Catedral de Miranda / Sé de Miranda / Igreja Paroquial de Miranda do Douro / Igreja de Santa Maria Maior

IPA.00001066
Portugal, Bragança, Miranda do Douro, Miranda do Douro
 
Arquitetura religiosa, quinhentista, maneirista e barroca. Catedral de planta em cruz latina composta por três naves a igual altura, divididas por pilares de secção cruciforme, transepto saliente, e cabeceira tripartida formada por dois abisíolos e capela-mor, todos eles com coberturas em abódadas de arestas ou de nervuras, e regularmente iluminada. As fachadas são ritmadas por pilares - contrafortes, rasgadas por janelas retilíneas de capialço e terminam em cornija. A fachada principal, do tipo fachada harmónica, é flanqueada pelas sineiras de três registos marcados pelos vãos, e rematadas em domo, revestido a telha, com lanternim. O corpo, rematado em platibanda vazada, com acrotérios coroados por urnas, tem portal organizado em dois registos, definidos por frisos e cornijas e com duas ordens de colunas, as superiores sustentando frontão triangular, com tímpano vazado por óculo, abrindo-se no primeiro registo portal em arco de volta perfeita dobrado sobre pilastras e no segundo janelão retilíneo, entre decoração geométrica e nichos, nos intercolúnios. Lateralmente abrem-se ainda duas janelas retilíneas. Interior com coro-alto de cantaria nas três naves, com arcos sobre pilares, e sub-coro abobadado, tendo pequeno batistério no lado da Epístola, sob a escada da torre sineira, com acesso por capela lateral. Na nave central possui dois púlpitos confrontantes, maneiristas, com guarda em balaustrada e marchetados metálicos, sobre plintos, e nas naves laterais e transepto capelas com retábulos maneiristas e barrocos, de vários eixos e andares, que também surgem nos absidíolos. A Capela do Santíssimo surge no transepto do Evangelho, com trono expositivo e sacrário. A capela-mor tem cadeiral com duas ordens de cadeiras e retábulo-mor maneirista em talha dourada e policroma, de planta reta e três eixos. Estruturalmente tem afinidades com as Catedrais suas contemporâneas, a de Leiria (v. IPA.00001804) e a de Portalegre (v. IPA.00003772). Catedral maneirista, bastante verticalizada e arreigada, nas naves e transepto, a um tipo de cobertura tardo-medieval, em abóbadas de nervuras, que obrigam ao recurso a fortes pilares - contrafortes nas fachadas exteriores, os quais surgem coroados por duplos plintos e pináculos ou, no transpeto, por pináculos sobre plintos cilíndricos. Foi iniciada em 1552, com projeto de Miguel de Arruda, sendo empreiteiro Pero de la Faia, de 1552 a 1560, e Francisco Velásquez, de 1560 a 1576, o qual introduziu algumas alterações encomendadas pelo bispo D. Julião d'Alva, tendo sido concluída já em finais da centúria, com Gaspar da Fonseca. Apresenta fachadas sóbrias rebocadas e pintadas, exceto a principal e as torres sineiras, que são em cantaria aparente, concentrando-se na principal a maior preocupação decorativa. As portas travessas são sensivelmente diferentes, sendo a da fachada esquerda flanqueada por pilastras e a oposta por colunas, que sustentam entablamento e nicho. As torres sineiras têm apenas uma ventana na face principal e duas nas restantes, sendo cobertas por duplo domo e laternim, o superior cego. A capela-mor foi prolongada em 1749, tornando-a bastante profunda, apresentando remate exterior diferente, em frisos e cornija, e interior com cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque. Conserva o retábulo-mor maneirista, executado, entre 1610 e 1614, por entalhadores de Valladolid - Juan de Muniategui, Gregório Fernandez e Francisco Velasquez, e pintado e dourado por Alonso Ramesal, de Zamora. A sua estrutura, os painéis em alto-relevo e figuras relevadas no fuste das colunas e dos plintos, denota influência dos retábulos espanhóis, sobretudo da "Escola de Valladolid", e irá inspirar a retabulística da região de Miranda, durante o séc. 17 e parte do 18. Os vários autores não são concordantes relativamente às figuras feitas por Gregório Fernandez mas, normalmente, atribui-se-lhe os mais expressivos, como o da Assunção da Virgem, o Calvário, que Mourinho Junior diz ser muito semelhante ao Calvário de Gregório Fernandez existente no Museu Nacional de Escultura de Valladolid, e o Deus Pai. O retábulo-mor foi acrescentado em 1754 com as pilastras e moldura envolvente, pelo entalhador local Manuel Caetano Fortuna. O cadeiral dos cónegos foi executado entre 1564 e 1579, pelo entalhador de Zamora André Robles, conservando a decorar a cadeira episcopal as armas do bispo D. António Pinheiro, mas aquando da ampliação da capela-mor, sofreu alterações e sobreposição de esquemas decorativos, sendo dessa data as guardas de apainelados de acantos e balaustrada, barroca e, possivelmente, as pinturas dos nichos e do intradorso do baldaquino curvo. Os retábulos dos absidíolos apresentam também influência espanhola, e têm estrutura semelhante entre si, ainda que o de Nossa Senhora dos Remédios tenha sido feito pelo entalhador Manuel Marcos, em 1650, e reformado na tribuna por Francisco Lopes Matos, de Viseu, em 1658, e o retábulo de São Bento seja atribuído ao círculo de Manuel Alvarez, de Pelencia, tendo sido pintado e dourado por Alonso de Ramesal. O primitivo retábulo do Santíssimo Sacramento, no transepto da Epístola e atualmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, é maneirista e foi executado pelo mesmo entalhador Francisco Lopes de Matos, em 1672, apresentando planta reta e um eixo. A atual capela do Santíssimo, que prolonga o braço esquerdo do transepto, foi mandada construir pelo bispo D. Fr. Aleixo de Miranda Henriques, na capela de São José, antiga capela de São Pedro, e que os cónegos para ali transferiram em 1736, cuja data surge no arco. A capela é cerrada por grade com as armas do bispo, símbolo do Santíssimo e data de 1760, e alberga retábulo em talha dourada, de planta contracurva e cinco eixos, de estilo joanino e gramática decorativa rococó. Referência ainda para o retábulo das Relíquias, concluído em 1664 pelo entalhador António Lopes de Sousa, e pintado, dourado e estofado por António Oliveira, em 1666, que conserva os painéis pintados com santos, fechando os relicários, devendo o mesmo mestre pintar o arco da capela como a de São Jerónimo; o retábulo de Nossa Senhora da Piedade, em barroco nacional, de planta côncava e um eixo, que, em 1737, estava em frente da porta da sacristia; e o retábulo de Santo António, de transição do joanino para o rococó, em talha policroma e de planta côncava e um eixo. O órgão possui os castelos e os nichos com os tubos de montra em disposisão diatónica em teto, o que é invulgar, e tem gramática decorativa barroca.
Número IPA Antigo: PT010406080002
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Catedral  

Descrição

Planta cruciforme, composta por três naves, cada uma com três tramos, com duas torres sineiras laterais, retangulares, transepto saliente, com o braço do esquerdo prolongado por capela, e cabeceira tripartida, com capela-mor retangular de dois tramos e absidíolos, flanqueados por duas sacristias quadrangulares. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de três águas nas naves, de quatro no transepto e de duas na capela-mor e sacristias. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, exceto a principal, as das torres sineiras e a posterior da capela-mor, que são em cantaria aparente, com os cunhais e os panos contrafortados, coroados por pináculos sobre altos ou duplos plintos paralelepipédicos, excepto no transepto que tem plintos cilíndricos, e terminadas em cornija. Fachada principal virada a N., de três panos, o central terminado em empena reta, rematada por guarda em platibanda vazada, ritmada por acrotérios, coroados por urnas e, ao centro, por ampla cruz latina, em ferro. Portal evoluindo em dois registos, definidos por frisos e cornijas, com duas ordens de colunas, as do primeiro registo agrupadas pobre plinto paralelepipédico, com fuste liso e terço superior marcado, sustentando entablamento dórico; as do segundo surgem sobre dupla ordem de plintos paralelpipédicos, os inferiores lisos e os superiores ornados de motivos geométricos, com o fuste de terço inferior marcado e decorado com motivo fitomórfico, sustentando entablamento com friso almofadado e zona central sobre mísulas, rematado em frontão triangular, com tímpano vazado por óculo oval, ladeado de aletas, e com pináculos tipo pera no alinhamento das colunas, centrando espaldar triangular truncado, almofadado. Sobre o frontão surge cruz latina nodosa de cantaria assente em acrotério com caveira. No primeiro registo abre-se portal, em arco de volta perfeita dobrado, sobre pilastras almofadadas, cujo capitel se prolonga lateralmente atrás das colunas. No segundo registo abre-se janelão retilíneo, com moldura adornada de almofadas retangulares, ladeado por motivos geométricos relevados; nos intercolúnios abre-se nicho, ladeado por pilastras estriadas, interiormente de perfil curvo, encimado por baldaquino concheado, e com mísula sobrepondo duas ordens de almofadas com cartelas. Lateralmente, rasgam-se quatro janelas retilíneas, duas de cada lado formando um eixo, com peitoril e moldura encimada por cornija reta, as superiores sobrepostas por espaldar recortado, ornado de cartela, e prolongando-se a cornija pela fachada. Nos ângulos, sob a platibanda dispõem-se duas gárgulas de canhão. As torres sineiras apresentam três registos marcados pelos vãos, os dois inferiores de modinaturas iguais às do pano central, e os superiores, em arco de volta perfeita, albergando sino. As torres rematam em entablamento, com gárgulas nos cunhais, encimado por platibanda plena ou vazada, com duplos plintos paralelepipédicos nos cunhais e pináculos tipo balaústre. Frontalmente, as platibandas integram ao centro relógio circular e a torre esquerda é encimada por duas sineiras, em arco, e remate em cornija reta coroada por cinco pináculos. As torres são cobertas por domo, revestido a telha, com lanternim, rasgado por frestas de remate curvo, também com domo telhado, rematado em domo e novo lanternim, cego, coroado por pináculo tipo balaústre, catavento e cruz metálica; o primeiro lanternim tem quatro gárgulas de canhão. Fachadas laterais semelhantes; as torres são rasgadas por três janelas retilíneas, desiguais, com cornija inferior e sobre a moldura, abrindo-se ainda no topo, duas sineiras em arco, existentes também na face posterior das torres. As fachadas da igreja terminam em cornija, ritmada por gárgulas de canhão, tendo a nave dois panos, rasgados por janelas de capialço, abrindo-se ainda no primeiro, porta travessa, em arco de volta perfeita dobrado sobre pilastras; o da fachada esquerda é enquadrado por duas pilastras, sobre plintos paralelepipédicos almofadados e com losango, sustentando entablamento; o da direita é ladeado por duas colunas embebidas, sobre plintos paralelepipédicos almofadados, sustentando entablamento, com friso de três losangos relevados, encimado por nicho, em arco de volta perfeita, rematado em cornija e elemento curvo, interiormente desnudo e ladeado por aletas e pináculos piramidais sobre plintos. Os braços do transepto terminam em cornija reta e são rasgados por janela ou óculo circular, na fachada esquerda, que é prolongado pela capela adossada, terminada em vários frisos e cornija, com cunhais apilastrados coroados por pináculos tipo pera sobre plintos paralelepipédicos, rasgada lateralmente por janela de capialço e, a S., por porta de verga reta entaipada. A E. termina em empena, coroada por cruz latina sobre acrotério volutado, possuindo corpo saliente para albergar o retábulo, mais baixo, também terminado em empena e de cunhais apilastrados, rasgado por janela retangular, moldurada e gradeada. A capela-mor tem lateralmente os dois últimos tramos com soco de cantaria, remate em friso e cornija, e são rasgados por duas janelas de capialço de cada lado. A fachada posterior da capela-mor termina em empena, com friso e cornija, coroada por cruz latina de cantaria sobre plinto paralelepipédico; os absidíolos e sacristias formam dois panos, rasgados por janelas de capialço. INTERIOR com as naves separadas por arcos, de volta perfeita, sobre pilares cruziformes, possuindo pavimento em cantaria, e cobertura em abódadas de arestas ou de nervuras no transepto, primeiro tramo da capela-mor e absidíolos. O primeiro tramo das naves é percorrido por coro-alto de cantaria, assente em três arcos, o central em asa de cesto e os laterais de volta perfeita, sobre pilares, e com guarda em balaustrada e acrotérios, tipo quarteirões. O coro é acedido de ambos os lados por portas de verga reta, a partir das torres; no sub-coro possui igualmente cobertura em abóbada de arestas, sobre mísulas. Na nave central, a guarda do coro é interrompida por grande órgão, em talha dourada, de três castelos e quatro nichos, e, no sub-coro, surge guarda-vento em talha pintada a marmoreados fingidos, a azul, rosa, castanho e verde. Junto ao segundo pilar existem duas pias de água benta, de taça hemisférica, sobre coluna balaústre canelada. Na nave central dispõem-se, adossados ao quarto pilar, dois púlpitos confrontantes, com bacia retangular de cantaria e guarda em balaustrada, com marchetados metálicos, sobre plintos paralelepipédicos, almofadados e decorados com elementos geométricos, encimados por baldaquinos, igualmente com marchetados, e tendo inferiormente a pomba do Espírito Santo de vulto; possuem acesso por escada de pedra adossada ao pilar. Nas naves laterais, a parede fundeira apresenta no sub-coro capela, com arco de volta perfeita sobre pilastras, contendo retábulos de talha dourada e policroma, dedicados a São Pedro, no lado do Evangelho, e a São Caetano, no da Epístola. Na nave do Evangelho, existe ainda lateralmente no sub-coro uma outra capela, maior, também com arco de volta perfeita sobre pilastras, com vestígios de pintura mural, albergando retábulo de talha dourada, de planta reta e três eixos, dedicado a Santo Amaro; esta capela é ladeada porta de verga reta e moldura encimada por cornija de acesso à torre. A nave da Epístola o primeiro tramo é rasgado por porta de verga reta, alta, sobre impostas e encimada por cornija, a partir do qual se desenvolvem as escada de pedra de acesso ao coro, com guarda plena de cantaria; segue-se amplo arco, de volta perfeita, sobre pilastras toscanas, com intradorso apresentando pinturas murais, de motivos geométricos; em frente, sob a escada, abre-se vão em arco de volta perfeita, albergando a pia batismal, de taça hemisférica, exteriormente gomeada. À esquerda, sob outro lanço da escada, existe retábulo dedicado a Santo António, de talha pintada a marmoreados fingidos, a verde, e dourado, de planta convexa e um eixo. Na segunda pilastra da Epístola surge ampla pia de água benta retangular. No terceiro tramo das naves laterais abre-se, de cada lado, uma capela de arco de volta perfeita, almofadado, sobre pilastras também almofadadas, contendo retábulos de talha dourada, sendo o do lado do Evangelho designado das Relíquias ou de Nossa Senhora da Alegria, de planta reta, três eixos e dois registos, e o da Epístola dedicado a São Jerónimo, de planta reta e três eixos. Nos braços do transepto dispõem-se lateralmente capelas, a do lado do Evangelho dedicada a Nossa Senhora da Piedade, com retábulo de talha dourada e policroma, de planta côncava e um eixo, e o da Epíostola dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, com capela em arco de volta perfeita sobre pilastras com capitéis jónicos, com vestígios de pintura mural, de motivos geométricos, albergando retábulo de talha dourada e policroma. O topo do transepto do Evangelho é prolongado pela capela do Santíssimo, com acesso por arco de volta perfeita sobre pilastras almofadadas, encimado por brasão nacional, e cerrado por grade em ferro forjado; no interior alberga retábulo de talha dourada de planta contracurva e cinco eixos. No topo do braço da Epístola surge maquineta com imagem do Menino Jesus da Cartolinha. Os absidíolos possuem arco de volta perfeita sobre pilastras almofadadas e de capitel jónico, pintadas com motivos vegetalistas enrolados, a verde e rosa, enquadrado por friso vertigal e seguintes, igualmente pintados com motivos vegetalistas, rematado em cornija reta; no intradorso, surgem cartelas com litanias Marianas e, no fecho, com os monogramas "AUE" (Evangelho) e "AM" (Epístola). O abdidíolo do Evangelho tem retábulo dedicado a São Bento e o da Epístola a Nossa Senhora dos Remédios, ambos de planta reta, três eixos e dois registos, com painéis pintados. No absidíolo do Evangelho, um portal de verga reta, com moldura dobrada e encimada por cornija, e porta de duas folhas, cada uma com almofadas côncavas ornadas de querubins, laçarias e cartelas interligadas, dá acesso à sacristia. No absidíolo da Epístola, o acesso à sacristia é feito por grade em ferro. Todos os altares da igreja são revestidos de brocado, marcando sanefa e vários panos. Capela-mor com o segundo tramo da cobertura em abóbada de berço, sobre cornija de cantaria. Encostado à parede testeira dispõe-se o retábulo-mor, em talha dourada e policroma, de planta reta e três eixos, definidos por quatro colunas coríntias, de terço inferior marcado, ornado por cartelas envolvidas por motivos florais, sobre plintos paralelepipédicos almofadados, e com festões entre os capitéis. No eixo central possui painel em alto-relevo com representação da Assunção da Virgem e nos eixos laterais, seccionados em dois painéis, igualmente em alto-relevo, surge a representação da Imaculada Conceição e da Anunciação, no lado do Evangelho, e de Santa Ana com a Virgem Menina e da Visitação, no lado da Epístola. A estrutura remata em tabela retangular, disposta na vertical, definida por duas colunas de fuste espiralado e capitel coríntio, sobre plintos paralelepipédicos, almofadados, e sustentando frontão semicircular com a figura do Deus Pai no tímpano; a tabela possui nicho em arco de volta perfeita, com chave relevada, sobre pilastras com elementos vegetalistas, contendo painel pintado representando a cidade de Jerusalém e glória de querubins, enquadrando a representação escultórica do Calvário, com a figura de Cristo na cruz, entre a da Virgem e a de São João. Sobre a figura do Cristo existe cartela inscrita com "INRI" e a pomba do Espírito Santo, formando uma Trindade vertical. Lateralmente, surgem dois painéis, com representação, em alto-relevo, de Cristo atado à coluna (Evangelho) e Ecce Homo (Epístola), ladeado por pilares almofadados sobre plintos paralelepipédicos, também almofadados; sobre os painéis surgem duas pontas de diamante e duas Virtudes Teologais: a Fé (Evangelho) e a Esperança (Epístola). Os plintos e apainelados sob os painéis possem figuras em alto-relevo. No sotobanco do retábulo, os plintos e os apainelados possuem altos-relevos representando os Doutores da Igreja, os Evangelistas e outras figuras, integrando sacrário, tipo templete. Os sacrário é composto por corpo central, com porta decorada com um Agnus Dei, instrumentos da Paixão de Cristo e glória de querubins em alto-relevo, encimada por motivos vegetalistas, e por dois nichos laterais, recuados, em arco de volta perfeita, interiormente pintados de vermelho com elementos fitomórficos dourados formando esquadria, albergando as imagens de São Pedro e São Paulo, encimados por festões, possuindo nos ângulos colunas de fuste espiralado e de capitéis coríntios, que formam colunata suportando o remate; este tem entablamento de friso vegetalista, encimado por frontão triangular ao centro, coroado por imagem do orago entre bolas sobre plintos, e, lateralmente, por balaustrada com acrotérios coroados por bolas. Banco em talha pintada a marmoreados fingidos a verde e vermelho, formando plintos, quarteirões e apainelados, decorados com açafates e outros elementos fitomórficos dourados. Altar paralelepipédico de cantaria, com frontal contendo cruz entre resplendor, sobre supedâneo; sobre a banqueta, dispõem-se as imagens de vulto dos quatro Evangelistas, a de São Mateus já sem o atributo do anjo. Enquadra o retábulo-mor uma estrutura de talha dourada, formada por duas pilastras, de fuste decorado com elementos vegetalistas enrolados, que sustentam cornija e arquivolta, com o mesmo tipo de decoração, e ritmada com cartelas recortadas, e com lambrequim. No primeiro tramo da capela-mor, com amplos arcos de volta perfeita de comunicação com os absidíolos, dispõe-se, de ambos os lados, o cadeiral dos cónegos.

Acessos

Miranda do Douro, Largo da Sé; Rua do Paço

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 1.ª série, n.º 185 de 09 agosto 1957

Enquadramento

Urbano, isolado, numa plataforma irregular adaptada ao declive do terreno, mais acentuado a O., formando adro, pavimentado a lajes de cantaria e delimitado ao longo da fachada principal e lateral direita por guarda em balaustrada com acrotérios coroados por bolas, tendo acesso por escadas. Implanta-se no Núcleo urbano da cidade de Miranda do Douro (v. IPA.00027260), no interior da cerca do Castelo de Miranda do Douro (v. IPA.00001061), e junto à sua muralha E.. Entre a fachada esquerda da Sé e a muralha desenvolvia-se o antigo cemitério, de que subsiste o poço, de boca quadrangular, e erguiam-se vários corpos, demolidos nos restauros da década de 1940. A S., junto à fachada posterior, erguem-se as ruínas do antigo Paço Epíscopal e Seminário (v. IPA.00008032), conservando a quadra do claustro e um corpo a S., adaptado a sanitários públicos, envolvido por jardim público. A O. da catedral implanta-se o Imóvel no Largo da Sé, nº 2-2ª (v. IPA.00000708) e o Tribunal Judicial e Cadeia Comarcã de Miranda do Douro (v. IPA.00016242).

Descrição Complementar

Na nave central surge ao centro do coro-alto grande ÓRGÃO DE TUBOS de tubos, de planta trapezoidal e três castelos, o central proeminente, encimados por coruchéus cónicos, ornados de acantos e coroados por aves, entre pináculos vegetalistas; tem ainda quatro nichos retilíneos, sobrepostos, rematados por anjos músicos sobre acantos. Quer os castelos quer os nichos têm gelosias a abrir em boca de cena e os tubos de montra em disposisão diatónica em teto. Os castelos são em meia cana e assentam em mísulas com acantos e carranca, ao centro, e anjos atlantes, lateralmente. O órgão assenta em ampla mísula ornada de acantos e tendo nos ângulos e ao centro frisos sobrepostos por anjos atlantes. O GUARDA-VENTO do sub-coro, em talha pintada a marmoreados fingidos, a azul, rosa, castanho e verde, forma apainelados almofadados, quatro dos virados à nave pintados com paisagens; nos ângulos possui pilastras almofadadas com albarradas na zona dos cunhais, de friso intermédio com festões, tendo ao centro cartela com a data "1828" inscrita. É rematado por espaldar recortado encimado por açafate e urnas laterais. O teto do guarda-vento é pintado com albarradas e laçarias de elementos fitomórficos. Junto à entrada do coro-baixo existe sepultura do bispo D. António Pinheiro, mas que não chegou a ser usada, visto o bispo ter sido sepultado na Sé de Leiria. Entre os púlpitos estão sepultados dois senhores da cidade, cujas lápides têm a inscrição: "EDGAR DE BUIÇA CAVALEIRO FIDALGO DO HABITO DE CRISTO E SEUS HERDEIROS E JOSÉ SAPICO E SUA MULHER MARIA PIMENTEL". Junto ao púlpito do lado do Evangelho existe lápide sepulcral de Francisco Velasquez com brasão e a seguinte inscrição: "SEPULTURA DE FRANCISCO VELASQUEZ MESTRE QUE FOI DESTA SÉ - 1576". O CADEIRAL DOS CÓNEGOS tem espaldar em talha dourada, dividido por colunas coríntias, de terço inferior marcado, enquadrando nichos perspétivados em arco de volta perfeita, decorado com almofadas geométricas, sobre pilastras caneladas, possuindo, no interior, apainelados com pinturas monocromas em tons cinza, com paisagens; as colunas sustentam baldaquino de perfil curvo, igualmente seccionado, por arcos, rematados inferiormente em pingentes e, superiormente, em entablamento, com friso de querubins, sobreposto por cartelas envolvidas por elementos vegetalistas e açafates, no alinhamento das colunas. Os apainelados curvos sobre os nichos têm igualmente pinturas monocromas em tons cinza, com acantos enrolados, formando cartelas, e figuras mitológicas ao centro. Apresenta duas fiadas de cadeiras individualizadas, de braços curvos, pintadas a marmoreados fingidos, a primeira encimada por espaldar de talha dourada, formando apainelados com acantos, separados por quarteirões, e tendo acesso para a segunda fiada ao centro e nos extremos, onde o cadeiral é facetado e se adapta ao perfil dos pilares; o acesso é feito por escadas, as dos extremos com guarda em talha dourada, com apainelados de acantos, encimados por balaustrada. O cadeiral do lado do Evangelho tem no extremo N. cadeira episcopal destacada, com baldaquino mais alto e retilíneo, rematado por três pingentes e inferiormente com apainelado de pinturas monocromas em tons de azul, de motivos geométricos. O espaldar é definido por pilastras caneladas, de terço inferior marcado e de capitéis coríntios, enquadrando estrutura com pilastras caneladas, de terço inferior marcado e capitéis jónicos, sustentando frontão triangular interrompido por cartela oval e cruz, entre pináculos piramidais no alinhamento das pilastras. Ao centro possui nicho perspetivado, em arco de volta perfeita sobre pilastras, contendo querubim segurando cartela com as armas do bispo D. António Pinheiro, existindo ainda a inscrição latina: "TIBI SVPER EST SACRA". As faces posteriores do cadeiral, assentes em murete rebocado e pintado de branco, formam apainelados pintados de bege, azul, vermelho e verde, com acantos enrolados, alternados com cartelas de volutados e elementos vegetalistas, contendo flores ou açafates, e, no topo, com uns mais baixos formando ponta de diamante ou contendo apainelado vegetalista. Na face do cadeiral que dá para a capela de Nossa Senhora dos Remédios existe a inscrição "Geral do Vieira do Porto, nascido em Braga, fez este órgão, 1696". Na NAVE DO LADO DO EVANGELHO, no sub-coro dispõe-se, na parede fundeira, a CAPELA DE SÃO PEDRO com retábulo em talha dourada, de planta reta e um eixo, definido por quatro pilastras ornadas de acantos enrolados e aves, e por quatro colunas, de fuste torso, ornado de pâmpanos e anjos, de capitéis coríntios, alternados, todos sobre plintos paralelepipédicos decorados com motivos vegetalistas. A estrutura remata em quatro arquivoltas, três torsas com acantos, e uma lisa, com querubins, unidas por aduelas. Ao centro abre-se nicho em arco de volta perfeita, com amplo resplendor e imaginária sobre banqueta facetada, com florões. Altar paralelepipédico, pintado a imitar brocados vermelhos, marcando sanefa. Junto à capela existe, à esquerda, brasão de família, e, no pavimento, surge a sepultura com a seguinte inscrição: "SEPULTURA DO L. DO MIGUEL GODINHO PADROEIRO DESTA CAPELA DE SÃO PEDRO E DE SEUS HERDEIROS". A CAPELA DE SANTO AMARO tem o intradorso com vestígios de pinturas murais, de motivos geométricos e albarradas, e contém retábulo de talha, pintada e dourada, o douramento em mau estado, deixando antever a camada preparatória, de planta reta, dois registos e três eixos. No primeiro registo, os eixos são definidos por pilastras, as exteriores decoradas com florões e sobre plintos paralelepipédicos com acantos, e as interiores decoradas de motivos vegetalistas, sobre mísulas, todas de terço inferior ornado de lanceolados, e de capitéis coríntios, sustentando entablamento com friso de acantos e querubins. Em cada eixo abre-se nicho em arco de volta perfeita sobre pilastras, ornadas de lanceolados, o central albergando imaginária, e os laterais painéis pintados com a representação de Santo Antão (Evangelho) e a de São Francisco, com hábito dominicano (Epístola). No segundo registo, desenvolvido sobre friso alto de caneluras, os eixos são definidos por quarteirões, sustentando cornija avançada, inferiormente decorada com motivos geométricos e com friso de acantos e querubins, e possuem painéis retilíneos pintados com São Luís de França, São Paulo eremita (Evangelho) e Santo Onofre eremita (Epístola). A estrutura remata em frontão semicircular interrompido por cruz latina, com tímpano decorado com florões, e é ladeada por orelhas volutadas. Predela com apainelados, o central contendo cartelas de volutados dourados e as laterais com florões em vaixo-relevo. A capela é cerrada por guarda de madeira, de falsos balaústres planos. A CAPELA LATERAL DAS RELÍQUIAS OU DE NOSSA SENHORA DA ALEGRIA apresenta também pinturas murais no intradorso do arco, de motivos geométricos e vasos. Alberga retábulo de talha dourada, de planta reta, três eixos definidos por quatro colunas e de dois registos, o superior mais estreito e mais baixo. O primeiro registo possui as colunas exteriores de fuste espiralado, terço inferior decorado com motivos vegetalistas, cartela e anjo, sobre plintos paralelepipédicos com cartelas recortadas, e de capitéis coríntios, e as interiores de fuste ornado de cartelas e motivos vegetalistas entrelaçados, terço inferior com mascarão e elementos vegetalistas entrelaçados, sobre mísulas e de capitéis coríntios; as colunas suportam entablamento com cornija avançada nos eixos laterais e friso de querubins e folhagem estilizada. Os eixos possuem painéis retangulares pintados com, da esquerda para a direita, Santo Ildefonso, São Pedro de Rates e Santo Aleixo, identificados por inscrição. O segundo registo, desenvolvido sobre friso alto de caneluras, tem as colunas exteriores de fuste espiralado e terço inferior marcado por elementos vegetalistas interligados, e as interiores de fuste canelado, terço inferior ornado de elementos fitomórficos interligados e cartela, todas de capitéis coríntios; as colunas suportam entablamento com friso de elementos geométricos e cornija avançada, sobre o painel central, e elementos estilizados sobre os laterais. No eixo central, o painel, maior, representa São Bento, e nos laterais, com molduras de volutados, representam Santo António com a cruz (Evangelho) e São Francisco Xavier com a custódia na mão (Epístola), identificados por inscrição. A estrutura remata em tabela retangular, disposta na horizontal, decorada com querubim, definida por quarteirões, fragmentos de cornija e volutados. A predela tem três paineís pintados, representando, da esquerda para a direita, Santa Luzia, Santa Catarina e Santa Bárbara, também identificadas com inscrição. O primeiro registo do retábulo é flanqueado por pilares, decorados com lanceolados e motivos geométricos, coroados por pináculos piramidais sobre acrotérios de volutas. O segundo registo é ladeado de orelhas enroladas. Perto da Capela das Relíquias, existe no pavimento a lápide da sepultura brasonada do Dr. Inácio Theodosio Rodrigues de Santa Marta Soares, provedor das obras, órfãs, capelas, hospitais, confrarias, albergarias, contador das Terças e Resíduos da Comarca de Miranda, que faleceu a 1802; a inscrição reza: "ANNO D 1799 / SEP.A PORPETVA / DOS FILHOS E HERDEIROS DE IGNº / THEODº ROIS DE S.TA MARTA SO / ARES E DE SVA M:ER D.M.A. BERNDA / IZABEL DE MORs SARMTª COMO / FILHA MTº DE FL Dº NA SVA CAZA / E AQVELE IVIS DE FORA QVE / FOI NESTA CIDA. CORREGEDOR E / PROVEDOR NA COMQ. SVPIR / ENTENDE G.AL E CIVAL DOS TA / BACOS SABONS E ALFAND.A / DESTA PROV.A". NA NAVE DO LADO DA EPÍSTOLA, no sub-coro, a CAPELA DE SÃO CAETANO tem retábulo de talha policroma e dourada, de planta reta e um eixo, definido por quatro colunas de fuste torso, ornado de pâmpanos e aves, agrupadas sobre plintos decorados com motivos vegetalistas, e de capitéis coríntios. A estrutura remata em espaldar adaptado ao perfil da capela, integrando tabela retangular, definida por mísulas, sustendando frontão semicircular, decorado com amplo florão e ladeado por dois outros. Ao centro possui painel retangular, com resplendor, dispondo-se frontalmente imaginária. Banco com apainelado de motivos vegetalistas. O RETÁBULO DE SANTO ANTÓNIO, de talha pintada a marmoreados fingidos, a verde, azul e dourado, tem planta convexa e um eixo, definido por dois quarteirões, quatro colunas de fuste decorado por volutados e elementos fitomórficos, de capitéis coríntios, e quatro pilastras com o mesmo tipo de decoração, assentes em plintos paralelepipédicos ou mísulas com concheados e elementos vegetalistas. A estrutura remata em espaldar recortado, rematado em cornija contracurva e lambrequim, decorado com elementos vegetalistas dispostos verticalmente e enrolados, ao centro, sobre o fecho saliente. Ao centro, abre-se nicho, em arco recortado, interiormente pintado com flores e albergando imaginária sobre mísula. Altar tipo urna com frontal e ilhargas decoradas com acantos enrolados. O intradorso do arco de acesso à capela, possui caixa de esmolas de madeira, pintada a marmoreados fingidos a rosa e azul, com espaldar alto, de perfil curvo, pintado com imagem de Santo António e o Menino, tendo inferiormente a inscrição "HESMOLLA Pª / SANTO ANTO / NIO .. EPADO / A Aº D 1811". A CAPELA LATERAL DE SÃO JERÓNIMO possui retábulo de talha dourada, de planta reta e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores, ornadas de motivos vegetalistas, e quatro colunas torsas, de espira fitomórfica e terço inferior decorado de concheados, sobre plintos paralelepipédicos, também com concheados e de capitéis coríntios. A estrutura remata em espaldar, de quatro arquivoltas, uma torsa e as restantes planas, decoradas com concheados e motivos vegetalistas, unidas por aduelas. Ao centro abre-se nicho, em arco, ladeado por pilastras com motivos vegetalistas, interiormente pintado a volutados e concheados e possuindo mísula com imaginária encimada por baldaquino com remate fitomórfico e lambrequim. No enfiamento das colunas interiores surgem mísulas. Nos eixos laterais surgem apainelados com concheados sobrepostos por mísulas com imaginária. Banco com apainelados de concheados. O arco da capela possuía a inscrição "PADRE PASCOAL... QUE FOI ABBADE DE SENDIM", entretanto desaparecida. TRANSEPTO: No braço do Evangelho surge a CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE, com retábulo de talha dourada e policroma, de planta côncava e um eixo definido por seis colunas, de fuste torso, ornado de pâmpanos, anjos e aves, sobre duas ordens de mísulas e plintos paralelepipédicos, ornados de acantos, florões e querubins, e de capitéis coríntios, que se prolongam pelo remate em três arquivoltas de igual decoração e unidas por aduelas. A estrutura remata em dupla cornija, a inferior curva e a superior reta, e espaldar vazado de acantos e anjos, sobreposto cor cornija, pináculo vazado de acantos e ave, entre quatro pináculos escalonados de acantos vazados, elementos volutados e querubins. Ao centro, abre-se nicho, em arco de volta perfeita, interiormente revestido a apainelados com florões, e tendo o fundo pintado com a cidade de Jesusalém, dispondo-se frontalmente a imagem do Crucificado, sobre peanha de acantos, entre as imagens de roca da Virgem e de São João. Banco com apainelados vegetalistas e de anjos e sotobanco com plintos decorados de acantos. O retábulo é ladeado de orelhas. A CAPELA DO SANTÍSSIMO é cerrada por grade em ferro forjado, com o remate ornado por elementos volutados e vegetalistas, açafates, formando ao centro nicho, coroado de pináculos e tendo, sobre cartela com a data de 1760, figura masculina sustentando as armas do bispo D. Fr. Aleixo de Miranda Henriques, rematado por uma custódia. As janelas laterais possuem molduras em talha dourada, de perfil curvo, lateralmente recortadas e ornadas de concheados, formando avental terminado em pingente e rematadas em frontão de volutas interrompido por cartela recortada. Na cobertura, em falsa abóbada de berço, de estuque, sobre friso e cornija de cantaria, surge cartela recortada e moldurada a concheados com um Agnus Dei. Nas paredes laterais possui porta de verga reta entaipada e armário embutido, com porta de talha policroma, decorada com dois florões. Na parede testeira tem retábulo de talha dourada, de planta contracurva e cinco eixos, definidos por seis colunas, as mais avançadas de fuste torso, com espira fitomórfica e terço inferior decorado com motivos vegetalistas e querubins, e as restantes de fuste liso, decorado com cartelas, festões e motivos vegetalistas, de terço inferior ornado de concheados e querubins, sobre plintos paralelepipédicos com elementos fitomórficos, concheados e volutados e de capitéis coríntios. A estrutura remata em fragmentos de volutas e dupla cornija contracurva, a superior com lambrequim, apoiadas em plintos e quarteirões decorados com volutados e concheados, as exteriores sobrepostas com anjos de vulto, criando ao centro falsos espaldares vazados, contendo anjos, armas de Portugal, festões e outros elementos. Ao centro abre-se tribuna, em arco formado por volutas interrompidas e sobrepostas por festões e de chave relevada, sobre pilastras com elementos volutados e vegetalistas, interiormente com apainelados de talha, contendo concheados, e elementos vegetalistas, o fundo pintado com acantos e rasgado por janela, criando efeito camarim. Alberga tribuna de três degraus galgados, ornados de concheados e volutados. Nos eixos laterais, côncavos, surgem apainelados com mísulas sustentando imaginácia encimada por baldaquinos, com panejamentos a abrir em boca de cena. Nas ilhargas possui esquema semelhante, com imaginária sobre mísulas e sob baldaquinos. Banco de apainelados integrando amplo sacrário tipo templete, facetado e cobertura em domo, decorado com motivos vegetalistas e concheados, contendo custódia na porta. Sotobanco pintado em marmoreados fingidos, a azul, e com elementos concheados e vegetalistas a dourado. No transepto da Epístola, a CAPELA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (primitiva capela do Santíssmo Sacramento e depois de Nossa Senhora do Rosário), possui retábulo de talha dourada e policroma, de planta reta e um eixo, definido por quatro colunas de fuste decorado com elementos vegetalistas, e terço inferior ornado de acantos, querubins e anjos, e de capitéis coríntios, agrupadas sobre plinto, também decorado com motivos vegetalistas, querubins e aves. Ao centro possui painel de perfil curvo, pintado com glória de querubins, enquadrando imaginária sobre sacrário; nos seguintes existem acantos bastante relevados e ladeando o corpo do retábulo orelhas. A estrutura remata em tabela retangular, disposta na horizontal, definida por duas colunas, semelhantes às do corpo do retábulo, sustentando frontão semicircular interrompido com cartela recortada com símbolos eucarísticos e querubim; na tabela surge a representação da Última Ceia, relevada e policromada; lateralmente surgem pináculos piramidais com bola vazados e alhetas. Sacrário tipo templete, facetado, de cunhais definidos por colunas decoradas com motivos vegetalistas e terço inferior marcado, sustentando o entablamento, possuindo lateralmente nichos entre quarteirões sustentando frontão de volutas interrompido, e, frontalmente porta com a Ressurreição de Cristo, entre quarteirões sustentando frontão triangular interrompido. Em frente da capela, existe a sepultura brasonada do bispo D. Fr. Aleixo de Miranda Henriques, que não chegou a ser utilizada, porque morreu no Porto. A lápide tem, numa moldura recortada, a inscrição "Sª DE FR ALEYXO INDIGNISSIMO BISPO DE MIRANDA DA ORDEM DOS PREGADORES FILHO TÃBEM INDIGNISSIMO POR SUA ALMA AVE M FEITA 1764". Sobre a inscrição surge o seu brasão, com escudo francês, tendo no primeiro as armas da Família Miranda, de ouro, com aspa de vermelho, acompanhado de quatro flores de lis, de verde, e, no segundo, as armas da família Henriques, de vermelho, com um castelo, de ouro, aberto iluminado e lavrado, de azul; mantelado de prata, carregado de dois leões, de prata. Timbre com leão aleopardado, chapéu eclesiástico com cordões e apenas com quatro borlas aparentes, encimado por coronel. O ABSIDÍOLO DO EVANGELHO tem o RETÁBULO DE SÃO BENTO, em talha dourada e policroma, de planta reta, três eixos, definidos por colunas coríntias de terço inferior marcado, e de dois registos; no primeiro registo as colunas têm o terço inferior decorado por motivos vegetalistas e figuras em alto-relevo, representando, da esquerda para a direita, Judit, Rei David, profeta Isaías e Rainha Ester (JÚNIOR, pg. 43), sobre plintos paralelepipédicos, possuindo frontalentalmente baixos-relevos com os Evangelistas em nicho concheado, e, lateralmente, cartelas recortadas; as colunas sustentam entablamento, avançado nos eixos laterais, decorado frontalmente com anjos, açafates e carrancas esculpidas, e, inferiormente, com elementos geométricos em baixo-relevo; em cada um dos eixos surge um painel pintado, figurando São João Batista, São Bruno em contemplação (Evangelho) e São Domingos (Epístola). Os painéis são encimados por frontão semicircular e, lateralmente, triangular, contendo querubim no tímpano, e envolvidos por pintura dourada de acantos enrolados. No segundo registo, as colunas possuem o terço inferior decorado com bustos inseridos em cartelas, sobre mísulas, sustentando entablamento em arco abatido no eixo central e retilíneo lateralmente, inferiormente decorado com motivos geométricos em baixo-relevo, e com cornija sobre mísulas equidistantes; no eixo central surge nicho definido por pilastras, de fuste pintado com acantos, assentes em mísulas, sustentando frontão triangular, albergando imaginária sobre mísula e encimado por querubim; nos eixos laterais surgem painéis pintados com Êxtase de Santa Maria Madalena (Evangelho) e Verónica (Epístola), encimados por frontão triangular com querubim no tímpano, e envolvidos por acantos pintados a dourado. O remate é constituído por dois painéis laterais, pintados com a Visão do Apocalipse de São João (Evangelho) e Santa Ana ensina a Virgem a ler (Epístola), enquadrados por colunas coríntias de terço inferior decorado com motivos fitomórficos e frutos, sobre mísulas, que sustentam o entablamento, sobreposto por dois fragmentos de volutas, enquadrando a janela, descentrada. O ABSIDÍOLO DA EPÍSTOLA, dedicado a NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS, possui retábulo de talha dourada, de planta reta, dois registos marcados por entablamentos com friso de elementos vegetalistas e querubins, e de três eixos, definidos por colunas; no eixo central abre-se ampla tribuna, em arco de volta perfeita sobre pilastras, decoradas com motivos lanceolados, encimado por querubins nos seguintes e cornija reta, interiormente com apainelados de acantos e querubins, e albergando trono de vários degraus galbados, ladeados por anjos de vulto, volutados, pináculos e resplendor relevado. Inferiormente possui ampla banqueta facetada, com quarteirões nos cunhais, sustentando remate com friso de acantos e querubins, possuindo em cada face apainelados vegetalistas. Nos eixos laterais, surgem, no primeiro registo colunas jónicas de terço inferior decorado com elementos vegetalistas envolvendo as Virtudes, assente em plintos paralelepipédicios, decorados com motivos vegetalistas e Santo António pregando aos peixes (Evangelho), e São Jerónimo e outro Doutor da Igreja e, nas faces internas, com os Evangelistas São Lucas e São Marcos (Epístola); as colunas enquadram painéis pintados com Santa Ana e São Joaquim (Evangelho) e Nascimento da Virgem. No segundo registo, as colunas são de ordem coríntia, de terço inferior decorado com figuras femininas: Eva e Raquel (Evangelho) e Judit e Ester (Epístola) (JUNIOR: p. 30), sobre plintos paralelepipédicos com representação de quatro profetas: Isaías e Jeremias (Evangelho) e Ezequiel e Daniel (Epístola), enquadrando painéis pintados com a Apresentação da Virgem no Templo, truncado, (Evangelho) e Jesus entre os Doutores (Epístola). A estrutura remata em tabela, retangular, definida por duas colunas jónicas sobre plintos paralelepipédicos com elementos fitomórficos, enquadrando janela central de capialço e sustentando entablamento com friso de motivos geométricos relevados, rematado em frontão semicircular, com elementos relevados no tímpano. Lateralmente e definido exteriormente por pilares rematado por bola achatada sobre plintos paralelepipédicos com motivos vegetalistas, surgem painéis pintados com os Esponsais da Virgem (Evangelho) e uma Fuga para o Egito (Epístola), sobre apainelado de talha com cartela recortada. Sotobanco formado por dois armários laterais, decorados de acantos. No pavimento da capela existe lápide sepulcral do bispo D. João de Sousa Carvalho, mandada fazer pelo próprio em vida, com a inscrição "AQUI JAZ O ILLUSTRISSIMO SR D. / JOÃO DE SOUZA CARVALHO / XX BISPO DE MIRANDA / GOVERNOU XXI ANNOS / MORREO A XV DE AGOSTO / 17 / 37". Sobre a inscrição surge brasão com esudo esquartelado, tendo no I e IV quartéis as armas dos Sousas de Arronches, esquartelado, o primeiro e o quarto de prata, com cinco escudetes de azul, postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes do primeiro esmalte, postos em sautor, com bordadura de vermelho carregada de oito castelos de ouro, tendo um filete de negro, postos em barra, atravessante sobre tudo, salvo o escudete do centro; e o segundo e terceiro quartéis de vermelho, com uma caderna de crescente de prata. No II e III quartéis surgem as armas antigas dos Sousas, de vermelho, com uma caderna de crescentes de prata. Encima-o chapéu com oito borlas. Na capela-mor estão sepultados os bispos D. Diogo Marques Mourato e D. Fr. João da cruz em campa não identificada. Uma outra sepultura, do cónego Estêvão Martins de Escobar, que morre a 12 de setembro de 1580, tem a inscrição CAPELÃO QUE FOI DEL REI DOM JOÃO III E O PRIMEIRO ARCEDIAGO DE MIRANDA NESTA SÉ.

Utilização Inicial

Religiosa: catedral

Utilização Actual

Religiosa: concatedral / Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ALVENEIRO: António Bernardo (1753). ARQUITETOS: Baltazar de Castro (1940, década); Gonçalo Torralva (1547); Jorge Gomes (1548); Miguel de Arruda (1552-1554). CAIADORES: António Bernardo (1753); Manuel Machado (1753); Sebastião Luís da Silva (1753). CARPINTEIROS: Anastácio (1747-1754); Costa 1747-1754); Lázaro Pires (1624); Mateus (1725); Sebastião da Silva (1749, 1754); Sebastião (1747-1754). CONSTRUTORES CIVIS: António Domingos Esteves (1944-1945); Manuel Domingos Chaves (1957, 1959, 1962-1963). EMPREITEIROS: Francisco Ferreira da Silva (1935-1937, 1946); Francisco Pinto Loureiro (1948); Francisco Velásquez (1560-1576); José Moreira & Filhos, Ldª (1987-1990); Luís Pinto da Silva (1947, 1950); Manuel Ferreira Morango (1938, 1947); Pero de la Faia (1552-1560); Saúl de Oliveira Esteves (1956). ENTALHADORES: António André Robles (séc. 16); António Lopes de Sousa (1662-1664); Francisco Lopes de Matos (1672, 1681); Francisco de Velazquez (1610-1614); Jerónimo Garcia (1636); João Francisco (atri.), (1716-1717); Juan de Muniategui (1610); Gregório Hernandez (1610-1614); Geraldo Vieira do Porto (1696); Lourenço Baptista (atr.), (séc. 17-18); Manuel Alvarez (atr.), (1561-1565); Manuel Caetano Fortuna (1752-1754); Manuel Marcos (1650). ESCULTOR: Alonso de Ramessal (1636). FIRMA: Empresa de Construções Eléctricas, Ldª (1954, 1958-1959). MESTRE-DE-OBRAS: Domingos da Fonseca (1634); Jorge Gomes (séc. 16); Gaspar da Fonseca (1583-1590); Manuel Camelo (1582-1585). NÃO DETERMINADO: António Bernardo (1759); Sebastião da Silva (1753); Sebastião Manuel da Costa (1747-1754). OFICIAIS: José (1747-1754); Hyeronimo (1747-1754); Francisco (1747-1754); Domingos (1747-1754); António (1747-1754). ORGANEIRO: José Ramos Sampaio (1943); Manuel Vieira (1694). PEDREIROS: Domingos da Fonseca (1620-1621) (atr.); Fernão de Naxera (1552); José Gonçalves de Crasto (1751-1753); Manuel Gonçalves (1747-1754); Manuel Gonçalves de Castro (1749-1753). PINTORES: António de Oliveira (1666); António Lopes de Sousa (1662-1664); Escola de Berruguete (atr.), (1561-1565); Jerónimo de Calábria (1633); Manuel Caetano Fortuna (1752-1754); Manuel Marcos (1650). PINTOR-DOURADOR: Alonso Ramesal (1627, 1635-1638). PRATEIRO: António de Sousa Correia (1759); Martim Rodrigues Gaia (1621). SERVENTE: Valentim (1747-1754). SERRALHEIRO: João Mendes (1663). TAREFEIRO: Domingos Ascensão Fernandes (1928); Júlio Gomes dos Santos (1948); Manuel Francisco Cousinha (1947). VIDRACEIRO: João Baptista Antunes (1951, 1955, 1958); Plácido António Antunes (1948).

Cronologia

1545, 27 março - rainha D. Catarina oferece relíquias vindas de Magúncia; 22 maio - Bula do papa Paulo III eleva a vila de Miranda a cidade e a igreja de Santa Maria a Catedral *1; Papa manda ampliar o edifício e dar-lhe a forma de catedral, mantendo a mesma invocação; 1547, final - D. Turíbio Lopes desenvolve os planos e inicia a recolha de fundos e materiais para a construção da Sé; 15 dezembro - carta do bispo a D. João III, levada a Lisboa por Gonçalo de Torralva *2; medição e delimitação do terreno onde se ergueria a igreja; 1548, 18 março - bispo informa D. João III que haviam chegado Jorge Gomes com os mestres de pedra e cal e cabouqueiros, que o rei mandara, e achara as pedreiras em abastança; 28 agosto - bispo escreve ao rei que seria de muita consolação a obra começar em fevereiro; pede licença para pedir ao Papa indulgências para quem der esmola para as obras; 1549, 04 fevereiro - bispo pede ao rei o envio dos mestres para as obras; 15 junho - breve de Paulo III concede indulgências a quem visitar a Sé, como nas estações de Roma, nos dias da Quaresma; 1552, 11 abril - decide-se dar a Fernão de Naxera, castelhano, o ofício de pedreiro da Sé (2$000 ano); 30 abril - carta do bispo refere que praticaram na obra muitos dias Miguel de Arruda, mas depois o rei deu-a a Pero de la Faia de empreitada; 16 maio - início da abertura dos alicerces; 24 maio - cerimónia do lançamento da primeira pedra; D. Turíbio manda os mestres da obra comparecer em Lisboa "para falar com Miguel de Arruda" sobre a construção da Sé; 02 junho - D. Turíbio envia a Diogo Gonçalves o treslado do contrato com Pero de la Faia, que regulava os pagamentos e as férias, as obrigações do empreiteiro quanto à execução do projeto de Miguel de Arruda e à fiança de mil cruzados; 1554 - 1560, entre - é empreiteiro Pero de la Faia; 1560, 04 janeiro - D. Julião d'Alva escreve ao Cabido mostrando-se descontente com a traça da catedral *3; maio - chegada de Francisco Velásquez a Miranda para continuar com a empreitada da Sé, introduzindo alterações encomendadas pelo bispo; 1561 - 1565 - feitura do retábulo da capela de São Bento, possivelmente da Escola de Berruguete (Alonso Berruguete) e atribuída ao círculo de Manuel Alvarez, de Pelencia, Espanha; 1564 - 1579 - António André Robles, entalhador de Zamora, radica-se em Miranda para executar várias obras na Sé, encomendadas pelo bispo D. António Pinheiro e pelo Cabido: na sacristia, cadeiral do Cabido, retábulo-mor, sacrário e uma custódia *4; 1565 - instituição da capela de São Pedro por Diogo Gonçalves, cavaleiro da casa real, escrivão da alfãndega, e sua mulher, D. Patornilha da Rua; 1566, 06 abril - sagração do altar-mor pelo bispo D. António Pinheiro; 1576 - sepultamento de Francisco Velasquez em campa rasa na Sé; 1581 - papa Gregório XIII privilegia o altar de Nossa Senhora do Rosário; 1582, 15 novembro - decide-se derrubar a torre sineira da igreja velha e aproveitar a pedra na Sé; estipula-se que, na falta de outro mestre-de-obras mais competente, se pague semanalmente $500 a Manuel Camelo pelo seu trabalho, por ter conta com os oficiais e por olhar pela obra; vê-se a necessidade de substituir o mestre porque a obra não anda como se deseja; 1583 - venda dos materiais que iam sobrando da obra da Sé, principalmente madeira; é mestre-de-obras Gaspar da Fonseca; 1585, 15 dezembro - manda-se contratar "homem perito" para acompanhar as obras; 1586 - contratação de Gaspar da Fonseca como arquiteto e mestre-de-obras, para conclusão da obra: fechar o casco e acabar o portal com o coro e seus remates, recebendo 50$000 anuais e casa para viver; 1587, 17 junho - decide-se vender as casas onde mora o cónego Sardinha para aplicar o dinheiro na obra; 1590 - ainda ali trabalha Gaspar da Fonseca *5; 1603, 20 abril - Clemente VIII concede indulgências à confraria de Nossa Senhora dos Remédios; 1609, 02 janeiro - D. Diogo de Sousa escreve ao Papa dizendo que a catedral está muito bem construída e edificada; é edifício sumptuoso, bem construído, dotado de tudo o que é necessário, com sacristia bem ornada de paramentos de ouro e prata, já com coro, torres, sinos e cemitério; 1610, 01 janeiro - Cabido decide gastar do dinheiro da fábrica em três obras necessárias: o retábulo-mor, portas para a porta principal e lajear o pátio; 01 março - põe-se em arrematação a obra do retábulo-mor; 26 abril - decide-se mandar a Valladolid o cónego António Mendes a informar-se dos fiadores que os arrematantes do retábulo, dando-lhes o dinheiro combinado para dar princípio à obra se fossem idóneos; 23 setembro - Cabido decide dar 50 cruzados do dinheiro do retábulo ao entalhador Juan de Muniategui "e, côngrua recebida, lhe serão levaos em conta"; 1611, 03 junho - D. José de Melo oferece relíquias à Sé; 1614 - conclusão do retábulo-mor e portas e pagamento aos entalhadores de Valladolid, Gregório Fernandez e Franciso Velasquez *6; 1615 - ainda se pedem esmolas na diocese para continuação das obras da Sé; 1620 - 1621 - construção do lajeado, atribuído a Domingos da Fonseca; 1621, 20 julho - manda-se fazer custódia nova para a capela do Santíssimo ao prateiro de Zamora, Martim Rodrigues Gaia, com o peso de 20 marcos de prata; 1624 - trabalha como carpinteiro Lázaro Pires; o tijolo vem de Zamora; 1627, 16 janeiro - no processo canónico de D. Jorge de Melo, diz-se que a catedral tem nove capelas e não necessita de reparação; Alonso Ramesal, de Zamora, pinta a sacristia; 1629 - existência de um órgão no coro; no relatório ao papa Urbano VIII, D. Jorge de Melo diz que a igreja não tem claustro, tem duas torres altas que ameaçam ruína, devendo ser reparadas, a sacristia é ampla, de suficiente estrutura, artisticamente fabricada, o coro tem assentos de graciosas esculturas e "no lugar a propósito, um órgão a condizer com a gravidade da igreja"; as relíquias estão mal conservadas e não têm devoção popular; há a confraria de Nossa Senhora do Rosário, administrada pelas pessoas populares de Miranda e instalada na sua capela, e a confraria de Nossa Senhora dos Remédios, administrada pelas pessoas nobres da cidade; 1633 - D. Jorge de Melo manda escrever a Gregório Fernandez pedindo-lhe que contate um pintor da sua confiança; 15 abril - escritura para a pintura do retábulo-mor com Jerónimo de Calábria, de Valladolid, que fica sem efeito *7; 1634 - cobertura das abóbadas de cal; é mestre-de-obras Domingos da Fonseca; 1635, 20 julho - escritura para douramento e pintura do retábulo-mor por Alonso de Ramessal *8; 1636, 20 agosto - D. Jorge de Melo assume dever à fábrica (de junho 1627 a 15 junho 1636) 2.290$706, dando ordem de pagamento; encomenda ao escultor Jerónimo Garcia, de Zamora, das esculturas dos quatro Evangelistas, para a mesa do altar-mor (100$000); 1636 - 1672, entre - Cabido aplica as rendas da Mitra na fábrica da Sé; 1637, 17 agosto - escritura de quitação do douramento do retábulo-mor, recebendo Alonso de Ramessal 70$000 a mais, de uns painéis que pintou e acrescentou ao retábulo; 1638 - conclusão da pintura da sacristia por Alonso de Ramesal; 1650 - conclusão do retábulo de Nossa Senhora dos Remédios, pelo escultor Manuel Marcos, de Prado Gatão, que também pinta as figuras da vida da Virgem das edículas do retábulo; 1651 - instituição da capela de Santo António, pelo Cónego Manuel; 1662 - Cabido manda fazer o retábulo das Relíquias ou de Nossa Senhora da Alegria ou do Leite, para reunir o grande número de relíquias da Sé; 14 setembro - o entalhador António Lopes, de Torre de Moncorvo, recebe 30$000 para começar o altar das Relíquias; 1663, 06 janeiro - conclusão das grades da sacristia, feitas por serralheiro de Moncorvo, João Mendes; 1664, 20 dezembro - pagamento de 20$000 ao entalhador António Lopes da Costa da conclusão do retábulo das Relíquias, mais 8$000 por fazer os meios corpos e braços que serviam de relicários; 1666, 26 junho - escritura para António de Oliveira, de Torre de Moncorvo, dourar, pintar e estofar o retábulo das Relíquias e o arco da capela, como a capela de São Jerónimo (88$000), e o retábulo de Santo Amaro (62$000), sendo a feitura deste atribuída a António Lopes de Sousa; 1668, 22 janeiro - escritura para pintar, dourar e estofar o retábulo de Santo Amaro e as imagens de São Pedro, São Vicente, Santo Antão, São Francisco, São Domingos, São Luís, São Paulo Eremita, e Santo Onofre (62$000); 06 novembro - cónegos decidem mandar fazer o órgão ao oficial de Chaves; 1672, 07 janeiro - Cabido contrata Francisco Lopes de Matos, de Viseu, para fazer novo retábulo do Santíssimo (325$000); 1675 - bispo D. André Furtado de Mendonça diz ao papa Clemente X que no altar-mor, muito rico, está o sacrário, elegante trabalho ornado a ouro, onde se conservam as seguintes relíquias: o Santo Lenho, uma parte do braço de São Brás, relíquias de São Crispim, de Santa Primitiva, de Santa Daria virgem e mártir, do mártir São Espiridónio, de São Rufino, de Santa Emiliana, de São Magno, de São João Baptista e de Santa Basílica; no mesmo altar, dispostos com ordem até ao teto, estão os santos; e no meio e no mais alto, a imagem de Senhora da Assunção; na capela-mor estão os assentos dos cónegos, de madeira esculpida, onde se recitam quotidianamente as horas canónicas; 1681, 16 agosto - manda-se fazer a tribuna para exposição do Santíssimo no altar de Nossa Senhora dos Remédios a Francisco Lopes Matos; 1684 - Cabido vende pratas e paramentos pontificais para custear as obras; 1688, 06 novembro - ajuste da parte instrumental do órgão por um organeiro de Chaves (2000 cruzados), devendo ser semelhante ao de São Francisco de Zamora; 1691 - D. Manuel de Moura Manuel diz que a Sé tem 10 altares com retábulos bem talhados, tendo num o Santíssimo Sacramento, outro da Senhora do Rosário, onde se celebam missas dos defuntos, por estar privilegiado por bula pontífica, tem casa capitular, sacristia, dois coros em que rezam os cónegos conforme a conveniência do tempo, pia baptismal, duas torres com muito bom frontispício e adro de pedra lavrada; 1694 - montagem do órgão pelo organeiro do Porto, Manuel Vieira; 1696 - feitura da caixa do órgão por Geraldo Vieira do Porto, nascido em Braga, conforme inscrição integrada no cadeiral dos cónegos; séc. 17, finais / séc. 18, inícios - execução do retábulo de São Caetano, padroeiro dos nobres do Reino, atribuído ao escultor Lourenço Baptista, e à custa da sua confraria; feitura do retábulo da capela de São Jerónimo, instituída pelos párocos de Sendim, o padre Pascoal e o Abade Rego; 1702 - D. João Franco de Oliveira refere que a Sé tem 12 capelas com altares, coro, dois órgãos, um campanário com 4 sinos, um do relógio, e cemitério; 1703, 13 abril - papa Clemente XI concede indulgências à confraria de São José; 1715 - D. João V manda fundar na Sé uma capela dedicada a São José; 1715 - 1716 - obra de talha e pintura do coro; 1716 - bispo D. João de Sousa Carvalho oferece ao altar-mor as sacras de prata (1.140$000) e D. Diogo de Marques Moratto oferece a Nossa Senhora da Assunção um baldaquino rico de damascos; 1716 / 1717- feitura do retábulo de Nossa Senhora da Piedade, possivelmente pelo entalhador João Francisco, de Duas Igrejas; 1722 - Inventário da Fábrica da Sé refere a imagem do Menino Jesus da Cartolinha (sem cartolinha) e os fatos de todas as cores litúrgicas que vestia, o qual saía na procissão do Ano Novo e do Dia de Reis; 1728, 13 março - Urbano VIII concede Indulgências à confraria do Santíssimo; 1729 - data inscrita sobre o arco da capela de Nossa Senhora dos Remédios; 1736, 18 fevereiro - escritura de troca da capela de São José, no início da nave do Evangelho e administrada pelos cónegos Dr. José Botelho de Matos e Manuel Gonçalves Gamboa, com a de São Pedro, no braço esquerdo do cruzeiro e administrada por Francisco Soares de Araújo e mulher D. Úrsula Maria Godinho e Madureira; a sepultura e brasão da capela de São Pedro são transferidos para a parede e chão junto da nova capela; Cabido constrói o arco e capela de São José no braço esquerdo do transepto, inscrevendo data no arco; faz-se um São Pedro de vulto estofado para pôr na capela; o cónego Ochoa deixa em testamento uma lâmpada de prata para o altar de Nossa Senhora da Piedade (hoje na capela do Santíssimo Sacramento); 1737, 15 agosto - Cabido decide mandar fazer ornamentos necessários e reformar alguma prata, por haver grande necessidade de tudo (4.943$266), comprando-se ainda alvas, corporais e toalhas (162$915); 1736 - 1737 - feitura do retábulo de São Pedro, por ordem do Cabido; 1737, agosto - sepultamento do bispo D. João de Sousa Carvalho no absidíolo da Epístola; Inventário refere um "cruccifixo com o título de Nosso Senhor da Piedade, colocado no seu altar defronte da porta da sacristia com as imagens de Nossa Senhora da Soledade e S. João Evangelista aos lados"; 1749 - as torres têm seis sinos; 09 Outubro - bispo decide mandar construir "a fundamentis" uma nova capela-mor, devido à existente ser de reduzidas dimensões; o ecónomo da Mitra, Manuel Soares de Oliveira, manda vir de Salamanca um arquiteto para desenhar a planta e dois entalhadores para baixar o retábulo; 22 outubro - lançamento da primeira pedra para ampliação da capela-mor; ali trabalha o pedreiro Manuel Gonçalves de Castro, de Vila Praia de Âncora, e o carpinteiro Sebastião da Silva; 29 dezembro - morte do bispo D. Diogo Marques Morato; 31 dezembro - Cabido decide continuar a obra; D. Frei João da Cruz, à espera das bulas de confirmação de bispo coadjutor e futuro sucessor, ordena suspender os trabalhos até à sua chegada a Miranda; 1750, 01 julho - chegada de D. Frei João da Cruz que, após ver a planta e o local, manda avançar a obra; na ampliação da capela-mor gastam-se 2.190$417; 1751 - 1753 - pagamento ao pedreiro José Gonçalves de Crasto, de Castelo de Âncora, para desfazer as bases do retábulo-mor; 1752 - torna-se a dourar o retábulo-mor, "por estar já tosco e mal colorido" (2000 cruzados); 1752 - 1753 - recolocação do retábulo-mor; 1753, 28 abril - ajuste do soco do retábulo-mor (16$000); 1754, 04 fevereiro - escritura com o entalhador e pintor Manuel Caetano Fortuna, de Miranda, para dourar o arco do retábulo-mor e acrescentar uma moldura de talha à volta (2000 cruzados) *9; 14 agosto - benção da capela-mor; 1758 - descrição da Sé pelo pároco Bento de Morais Freire nas Memórias Paroquiais da freguesia *10; 1759 - despesas com a capela do Santíssimo e de São José; pagamento de geiras a António Bernardo; 24 fevereriro - paga-se a António de Sousa Correia por 6 castiçais de prata para o retábulo-mor (1.170$000); 1759 - 1760 - D. Fr. Aleixo de Miranda Henriques manda alargar a capela de São José, então já dedicada ao Santíssimo, e abrir as portas para o cemitério e sacristia; feitura do retábulo do Santíssimo; 1760 - data das grades da capela do Santíssimo; 1764 - transferência da sede do bispado para Bragança; D. Fr. Aleixo de Miranda Henriques leva as alfaias e paramentos mais ricos e alguns sinos das torres; 1770, 5 março - D. José solicita a Clemente XIV a divisão do bispado de Miranda em dois: Miranda e Bragança; 10 julho - Breve autoriza a divisão, ficando Bragança sede do Bispado; 1778, 08 maio - breve de Indulgências plenária a quem visitasse o Santíssimo; 1780, 27 setembro - Bula "Romanus Pontifex" funda a diocese de Bragança com a de Miranda, passando Miranda a reitoria; criação da Insigne Colegiada de Miranda *11; a Sé passa ao abandono e é espoliada; séc. 18, finais - séc. 19, inícios - provável execução do retábulo da capela de Santo António, pela sua confraria; 1811 - data da caixa de esmolas de Santo António; 1825 - supressão da Colegiada; 1828 - data do guarda-vento; séc. 19, finais - séc. 20, inícios - colocação da cartolinha na imagem do Menino Jesus; 1905, 03 agosto - Câmara informa o bispo D. José Alves de Mariz da ruína da Sé; 1909 - raio decepa a cúpula da torre esquerda, partindo-se o sino do relógio; 1930, 05 fevereiro - vendaval destrói parte do telhado da Sé; 1946 - conclusão da transferência do órgão do local inicial (sobre a porta travessa do Evangelho) para o coro-alto, durante as obras de restauro efetuadas pelo arquiteto Baltazar de Castro; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92; 2017, 09 outubro - expropriação de duas parcelas de terreno destinadas à execução da obra de beneficiação da envolvente ao Largo da Sé, com vista à concretização do Plano de Pormenor de Salvaguarda do Centro Histórico de Miranda do Douro, publicado em Aviso n.º 12052/2017, DR, 2.ª série, n.º 194/2017; 2019 - a Catedral de Miranda do Douro passa a ser gerida pelo Museu da Terra de Miranda, na sequência da alteração do novo regime jurídico de museus, monumentos e palácios.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria e alvenaria de granito, aparente ou rebocada e pintada; soco, frisos, cornijas, sineiras, pilastras, molduras dos vãos, pináculos, pavimento do interior, pilares, pias de água benta, pia batismal, guarda das escadas, bacia e escada dos púlpitos, e outros elementos em cantaria de granito; retábulos, cadeiral dos cónegos, órgão e guarda-vento em talha policroma e dourada; guarda dos púlpitos em madeira com marchetados em ferro; grades em ferro forjado; pinturas murais; cobertura de telha.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DSARH; IAN/TT: Corpo Cronológico, Parte I, maço 79, docs. 137 e 142; maço 80, doc. 58; maço 82, docs. 42 e 107

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1630, década - pagamento de 1$300 ao filho de Alonso de Ramessal de dourar a estante ($800), sacra ($300), Evangelho de São João ($200), tudo do altar do Santíssimo Sacramento; 1639, cerca - manda-se sobradar a torre dos sinos com tábuas de negrilho (2$400); 1639 - pagamento de 12$000 com o limpar e consertar das estampas do Cabido, crucifixo do altar-mor, tábuas das orações do coro, mapas, frisos do altar do Santíssimo Sacramento a 3 reais por peça a Alonso de Ramessal; pagamento de 2$000 ao mesmo pintor por encarnar o Crucifixo do Cabido acrescentando de mãos e pés que estavam gastos; conserto de todo o telhado da sé; despesa de 1$400 com 700 telhas e $880 de 10 carradas de madeira para os sinos; 1715 / 1716 - obras de restauro nas paredes, tetos e telhados da catedral, despendendo-se em salários e materiais, incluindo a obra de talha e pintura do coro, 1:400$000; 1718 - obras de conservação no telhado da sacristia: despesa de 4$800 por conta de 100 alqueires de cal em pedra para o telhado da sacristia; $620 aos mestres caleiros, 15$380 por 1810 telhas para a sacristia, 1$440 de 24 carros de areia, 9$750 do carreto de 9 carros de telha, 6$840 por 140 alqueires de cal mais $960 por 16 carros de areia, 3$300 por 50 alqueires de cal, 2$550 de 9 paus para especar os forros da sé; 1725 - pagamento de $240 ao carpinteiro Mateus que trabalha no telhado e $180 de compor as cortinas do Santo Cristo; 1731 - despesa de 2$800 de telhas e 2$100 de cal; 1747 - 1754, entre - obra da capela-mor e respetivo retábulo; aqui trabalham Sebastião Manuel da Costa, e outro oficial de nome José; são pedreiros Manuel Gonçalves, oficiais Hyeronimo, Francisco, Domingos, António, servente Valentim e carpinteiros Sebastião, Costa e Anastácio; colocação de varões no retábulo-mor; 1753 - pagamento de 5$800 a Sebastião da Silva de 29 geiras, $320 ao alvaneiro António Bernardo, 2$880 a Manuel Gonçalves, de São Pedro da Silva, por 48 alqueires de cal; despesa de 1$200 de pincéis por branquear a Sé; é pedreiro da Sé Manuel Gonçalves, da província do Minho; pagamento de 26$800 por branquear a Sé a Sebastião Luís da Silva, Manuel Machado e António Bernardo; 1904 - afinação do órgão; DGEMN: 1928 - reparação do telhado, ainda que de modo defeituoso e incompleto; obras pelo tarefeiro Domingos Ascensão Fernandes; 1934 - memória descritiva das obras de conservação e restauro indispensáveis: demolição completa de muros e arrecadações exteriores existentes para alargamento do adro e desafogo da igreja; demolição da sacristia de andar anexa à torre do relógio; entaipamento de portas de comunicação na torre e transepto, e reconstrução de uma outra onde estava instalado o órgão; reconstrução de pilastra do portal esquerdo; instalação de para-raios; regularização do terreno a E.; construção e assentamento de cornija apicoada na nave esquerda e transepto; raspagem de argamassa dos paramentos das paredes exteriores e interiores da igreja; apeamento e mudança dos púlpitos primitivos de cantaria para os seus primitivos lugares - para o transepto; reconstrução geral da cobertura; reparação da armação do telhado; reparação de portas exteriores; 1935 / 1936 / 1937 - execução da obra por Francisco Ferreira da Silva; 1938 - continuação das obras pelo empreiteiro Manuel Ferreira Morango; 1943 - diversos trabalhos de montagem do órgão pelo organeiro José Ramos Sampaio; 1944 - obras de conservação pelo construtor civil António Domingos Esteves: guarnecimento e reparação de obras, incluindo caiação, reparação geral dos telhados, apeamento, reconstituição e assentamento de altar de talha e consolidação e conclusão da balaustrada do coro em cantaria; 1945 - diversos trabalhos de restauro por António Domingos Esteves: apeamento total e nova montagem de um dos altares de madeira em mau estado, reparação parcial de um dos altares de madeira, incluindo o repregamento de todos os elementos e a substituição dos diversos elementos arruinados, e reparação geral dos telhados; pede-se a máquina do relógio sem uso do mosteiro da Madre de Deus, de Lisboa, para a Sé; 1945 - afinação do órgão para comemoração do 4º centenário da Diocese de Miranda do Douro; 1946, 21 junho - despacho do Ministro das Obras Públicas aprovando a proposta do mestre-de-obras Francisco Ferreira da Silva para construção e assentamento de porta exterior no portal N., construção completa do telhado de abrigo da torre do relógio, igual ao da outra, reparação geral das madeiras com talha do altar esquerdo do transpto, compreendendo a reposição de todos os elementos existentes em bom estado e substituição das diversas peças desaparecidas ou avariadas e conclusão da montagem do órgão; refundição de um sino da Sé, com o peso de 295 quilos, a 10$00 cada 1,000 quilo; dezembro - transporte do relógio da Madre de Deus para Miranda; 1947 - assentamento e restauro do relógio na torre pelo tarefeiro Manuel Francisco Cousinha; construção e colocação de uma porta almofadada por Manuel Ferreira Morango; limpeza e refechamento de juntas, revestimento com telha das cúpulas das torres e reparação das cantarias das grades do coro, por Luís Pinto da Silva; montagem do sino; 1948 - obras de conservação da Sé pelo tarefeiro Júlio Gomes dos Santos; diversos trabalhos pelo mesmo: regularização do pavimento de cantaria do adro, limpeza de cantarias das torres, reparação de dois altares de talha; feitura de nove vitrais, pelo vidraceiro Plácido António Antunes; diversas obras por Francisco Pinto Loureiro: refechamento e tomada das juntas da torre S., reparação de uma parte do telhado a S., pintura de portas e caixilharia, limpeza; 1950 - execução de diversos trabalhos de restauro e conservação por Luís Pinto da Silva: reconstrução do pavimento do coro com madeira de pinho, execução e colocação de 348 pregos em ferro forjado nas duas portas laterais, reparação dos rebocos interiores, reparação geral dos telhados da igreja e sacristia, reparação de um caixilho em madeira, pintura de portas e caixilhos; 1951 - execução de vários vitrais por João Baptista Antunes; 1954 - autorização para o pároco instalar uma sala-museu numa das sacristias, preferencialmente na do lado S.; instalação elétrica, pela Empresa de Construções Eléctricas, Ldª; 1955 - reconstrução de um vitral e reparação de outro da capela-mor por João Baptista Antunes; 1956 - reparação ligeira dos telhados, por Saúl de Oliveira Esteves; 1957 - refundição de um sino fendido e nova montagem, construção de um sino completo e sua colocação na torre sineira, reparação da máquina do relógio da torre, reparação das paredes e pavimento da sacristia N., para utilização como museu, construção e assentamento de um vitral na fresta da sacristia, reparação da porta de acesso da sacristia e do telhado da capela-mor, por Manuel Domingos Chaves; 1958 - reconstrução e colocação de um vitral na capela-mor, por João Baptista Antunes; 1958 / 1959 - reparação da instalação elétrica pela Empresa de Construções Eléctricas, Ldª; 1959 - reparação ligeira da cobertura e vedações, por Manuel Domingues Chaves; outubro - informação de que o pároco da Sé está a proceder à modificação e reparação de diversos elementos nos altares do Coração de Jesus, de Santo António e de São Pedro e no trono do cadeiral bispal, sem conhecimento desses trabalhos terem sido superiormente autorizados; 1960, fevereiro - inutilização do sino grande da torre, situado no lado E., por se ter partido no dia 1 do corrente; março - informação da Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes de que as obras nos altares não terem sido embargadas por já não se encontrarem em execução; 1962 - trabalhos de limpeza e conservação pelo construtor civil Manuel Domingues Chaves: reparação da cobertura dos telhados sobre as abóbadas, com substituição das madeiras em mau estado, reconstrução de vedações deterioradas e assentamento de cumes e beirais, construção de tubo condutor de águas pluviais e pintura sobre peças de madeira e ferro; 1963 - reconstrução de gárgulas de cantaria e cabeçotes de sino em mau estado na torre N., por Manuel Domingues Chaves; 1965 - obras no interior, com levantamento do soalho de madeira que cobria a maior parte do seu lajedo; 1968 - proposta de adjudicação do conserto do relógio da torre S. da firma "A Boa Construtora", de Manuel Francisco Cousinha; 1970 - reparação da cobertura e dos cadeirais da capela-mor; 1971 - deslocação da brigada móvel do Instituto José de Figueiredo à Sé para analisar os retábulos laterais do arco do cruzeiro em mau estado; relatório da brigada refere que é necessário proceder a urgente consolidação de todos os elementos da composição arquitetónica dos retábulos, que as pinturas estão em estado regular de conservação, carecendo apenas de um tratamento de fixação que poderá realizar-se no próprio local; tanto os trabalhos de consolidação, como os de tratamento de fixação, são autorizados por despacho ministerial; 9 outubro - oficio do Instituto José de Figueiredo à DGEMN informando que os trabalhos de consolidação dos retábulos laterais junto do arco cruzeiro estão concluídos; as pinturas dos mesmos altares e da sacristia não carecem, de momento, de tratamento; 1973 - reconstrução da cobertura da capela do lado N.; 1974 / 1975 - conservação da cobertura e dos rebocos interiores; 1978 - conservação diversa; 1979 - reconstrução de parte da balaustrada de cantaria; 1980 - levantamento e assentamento de telhados; 1982 - valorização dos paramentos exteriores; IPPC: 1987 / 1988 / 1989 / 1990 - beneficiações interiores por José Moreira & Filhos, Ldª; 1988 - limpeza do retábulo-mor; 1995 - afinação e restauro do órgão por ocasião do 450º aniversário da diocese.

Observações

*1 - A nova Diocese de Miranda é desmembrada da de Braga e o seu património será formado pela incorporação, em 1546, do Mosteiro de Castro de Avelãs, com as suas respetivas rendas, e as da paróquia de Santa Maria de Miranda do Douro, que era comenda da Ordem de Cristo, e que foi suprimida com o consentimento de D. João III. Ainda em 16 de fevereiro de 1545, o papa envia a D. Turíbio Lopes a Bula da eleição como bispo da Diocese de Miranda e, a 31 de maio, autoriza-o a tomar posse imediata da Diocese. D. João III concedeu a D. Turíbio, a 4 de novembro, carta de brasão d'armas. *2 - D. Turíbio Lopes dá conta ao rei que recebera no dia anterior a sua carta dada por Gonçalo de Torralva, com o debuxo e apontamentos para a obra da Sé. Depois de o analisar, com as demais pessoas do governo da cidade, concordam com o projeto, mas decidem que a obra fosse feita de modo que a capela-mor fique quase ao S., porque isso permitia o terreiro grande e despejado e as portas e frontaria com majestade. Informa que parece a algumas pessoas que a igreja se poderá fazer mais pequena sem ir contra a ordem do debuxo, porém, conforme desejo do bispo, espera que a cidade tenha muito crescimento. Também por ser a terra fria parece inconveniente haver tantas janelas, mas quando depois de feitas parecerem muitas, se poderão tapar às que "cõvyer e fazendo-se pequenas". O bispo pede ao rei para mandar começar a obra com muita brevidade; e porque Torralva e os oficiais da obra "se anda a encarecer parecendo-se-lhes que se desterram vyr cá tão longe soo esta obra poderião sendo elles pêra isso trazer cargo das obras que por acá se oferecessem syquer para que não se fezessem com o vagar de que neste castelo se há feyto e faz ainda" ou como tem ouvido o vagar da obra de Freixo, etc. Um ano depois, a 31 de maio, D. Turíbio volta a escrever ao rei sobre o risco que que este lhe enviara, "porque é tão sumptuoso que se não poderá acabar em vida dos presentes"; refere ainda que se não se acabar por falta de dinheiro, não sabia se era lícito fazer uma obra tão sumptuosa. Assim, pede que recebesse Julião d'Alva que lhe mostraria um debuxo para "igreja de três naves ficando inteira a torre que agora está com acrescentar a dita igreja hua pouca cousa que se pode mui bem fazer" e desenho que ia feito "por mãos mui grosseiras e empostadas de trazer o pico e escada nellas"; diz ainda "aja piedade mandar derrubar obra que custou mais de três mil cruzados podendo servir muito bem e representesse-lhe as necessidades de muitos gastos que alem da obra terá esta see sendo convertida de hua igreja parochial mui desolada em se catedral". A sugestão do bispo não tem, no entanto, sansão régia. *3 - Antes de entrar na diocese e de terem chegado as bulas para tomar posse, D. Julião d'Alva escreve ao Cabido manifestando-se descontente com a traça da catedral e informando ser necessário proceder a algumas alterações. Manda assim que o mestre da obra vá ter com ele a Lisboa para lhe dar conta da obra feita e para ver o que se havia de mudar. Depois disso, Pero de la Faia não deve ter continuado como empreiteiro da obra, sendo substituído por Francisco Velásques, a quem D. João III, a 9 de maio, manda passar duas cartas de privilégios. O rei manda que "enquanto durar a obra e ele for mestre dela sejam dados na dita cidade os mantimentos que forem necessários e ouver mister por seu dinheiro assim para ele como para seus oficiais, servidores, carreiros e trabalhadores que na dita obra trabalharem e servirem, os quais pagarão pelos preços que comumente venderem na terra". *4 - A feitura destas obras originou desavenças entre o entalhador e as autoridades eclesiásticas, e, não se tendo havido consenso entre as partes, André Robles acaba por mover um processo ao bispo na Relação da Arquidiocese de Braga. Na argumentação apresentada, André Robles declara que, para executar os trabalhos contratados, deparou com a dificuldades da escassez de madeiras adequadas e a inexistência de oficinas, o que obrigava a contratação de praticantes do ofício em Salamanca e noutros locais, com o consequente aumento de despesas. Após a conclusão do sacrário e da sua avaliação, deveria receber 586 cruzados mas, apesar do Cabido ter concordado na avaliação, esquivava-se de pagar aquele valor. Quanto ao retábulo, segundo André Robles o pedido de pagamento obteve como respostas más palavras e a declaração que retirasse o retábulo e devolvesse o dinheiro que já tinha recebido por ele. Quando o bispo D. Jerónimo de Meneses substituiu D. António Pinheiro e foi para Miranda, André Robles foi pedir-lhe contas, mas foi-lhe respondido que o sacrário não valia tanto como fora avaliado pelos louvados. O entalhador foi mesmo coagido a assinar uma escritura e que dava por pago "de toda a obra do dito retabollo", recebendo nesta ocasião 20$000, a somar ao que já tinha recebido anteriormente. Em 1582 as duas partes concordam que a custódia valia 150$000 e que a "parte do retabollo que estava feito" tinha o valor de 130$000. Os capitulares diziam ter pago estas quantias a André Robles e ele tinha dado quitação delas. Afirma-se também a inutilidade da custódia por se terem deslocado muitas peças e por ter rachado devido à utilização de madeira verde, permitindo mesmo que os ratos penetrassem no seu interior. Por isso, a título de indemnização, o Cabido pedia-lhe a quantia de 200 cruzados ou a restituição do valor recebido em pagamento do trabalho. Relativamente ao retábulo "que hora esta asentado", afirma-se estarem pagos 137$000 (mais 7$000 do que antes se declarou) e responsabiliza-se o entalhador porque "se entrometeo a o fazer sem lisença nem comsemtimento do Senhor Bispo Dom Antonio Pinheiro que haja gloria nem do Cabido nem diso abia escritura". Afirma-se que a aceitação do retábulo se deveu a "piedade e compaixão" pois a recusa da obra implicava graves dificuldades para André Roble, devido a ele ter "gastado neste retavolo quanto tinha". O retábulo estava colocado na capela-mor mas devido ao emprego de madeira de má qualidade, apresentava grandes fendas, por onde sobem os ratos, e ensamblagem defeituosa. Perante isso, a fábrica da Sé, pedia uma reparação de 100 cruzados, admitindo igualmente a hipótese do entalhador retirar o retábulo da igreja e devolver os 137$000 que lhe haviam sido pagos. Expostas as pretensões e argumentos de ambas as partes, em 1587 o Tribunal Eclesiástico da Relação de Braga, acaba por negar provimento às pretensões do entalhador. Mais tarde, em 1618, Sebastião, filho do entalhador André Robles e de Beatriz Álvares, pretendendo naturalizar-se para tomar posse de um lugar eclesiástico, argumenta ter nascido em Miranda do Douro porque o seu pai, se havia deslocado para a cidade a fim de cumprir a execução de alguns trabalhos, onde se incluem "unas silhas en el coro de la yglesia catedral de la dicha ciudad y unos cajones e otras obras en la sacristia de la dicha yglessia". *5 - Regularmente trabalhavam nas obras da Sé mais de 20 pessoas, entre pedreiros, carpinteiros, carreiros, ferreiros, caleiros, crivadores de areia, aguadeiros e outros. Em 1590, as despesas em salários atingiram 824$227. *6 - Existem vários pagamentos aos entalhadores de Valladolid, Gregório Fernandez e Franciso Velasquez, da obra do retábulo-mor. Por exemplo, a 8 de junho de 1611, o Cabido decide que o cónego fabriqueiro António Mendes vá a Valladolid a "obrigar os oficiais do retábulo conforme a escritura que tem feito nesta cidade tirando primero sentença nesta cidade se for necessário e para isto haverá o salário costumado". A 22 de novembro do mesmo ano, resolve-se dar-lhes 100 cruzados. A 4 de abril de 1612, decide-se dar aos entalhadores 20$000 para gastos além dos 20$000 já dados; a 11 de janeiro de 1613, decide-se dar 30 cruzados "ao irmão Velazquez, mestre do retábulo do dinheiro que tem deputado para a dita obra e com seu assinado lhe será levado em conta, alem dos dez que já tem dados". Em 1614, depois de concluído o retábulo-mor, o "Fabriqueiro pagou a Gregório Fernandez e a Franciso Velasquez, officiais que fizerão o retábulo do altar mor, cento e trina mil e oitocentos reis ou seja cento e vinte e coatro mil e oitocentos do resto da obra do dito retabolo e os seus mil reis de fechaduras e soleira e outra ferragem das portas principais com o que se lhe acabou de pagar tudo o que se lhe devia do preço em que lhe forão arrematado o dito retabolo e portas". O "Fabriqueiro da Catedral pagou mais a hum homem que foi a Valladolid chamar os ditos officiais do retábolo oito dias que tardarão ir e vir a cento e sessanta reis por dia somão mil duzentos e oitenta reis". Pagou-se ainda 16$000 a Teodósio de Frias, pessoa conceituada, para ver e analisar o retábulo, com deslocação desde Carrazedo e aluguer de cavalgadura para um criado do mesmo. *7 - A pintura do retábulo-mor seria feita por 640$000, por conta das rendas da Fábrica, no prazo de oito meses, e o pagamento devia ser feito em três prestações, sendo a última paga apenas "depois de o retábulo estar assentado perfeito e acabado e declarado pelos pintores que o visitarem". O retábulo devia ser pintado, dourado, estofado, gravado e encarnado com toda a perfeição. Entre as várias cláusulas do contrato constam as seguintes: "baixar o retábollo e o hade tornar a por bem assentado e seguro a sua conta e risco … e avendo algua quebra asi em talha como na escultura ponde os brassos e dedos das figuras que estão quebrados e tudo o mais que faltar no dito retabollo"; exige-se "que se hade dourar o retabollo deixando a arquitectura que hade ser de ouro limpo"; que "se hoade collorir todas as figuras de bulto com finas cores cada coalcomo lhe tocar asi de tallas como de brocados ao natural bem lixados e picados de grafio"; obriga-se o pintor a fazer as auréolas das figuras a ponta de pincel sobre ouro limpo com finas cores e abultadas"; que "os campos e vazios das pilastras altas se aode fazer uns subientes de ponta de pinzel com cores finas"; "que os frizos das molduras que goarnessem os lenssos se ãode meter de azul e outrosi ali aode fazer huns gravados cobertos de ouro"; que "as encarnassoins de todas as figuras ãode ser primeiro encarnadas a polimento muito liso e depois pintadas com azeite de depliego de modo que fique como agora he pratica ao vivo que he o melhor e o que melhor emita ao natural"; "que todas as cabessas e barbas das figuras dos pedestais e custodia por estarem muito perto da vista se aode peletear de orlas, digo, de ouro moído e as figuras que fazem de mossos e as figuras que fazem de velos de prata moída e os cabelos da imagem de Senssão e os cabelos dos anjos serão também pelleteados de ouro moído"; exige-se que o pintor no "tabolero onde está o Cristo hade fazer hum Jerusalém bem feito"; no"tabolleiro da Sunção de Nossa Senhora se hade fazer Sua glória alem dos anjos que tem de bulto se haode fazer huns serafins entre nuvens pêra maior adorno e todo este tabolleiro por detrás se hade callefetear com cola e carcoma ou vernis". *8 - Ainda em 1635 o bispo D. Jorge de Melo manda entregar ao pintor Alonso de Ramessal 100$000, por conta da fábrica, para a ajuda dos gastos no retábulo, e, a 16 de agosto, o pintor recebe 25.000 maravedis. No ano seguinte, a 20 de janeiro, Alonso de Ramessal recebe mais 25.000 maravedis pela obra e, a 12 de agosto, D. Jorge de Melo, já nomeado bispo de Coimbra, menciona a quantia de 250$000 pagos a Alonso de Ramessal, à conta da obra do retábulo da Sé. A 10 de julho de 1637, o pintor recebe mais 40$000 e, aquando da escritura de quitação da obra, a 17 de agosto, mais 630$000. A 19 de agosto do mesmo ano, o pintor é compensado com 80$000, porque o Cabido reconhece que a máquina do retábulo é muito grande e o pintor gastou muito tempo nele e teve algum prejuízo, além de que "a obra estava mui perfeita e porque fez baixa de duzentos cruzados menos do que o lance de outros pintores". *9 - A escritura estipula que "a parede que se descobre de trás do retabollo e parte do atico será parte fingido num horizonte alegre com alguns serafins tudo a proporsão do sitio e de cornije para baixo athe as pedras ovais miostra hum filete de cantaria que este será dourado a ouro mate para mais firmeza e nesta forma dandolhe as estadas prontas...". Manuel Caetano Fortuna obriga-se a fazer a obra no prazo de três meses. *10 - Segundo o pároco Bento de Morais Freire nas Memórias Paroquiais, a cidade de Miranda conta com 300 vizinhos e 1000 pessoas; o bispado rende comummente 15 para 17.000 cruzados, com "proes e percalces". A Sé é obra muito sumptuosa e formosíssima. Consta de três naves com largura bastante e altura correspondente, com colunas à romana, ornadas com frisos de papo de rola, cobertas por abóbadas frisadas de cantaria falsa de relevo para fora; tem duas torres à toscana, com cornijas de meia coroa, cunhais frisados de relevo para fora e lisos, com cordões que as cruzam, com remates de abóbadas de meia laranja oitavados com claraboias. Frontispício "acolunado e liso", um adro grande e espaçoso, bem lajeado de cantaria com grades e balaústres à roda do mesmo e remates de laranja em cima, para o qual se sobe por três escadas principais. Está adornada de doze altares, a saber: o altar-mor, que está formosíssimo, de madeira dourada, repartido em quadros romanos que o primeiro e principal é de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da Sé, sobre o apostolado que é coisa maravilhosa; e em cima há uma Santíssima Trindade com belíssimas imagens; pelos lados, quadros também da família sacra; outro altar onde está colocado o Santíssimo em capela à parte da talha com muita miudeza, dourado, em cujo altar está fundada uma confraria do mesmo senhor; um altar de Nossa Senhora dos Remédios com sua capela e confraria; um de São Jerónimo com sua capela de que é padroeira uma filha de José Machado, de Mogadouro; um de Santo António com sua capela e confraria; um de São Pedro de que é padroeiro Jerónimo Godinho Soares; um de Santo António com sua capela; um da Senhora da Alegria com sua capela e confraria militar dos soldados e santuário de relíquias que nesta se venera; um de São José com capela à parte, feita de novo, com um bom retábulo e confraria do mesmo santo e todas a expensas à custa dele por haver muitos anos que cobra soldo e ser alferes de infantaria extra numerário; é esta capela administrada por provisão real pelo Cabido; um com a invocação do Santo Cristo da Piedade que em tudo está nobre assim pelo majestoso de sagrada imagem, como pelo ornato do mesmo altar; um da Senhora do Rosário que é privilegiada, com sua capela e confraria. A Sé tem ainda uma confraria de São Pedro, que consta apenas de clérigos e seis irmãos leigos para serventes, e uma confraria de São Nicolau, com sua imagem colocada no altar da Senhora do Rosário. *11 - A Insigne Colegiada de Miranda foi criada pela bula "Romanus Pontifex" e deveria ser constituída por 10 cónegos, sob a presidência de um prior, que seria também pároco. Mas a colegiada nunca se constituiu, ainda que as igrejas encarregadas de fornecer as pensões, as dessem antes de serem nomeados os cónegos.

Autor e Data

Paula Noé 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

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