Catedral de Faro / Sé de Faro / Igreja Paroquial de Santa Maria / Igreja de Santa Maria

IPA.00001289
Portugal, Faro, Faro, União das freguesias de Faro (Sé e São Pedro)
 
Arquitectura religiosa, gótica, maneirista, barroca. Igreja erguida sobre as possíveis ruínas de uma mesquita, de um templo cristão da alta idade média e de um templo romano (no largo da Sé foi encontrado o antigo fórum romano e na capela de São Domingos foi encontrada recentemente uma arca tumulária medieval); alguns autores avançam ainda com a hipótese de que a torre sineira seria uma das torres do castelo medieval. Do edifício medieval restam ainda as capelas dos braços do transepto e a torre sineira.A igreja apresenta planta longitudinal, de influência mendicante, nomeadamente pela via batalhina, de 3 naves, 4 tramos, contemporânea e semelhante à da igreja matriz de São Clemente de Loulé, cabeceira tripartida, transepto inscrito e capelas laterais, com claustro - pátio a S.. Fachada principal orientada precedida por torre, formando fachada-torre, com arco ogival em cada alçado abertos para um narthex que comunica com o portal principal, igualmente em arco quebrado. Interior com tectos em madeira suportados por arcos assentes sobre colunas dóricas. Púlpito do lado da Epístola; retábulo-mor maneirista, de planta plana aproximando-se das características formais do retábulo principal da Igreja de São Roque de Lisboa, não tendo porém um segundo corpo como este último; retábulo da sacristia maneirista de corpo único e um só tramo com uma tribuna central rodeada por painéis pintados, semelhante ao retábulo da sacristia do Convento da Cartuxa de Évora. Retábulo do Santíssimo Sacramento barroco, de planta plana e corpo único com grande tribuna que alberga monumental trono piramidal; retábulo da Capela do Santo Lenho barroco de planta compósita, com tribuna e trono e paredes forradas com níveis de nichos relicários; retábulo da capela das Almas barroco, de planta plana; retábulo da capela de Nossa Senhora do Rosário barroco, de planta côncava e corpo único e três tramos com seis colunas pseudo-salomónicas, apresentando ao centro uma tribuna com trono; retábulo da capela do Senhor Jesus barroco, de planta plana; retábulo da capela de São Brás barroco, de planta côncava; retábulo da capela de Nossa Senhora dos Prazeres composto por baldaquino octogonal composto de banco, seis colunas figurando anjos atlantes, e com trono onde é exposto a imagem do orago; paredes e tecto profusamente ornamentados. Capelas revestidas a azulejos seiscentistas e da 1ª metade do séc. 18. Orgão setecentista de 3 castelos e 4 nichos sobrepostos com estrutura influenciada pela escola alemã. Destaca-se o Torreão que antecede a entrada do templo, dando espaço a uma galilé no registo inferior; o claustro inacabado, apresentando somente duas alas concluídas, cujo projecto inicial terá sido alterado nos finais do séc. 17 para dar lugar a um cemitério para os pobres. A Capela de Santo Lenho, o único relicário da região; o retábulo da Capela do Santíssimo Sacramento eucarístico não inserido no interior de tribuna mas desenvolvido junto à mesa de altar, sendo um dos primeiros tronos piramidais de grandes dimensões realizados em todo o país; merece igualmente destaque a capela de Nossa Senhora dos Prazeres, exemplar único na região algarvia, sendo constituída por um baldaquino octogonal com seis colunas com forma de anjos atlantes e com um trono onde é esposto a imagem do orago; o revestimento a estuque da cobertura da capela é igualmente único neste contexto geográfico. Os azulejos da Capela de Nossa Senhora do Rosário têm a particularidade de terem sido os primeiros que se fizeram para combater a importação do azulejo holandês, sendo uns dos mais notáveis da região algarvia.
Número IPA Antigo: PT050805050004
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por torre-galilé, 3 naves com várias capelas adossadas, transepto saliente, cabeceira tripartida, a S., 2 alas do claustro abertas para pátio com várias dependências, entre elas a capela de São Miguel e a Capela dos Ossos. A S. da ala O. do claustro, adossada em ângulo recto, a Casa de Eça e Armazém, de planta trapezoidal. Volumes articulados e escalonados, massas dispostas na horizontal. Cobertura diferenciada em telhado 2 águas na nave central, capelas colaterais e capelas do Senhor Jesus e das Almas, de 1 água nas sacristias e nalgumas dependências, de 3 águas na Casa de Eça, nas capelas dos extremos do transepto, de 4 águas sobre a ala O. do claustro e sobre a capela de São Miguel (telhado de tesoura), terraço sobre a torre sineira, e cúpula sobre a capela de Nossa Senhora do Rosário. Fachadas rebocadas e caiadas de branco, exceptuando a torre-galilé e o exterior da capela-mor em pedra emparelhada. Fachada principal orientada, antecedida pela torre-galilé, de 2 registos rematados por cornija saliente assente sobre cachorrada e com sinos suspensos em suportes que prolongam o alçado N. e E. da torre; registo inferior com portal em arco ogival em cada um dos 3 alçados, unidos pelas impostas através de 1 friso e com portas em ferro forjado, dando acesso a galilé com cobertura interior em abóbada de aresta, e pavimento em lápides de pedra, algumas sepulcrais; portal principal em arco quebrado com as arquivoltas assentes sobre colunelos com capitéis vegetalistas, apresentando a arquivolta exterior decoração em cruzes; no registo superior 1 janela em cada alçado, sendo as do alçado N. e O. de verga em arco abatido, apresentando uma lápide com inscrição sobre a do alçado O.; relógio ao centro da empena sineira do alçado N.. À esquerda da torre 2 panos correspondentes à Capela do Senhor Jesus, com remate recto e pequena janela emoldurada ao centro, mais recuada, e à nave do lado do Evangelho, rematado pela água do telhado e com 2 janelas emolduradas dispostas quase axialmente. À direita da torre construção adossada ao pano da nave lateral e dependências; neste corpo avançado abrem-se de forma descoordenada uma janela rectangular, uma janela pequena, pequeno óculo oval e uma porta; incrustada uma lápide sepulcral disposta na horizontal; sobre este corpo, janela emoldurada de verga recta no pano da nave lateral, sendo ainda ladeado por um outro corpo saliente em pedra emparelhada que assenta sobre o corpo avançado e sobe até à altura da torre, correspondendo interiormente à escadaria de acesso ao terraço da torre; o pano da nave lateral e dependências é rematado pela água do telhado. A S. a fachada da ala O. do claustro, assente sobre plataforma e delimitada por cunhais em alvenaria pintada de amarelo e rematada por beirado assente sobre cimalha; de 2 registos com arcada gradeada com 4 arcos de volta perfeita assentes em pés de cantaria no inferior; superiormente 4 janelas axiais de sacada com dupla verga e cornija e com guardas em ferro forjado, recorte nas ombreiras e pequeno apontamento decorativo ao centro da verga; o corpo apresenta ainda porta emoldurada com dupla verga recta, rematada por cruz e encimada por janela num pano que confronta o alçado S. da torre. Fachada N. marcada pela proeminência da 4 capelas anexas do lado do Evangelho e pela sacristia que se adossa à capela colateral do lado do Evangelho; corpo da sacristia com remate recto e com janela emoldurada ao centro, deixando a descoberto parte da capela colateral do lado do Evangelho; capela de Nossa Senhora da Conceição com remate recto assente sobre modilhões e com pano delimitado por estreitos contrafortes salientes, rasgando-se ao centro uma fresta geminada; entre esta capela e a seguinte, abre-se no pano da nave lateral, porta travessa com moldura em cantaria e verga recta rematada por cornija, sendo ainda encimada por janelão semelhante; esta porta é antecedida por plataforma situada entre capelas e dispõe de escadaria de 7 degraus; sobre as capelas que ladeiam este vão partem dois contrafortes; Capela das Almas, estreita e encimada por empena semicircular com óculo tetralobado no tímpano; no pano desta capela abrem-se 2 janelas axiais emolduradas; Capela de Nossa Senhora do Rosário de 2 corpos rematados por cornija saliente, tendo o mais avançado pequena janela emoldurada em cada alçado, e o corpo recuado, mais alto do que o anterior, encimado por cúpula e por 2 pináculos nos cantos; sobre este último corpo partem 2 contrafortes encostados ao pano da igreja; última capela correspondente à do Senhor Jesus, sendo esta rematada por uma empena semicircular recortada superiormente em meio círculo; no pano desta abre-se janela emoldurada descentrada com a empena. Fachada S. correspondente à cerca que envolve parte do pátio. Fachada posterior com 5 panos correspondentes a corpos distintos: o 1º com remate recto e beirado, rasgando-se ao centro janela emoldurada; sobre este, e mais recuado, encontra-se o pano da sacristia, delimitado por cunhal e remate em meia empena com duas gárgulas; 2º pano com remate recto em beirado assente sobre cimalha; inferiormente 2 vãos emoldurados, uma porta e uma janela jacente, respectivamente, e superiormente uma janela emoldurada rectangular; 3º pano correspondente à capela-mor, remate em empena encimado por cruz de pedra; pano delimitado por cunhais rematados 2 pináculos; destacam-se 2 gárgulas; 4º pano com remate em empena, com janela jacente emoldurada aberta inferiormente e janela emoldurada aberta superiormente; 5º pano correspondente à sacristia, adossada à fachada N., mais recuado; remate em empena semi-circular e janela emoldurada descentrada. No seguimento desta fachada, abre-se porta emoldurada com verga recta encimada por cornija que dá acesso ao pátio. À esquerda, integrada no muro do pátio, cruz em pedra. PÁTIO - CLAUSTRO: espaço ajardinado, com algumas árvores e pavimentos em lápides de pedra e calçada. Alçado O.: correspondente à ala O. do claustro inacabado, apresentado uma fachada idêntica à fachada exterior deste corpo, com a única diferença que as obreiras das janelas não apresentam quaisquer recortes; as arcadas dão acesso a uma larga galeria com abóbadas de aresta. Alçado N. (ou fachada S. da igreja): 1º pano correspondente a 1 das duas alas do claustro incompleto; este apresenta 2 registos rematados por beirado assente sobre cimalha e delimitados por cunhais de cantaria; no registo inferior correm três arcos de volta perfeita assentes sobre pés de pedra emparelhada, abertos para curta e estreita galeria com cobertura interior em abóbadas de aresta, apresentando uma porta e duas janelas emolduradas nos espaços dos tramos e uma segunda porta no extremo E. da galeria; ainda neste registo, à esquerda da arcada, pano delimitado por pilastra de cantaria e o cunhal; no registo superior 4 janelas de sacada idênticas às do alçado anterior; sobre o 2º vão pedra de armas e debaixo da sacada, no registo inferior, lápide com a inscrição "ANNO 1697"; entre este corpo e a capela que se segue, abre-se uma porta e uma janela no pano da nave lateral, idênticos aos da fachada N.; segue-se a Capela de São Domingos, semelhante à Capela de Nossa Senhora da Conceição, mas com três contrafortes e uma fresta geminada mais alta; tanto esta capela como a oposta, têm janela emoldurada virada para o corredor de acesso à porta travessa; segue-se o pano do corpo da Sacristia, de remate recto com beirado, e com pequena janela emoldurada ao centro. Parte S. do pátio com várias construções distintas: muro rasgado por vão emoldurado de acesso ao espaço onde se encontra retábulo forrado a ossos humanos composto por arco inscrito num outro mais pequeno, assente sobre o altar, onde se encontra um nicho com a figura de uma santa; o retábulo é rematado por frontão triangular; neste espaço encontram-se várias lápides sepulcrais. No seguimento do muro encontra-se a fachada da Capela de São Miguel ou dos Bispos, com pano encimado por cimalha pronunciada e rematado por empena recortada com ornamentos auriculares em massa nos contornos e uma cartela central em massa pintada com a imagem das Almas do Purgatório; no pano abre-se portal emoldurado com verga em arco de volta-perfeita e porta almofadada; defronte algumas lápides sepulcrais. Segue-se uma reentrância na linha de fachadas com a colocação de um fontanário recente. Seguem-se algumas dependências cujas fachadas abrem uma janela e duas portas emolduradas, uma destas situada no extremo da galeria da ala O. do claustro inacabado. CASA DE EÇA / ARMAZÉM: fachada principal voltada para a R. do Trem, com um pano delimitado por cunhal de pedra emparelhada e pilastra de alvenaria pintada de amarelo, sendo rematada superiormente por um beirado assente sobre uma cimalha; abre-se uma porta com moldura em cantaria e com verga recta; a outra fachada abre para o Lg. da Sé, de forma perpendicular à ala O. do claustro, com 2 linhas de rasgamento de vãos emoldurados: inferiormente janela gradeada e superiormente 3 janelas idênticas. INTERIOR: naves laterais mais baixas que a central; tramos marcados por 6 colunas dóricas onde assentam os arcos portantes dos tectos; pavimento em madeira no espaço da assembleia da nave central e em lajeado nos restantes espaços, com excepção para algumas capelas com pavimento em mármore xadrez. Paredes rebocadas e pintadas de branco com silhar de azulejos envolvente pintados a amarelo e a azul. Cimalha envolvente onde repousam os tectos de madeira da naves, de secção em arco abatido, sendo estes monocromáticos. Púlpito em mármore e com dossel com cobertura interior em talha adossado à 1ª coluna do lado da Epístola a contar da cabeceira, voltado para a nave central. Parede do lado da Epístola: vão emoldurado de acesso a escadas com verga em arco de volta perfeita; a cortar obliquamente este pano, escadas de acesso ao coro-alto, com porta emoldurada sobreposta de janelão no primeiro patamar; guarda-vento em madeira encostado a reentrância com arco abatido, com intradorso decorado por pintura a têmpera; cobertura do guarda-vento decorada por pintura de brutescos sobre tábuas de madeira; na reentrância encontram-se duas pias de água benta em mármore; coro-alto com cobertura em abóbada de berço com balaustrada corrida em madeira; grande orgão acharoado, decorado com pintura a óleo, dourado e laca sobre madeira com cenas orientalizantes de chinoiserie, 4 nichos sobrepostos, de 3 castelos e anjos músicos no remate anjos músicos. Parede do lado do Evangelho: Capela Baptismal com acesso por arco de volta perfeita, barra polícroma em rodapé; três capelas com retábulos, uma porta travessa e uma outra capela no braço do transepto. Capela do Bom Jesus pouco reentrante, com arco encimado por frontão interrompido e retábulo de planta plana, composto por banco, três tramos, irrompendo o central pelo ático, com a imagem do Senhor Crucificado; mesa de altar com o Senhor Morto exposto. Capela de Nossa Senhora do Rosário profunda, de planta quadrangular, encimada por cúpula com óculo assente sobre pendentes e alçados laterais forrados com 2 painéis de azulejos azuis e brancos; retábulo de planta côncova, composto por sotobanco, duplo banco, corpo único com 3 tramos delimitados por 6 colunas pseudo-salomónicas; no central profunda tribuna com a imagem do orago sobre pedestal; arco de entrada para a capela em talha dourada. Capela das Almas com retábulo à superfície de planta plana, composto por sotobanco, banco, corpo único com três tramos delimitados por 4 colunas pseudo-salomónicas, irrompendo o central pelo ático e expondo a imagem do Senhor Crucificado ladeado por 2 anjos; nos tramos laterais 2 anjos assentes sobre mísulas; arco com trabalho em talha. Porta travessa emoldurada por azulejos e encimada pelo janelão. Capela de Nossa Senhora da Conceição, de planta poligonal, com abóbada artesoada com nervuras a descarregarem sobre mísulas e colunelos incrustrados nas paredes integralmente revestidas a azulejos polícromos com cercadura; expõe a imagem de Nossa Senhora de Fátima assente sobre pedestal em madeira; iluminada pela fresta geminada e pela janela no alçado lateral esquerdo, dispondo ainda no alçado lateral direito uma porta emoldurada de acesso a uma sacristia; neste espaço encontra-se actualmente um orgão portátil. Alçado do lado da Epístola: capela no braço do transepto, porta travessa, 2 capelas com retábulos e vão de acesso a uma dependência. Capela de São Domingos semelhante à de Nossa Senhora da Conceição, destacando-se nesta as pinturas na cantaria do arco de entrada e uma arca tumular; revestimento integral azulejos de padronagem e barras polícromas e um painel de azulejos no pavimento; porta travessa encimada por um janelão. Capela de São Brás com frontispício em talha dourada e retábulo à superfície, de planta côncava, composto por banco, corpo único e três tramos com 4 colunas pseudo-salomónicas, com um nicho central com a imagem do orago que irrompe pelo ático. Capela de Nossa Senhora dos Prazeres com arco e frontispício em talha dourada assente sobre plintos em mármores polícromos, sendo esta profunda com cobertura em abóbada de berço com profusa decoração imitando nuvens e anjos e com os alçados laterais revestidos a talha; ao centro desta eleva-se um baldaquino octogonal com 6 colunas figurando anjos atlantes ostentando a figura do orago sobre um trono; pavimento em mármore xadrez e altar em mármore polícromo com figuração; silheres decorativos a azul; Segue-se uma porta emoldurada com arco em ogiva assente em capitéis com figuras. Na parede sobre este vão encontram-se suspensas duas telas pintadas. À altura destas telas, no primeiro patamar das escadas de acesso ao coro-alto, abre-se uma porta emoldurada de acesso às salas do piso superior. Alçado posterior: abrem-se duas capelas colaterais e a capela-mor, todas bastante profundas. Capela do Santíssimo Sacramento com arco de entrada encimado por uma cartela bem destacada; alçados laterais revestidos a talha com quatro imagens de vulto assentes sobre mísulas em cada lado, com duas telas pintadas no alçado lateral esquerdo separadas pela abertura de uma janela, e três telas pintadas no alçado lateral direito; tecto em abóbada de berço pintada a creme, azul, branco, cinzento e dourado, com medalhão central figurando um ostiário; retábulo de planta plana, composto por sotobanco, banco, corpo único, um só tramo com larga e profunda tribuna, trono piramidal de talha dourada. Arco triunfal pleno rematado por ático de cantaria calcária com frontão interrompido com um óculo no tímpano; no fecho pedra de armas e a data de 1640. Capela-mor com pavimento em mármore xadrez, alçados laterais revestidos a azulejo, uma janela no pano esquerdo e uma porta encimada por uma janela de sacada no pano direito; a estes se encostam dois cadeirais com pinturas nos espaldares; cobertura em abóbada de berço com caixotões definidos por nervuras reticuladas de secção quadrada assentes sobre mísulas, com pinturas de brutescos; 4 destes caixotões são vasados permitindo a iluminação da capela; retábulo-mor de planta plana e em talha dourada, com embasamento revestido a azulejos de tapete, banco, corpo único e três tramos, cada um com um nicho, quatro colunas, entablamento e ático com uma tela circular ao centro. Capela de São Francisco de Paula (antiga capela do Santo Lenho) com arco de entrada decorado com anjos e cartela no fecho; alçados laterais com silhar de azulejos azuis e brancos historiados e rodapé decesponjados; dois níveis de nichos relicários; no alçado lateral esquerdo abre-se um arcosólio que alberga o túmulo do bispo D. António Pereira da Silva, sendo este em mármore de várias cores; cobertura em abóbada de berço de madeira pintada de uma só cor; retábulo de talha, de planta compósita constituído por sotobanco, banco, dois corpos de três tramos, sendo o central inferior um nicho que expõe uma imagem de um santo assente sobre uma peanha, e ático. Sacristia principal situada a S. desta última capela, com acesso por vão situado na capela de São Domingos, apresentando uma cobertura reticulada; nas paredes azulejos polícromos de padrão reaplicados na parte inferior de uma janela e no forro interior de um armário. Na Capela de São Miguel tecto de caixotão de madeira e várias pedras tumulares. Na cripta encontram-se depositados os restos mortais de vários bispos.

Acessos

Largo da Sé, nº 11, Largo D. Afonso III, Travessa do Rasquinho / Rua de Domingos Guieiro nº 16 e Rua do Trem nº 20

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 40 361, DG, 1.ª sérei, n.º 228 de 20 outubro 1955

Enquadramento

Urbano, planície, destacado em pleno centro histórico, no interior das muralhas medievais, na plataforma cimeira da pequena elevação onde assenta o núcleo urbano. Fachada principal voltada para um amplo largo empedrado e rodeado pelos edifícios do Paço Episcopal (v. PT050805050069), dos Paços do Concelho, e confrontando o Seminário Episcopal de São José (v. PT050805050070); o largo é utilizado como estacionamento, com alguns espaços ajardinados e uma estátua em pedra representando o bispo D. Francisco Gomes Avelar; o imóvel encontra-se a uma cota mais elevada, assentando sobre plataforma e dispondo em frente da galilé de uma larga escadaria. Fachada posterior voltada para pequena travessa empedrada, confrontando um alto edifício; fachada posterior do pátio aberta para o Lg. D. Afonso III, empedrado, onde se encontra o antigo Convento de Nossa Senhora da Assunção (v. PT050805050003), dispondo de zona ajardinada e no qual se ergue a estátua de bronze de D. Afonso III; este espaço, utilizado como parque de estacionamento, estende-se para O., contornando a fachada S. do pátio, dando lugar a um pequeno espaço onde se concentra serviços de restauração e algumas casas habitacionais. As dependências a S. encontram-se adossadas a casas de habitação, integradas num quarteirão. Do terraço da torre sineira excelente vista sobre o centro histórico e a Ria Formosa. Acesso automóvel ao centro histórico restrito a residentes. Estação rodoviária a 750m e ferroviária a 900m. O imóvel não dispõe de acesso para deficientes motores.

Descrição Complementar

HERÁLDICA: Brasão de pedra colocado no fecho do arco da capela-mor, esquartelado: no primeiro: três pares de asas; o segundo é partido: à esquerda um castelo e à direita um leão rompante e na faixa inferior, três flores de lis; no terceiro: onze borlas alinhadas em três filas; no quarto: cruz flordelisada. Brasão de pedra colocado no fecho do arco da capela do Santíssimo Sacramento, esquartelado: o primeiro e o quarto de prata, com escudetes de azul em cruz, carregados cada um de cinco besantes do campo; o segundo e terceiro de vermelho com três flores de lis de ouro; ao centro um escudete de vermelho com anel de ouro, encimado pelo chapéu verde episcopal, com as seis borlas de ouro em três séries. INSCRIÇÕES: incrição em lápide sepulcral situada no pano a S. da torre da fachada, disposta na horizonta e sem moldura; pedra calcária; tipo de letra: capital quadrada; leitura: A S DE LOPO DE FARIA Q DEIXOV A ESTA SEE A SVA ORTA COM SINQVO OFICIOS PERPETVOS F ANO 1581; inscrição gravada em lápide rectangular situada no alçado posterior do interior da igreja, entre a capela do Santíssimo Sacramento e a capela-mor, com sulcos pintados a preto e sem moldura; com a ilustração das armas do bispo no topo; mármore; tipo de letra: capital quadrada; leitura: D.O.M. / MARCELLINVS . ANTONIVS . MARIA . FRANCO / ALGARBIENSIS . DIOECESIS . ANTISTES / QVINQUAGESIMVM . A . SVSCEPTO SACERDOTIO / AGENS . ANNVM / XIII . KAL. AVG. REP. SAL. AN. CIC (último C invertido) . IC (C invertido) . CCCC . XXXXIII / HOC . TEMPLVM / SOLLEMNI . POMPA . CONSECRAVIT / CANONICI . SACERDOTES . ATQVE . CIVES / POSTERIS . TANTAE . REI . MEMORIAM / HOC MARMORE . TRADENDAM / CENSVERE; inscrição gravada em lápide rectangular situada no alçado posterior do interior da igreja, entre a capela-mor e a capela do Santo Lenho, com sulcos pintados a preto e sem moldura; mármore; tipo de letra: capital quadrada; leitura: (primeira linha em grego) / ANNO . CHRISTIANO . MCMXX / XV . KAL . SEXTILES / ANTONIVS . MENDES . BELLO / CARDINALIS . PATRIARCHA . OLYSIPONENSIS / SOLEMNIBVUS . CAERIMONHS . SACRAVIT / EPISCOPVUM . ALGARBIENSEM / MARCELLINVM . ANTONIVM . MARIAM . FRANCO / ORTV . BALSENSEM / EPISCOPIS . IN . SACRO . RITV . ADSTANTIBVS / EMMANVELE . MENDES . DA . CONCEIÇÃO . SANTOS / DESIGNATO . ARCHIEP . METROP . EBORENSI / ANTONIO . ALVES . FERREIRA / EPISCOPO . VISENSI / ORDO . CANONICORVM / CVM . RELIQVO . CLERO . AEDIS . MAIORIS . PHARON . / FAVSTISSIMI . DIEI . MEMORIAM / POSTERIS . TRADENDAM . HOC . MARMORE / CENSVERVNT.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: catedral / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Algarve)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Frei Paio e Frei Pedro (1251) e João Antunes (c. 1704-1715) (atr.); AZULEJADOR: António Pereira (1690) (atr.), Gabriel del Barco (1690) e Diogo Mendes (1695). CARPINTEIRO: Gabriel Domingues da Costa (1664 e 1676); DOURADOR: Mathias de Oliva (1674 e 1679); ENTALHADOR: João Dias (1642), João Baptista Severino (c. 1704-1715), Gaspar Martins (c. 1704-1715), Manuel Martins (1719-24), Francisco Ataíde (1724), Oficina de Tomé da Costa e Francisco Xavier Guedelha (1748), Manuel Francisco Xavier (1762) e Miguel Nobre (1744); FERREIRO: Pedro Fernandes (1664). PEDREIRO: Diogo Mendes e João Baptista(1674). PINTOR: António de Oliveira Bernardes (Séc. 18, inícios), Francisco Correia da Silva (1751) e Francisco Cordeiro; ORGANEIRO: Arp Schnitger (1716) e Pascoal Caetano Oldovini (1767)

Cronologia

1251 - o Arcebispo de Braga D. João Viegas manda construir, sobre o local onde se situaria uma mesquita, a Igreja de Santa Maria; para tal efeito, o arcebispo encarrega os dominicanos Frei Pelágio e Frei Pedro de construírem a igreja; a antiga mesquita, por sua vez, teria sido construída sobre um templo romano que se situaria a 3 metros abaixo da cota actual, que teria igualmente sido adaptada a templo cristão sob o domínio visigótico; 1271 - as obras terminam, tendo a igreja sido entregue à Ordem de Santiago como recompensa pela participação desta na tomada de Faro aos mouros; 1321 - o monarca, após pedido dos governantes de Faro, doa uma casa fronteira à igreja para acrescentamento desta última; Séc. 15 - campanha de obras com influências batalhinas, sendo contruído a torre da frontaria, duas capelas do cruzeiro, e o portal; 1518 - a Visitação da Ordem de Santiago refere numa capela da cabeceira, o desaparecido retábulo portátil "de marfim, velho, que tem a Paixão, de imagens pequenas"; 1531 - a igreja poderá ter sofrido alguns estragos durante o sismo que se registou neste ano; 1551 - novo sismo atinge Faro; 1554 - a igreja recebe a visita da Ordem de Santiago, sendo o documento resultante desta uma importante descrição do edifício gótico; a capela-mor teria abóbada de alvenaria, com os arcos, chaves e represas em pedra, destacando-se a representação das armas do reino na chave; o chão seria lageado; 1564 - é nomeado para Bispo do Algarve D. Jerónimo Osório, sendo a sede de bispado ainda situada em Silves; este prelado irá, tal como os seus antecessores, intentar a transferência da Sé de Silves para Faro; por essa data ainda havia a dúvida de qual seria a localidade que iria receber a sede diocesana, sendo proposto, para além de Faro, as cidades de Lagos e Tavira; D. João III partilhava da mesma indecisão, o que levou o novo prelado algarvio a andar em visita pastoral, de forma a estudar com prudência qual seria a localidade mais adequada; 1577, 30 Março - é transferida a Diocese do Algarve de Silves para Faro, sendo a igreja elevada a Sé; 1596 - é incendiada e saqueada pelas tropas inglesas do Conde de Essex, destruindo, muito possivelmente, os livros e paramentos que teriam sido trazidos da antiga Sé de Silves; os telhados ruiram e as paredes ficaram danificadas; deste episódio apenas teriam ficado de pé, embora deterioradas, as capelas da cabeceira e do transepto, as paredes exteriores, a torre e as colunas; 1598 - o bispo do Algarve, D. Francisco Martins Mascarenhas, envia ao Papa Clemente VIII um relatório sobre o estado da igreja e a incapacidade do bispado em repará-la; o dito relatório refere o seguinte: "a Sé foi queimada; só ficaram de pé oito capelas por serem de abóbada; os retábulos foram queimados; as paredes ardidas; as naves arruinadas; queimou-se o coro com os orgãos, livros de canto, a casa do Cabido e o Cartório; foi roubado prata, ornamentos, sinos e relógio". O Bispo e o Cabido recebem ajuda do rei D. Filipe I para a reconstrução da igreja, tendo sido aproveitadas a torre sineira, as oito capelas abobadadas de alvenaria com nervuras e contrafortes de cantaria (3 na cabeceira e 5 laterais), refez-se as paredes destruídas e as colunas góticas com arcarias ogivais são substituídas por colunas toscanas de cantaria com quatro arcos plenos, assumindo desta maneira o estilo chão; 1600 - instituída na Sé a Confraria do Rosário pelo Bispo D. Fernando Martins Mascarenhas; 1603 - falecimento do fundador da Capela do Senhor Jesus, o Cónego Gaspar da Mota; antes desta data é construída a primeira capela lateral, que corresponde actualmente à do Senhor Jesus; 1608 - segundo Silva Lopes, o bispo fez uma visita à Sé, deixando nela os estatutos de visita em 148 capítulos; 1630 - referida a existência de um órgão positivo, tendo neste ano sido sujeito a reparações; fala-se de uma sacristia nesta data; 1635 - conserto do órgão; 1637 - 1643 - são substituídas as frestas góticas do coro por janelas, tendo ainda sido substituído a cobertura de abóbada de nervuras; data de início da construção da capela-mor; 1639 - termina-se a obra da sacristia, tendo sido aberto para esta uma porta na capela de São Domingos; 1640 - capela-mor concluída pelo Bispo D. Francisco Barreto I, sendo esta a data que aparece na pedra de armas deste bispo situada no fecho do arco triunfal; execução da tribuna do órgão; 1642 - 1643 - retábulo e cadeiral da capela-mor assentes por João Dias, mestre carpinteiro responsável pela feitura do arcaz da sacristia; a imaginária deste retábulo não teria sido feita por artistas locais, mas sim por oficinas em Lisboa (LAMEIRA, 1999); 1649 - revestimento azulejar das paredes laterais, com azulejos de padrão azuis, amarelos e brancos; 1649 - 1671 - a Sé esteve Vaga, cabendo ao cabido a administração dos assuntos diocesanos; 1653 - 1664 - construção Capela dos Ossos no espaço do cemitério; 1660 - o cabido, agindo num período em que a Sé estava vaga, substitui as portas laterais góticas pelas actuais, abrindo sobre estas algumas janelas; 1660 - substituídas as portas laterais, a do Sol, a S., e a da Sombra, voltada a N.; as janelas que as encimam terão sido feitas pela mesma altura; 1664 - o cabido manda revestir com azulejos polícromos a capela-mor, utilizando os azulejos que sobravam para criar os lambris das capelas laterais; 1673 - sob a posse do bispo D. Francisco Barreto II, é feita uma nova Capela do Santíssimo, o que leva à destruição de um absidíolo; esta obra só é terminada com o seu sucessor, D. José de Meneses, deixando no arco triunfal a representação das suas armas; 1674 - retábulo da Capela do Santíssimo Sacramento; este retábulo recebe os painéis dos intercolúneos em 1679; foi obra iniciada pelo bispo D. Francisco Barreto, retomada por D. Francisco Barreto II, pelo cabido da Sé e concluída com o bispo D. José de Meneses; trabalharam neste o dourador Mathias de Oliva, o pedreiro João Baptista, o ferreiro Pedro Fernandes e o carpinteiro Gabriel Domingues; 1676 - ornamentação em talha do interior da capela do Santíssimo Sacramento pelo marceneiro Gabriel Domingues da Costa, tendo-se realizado um trono piramidal em degraus de grandes dimensões, um dos primeiros realizados em todo o país; é feito durante o bispado de D. José de Meneses o arco de entrada, de madeira pintada a imitar diversos mármores; no topo do arco encontra-se o brasão deste prelado; 1679 - é dourado a capela do Santíssimo Sacramento pelo dourador Matias de Oliva; 1683 - chega a Faro o artista italiano João Baptista Severino; 1685 - 1703 - durante o bispado de D. Simão da Gama, as pretensões em construir um claustro foram postas de parte, criando no lugar deste um cemitério destinado a enterrar pessoas pobres; neste cemitério mandou erguer uma capela dedicada a São Miguel (ou das Almas do Purgatório) para que aí fossem celebrados os ofícios dos defuntos; durante este bispado foi construído a Casa do Cabido sobre os arcos do iniciado claustro, paralelos à parede S. da igreja; sobre uma janela desta casa, voltada para o claustro, apresenta-se as armas deste prelado; 1687 - trabalhos de reparação do órgão, com a colocação de 80 tubos e foles novos, pela quantia de 30$000; 1690 - o bispo D. Simão da Gama patrocina a construção da Capela de Nossa Senhora do Rosário, sendo o trabalho azulejar da autoria de Gabriel del Barco, artista espanhol, ou do mestre lisboeta António Pereira, sendo aplicados por um mestre assentador assistente de Faro; 1695 - revestimento de azulejos polícromos das capelas de São Domingos e Senhora da Conceição pelo mestre Diogo Mendes; colocação do lageado; 1696 - a confraria da Capela de Nossa Senhora do Rosário resolve abrir na abóbada uma clarabóia "para dar mais luz", tendo o Cabido contribuído com 30$000 réis; 1697 - feitura do tecto da Sala Capitular; Séc. 17, finais - durante o bispado de D. Simão da Gama é lageado as naves da Sé; constrói-se a Capela de São Miguel situada no claustro e reconstrói-se a Casa do Cabido; data também deste bispado o início da construção dos arcos do claustro; Séc. 18, inícios - feitura das telas do apostolado do espaldar do cadeiral da capela-mor, da autoria a António de Oliveira Bernardes; campanha de ornamentação na capela-mor; 1703 - oferecidas duas telas com as representações da Adoração dos Pastores e a Adoração dos Magos à Confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, pelo Cónego Domingos Pereira da Silva; 1703 - feitura do arco da Capela de Nossa Senhora do Rosário; 1704 - 1715 - início construção da Capela- Relicário do Santo Lenho no lugar de um absidíolo, durante o bispado de D. António Pereira da Silva, tendo sido destinada à sepultura deste prelado; o mausoléu de mármore que se situa na parede esquerda da capela, feito em mármore, é, possivelmente, da autoria do arquitecto régio João Antunes; o retábulo de Santo Lenho constitui um caso ímpar, sendo a sua feitura da responsabilidade de João Baptista Severino e dos seus cunhados Gaspar e Manuel Martins; a morte prematura do prelado levou a uma longa interrupção dos trabalhos desta capela; 1708 - é refeito o baptistério; 1712 - transferência da Capela das Almas para uma nova capela, oposta à última, no lado do Evangelho, permitindo a construção da sacristia e a casa do despacho; 1716 - 1717 - construção de dois órgãos gémeos por Arp Schnitger; 1719 - 1721 - execução do retábulo da Capela das Almas, pelo entalhador Manuel Martins; 1722 - danificada pelo terramoto; é aberta uma janela na capela de Nossa Senhora da Conceição; 1724 - é feito o arco da Capela das Almas pelo entalhador Francisco Ataíde; o mesmo entalhador faz neste ano o retábulo da Capela de Nossa Senhora do Rosário; 28 Dezembro - contrato com Manuel Martins para a execução do retábulo da Capela de Santa Bárbara; 1725 - o arco do coro-alto, após ter sido destruído pelo terramoto de 1722, é finalmente reconstruído; 1726 - 1750 - é construído um retábulo na capela que antes seria a das Almas, sendo então dedicada a S. Brás; 1728 - é reparada a capela do Senhor Jesus; 1729 - relógio de sol esculpido num dos contrafortes; 1739 - são feitos os quarenta e oito armários para a sala do Cabido, espaço que servia simultaneamente de vestiário, sendo designado "casa dos armários"; 1743 - 1745 - introdução de dois registos no órgão por organeiro anónimo de Tavira; 1744 - feitura do retábulo do Senhor dos Passos com Miguel Nobre; 1748 - alguns membros do Cabido responsáveis pela Confraria de São Brás, pedem autorização para deitar abaixo o arco da capela e construir outro, em correspondência com o da capela que confronta; esta obra foi realizada pela Oficina de Tomé da Costa e Francisco Xavier Guedelha; 1750, c. de - um dos órgãos é transferido para o Brasil e colocado na Sé de Mariana, em Minas Gerais; 1751 - pintura do órgão por Francisco Correia da Silva, artista tavirense; concluído o retábulo da capela de Nossa Senhora dos Prazeres, cuja capela teria sido edificada à custa do Arcediago de Lagos, D. José da Gama; 1752 - acrescento de um remate no retábulo de D. Francisco Barreto; 1753 - 1756 - feitura do retábulo e do prolongamento em talha pelo arco da Capela do Senhor Jesus; é encarnada a imagem do orago desta capela; 1755, 01 Novembro - grandes danos provocados pelo terramoto, incluíndo a destruição da abóbada de nervuras da Capela do Senhor Jesus; a torre sineira é remodelada depois do terramoto; 1762 - banqueta da capela-mor feita pelo entalhador Manuel Francisco Xavier por 21$600 tendo sido o douramento da responsabilidade do pintor Joaquim José que o fez por 22$000; 1767 - reconstrução do órgão por Pascoal Caetano Oldovini por 600$000 réis; feitura do órgão positivo; séc. 18, meados - retábulo da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres; 1775 - construção do corpo superior suspendeu-se por acórdão capitular apesar da esmola de 1000 cruzados que para ela deu o bispo D. Drei Lourenço de Santa Maria; 1779 - os azulejos da capela-mor são retirados e consolidados, uma vez que se encontravam desde o terramoto de 1755 muito degradados; 1786 - a capela do Santo Lenho é adaptada ao culto de São Francisco de Paula, contando nesta data com o revestimento azulejar; 1813 - claustro incompleto; Séc. 19, finais - é retirado o retábulo que tapava o fundo da capela de Nossa Senhora da Conceição; 1886 - num restauro realizado neste ano,foi subsituído o pavimento de lageado da capela do Santíssimo Sacramento por um soalho; 1898 - é reparada a talha da Capela das Almas; 1933 - a capela do Senhor Jesus é restaurada por Francisco Guerreiro Afonso; 1932 - restauro da Capela do Senhor Jesus por Francisco Guerreiro Afonso; 1950 - é retirado o soalho da capela do Santíssimo Sacramento e colocado um pavimento em mármore; esta obra foi sustentada por uma benemérita senhora farense, D. Maria do Carmo Ferrete Afonso, ao mesmo tempo que se fazia a Casa da Confraria adossada a esta capela; 1955, 20 Outubro - por decreto desta data é classificada como Imóvel de Interesse Público; 1969 - estragos provocados pelo sismo; 1972 - 1974 - a Fundação Calouste Gulbenkian patrocina o restauro do orgão seiscentista, que foi entregue para esses efeitos à casa holandesa de D. A. Flentrop; 2007, 05 dezembro - Proposta da DRCAlgarve propondo ZEP conjunta ao Núcleo Histórico de Faro, abrangendo este imóvel; 2008, 23 maio - Parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR relativo à ZEP; 2010, 15 novembro - Proposta da DRCAlgarve para alargamento da ZEP do Património Classificado do Núcleo Histórico de Faro Vila Adentro.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Estrutura rebocada e caiada de branco ou em pedra emparelhada; elementos estruturais, pilastras, colunas, cunhais, contrafortes, frisos, cornijas e embasamento em pedra calcária; pias de água benta e púlpito em pedra mármore; retábulos e elementos decorativos em talha dourada e policroma; cadeiral em madeira com pintura nos espaldares; orgão pintado e com elementos em talha dourada; tectos de madeira pintada nas naves; pavimentos de madeira, lajes de pedra calcária e cerâmico; janelas com vidro simples e frestas geminadas com vidros multicolores; portas e caixilharias de madeira; revestimento ou silhar de azulejos; painéis com telas pintadas; cobertura exterior em telha; ferro forjado em portões, grades, janelas de sacad, candeeiros e sinos.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; CMF

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; Arquivo do Cabido da Sé de Faro

Intervenção Realizada

DGEMN: 1969 - reparação das coberturas; 1971 - reparação da cobertura da nave central; 1973 - continuação da reparação das coberturas; 1973 / 1974 - restauro do órgão pela firma Flentrop, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian; 1981 - reparação e pintura da abóbada de uma capela na nave lateral esquerda, caiação das abóbadas do nartex, coro e paredes das naves; 1984 /1985 - beneficiação da instalação eléctrica; 1988 - obras de conservação, pinturas e correcção de estuques; 1989 - reparação das coberturas, portas, caixilhos e pinturas; 1994 - reparação dos sinos; 1995 - restauro do carrilhão: reparação dos cabeçalhos e apoios de madeira, tratamento das estruturas de ferro, remoção e recolocação dos sinos; 1996 - recuperação e limpeza geral das coberturas; reparação de caixilharias, coberturas, gradeamentos, caiações exteriores, reparação dos gradeamentos e juntas da torre sineira; 1997 - 1999 - obras de recuperação no antigo claustro e acesso à Torre sineira; restauro de pinturas murais, esgrafitos e azulejos; 2000 - recuperação geral: reparação das coberturas, de rebocos em paredes exteriores e interiores, caiações, reparação de pavimentos de madeira e tijoleira, reparação e pintura de caixilharias, remoção de rebocos na sacristia de modo a deixar à vista rebocos esgrafitados preexistentes, remoção de tinta plástica nas nervuras de pedra do tecto da capela-mor, remoção de cal dos caixotões policromados da abóbada do altar-mor, pintura dos tectos da nave, e trabalhos diversos. Conservação e restauro de azulejos da capela-mor, nave central, Capela das Almas, Capela do Senhor Jesus dos Pobres, Capela de Nossa Senhora do Rosário, Capela de Nossa Senhora da Conceição, Capela de São Domingos, escada de acesso ao coro-alto: limpeza de vidrados, consolidação de argamassas com substituição parcial, remoção e recolocação pontual de azulejos, dessalinização do suporte e painéis, preenchimento de lacunas, levantamento total dos revestimentos e revestimento da Capela Baptismal com azulejos provenientes da capela das Almas e de manufactura actual; recolocação dos silhares de padronagem segundo lógica hipoteticamente mais próxima da original; Proprietário: 2001 - 2002 - renovação do presbitério com construção de nova mesa de altar; DREMS: 2001 - 2002 - obras de adaptação da sala do piso térreo do edifício anexo para funcionamento dos serviços da DREMS; 2002 - obras de conservação de coberturas, pavimentos e caixilharias; caiação geral; 2006 - recuperação do túmulo de Rui Valente(conservação e restauro da arca tumular e estátua jacente) e da capela de São Domingos incluindo desmonte do pavimento, escavação arqueológica, execução de soalho e lambrim em madeira, substituição de vidros em janela de dois lumes, limpeza e tratamento de juntas nos arcos das nervuras da abóbada e nas colunas; DRCAlgarve/Cabido Catedralício da Sé de Faro: 2010, Março - Remodelação das instalações eléctricas.

Observações

Autor e Data

João Neto 1991 / Daniel Giebels 2005 / Teresa Valente 2007

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