Núcleo urbano da vila de Castro Marim

IPA.00014295
Portugal, Faro, Castro Marim, Castro Marim
 
Núcleo urbano sede municipal. Vila situada em margem fluvial na fronteira do Algarve. Vila de fundação de ordem religiosa militar (Ordem de Santiago) com castelo e cerca urbana. Núcleo urbano de raiz medieval com traçado radioconcêntrico, formando um conjunto isolado das estruturas fortificadas de Castro Marim. Expansão extramuros, a partir do terramoto de 1755, desenvolvendo-se o edificado nos séculos 18 e 19 sopé do cerro do Castelo. Os edifícios são na sua maioria térreos e predominantemente habitacionais, desenvolvendo-se as casas face à via, com alçado estreito implantando-se em lotes irregulares, integrando quintais. As casas são do tipo porta e janela, com uma ou duas janelas e os vãos são sempre emoldurados em argamassa ou em cantaria de acordo com a época de construção. Os caixilhos e portas são em madeira e o obscurecimento dos vãos é feito por portadas de madeira interiores. A cobertura pode ser com telhado revestido por telha de canudo, realçando o beirado, quase sempre branco, ou ainda, com açoteia, que se disfarça atrás de uma platibanda, podendo substituir uma das águas do telhado ou cobrir a totalidade da habitação. As platibandas mais ou menos decoradas escondem os algerozes dos telhados e são o remate das açoteias. As chaminés apresentam-se de forma cilíndrica ou prismática e sempre perfuradas em redor com motivos geométricos executados com elementos cerâmicos. A cor é um elemento de grande importância no guarnecimento de vãos, lambrins e cunhais. A paleta de cores, varia entre o cinza, o ocre e o azulão, contrastando com o fundo branco das fachadas. Para além da tipologia de piso térreo encontramos algumas casas sobradas com dois pisos, que se situam geralmente nas parcelas de gaveto.
Número IPA Antigo: PT050804020009
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Vila  Vila medieval  Vila fortificada  Régia (D. Afonso III)

Descrição

Núcleo urbano caracterizado por uma malha radioconcêntrica que se organiza em função de um elemento centralizador, o Castelo (v. PT050804020001). Na época medieval a estrutura urbana desenvolveu-se dentro das muralhas semicirculares mandadas erguer por D. Afonso III para proteger a primitiva vila de Castro Marim. Deste antigo núcleo populacional muralhado apenas restam vestígios das ruínas do Paço dos Alcaides e da Igreja de Santiago. No contexto da Restauração, D. João IV mandou reparar o Castelo e construir o Forte de São Sebastião (v. PT050804020003). No século 18 deu-se a segunda fase de crescimento urbano, verificando-se a construção de grande número edifícios no exterior das muralhas. Já no século 20, o crescimento do aglomerado urbano a O., provocou uma ruptura com a malha consolidada. O Castelo (v. PT050804020001) está implantado no ponto de cota mais alta e ligado por uma cortina de muralhas a um outro cabeço, onde se ergue o Forte de S. Sebastião. As duas fortalezas de Castro Marim mantêm-se isoladas em relação ao crescimento da malha urbana. O aglomerado desenvolve-se no sopé do cabeço a partir de uma rua circular às muralhas, a Rua do Castelo. Esta é uma rua pedonal que dá acesso aos quintais das habitações. A estrutura urbana é ainda determinada por um outro eixo circular, composto pelas ruas: 25 de Abril, 26 de Janeiro, João da Guarda Cabreira, Dr. S. Falcão, João de Deus, Dr. Cons. J. B. S. Carvalho e Dr. José Alves Moreira. A Praça 1º de Maio é atravessada pelo eixo circular principal, que neste local se define pela Rua Dr. José Alves Moreira. Esta praça de forma triangular, faz a ligação ao Castelo por ruas que vencem o declive imposto pelo terreno. É neste local que se situa o edifício da Câmara Municipal de Castro Marim e se visiona num plano mais elevado, a Igreja de Nossa Senhora dos Mártires. Os edifícios da praça opostos à Rua Dr. José Alves são térreos e essencialmente para habitação, comércio ou serviços e a sua construção data dos séculos 18 e 19. O acesso à via circular principal pode ser feito através das Ruas de São Sebastião e dos Combatentes, bem como a Rua 25 de Abril que também faz ligação à EN 122. O edificado de Castro Marim organiza-se em redor da via pública e estabelece relação directa entre as construções e o espaço público. Os lotes, de uma maneira geral, são estreitos e profundos quase sempre com quintais associados. O espaço edificado caracteriza-se predominantemente por casas de um piso. As áreas verdes de Castro Martim são escassas e estão associadas ao espaço público, distinguindo-se duas grandes zonas: uma em redor da encosta do Castelo, que está pouco tratada, e outra circundante à vila junto à EN 122 que se apresenta de forma ajardinada. Verifica-se ainda que grande parte da rede viária está alcatroada, com excepção da zona da Ribeira, que ainda se encontra calcetada com paralelepípedos. Observa-se várias áreas com calçada à portuguesa, sobretudo nas zonas que sofreram uma intervenção paisagística recente, como é o caso da Praça 1º de Maio, da Praceta José Alves Jr. e da envolvente ao lavadouro municipal. Destacam-se como imóveis importantes o Castelo (v. PT050804020001), o Forte de São Sebastião (v. PT050804020003), a Igreja de Nossa Senhora dos Mártires (v. 0804020004), a Igreja de Misericórdia (v. PT050804020005) e a Ermida de Santo António (v. PT050804020006).

Acessos

Rua Dr. José Alves Moreira, Rua Dr. José Afonso Gomes, Rua 25 de Abril, Rua dos Combatentes da Grande Guerra

Protecção

Inclui Castelo de Castro Marim (v. PT050804020001) / Incluído na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António

Enquadramento

Rural, implantado em margem fluvial. Detém uma posição geográfica estratégica na região do Algarve. Surge entre as terras baixas e inundáveis do Guadiana, no limite com o barrocal e tem como pano de fundo os contrafortes da serra do Caldeirão. Situa-se numa vasta planície aluvial que foi conquistada ao mar quando a foz do rio Guadiana desaguava junto a Castro Marim. A paisagem natural envolvente é dominada por sapais, salinas, areais e campos agricultáveis. O solo tem características muito férteis devido à sua proximidade ao rio, apresentando alguns problemas de inundação e má drenagem. O Concelho de Castro Marim é um dos mais privilegiados, pois recebe grande parte dos afluentes e confluentes do rio Guadiana. O núcleo urbano foi implantado em terrenos de aluvião, formando um anel na cintura do Castelo (v. PT050804020001). Este ergue-se à cota de 50 m acima das águas do mar e está integrado na antiga linha de defesa da fronteira com Espanha. A EN 122 circunda a povoação e faz a ligação com Vila Real de Santo António (v. PT050816020003), Alcoutim, Mértola e Beja.

Descrição Complementar

Não aplicável

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Sec. 13 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Séc. 9 / 13 - Ocupação mulçumana do sítio; 1238 - Conquista aos mouros por D. Sancho II; construção da muralha semicircular em volta do castelo existente e da primitiva vila; 1277 - concessão de foral por D. Afonso III; 1282 - confirmação do primeiro foral por D. Dinis para promover o povoamento de Castro Marim; ampliação da Igreja de Nossa Senhora dos Mártires; 1319 - doação da vila à Ordem de Cristo e edificação da Igreja de Santa Maria Maior; 1334 - a sede da Ordem de Cristo é transferida para Tomar e a povoação de Castro Marim entregue à Ordem de Santiago; construção da Igreja de Santiago; 1421 - D. João I concede estatuto de couto para homiziados na tentativa de aumentar população; 1485 - confirmação da carta de couto por D. João II; 1497 - confirmação da carta de couto por D. Manuel I; 1504 - novo foral de D. Manuel I; 1618 - compromisso de criação da Santa Casa da Misericórdia; 1628 - data de sepulturas na Igreja da Misericórdia; 1640 - reparação do antigo castelo e edificação da nova muralha e do forte de São Sebastião, por ordem de D. João IV; 1755 - o terramoto destrói a Igreja de Santiago, passando a matriz para a Ermida de Nossa Senhora dos Mártires; 1790 - abolição definitiva dos coutos em Portugal; começo da construção da Igreja de Nossa Senhora dos Mártires; 1802 - a vila de Castro Marim é elevada à cabeça de Condado por D. João VI; 1941 - entrega do Hospital Ribeiro Ramos à Santa Casa da Misericórdia; 1975 - criação da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

COSTA, Carvalho da, Corografia Portuguesa, Tomo III, p.10, Lisboa, 1706; Diccionário de Geographia Universal, 1878; VEIGA, Sebastião Philippes Martins Estácio da, Paleonthologia - Antiguidades Monumentaes do Algarve - Tempos Prehistoricos, Lisboa, 1887; PEREIRA, Esteves e RODRIGUES, Guilherme, Portugal Diccionário, Lisboa, 1912; ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, 1910-1922; IRIA, Alberto, D. António Prior do Crato no Algarve, Lisboa, 1934; PERES, Damião, dir., História de Portugal, Porto, 1934; LEPIERRE, Charles, A Indústria do Sal em Portugal, Lisboa, 1935; BARROS, Tomás de, Sumário da História de Portugal, 1948; MARQUES, A. H. de Oliveira, História de Portugal, vol. I, Lisboa, 1958; IRIA, Alberto, Onde Foram, em Castro Marim, o primeiro Convento da Ordem de Cristo e as mais Antigas Casas de Residência dos seus Comendadores, Tomar, 1962; PINTO, Helena Mendes e ROBERTO, Victor, As Misericórdias do Algarve, Lisboa, 1968; LAGINHA, Manuel, CID, Pedro, VASCONCELOS ESTEVES, Plano Sub-Regional do Sector Cacela-VilaReal de Santo António, Esboceto, MOP- Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização,1969; SERRÃO, Joaquim Verissímo, História de Portugal, Lisboa, 1979; Descobertas Arqueológicas no Sul de Portugal, Centro de História da Universidade de Lisboa e Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, 1980; Visitação de Igrejas Algarvias da Ordem de São Tiago de 1554, Faro, 1980; FRAZÃO, A. C. Amaral, Novo Dicionário Corográfico de Portugal, Porto, 1981; CALLIXTO, Carlos Pereira, O Mapa das Fortificações do Algarve Desenhado por José de Sande Vasconcelos, Faro, 1982; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Bibliografia Arqueológica Portuguesa (1935 - 1969), Lisboa, 1984; ARRUDA, Ana Margarida, Castro Marim na Idade do Ferro, 4º Congresso Sobre o Algarve, 1986; CARDOSO, Mário Fernando, Marcas de Canteiro do Castelo de Castro Marim, 4º Congresso Sobre o Algarve, 1986; GONGALVES, Luís, Problemática em Torno da Conquista do Algarve e de Castro Marim até D.Dinis, 4º Congresso Sobre o Algarve, 1986; CAVACO, Hugo, O Degredo e o Privilégio em Castro Marim, Vila Real de Santo António, 1987; Visitações da Ordem de Santiago no Sotavento Algarvio, Vila Real de Santo António, 1987; Arquitectura Popular em Portugal, vol.3, Associação Arquitectos Portugueses, Lisboa, 1988; ARRUDA, Ana Margarida, Nota Acerca da Ocupação Romano-Republicana do Castelo de Castro Marim, 5º Congresso Sobre o Algarve, 1988; LOPES, João Baptista da Silva, Chorografia ou Memória Económica, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve, Faro, 1988; Visitações de Igrejas Algarvias da Ordem de São Tiago, Faro, 1988; ARMAS, Duarte de, Livro das Fortalezas, Lisboa, INAPA, 1990; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Bibliografia Arqueológica Portuguesa (Séc. XVI - 1934), Lisboa, 1993; PINTO, Conceição, Manual de Reabilitação do Património de Faro, GTL, Faro, 1995; CORDEIRO, António, Direito da Arquitectura, 1998; IRIA, Alberto, O Algarve nas Cortes Medievais Portuguesas do Sec. XIV.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Arquivo Pessoal de Manuel Laginha, DGEMN/DREMS; CMCM; DGOTDU: Arquivo Histórico (Plano Geral de Urbanização de Castro Marim, Tomás Taveira - Projectos, Estudos Urbanos e Sócio-Económicos, s.a.r.l. *1, 1981)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Arquivo Pessoal de Manuel Laginha, DGEMN/DREMS; Biblioteca Municipal

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; CMCM; DGARQ/TT: Memórias paroquiais, vol. 10, nº 226, p. 1503 a 1514

Intervenção Realizada

DGEMN: 1942 /1943 / 1944 / 1945 - reconstrução e consolidação de paredes de alvenaria do castelo; 1960 - obras de adaptação de um edifício do castelo a um museu; 1977 - consolidação gradual das várias construções no interior do castelo; 1978 - demolição de alvenarias que prejudicam o conjunto interior da capela do castelo; 1979 - construção da alvenaria hidraúlica em elevação nos panos de muralha; 1980 / 1982 / 1983 - construção de alvenaria em elevação para consolidação e tapamento dos rombos em troços de muralha a recuperar; 2000 - escavações no Castelo. CMCM: 1998 / 2000 / 2001 - intervenções de restauro, reconstrução e beneficiação da Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Mártires

Observações

*1 - Autores: Arq. Tomás Taveira, Arq. Pais. Leonel Fadigas e Arq. Antónia Pimenta.

Autor e Data

Célia Morais 1998 / Rita Vale 2002

Actualização

 
 
 
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