Quinta da Fidalga / Quinta do Monte do Carmo / Colégio de Nossa Senhora do Carmo

IPA.00014299
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Agualva e Mira-Sintra
 
Arquitectura residencial, setecentista e barroca. Solar de linhas simples, composto por corpo de planta rectangular, tendo, no lado esquerdo, uma capela e a torre sineira adossadas. O edifício apresenta fachadas simples, bipartida por uma pilastra toscana da ordem colossal, tendo, duas portas no piso inferior e janelas jacentes, destacando-se as janelas de sacada, com guarda metálica, rematadas por friso e cornija, no segundo piso. Possui vestíbulo de acesso e a distribuição interior, muito adulterada, processa-se por corredores centrais, que ligam às várias dependências. A capela remata em frontão triangular e apresenta a zona inferior revestida a placas de cantaria, rasgada por portal de verga recta, ladeado por dois postigos e encimado por janelão do coro-alto, também ladeado por dois postigos. A torre, no lado esquerdo, tem um ar pesado, seiscentista, de dois registos, o superior recuado e onde se rasgam as ventanas em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, apresentando cobertura em terraço. Possui capela de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, com sacristia adossada, tendo púlpito no lado do Evangelho e retábulo de talha dourada do estilo barroco nacional. Na fachada posterior mantém uma pequena zona de cultivo, dividida em dois terraços, separados por muro de suporte de terras, a que se adossam as escadas e um tanque de rega. O perímetro é composto por várias videiras em latada, estando completamente murado, surgindo muros altos em algumas zonas, vazados por janelas rectilíneas e por porta carral; o portal principal ostenta as armas da Fidalga. Quinta bastante ampla, que integrava várias zonas de cultivo, um moinho e mata, prolongando-se pela encosta mais próxima, actualmente amputada, restando uma pequena zona cultivada junto à fachada principal do corpo principal. Este encontra-se bastante adulterado pela construção de vários anexos à fachada lateral direita e à fachada posterior, os quais incluem um recreio coberto, em metal, que descaracteriza o conjunto. O edifício é sóbrio, destacando-se o tratamento das fenestrações do segundo piso da fachada principal, rematadas em friso e cornija, não criando contraste com o ar pesado da torre sineira, dividida em dois registos, o inferior coroado por ameias decorativas, surgindo o segundo nível reentrante. A capela possui um invulgar remate em frontão triangular muito alteado, em cujo tímpano surge um registo de azulejo, bastante deteriorado, representando o orago, Nossa Senhora do Carmo. No interior, mantém um púlpito em pau-santo e um interessante retábulo de talha dourada, efectuada por escola lisboeta, de boa mão. A pedra de armas surge no portal exterior e é executada em metal.
Número IPA Antigo: PT031111180231
 
Registo visualizado 2708 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Residencial unifamiliar  Quinta  Casa nobre  Tipo planta retangular

Descrição

Quinta ampla, de formato irregular, bastante amputada pelo loteamento da zona envolvente, tendo o seu perímetro murado, com acesso lateral por porta carral, protegido por portadas altas, metálicas e pintadas de verde, ladeado por uma janela rectilínea, com grades em peito de rola, possuindo um acesso principal, através de portal metálico, também pintado de verde, encimado pelas armas de D. Maria Emília Osório Cabral de Castro. O edifício principal é de planta rectangular simples, com cobertura homogénea em telhado de duas águas, tendo cinco trapeiras na água posterior, tendo adossado, ao lado esquerdo, uma capela, de planta longitudinal composta por nave, capela-mor, sacristia no lado direito e torre sineira no oposto. Fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, percorridas por embasamento de cantaria, com cunhais de cantaria e rematadas em cornija e beirada simples. Fachada principal, virada a SE. marcada pela capela, levemente recuada, com a fachada principal parcialmente revestida a cantaria de calcário, rematada em frontão triangular muito alteado, com cruz latina no vértice e possuindo, no tímpano, registo de azulejo, em monocromia, azul sobre fundo branco, representando o orago do templo, Nossa Senhora do Carmo. É rasgado por portal de verga recta, com moldura recortada, rematado por friso e cornija, ladeado por dois postigos rectangulares, com caixilharias de madeira e vidros simples, protegido por grades metálicas pintadas de verde. É encimado pelo janelão do coro-alto, rectilíneo e com moldura de cantaria, ladeado por dois postigos semelhantes aos da zona inferior. A fachada lateral esquerda é marcada pelo corpo da capela, cego e com dois ressaltos na nave e com duas janelas rectilíneas na capela-mor. Ao lado desta, a torre sineira de três registos divididos por friso e cornija, o inferior revestido a cantaria de granito, de aparelho isódomo, rasgada por óculo ovalado, surgindo um segundo no registo intermédio, o qual possui, no remate, algumas ameias decorativas; o terceiro registo encontra-se levemente recuado com quatro sineiras em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas. A estrutura remata em friso, cornija e tem cobertura em terraço, protegido por guarda metálica, surgindo, nos ângulos, pináculos, tendo acesso por escadas, através da capela, situadas no lado direito. O corpo do edifício residencial divide-se em dois panos por pilastra toscana colossal, o do lado esquerdo rasgado por duas portas e uma janela jacente, no primeiro piso, surgindo, no segundo, quatro janelas de sacada, com bacia de cantaria e guarda metálica, todas com molduras de cantaria, as do piso superior rematadas por friso e cornija. Sobre o portal principal, surge um registo de azulejos de 3x6, representando o orago da capela e tendo a inscrição: "COLEGIO DE NOSSA SENHORA DO CARMO". No pano do lado direito, temos quatro janelas jacentes no piso inferior e quatro de sacada no superior. Este é prolongado por um muro, onde se inscreve arco de volta perfeita, de passagem para a zona posterior, possuindo cobertura em terraço, com o bordo protegido por rede, onde surge, recuado, um corpo rectangular, rasgado por quatro janelas de peitoril rectilíneas. A fachada lateral esquerda, virada a SO. é marcada pelo corpo da capela, cega, marcado por dois ressaltos no corpo da nave e por duas janelas que iluminam a capela-mor. Fachada lateral direita, virada a NE., cega. Fachada posterior de perfil irregular, provocado pela existência de vários corpos que se acham adossados ao edifício principal; este é rasgado, na zona superior por janelas de peitoril rectilíneas, tendo, no lado direito, escadas de dois lanços, com guarda de alvenaria plena e capeado a mármore, de acesso ao piso superior, através de porta de verga recta. Entre estas e o corpo da sacristia, surge um pequeno anexo, com porta de verga recta de madeira e janela de peitoril; no lado oposto, um corpo de dois pisos, constituindo um corpo torreado, rasgado por duas janelas de peitoril, uma em cada piso, com molduras em cantaria de granito. No lado oposto, adossa-se um corpo, perpendicular ao principal, com portas e janelas rectilíneas. Entre este e o corpo torreado, surge um amplo alpendre metálico, sustentado por pilares, criando uma zona de recreio coberta. INTERIOR do edifício composto por vestíbulo, que ligam a corredores centrais e às várias dependências, adaptadas às novas funções, com tectos planos e pavimentos em soalho. A capela possui coberturas em falsas abóbadas de berço e pavimento em lajeado, tendo, na nave, no lado do Evangelho, um púlpito quadrangular, de pau-santo. Arco triunfal de volta perfeita, assente em colunas toscanas, possuindo, na parede testeira, um retábulo de talha dourada, de planta recta e um eixo definido por colunas torsas, que se prolongam em arquivolta formando o ático, tendo, ao centro, tribuna de volta perfeita. Na fachada posterior desenvolve-se uma zona de cultivo, disposta em dois terraços, o mais próximo da casa mais elevado, pontuados por latadas, caminhos e escadas adossadas ao muro de suporte: junto a este, um tanque de rega rectangular, em cantaria.

Acessos

Largo da Républica, n.º 12. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,773149; long.: -9,297680

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Deliberação da Assembleia Municipal de Sintra de 10 julho 2006, Edital n,º 253/06 de 11 julho 2006

Enquadramento

Urbano, isolado e destacado em relação às restantes contruções, abrindo para um amplo largo, plano, de arranjo recente, pavimentado a lajes de cantaria de calcário e possuindo vários bancos de jardim, um jogo de água e um corpo, que constitui sanitários públicos. Toda a propriedade, bastante ampla se encontra delimitada por um alto muro de alvenaria de calcário, rebocada e pintada de amarelo, mais baixo na fachada principal e encimado por protecção plena, em metal pintado de verde. Situa-se nas imediações da Capela de Nossa Senhora da Conceição (v. PT031111180262) e do Cruzeiro de Agualva (v. PT031111180266).

Descrição Complementar

Escudo no portal combinando o partido, na zona superior, com o cortado na inferior, terminando em flor-de-lis e tendo a zona superior volutado. No primeiro campo, as armas dos Osório, de "ouro, com dois lobos de vermelho, passantes um sobre o outro" (Armorial, p. 408); no segundo campo, as armas dos Cabral, de "prata, com duas cabras de púrpura, uma sobre a outra" (Armorial, p. 121); na zona inferior, as armas dos Castro legítimos, de "ouro com treze arruelas de azul, postas 3, 3, 3, 3 e 1." (Armorial, p. 153); como timbre, o lobo dos Osório.

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1716 - José Ramos da Silva *1 regressa do Brasil; 1720 - manda edificar o seu solar em terras por si adquiridas em Agualva, onde instituirá um morgadio; 1731 - conclusão da edificação da capela, que recebeu a invocação de Nossa Senhora do Monte do Carmo; 1743, 19 Dezembro - morte de José Ramos da Silva, sepultado na Capela da Agualva; sucede-lhe o filho Matias Aires, que vive na Quinta, até à sua morte, ocorrida em 1763, igualmente sepultado no local; 1783, 24 Março - morte de José Aires, sepultado no mesmo local; 1825-1830 - aquisição da Quinta pelo conde de Mesquitela, Bartolomeu Costa Macedo, que casou com Maria do Ó de Figueiredo Osório Cabral, que enviuvou cedo, ficando a propreidade conhecida como Quinta da Fidalga; mandou destruir os túmulos anteriores; 1827 - data do sino, que tem gravado o nome da padroeira; 1848 - morre a fidalga e a propriedade passa para uma sua sobrinha, Maria Emília Osório Cabral de Castro; séc. 19, 3º quartel - início de um processo de desarticulação cadastral, fruto de expropriações necessárias à execução da via férrea; 1974, 25 Abril - o interior é muito danificado; 1975 - existiam, na capela, doze pinturas sobre tela, seis em cada lado, do séc. 18 e representando Anunciação, Adoração dos Magos, Assunção da Virgem, Cristo Morto, São Jerónimo; tinha imaginária, pramentaria, peçs entalhadas e um frontal bordado a ouro; a casa tinha pinturas, mobiliário, retratos de família, faianças, um retrato de D. Pedro V, em seda, oferta da Fábrica da Seda de Lyon ao rei, a réplica de uma cama do Paço Ducal de Vila Viçosa e a secretária onde Joaquim de Aguiar assinou a extinção das Ordens Religiosas; ocupação da Quinta, para nela instalar uma escola primária; várias peças foram transferidas para o Palácio Valenças, para evitar roubos; 1977 - desocupação da Quinta pr acção judicial, tendo a CMS devolvido o espólio recolhido; 1982 - Outubro - os filhos de José Osório Cabral de Alarcão haviam vendido a quinta à Sovimpel; 5 Novembro - morre José Osório Cabral de Alarcão; 1982 - foi vendida e aí instalada uma escola de Reeducação pedagógica; 2003, 15 Maio - Despacho do presidente do IPPAR a considerar que o imóvel não se integrava na categoria de classificação Monumento Nacional ou Imóvel de Interesse Público, pelo que arquivou a proposta de processo de classificação; 2005 - a quinta é colocada à venda.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de calcário aparente, em alvenaria e betão, rebocado e pintado; modinaturas, embasamento, cornijas, cruzes, bacia das sacadas, pavimento da capela em lajeado de calcário; escadas capeadas a pedra mármore; anexo em metal; guardas e portão em ferro forjado; muro encimado por estrutura metálica ou rede; caixilharias de madeira e metal; janelas com vidro simples; coberturas em telha.

Bibliografia

Armorial Lusitano - genealogia e heráldica, Lisboa, Editorial Enciclopédia, Lda., 1961; STOOP, Anne de, Quintas e Palácios nos Arredores de Lisboa, Barcelos, 1986; Caracterização do Núcleo Urbano Central de Agualva, Arquitectos, 1997; Evolução Histórica. Estrutura de Ocupação do Território, Arquitectos, 1997; SOUSA, Ana Macedo e, MASCARENHAS, Teresa, Agualva-Cacém e a sua história, Agualva-Cacém, Junta de Freguesia de Agualva-Cacém, 2000.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, meados - construção de novos corpos; tratamento de rebocos e pinturas; alteração do espaço interno; construção de escadas exteriores e de um recreio coberto; 2015 - recuperação dos terrenos da quinta, para criação de uma zona verde e feitura de equipamentos desportivos e de lazer.

Observações

*1 - nascido no Porto, filho de Valério Ramos, fi para o Brasil adquirir riqueza, regressando ao Porto em 1700, de onde volta a embarcar para o Brasil, onde casou com D. Catarina D'Horta, natural de São Paulo; 1716 - foi admitido como familiar so Santo Ofício; 1717 - regressou a Lisboa, nomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo e, em 1722, provedor da Casa da Moeda.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login