Castelo de Mértola / Castelo e cerca urbana de Mértola

IPA.00001045
Portugal, Beja, Mértola, Mértola
 
Castelo gótico erguido no final do século 13, pelos cavaleiros da Ordem de Santiago para servir de sede ao ramo nacional da ordem logo após a sua autonomização face a Castela, sucede cronologicamente a estruturas castrejas: um reduto da Idade do Ferro, um "castellum" romano e um alcácer dos períodos omíada, almorávida e almóada. Compreende alcáçova formada por castelo de elevação, de planta irregular, ligeiramente trapezoidal, e panos verticais, reforçados por torres quadrangulares nos seus quatro ângulos: a de Menagem, localizada no ângulo norte, de planta quadrada, saliente em relação aos panos da muralha e de altura muito superior às restantes; a Torre Carocha, a sudoeste, e a Torre do Alcaide Pequeno, a sudeste, ambas de planta quadrada; duas torres a ladear a porta principal, a nordeste, uma quadrangular e outra circular; e a Torre do Bastião da Entrada, também de planta quadrada, no extremo norte do castelo. Das suas edificações intramuros resta apenas a cisterna de planta retangular, com 10 metros de comprimento, por 4,5 de largura e 4,2 metros de profundidade, coberta por abóbada de berço apoiada em três arcos torais suportados por pilastras. Comporta ainda parte da cerca muralhada, que envolvia a povoação, e que era rasgada pela porta da Misericórdia, sobre o Guadiana (a única que persiste), a porta da Vila, do lado norte, e pela porta do Buraco sobre a ribeira de Oeiras. A alcáçova inclui algumas reminiscências da anterior construção mulçumana, como será o caso da dupla porta de entrada em forma de cotovelo, herança do antigo alcácer dos períodos omíada (primeira porta, virada a norte, ladeada por duas torres) e almóada (nova porta, virada a nascente, também ladeada por duas torres), no entanto, é de crer (BOIÇA: 2018, p. 43) que as soluções formais que permitem a delimitação do seu perímetro e a regularização do seu espaço intramuros datem já do período cristão, nomeadamente do gótico dionisino, o que é constatável nas suas duas torres sul (Torre do Alcaide Pequeno erguida sobre forte embasamento escalonado e a Torre Carocha sobre plataforma artificial contrafortada que elevou e regularizou o plano de assentamento), ou na sua imponente Torre de Menagem, edifício de dupla funcionalidade (residencial e militar) erguida em posição saliente, no limite do afloramento para norte e ocidente. É, aliás, a Torre de Menagem um exemplo da fortificação gótica, esta, com quase 30 metros de altura, desenvolve-se em três registos, sendo o primeiro formado pelo seu forte embasamento que serve de contraforte à estrutura construtiva, o segundo, com acesso a partir do adarve, por porta em arco quebrado, encimada por lápide fundacional, apresenta os seus panos rasgados por seteiras e, ao nível, do segundo piso por três matacães, sendo encimado por parapeito ameado com merlões prismáticos rematados por seteiras. Comporta, interiormente, sala de armas no primeiro piso, de elevado pé-direito, coberta por abóbada de cruzaria de ogivas de oito panos, que assenta em pilastras erguidas na projeção das nervuras; sendo, o piso superior inicialmente destinado aos aposentos do alcaide.
Número IPA Antigo: PT040209040003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Planta poligonal irregular, ligeiramente trapezoidal, reforçada por torres nos quatro ângulos: a de Menagem, localizada no ângulo norte, de planta quadrada, saliente em relação aos panos da muralha; duas do lado sul, a Torre Carocha, a sudoeste, e a Torre do Alcaide Pequeno, a sudeste, ambas de planta quadrada, a última mais saliente; duas a ladear a porta principal, a nordeste, uma quadrangular e outra circular, as torres da Porta; e a Torre do Bastião da Entrada, também de planta quadrada, no extremo norte do castelo; e, a ocidente, rasgada na muralha a seguir à Torre de Menagem, protegida por barbacã, a porta da traição, ou porta falsa. A muralha, envolvida em parte do circuito por adarve, é vertical, reforçada junto à torre sudoeste por largo contraforte de vários andares. Torre de Menagem, com c. de 30 metros de altura, desenvolvida em três registos, o primeiro dos quais, cego, serve de sapata à torre, o segundo, com acesso a partir do adarve, por porta em arco quebrado, encimada por lápide com a inscrição: ESTA TORE MANDOV FAZER DOM JOÃO FERNANDES PRYMEIRO MESTRE DA ORDEM EN PORTUGAL ERA MCCCXXX [ano de Cristo de 1292], abrindo para escada encostada ao seu pano sudeste, várias seteiras garantem-lhe a entrada de luz, sendo o último piso rasgado por três mata-cães e encimado por parapeito ameado com merlões prismáticos rematados por pirâmides; interiormente apresenta um pequeno átrio de entrada e dois pisos que comunicam a partir de uma escada rasgada na espessura da parede sul; sala de armas no primeiro piso, de elevado pé-direito, coberta por abóbada de cruzaria de ogivas de oito panos, que assenta em pilastras erguidas na projeção das nervuras; o piso superior era inicialmente destinado aos aposentos do alcaide. A Torre de Menagem comporta hoje um núcleo museológico. A torre virada a sudoeste, Torre Carocha, uma massa cúbica com 4,70 metros de lado, tem acesso por escada que parte do adarve, é coberta por terraço e rasgada por porta e janela; no interior, apresenta um espaço coberto por cúpula hemisférica sobre trompas; a Torre do Alcaide Pequeno, no canto oposto, sudeste, assente sobre forte embasamento escalonado era servida de dois pisos, o segundo servido por janela voltada à vila, esta torre e as que ladeiam a porta de entrada, com diferentes volumes, a da esquerda prismática, a da direita semicilíndrica, não sobem acima da muralha; por último, no limite norte, a Torre do Canto, a de maior porte a seguir à Torre de Menagem, e que, juntamente com esta, guardava o flanco norte, o mais exposto às tropas inimigas. No recinto resta a cisterna, de planta retangular, com 10 metros de comprimento, por 4,5 de largura e 4,2 metros de profundidade, coberta por abóbada de berço apoiada em três arcos torais suportados por pilastras. A muralha que envolvia a povoação deixa ainda adivinhar a sua forma subretangular, alongada no eixo norte-sul, com panos reforçados por torres de planta quadrangular: um grande troço do lado norte, a maior parte da muralha que se estendia para sul, após a Torre da Carocha e parte da muralha virada para o Guadiana. Das antigas portas da cerca resta a da Misericórdia, no caminho de acesso ao rio.

Acessos

Rua da Igreja

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 38 147, DG, 1.ª série, n.º 4 de 05 janeiro 1951 / ZEP, Portaria, no DG, 2.ª série, n.º 37, de 13 fevereiro 1970 / Incluído no Parque Natural do Vale do Guadiana e no Plano Sectorial da Rede Natura 2000: Sítio de Interesse Comunitário Guadiana (PTCON0036)

Enquadramento

Urbano, isolado, no cume de uma colina de forte declive. Implanta-se no topo de um afloramento rochoso alcantilado entre os leitos do rio Guadiana e da ribeira de Oeiras, em posição dominante sobre o núcleo antigo da povoação que se desenvolve a nascente. Nesta vertente encontram-se, nas suas imediações, a Capela do Calvário (v. IPA.00006695), a Igreja Paroquial de Mértola (IPA.00000741) e o cruzeiro que lhe fica fronteiro (v. IPA.00004419). Na vertente norte, nas suas imediações, encontra-se a antiga necrópole medieval e, para noroeste, o cemitério atual.

Descrição Complementar

Encostada à Torre de Menagem pedra de armas em mármore branco de António Rodrigues Bravo, Correio-mór da vila.

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal / Pública: municipal

Afectação

DRCAlentejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 / Câmara Municipal de Mértola, auto de cessão de 18 de Janeiro de 1941 (terrenos adjacentes)

Época Construção

Séc. 09 / 12 / 13 / 14 / 15 / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

318 a.C., c. de - na sequência da invasão da cidade de Tyro por Alexandre, os Fenícios fundam "Myrtilis" que significa Nova-Tyro (ALMEIDA: 1943, 1949); Época Romana - a povoação conhece grande desenvolvimento, sendo então o centro de escoamento mineiro e agrícola do Baixo Alentejo; nesta época Mértola era rodeada por uma muralha que corria paralela à atual, mas com um perímetro muito superior; a via de Beja atravessava a muralha, vinda de norte (TORRES: 1990); 44 a. C. - Júlio César intitula-a "Myrtilis Julia"; destruída e saqueada pelos invasores bárbaros e pelos muçulmanos, é por estes reconstruída; o nome "Myrtilis" é então corrompido em "Martula"; séc. 9 -'Abd al-Malik Abi-Gawwãd, apoiante de 'Abd al-Rahman Ibn Marwãn al-Gilliqi, apodera-se de Mértola e reforça o castelo; poderá datar desta intervenção o atual perímetro trapezoidal do recinto, alguns torreões e a porta central, que consistiria numa entrada direta, flaqueada por dois torreões retangulares, de que os grandes silhares de granito ainda hoje visíveis são testemunha (BOIÇA, BARROS e GÓMEZ MARTÍNEZ: 2014, p. 85); sécs. 10 - 11 - o interior do castelo estava ocupado por estruturas residenciais parcialmente reveladas por escavações arqueológicas, que mostram alguma organização urbana, pressupondo a existência de saneamento básico (com um sistema de latrinas e de fossas negras); a população residente teria já alguma opulência como denotam alguns objetos encontrados, como copos e garrafas de vidro e cerâmica; séc. 12, meados - construção do "ribat" na torre do lado sul da alcáçova (GONÇALVES: 1981); 1171 - o califa almóada Abu Ya'qub Yusuf realiza uma importante campanha de obras na fortificação, da qual resulta uma nova porta principal, voltada a nascente, encimada por um arco abatido semelhante ao das muralhas de Niebla, em Huelva, esta porta, associada à anterior, desenha uma dupla entrada em cotovelo que ainda hoje persiste; os vestígios arqueológicos demonstram uma continuidade do povoamento dentro do recinto amuralhado, comprovado pelos vestígios de casas e de um saneamento básico bem elaborado; 1238 - no quadro da formação do reino cristão de Portugal, os cavaleiros da Ordem de Santiago, sob condução do então comendador-mor da ordem e futuro mestre desta, D. Paio Peres Correia, tomam a cidade de Mértola, que, pela sua posição estratégica (alcantilada entre o rio Guadiana, no extremo norte da sua navegabilidade, e a ribeira de Oeiras) e pelas suas notáveis fortificações, permite a estabilização da fronteira entre Mira e o Guadiana, constituindo a base de apoio para a conquista do Algarve; na sequência da sua conquista, D. Sancho II (1223 - 1247) doa Mértola aos cavaleiros da Ordem de Santiago com a condição de estes erguerem nela "conventum suun", ou seja de a tornarem na sua sede militar e religiosa; 1245 - primeira notícia que identifica Mértola como sede da província portuguesa da ordem ibérica de Santiago, da qual era comendador-mor D. Gonçalo Peres Magro (antigo companheiro de armas de D. Paio Peres Correia, mestre da ordem), que terá dirigido as obras do convento e de outros edifícios indispensáveis à instalação dos cavaleiros no castelo; 1254 - recebe foral das mãos do grão-mestre da ordem ibérica de Santiago, D. Paio Peres Correia; 1290 - autonomização do braço português da Ordem de Santiago face a Castela; início da realização de uma campanha de obras que transformou a antiga fortificação num castelo gótico, de planta trapezoidal, adarve largo e ângulos fortificados, onde se destaca a imponente Torre de Menagem; das suas estruturas habitacionais intramuros pouco se sabe, desconhecendo-se como e onde seria o paço conventual dos freires, sendo provável (BOIÇA: 2018, p. 47) que a ocupação funcional do recinto do castelo na época gótica se aproxime da que é desenhada por Duarte de Armas em 1509, na qual pontuam o edifício da alcaidaria, no local onde Joaquim Boiça pensa que deveria se situava o paço conventual dos freires, a cisterna quadrangular, as habitações e as dependências de funções diversas (armazéns, cozinha, estrebaria, etc); 1292 - conclusão da campanha de obras de remodelação do castelo conforme lápide fundacional inscrita na Torre de Menagem, mandada executar por João Fernandes, primeiro mestre da Ordem em Portugal; esta intervenção, que não pode ser dissociada da ampla reforma das cercas e castelos raianos levada a cabo por D. Dinis (1279 - 1325), deverá ter sido apoiada financeiramente pela coroa; séc. 14 - durante os reinados de D. Afonso IV (1325 - 1357) e de D. Pedro I (1357 - 1367) terão sido efetuadas obras de melhoramento na fortaleza; 1383 - na crise de sucessão dinástica, D. Fernão Dantas, o então mestre da Ordem de Santiago em Portugal, toma partido por Castela, resistindo ao cerco formado pelo Mestre de Avis e seus partidários e mantendo a vila na posse de castelã até 1389; após este episódio inicia-se um longo conflito que opõe a coroa à Ordem de Santiago no que respeita à responsabilidade sobre a reparação das muralhas; 1389, 23 de novembro - é assinado, pelos monarcas ibéricos, o Tratado de Monção, que coloca uma trégua de três anos no conflito que opunha as duas monarquias, com esta assinatura as praças de Mértola, Noudar (v. IPA.00000898), Castelo Mendo (v. IPA.00001381) e Castelo Melhor (v. IPA.00003000) regressam a Portugal em troca de Olivença e Tui; 1404 - por juízo lavrado pelo desembargo, o "refazimento" dos muros passa a ser responsabilidade régia; 1421 - os moradores de Almodôvar são chamados a contribuir para as obras dos muros de Mértola; 1475 - 1479 - no quadro dos últimos conflitos com Castela no reinado de D. Afonso V (1432 - 1481), o alcaide do Castelo de Mértola, D. Estêvão de Góis, leva a cabo obras de modernização no imóvel com o intuito de o adaptar às inovações do armamento, nomeadamente para receber as peças de artilharia recentemente adquiridas à Flandres; para além de obras puco especificadas em muros, datam desta altura as barbacãs parciais da alcaidaria e do baluarte; 1487 - 1495 - no quadro das reformas joaninas dos castelos da raia, o Castelo de Mértola recebe uma significativa campanha de obras levada a cabo pelo seu alcaide, D. Francisco de Góis (filho de D. Estêvão), e contando com o apoio financeiro do monarca, D. João II (1455 - 1495), que doou 50.000 reais para a construção da alcaidaria, edifício que passou a marcar o recorte do cume fortificado, desenvolvendo-se entre a Torre de Menagem e a Torre Carocha, em local protegido, onde antes, provavelmente, teria funcionado o convento dos freires, organizando-se em três corpos de dois pisos, com coberturas em telhados individualizados e escadaria exterior de acesso à casa do alcaide, onde existia um grande salão de entrada que distribuía para as restantes divisões, sendo o primeiro piso destinado aos serviços de apoio; também a edificação do "baluarte" (plataforma flanqueada justaposta à muralha poente) que, a partir de então seria a estrutura responsável pela defesa baixa do lado ocidental do castelo, é desta campanha de obras; a alteração geral das guarnições (com presença crescente de bombardeiros e de espingardeiros) conduziu a alterações na funcionalidade da Torre de Menagem, que, sendo um local mais salubre e seguro, passou a servir de paiol de pólvora e armazém de armamento; 1482 - 1515 - entre estas datas terá sido construída, no bastião da Porta do Castelo, uma pequena capela dedicada a Santiago, constituída por nave única retangular, com teto de masseira e cobertura telhada a duas águas, e capela-mor abobadada, iluminada por duas frestas e servida de portal de volta perfeita, sem grande riqueza decorativa; 1510 - 1513 - decorrem vários trabalhos de indefinidos no castelo (possivelmente o alinhamento de merlões largos que passou a coroar as vertentes sul e nascente do castelo), sendo que o grosso desta intervenção, que contou com a participação dos contratadores da comarca do Alentejo, João Carreiro e Nuno Velho, o mestre-pedreiro Fernão Pires de Mértola e o arquiteto Francisco de Anzinho (fornecimento de materiais), assentou a recomposição e a reconstrução da muralha principal da vila, voltada ao Guadiana, com a elevação de torres, correção de embasamentos, e reconfiguração da praça central da urbe (VITERBO: 1988, vol. I, pp. 55-58); 1512 - foral novo dado por D. Manuel I (1469 - 1521); 1513, 15 outubro - alvará real para se pagar a Francisco de Anzinho 94.260 reais pela cal que este forneceu para as obras de Mértola; séc. 16, primeira metade - entre as várias obras pontuais que o castelo vai recebendo, conta-se ampliação da cisterna para o dobro, passando de uma planta quadrangular a uma retangular, com c. de 10 metros de comprimento, por 4,5 metros de largura e 4,2 metros de profundidade, o que denota a preocupação em manter a sua operacionalidade e faz crer num crescimento da população intramuros; 1554 - na Visitação espadaria deste ano é feita menção à necessidade de obras por parte das muralhas de Mértola, bem como da casa onde habitava o alcaide, também a Torre de Menagem precisava de urgentes reparações (BOIÇA, BARROS, GABRIEL: 1996, p. 324); 1565 - o estado do castelo agrava-se, sendo a sua reparação tarefa régia que não foi executada; 1590 - é realizado novo retábulo para a capela do castelo, representando Santiago combatendo os mouros, esta encontra-se reparada, com "novo forro" e ladrilhada; por esta altura a Torre Carocha ainda servia de prisão; 1593 - o castelo encontra-se em iminente estado de ruina; 1640 - 1654 - como grande parte das fortalezas raianas, o Castelo de Mértola recebe obras durante as Guerras da Restauração, mantendo parte do seu perfil castrense, pela sua importância estratégica, mas sendo arrasadas as suas torres e merlões virados Guadiana para aí criar plataformas artilheiras; desta época data, igualmente, a total adaptação da Torre de Menagem a "torre da pólvora" e armazém de guerra; a construção de um quartel e casa do capitão de praça no lugar da arruinada alcaidaria, assim como outras construções de função incerta, visíveis na Planta da Praça de Mértola, de Miguel Luiz Jacob, de 1755; séc. 18 - 19 - no quadro da Guerra da Sucessão de Espanha (1703 - 1714), da Guerra Peninsular (1807 - 1814) e da Guerra Civil (1824 - 1834) o castelo de Mértola recebe algumas intervenções, no entanto no período pós Guerra Civil é a imagem de uma velha ruina que transmite; 1880, década - Estácio da Veiga (1828 - 1891), na sequência dos estudos e trabalhos que desenvolvera em Mértola, sugere que se faça uma exposição no recinto do castelo com fragmentos arquitetónicos, lápides, estelas, etc; 1938, 25 novembro - várias personalidades regionais e locais fazem chegar ao presidente da Comissão Nacional dos Centenários, Júlio Dantas (1876 - 1962) um apelo pelo restauro do seu castelo, que se encontrava em ruínas, apelo que seria inconsequente; 1943, 18 de agosto - Decreto n.º 32 973, DG, 1.ª série, n.º 175, classifica-o como o IIP - Imóvel de Interesse Público; 1950 - 1986 - decorrem quatro campanhas de obras de consolidação e restauro de muralhas, torres e portas efetuadas pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais que, muito embora não tenham consistido num grande projeto de fundo, reabilitaram o espaço e lhe devolveram a dignidade perdida; 1964 - o edil de Mértola, Fernando José Raposo, em carta ao diretor-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, propõe a criação de um núcleo museológico no Castelo de Mértola, o que não surte efeito; 1968, 02 fevereiro - danos causados pelo sismo; 1990 - instalação de uma notável coleção de elementos lapidares dos séculos VII a IX; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2013 - 2014 - criação de um núcleo museológico integrado no programa mais vasto de Mértola Vila Museu coordenado pela Câmara Municipal de Mértola e pelo Campo Arqueológico de Mértola, com projeto expositivo de Artinvento - Joaquim M. F. Boiça e Maria de Fátima Rombouts de Barros.

Dados Técnicos

Estrutura de cantaria aparelhada

Materiais

Alvenaria de pedra e tijolo, cantaria, taipa

Bibliografia

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Mértola: [s.n.], jun. 1979 n.ºs 4-5, separata da revista História e Sociedade; VEIGA, Sebastião Philippe Martins Estácio da - Memórias das Antiguidades de Mértola. Ed. facsimilada. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda; Câmara Municipal de Mértola, 1983; VENTURA, António - As Guerras Liberais, 1820-1834. Lisboa: Quidnovi, 2008; VENTURA, Leontina - D. Afonso III. Lisboa: Círculo de Leitores, 2006; VITERBO, Francisco de Sousa, DIAS, Pedro (pref.) - Dicionário Histórico e Documental dos Arquitetos, Engenheiros e Construtores Portugueses. Ed. fac-similada da 1.ª ed.: Lisboa : Impr. Nacional, 1899-1922. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1989, vol. I, pp. 55-58.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS/DM

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS/DM

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DREMS/DM; IAN/TT: Corpo Cronológico, Parte I, maço 13, doc. 72; Gaveta 20, maço 4, doc. 14 (publ. VITERBO)

Intervenção Realizada

DGEMN: 1950 - 1951 / 1955 - 1958 / 1965 - 1967 - diversas obras de consolidação e restauro de panos de muralha, torres e portas pelos Serviços dos Monumentos Nacionais; IPPC: 1980 / 1981 / 1882 - recuperação de panos de muralhas; 1984 / 1985 / 1986 - obras de recuperação; IPPAR/DRE: 2005 - obras de requalificação e valorização do interior; CMM: 2013 - musealização do castelo.

Observações

*1 - O Castelo de Mértola foi inicialmente classificado como Imóvel de Interesse Público.

Autor e Data

Paula Tereno 2019

Actualização

 
 
 
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