Palácio Coculim

IPA.00010669
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Palácio maneirista e barroco, de planta em L irregular composta pela articulação de vários corpos rectangulares. Ostenta pedra de armas adossada a cunhal.
Número IPA Antigo: PT031106190660
 
Registo visualizado 1797 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta retangular

Descrição

Planta em L irregular composta pela justaposição de corpos rectangulares, volumes articulados, cobertura efectuada por telhados a 3, 4 e 5 águas. Alçado principal a S., 2 corpos com características distintas, um de implantação horizontal, de 2 pisos separados por friso de cantaria, com superfície murária revestida a azulejo policromo de fabrico industrial e outro, de 3 pisos e com panos de muro em reboco pintado. No 1º corpo, a E., de planta longitudinal, regista-se fachada principal em ângulo escalar, resultante da articulação de 2 módulos laterais em função de um central, estreito, separado por pilastras de cantaria e em destaque, pelo tratamento de vãos que ostenta: exibe piso térreo rasgado por portal de verga recta delimitado por pilastras em cantaria de aparelho almofadado, sendo o conjunto encimado por friso decorado com triglifos e métopas, acima do qual se elevam, sobre as pilastras, 2 frontões triangulares articulados entre si por cornija com dentículos. As pilastras, prolongadas ao 1º andar, aqui com fuste canelado, inscrevem pano de muro rasgado por óculo circular animado pela sugestão de uma arquivolta canelada inferiormente rematada por bolas. Relativamente aos módulos laterais, marcados pela abertura de vãos com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular, reconhece-se piso térreo rasgado por portas de verga curva encimadas por janelas de peito de verga curva excepto, no extremo do corpo a O., no qual se observam 2 janelas de sacada de verga recta com guarda em ferro fundido. O corpo é superiormente rematado por cornija, acima da qual se eleva platibanda em muro, interrompida, ao nível do corpo central, por frontão triangular, cujo tímpano inscreve as siglas S. & C.O corpo a O., também de planta rectangular, mas articulado com o 1º no seu sentido transversal, exibe piso térreo separado por friso de cantaria com porta de verga recta, acima do qual se reconhece 1 janela de sacada com guarda metálica de anel a meia altura, encimada por janela de peito, ambas de verga recta com emolduramento simples de cantaria. Destaca-se o ângulo SO. acentuado por cunhal destacado e com pedra de armas da família Mascarenhas (*1). Este corpo apresenta alçado lateral O. articulado com outro edifício por meio de passagem em arco de volta perfeita. (*2)

Acessos

Rua Cais de Santarém, n.º 38 - 66; Arco de Jesus, n.º 2 - 10; Beco do Armazém do Linho; Travessa de São João da Praça

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção da Sé de Lisboa (v.IPA.00002196), Portal Principal da Igreja da Madalena (v. IPA.00003034), Lápides das Pedras Negras (v. IPA.00006474), Igreja da Conceição Velha (v. IPA.00006470), Casa dos Bicos (v. IPA.00002489) e Igreja de Santo António de Lisboa (v. IPA.00003143) / Incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128)

Enquadramento

Urbano, integrando a frente edificada de uma artéria da zona ribeirinha, num ponto de transição entre a periferia da malha urbana da Baixa Pombalina e a de Alfama. Na proximidade do Chafariz d'el-Rei (v. PT031106360456), do Palácio das Ratas (v. PT031106360668) e da Casa de Brás de Albuquerque (v. PT031106520026).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 17, 1ª metade - alguns autores consideram ser este palácio pertença dos condes de Linhares, cuja construção remontaria ao séc. 16, sobre a linha da antiga cerca moura (concretamente junto à denominada porta do Furadoiro, mais tarde referenciada como porta de Jesus) ; 1627 - o prédio era ainda designado "as casas do Conde de Linhares, junto ao Arco de Jesus", segundo Júlio de Castilho ; Séc. 17, 3º quartel - o palácio era propriedade do 1º conde de Coculim, D. Francisco de Mascarenhas (1662 - 1685), filho segundo dos primeiros marqueses de Fronteira, membro do Conselho de D. Pedro II, senhor de Cuncolim e Verodá (Estado da Índia), comendador de São João de Castelães, de São Martinho de Cambres e de São Martinho de Pina, na Ordem de Cristo ; 1685 - por falecimento do 1º conde o palácio passa para a posse de seu filho primogénito e herdeiro, D. Filipe de Mascarenhas (1680 - 1735), o qual se tornou posteriormente também membro do Conselho de Estado, deputado da Junta dos Três Estados e Mestre de Campo de Infantaria (tendo servido na Guerra da Sucessão de Espanha) ; 1724, 19 Nov. - um forte vendaval atinge Lisboa, causando danos significativos no palácio, por ter sido atingido pelas águas do Tejo (após o desmoronamento do cais de Santarém) e ainda por pedras da muralha ; 1735 - por falecimento do 2º conde passa o palácio para a posse do 3º conde, D. Francisco de Mascarenhas (n. 1702) ; 1755 - o terramoto causa danos profundos no imóvel, tendo também os baixos do mesmo ficado cheios de entulho, proveniente do desmoronamento de prédios da R. de São João da Praça e outras ; c. 1858 - transformação das ruinas do antigo palácio dos condes de Coculim em armazém de ferro da firma Sommer & Cª. ; 1896 e 1898 - dão entrada na CML pedidos de alteração do edifício, sendo difícil de avaliar a amplitude das obras subsequentemente realizadas (durante as quais emergiram do solo vestígios arqueológicos) ; Séc. 20, início - instala-se no imóvel a Empresa de Cimentos Leiria ; 1918 - é inquilino no nº 66 da R. Cais de Santarém Angelo José Moreira ; 1919 - é morador no nº 8, 1º D do Arco de Jesus Constantino Taboas Garcia ; 1923 - tem sede no nº 3 do Arco de Jesus a firma Carvalho d' Abreu Ldª, é morador no nº 8, 1º E do Arco de Jesus Santiago Blasquez ; 1923-1936 - o edifício é propriedade de D. Maria da Soledade Carvalho Encarnação ; 1923-1942 - é inquilino no nº 2 do Arco de Jesus a Fábrica Portuguesa de Encerados ; 1923-1949 - é inquilino no nº 10, lj. do Arco de Jesus Lino Teixeira de Carvalho ; 1923-1949 - tem sede no nº 64, 1º da R. do Cais de Santarém a Empresa de Cimentos de Leiria ; 1926 - é inquilino no nº 4 do Arco de Jesus Alfredo Gil Jorge ; Séc. 20, década de 30 - instala-se no imóvel a Fábrica Portuguesa de Encerados, em escavações arqueológicas efectuadas no final da década são recuperados elementos arquitectónicos manuelinos (actualmente no Museu Arqueológico do Carmo); 1936-1949 - são proprietários do edifício Maria da Soledade de Ornelas Bruges d'Oliveira e Manuel José de Ornelas Bruge d'Oliveira ; 1961-1963 - é inquilino do nº 6 do Arco de Jesus Eduardo Campos com uma oficina de tipografia

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejo

Bibliografia

CASTRO, João Bautista de, Mappa de Portugal, Lisboa, 1762 - 1763 ; CONCEIÇÃO, Fr. Cláudio da, Gabinete Histórico, Tomo VIII, Lisboa, 1820 ; Annuario Comercial de Portugal, Lisboa, 1908 ; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. II, Livro 10, Lisboa, s.d. ; CASTILHO, Júlio de, A Ribeira de Lisboa, 2ª ed., Vol. II, Lisboa, 1941 ; LEÃO, Luis Ferros Ponce de, Portas e Brasões de Lisboa, Lisboa, s.d. ; ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. V, Tomo 1, Lisboa, 1973; SILVA, Augusto Vieira da, A Cerca Moura de Lisboa, 3ª ed., Lisboa, 1987 (1ª ed. 1899).

Documentação Gráfica

CML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Procº nº 40990

Intervenção Realizada

1899, Julho - abertura de uma porta no alçado voltado para o Arco de Jesus; 1919, Março - abertura de uma janela no 1º andar do nº 8 do Arco de Jesus, alteração de um muro e obras de melhoramento do algeiroz; 1923, Junho - a Empresa de Cimentos de Leiria fez um projecto de alteração e reconstrução do edifício da responsabilidade do construtor civil Frederico Augusto Ribeiro; 1926, Junho: a Fábrica Portuguesa de Encerados fez obras gerais de limpeza; INQUILINO: 1929, Fevereiro - assentamento de um lambril de azulejos e pinturas interiores no n.º 4 do Arco de Jesus; PROPRIETÁRIO: 1936, Setembro - a Fábrica Portuguesa de Encerados fez a alteração dos letreiros; 1937, Agosto - a empresa de Cimentos de Leiria demoliu o 1º e 2º andar do edifício; 1939, Setembro - pinturas interiores e exteriores, obras gerais de beneficiação; 1949, Janeiro - Empresa de Cimentos de Leiria fez obras de limpeza e conservação; INQUILINO: 1949, Março - pinturas exteriores e limpeza de cantarias n.º 10 do Arco de Jesus; 1963, Janeiro - construção de instalações sanitárias no n.º 6 do Arco de Jesus; 1966, Março - obras simples de conservação.

Observações

*1 - cuja leitura heráldica é a seguinte : de vermelho, 3 faixas de ouro ; timbre : leão de vermelho linguado e armado e ouro. *2 - no que respeita ao INTERIOR, apesar da visita realizada ao mesmo, não foi possível concretizar a sua descrição dado o péssimo estado em que este se encontra - devoluto; paralelamente, a documentação gráfica recolhida limita-se apenas ao corpo extremo com a orientação N. - S., o que nos permitiu apenas verificar que o mesmo, se constituía como corpo autónomo sem ligação aos restantes

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

 
 
 
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