Palacete António Ferreira de Carvalho

IPA.00014195
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Palacete eclético de planta rectangular compacta, com cobertura de 4 águas, em mansarda, com 4 frentes, 3 delas articuladas com eixos viários, de tratamento e disposição similar, pautadas pela abertura de vãos, estreitos, com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Interior dominado por vestíbulo e caixa das escadas, não só enquanto principais espaços de aparato mas também de organização e distribuição da compartimentação interna, de modo intercomunicante e ao longo de 3 alçados - o principal e os laterais - reservando para o alçado posterior, uma zona de circulação assinalada, em cada um dos pisos, por um corredor. Apesar de apresentar dimensões mais modestas, relativamente, a outros imóveis congéneres, constitui-se como um bom exemplo da tipologia enunciada, que caracteriza a construção lisboeta mais erudita, da segunda metade de oitocentos, bem representada na zona geográfica em que se encontra implantado.
Número IPA Antigo: PT031106220735
 
Registo visualizado 658 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta em U, composta pela justaposição de corpos rectangulares, volumetria escalonada de imposição vertical, cobertura efectuada por telhados a 4 águas, em mansarda, perfurada por janelas trapeiras. De 4 pisos (um deles correspondente a cave, parcialmente enterrada, e outro, ao nível da cobertura), com embasamento e cunhais em cantaria e superfície murária em reboco pintado, animado pela abertura de vãos de verga curva, com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a NE. composto por 3 panos de muro separados por pilastras de cantaria, dos quais se demarca o axial, coincidente com o acesso principal à edificação. Piso térreo delimitado por frisos de cantaria e rasgado por 5 vãos, correspondentes a portal de verga curva destacada e janelas de peito com emolduramento similar (menos pronunciado) e avental em cantaria. Andar nobre marcado por 5 janelas de sacada com vergas sobrepujadas por apontamentos escultóricos em estuque e articuladas com varandins de guarda em ferro fundido, excepto a janela central, articulada com varanda com base de perfil contracurvado em cantaria e guarda metálica. O alçado é superiormente rematado por cornija continuada - acentuada por platibanda, ao nível do corpo central, e por urnas, sobre plintos, no alinhamento dos cunhais e das pilastras - acima da qual se abrem janelas de peito, correspondentes ao último piso. Os alçados laterais, a SE e NO, iguais e dispostos a acompanhar o declive do terreno, apresentam uma disposição, em tudo idêntica, ao principal excepto, no que respeita ao portal, aqui substituído por janelas de peito, de morfologia análoga às restantes. No alçado posterior, dividido em 3 panos através de pilastras, e o corpo central, prolongado até ao último piso, superiormente rematado por frontão triangular e articulado com os colaterais, de menor pé-direito, por meio de platibandas em muro, encimadas por volutas. Aos panos extremos adossam, ao nível do piso térreo, 2 corpos de planta rectangular e cobertura em telhados de 4 águas, articulados entre si por galeria directamente comunicante com lanço de escadas axial, conducente a pátio, de planta rectangular, delimitado por muros em balaustrada. INTERIOR: destacam-se como principais espaços de organização e distribuição da compartimentação interna, vestíbulo - de planta rectangular com muros laterais animados por portas - articulado com caixa de escadaria, sobrelevada e, precedida por arco abatido em cantaria (guarnecido por guarda-vento): escada de lanço recto inicial - delimitado por panos de muro animados, colateralmente, por nichos inscritos em arcos de volta perfeita - e patamar com troços divergentes, conducentes ao andar nobre e iluminados por clarabóia rectangular. Com o piso térreo desenvolvido ao nível da zona sobrelevada do vestíbulo neste, distribuem-se compartimentos directamente comunicantes entre si, ao longo dos alçados laterais, de modo sensivelmente simétrico e articulados por meio de corredores dispostos em circuito fechado em redor da caixa da escadaria, que asseguram a circulação interna e o acesso ao pátio, no alçado posterior, num plano inferior. No 1º andar, destaca-se o compartimento desenvolvido ao longo da fachada principal, com tecto plano tripartido, decorado com 3 composições, distintas, de estuques (*1). Em termos de circulação interna esta é complementada por escada de serviço de lanços opostos, no extremo O., pela qual se acede ao 2º andar.

Acessos

Praça Príncipe Real, nº 13; Rua do Jasmin, n.º 28 - 30; Rua da Palmeira, n.º 2

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Bairro Alto e imóveis classificados na área envolvente

Enquadramento

Urbano, integrado em zona de meia-encosta, isolado, constitui-se como o extremo N. de um quarteirão, apresentando frente para três vias públicas : integra o lado O., do conjunto edificado oitocentista da Praça do Príncipe Real, para a qual apresenta orientada a fachada principal; os alçados laterais articulam-se com a Rua da palmeira e do Jasmim, respectivamente, este último, em posição fronteira ao alçado lateral do Palacete do Barão de Santos (v. PT031106220734). Na proximidade dos seguintes imóveis tipologicamente afins : Palacete Faria (v. PT031106220736), Palacete Paulo Cordeiro, e Palacete Ribeiro da Cunha (v. PT0311064600738).

Descrição Complementar

ESTUQUES: regista-se a presença de estuques oitocentistas em diferentes zonas do imóvel, designadamente, ao nível da cobertura da escadaria, e em alguns compartimentos do piso térreo e do andar nobre.

Utilização Inicial

Residencial: palacete

Utilização Actual

Política e administrativa: sede de organização sindical / Comercial: loja

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1861 - edificação do palácio, com projecto de um arquitecto desconhecido (após a apresentação de outros), para residência de António Ferreira de Carvalho, administrador do Caminhos de Ferro, que desposara uma filha do capitalista Ribeiro da Cunha (residente nas proximidades); séc. 20, finais da década de 20 - no palácio funcionam sucessivamente as Legações da Polónia e da Roménia; 1976 - aquisição do imóvel aos anteriores proprietários - António Guerreiro Galla e Vasco Guerreiro Galla - pelo Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom, na época, Sindicato Nacional dos Telefonistas e Ofício Correlativos do Distrito de Lisboa, que aí instala os seus serviços e enceta uma campanha de obras de conservação e beneficiação.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos.

Bibliografia

BAIRRADA, Eduardo Martins, A Praça do Príncipe Real e os Vários Prédios que a Circundam, in ICALP - Revista, Nº 1, Mar. 1985; AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; SANTANA, Francisco, Praça do Príncipe Real, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; FRANÇA, José-Augusto, Monte Olivete Minha Aldeia, Lisboa, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom e Empresas Participadas; CML: Arquivo de Obras, Procº nº9.058

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Procº nº 9.058

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1919 - alteração do extremo S. do corpo do lado da Rua do Jasmim para adaptação a garagem; 1921 - construção de um último piso em mansarda; 1926 - obras de conservação e beneficiação geral; 1927 - obras de conservação e beneficiação geral; 1929 - obras de conservação e beneficiação geral; 1932 - obras de conservação e beneficiação geral; 1941 - obras de conservação e beneficiação geral; 1949 - obras de conservação e beneficiação geral (reparação do telhado); 1954 - obras de conservação e beneficiação geral; 1976 / 1977 / 1978 - profunda campanha de obras de obras de conservação e beneficiação geral, com vista à instalação de novos serviços; 1998 - substituição das telhas da cobertura; 2000 / 2001 / 2002 - transformação do jardim, em zona de parqueamento automóvel; união dos 2 corpos da fachada posterior num espaço único fechado e recuperação das respectivas coberturas; 2002 : obras de conservação e beneficiação geral (interior).

Observações

*1 - anteriormente correspondentes a tectos de três compartimentos distintos.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2002

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login