1966, p.15; CALDAS, João Vieira - A Casa Rural dos Arredores de Lisboa no Século XVIII. 2.ª ed. Porto: Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, 1999; Edifícios e Monumentos Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1963, vol. III; Guia de Santo Antão do Tojal. Santo Antão do Tojal: Junta de Freguesia de Santo Antão do Tojal, 2009; Jornal do Instituto Histórico e Geographico Brasileiro. Rio de Janeiro: Typographia de J.E.S. Cabral, 1840. Tomo II, n.º 5, abril, 1840, pp. 118-125; STOOP, Anne de - Demeures Portugaises, Histoire et Décor. Porto: Weber Civilização, 1986.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

CMLoures: arquivo Divisão Planeamento Urbanístico

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Memórias Paroquiais (1760)

Intervenção Realizada

Observações

*1 - João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho (Rio de Janeiro 1722 - Lisboa 1799) teve papel de destaque na reforma dos estatutos e programa da Universidade de Coimbra, juntamente com seu irmão D. Francisco de Lemos Coutinho (Reitor e futuro Bispo Conde). Desempenhou várias funções na Universidade de Coimbra. Foi posteriormente desembargador da Relação do Porto, desembargador da Casa da Suplicação, Procurador da Coroa, Guarda Mor da Torre do Tombo, Desembargador do Paço, Conselheiro e, no fim da sua vida, Secretário da Princesa D. Carlota Joaquina de Bourbon. Casou, por procuração, em 1772 com D. Maria do Cardal Ramalho da Fonseca Arnaut do Rivo, senhora do morgado de Condeixa, na capela do mesmo morgado, tendo assistido como testemunha o Marquês de Pombal. O palácio dos Lemos-Ramalho em Condeixa-a-Nova (v. PT020604040006) passa, deste modo, aos descendentes desta união.

Autor e Data

Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Madalena Neves, Manuel Villaverde (CMLoures) 2010 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures)

Actualização

 
 
 
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