Igreja Paroquial de Melgaço / Igreja de Santa Maria da Porta

IPA.00015260
Portugal, Viana do Castelo, Melgaço, União das freguesias de Vila e Roussas
 
Arquitectura religiosa, medieval, maneirista e barroca. Igreja matriz de planta longitudinal de nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com iluminação axial na primeira e lateral na segunda, e tectos de madeira, com capelas laterais profundas e torre sineira. Fachadas em cantaria aparente, a principal terminada em empena e rasgada por portal de origem medieval, em arco quebrado, de três arquivoltas, uma lisa e as outras decoradas com enchaquetado e bosantes, assentes em impostas e quatro colunas, de capitéis fitomórficos, encimado por óculo. As restantes fachadas terminam em cornija, sendo a lateral esquerda rasgada por porta travessa medieval, de arco quebrado, de uma arquivolta, decorada por linhas sinuosas e quadrúpede fantástico insculturado no tímpano, sobre impostas salientes e, na capela-mor, por janela de capialço. Capela lateral seiscentista e torre sineira de cunhais apilastrados, a última com registos separados por cornijas e sineira em cada uma das faces. Fachada posterior terminada em empena. No interior, possui coro-alto de madeira, púlpito de bacia rectangular, com guarda em balaustrada, no lado do Evangelho, duas capelas laterais profundas confrontantes, com vão em arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, albergando retábulos de talha, o do Evangelho maneirista, de planta recta e três eixos e dois registos e o da Epístola revivalista de planta côncava e um eixo; neste mesmo lado possui ainda uma outra capela, com retábulo neoclássico de planta recta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita ladeado por retábulos colaterais revivalistas e retábulo-mor maneirista, de talha dourada e policroma, de planta recta e três eixos.
Número IPA Antigo: PT011603180041
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta de nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo adossado à fachada lateral esquerda capela quadrangular, e à lateral direita torre sineira quadrangular, duas capelas laterais e sacristia, todas rectangulares. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e sacristia, esta disposta transversalmente, de três na capela lateral e coruchéu piramidal, de cantaria na torre sineira, coroada por cruz latina metálica. Fachadas em cantaria aparente, de aparelho regular, com as juntas em cimento, terminadas em cornija e beirada simples. Fachada principal virada a O., terminada em empena, com cornija, de cunhais horizontalizados, coroados por pináculos piramidais galbados com bola, assentes em plintos paralelepipédicos, e cruz latina de braços curvos sobre plinto paralelepipédico ao centro. É rasgada por portal em arco quebrado, de três arquivoltas, a interior lisa, e as outras duas decoradas, a intermédia com enchaquetado e a exterior bosantada, assentes em impostas e quatro colunas, de fuste liso, sobre bases, e de capitéis fitomórficos; possui ainda tímpano liso sobre impostas. O portal é encimado por óculo circular, moldurado, com vidros policromos. Torre sineira sensivelmente recuada relativamente à frontaria, com cunhais apilastrados, coroados por pináculos sobre acrotérios, e de três registos, separados por friso e cornija ou apenas cornija; na face frontal e lateral direita rasga-se, no primeiro, fresta moldurada, no segundo surge relógio circular e no terceiro, em cada uma das faces, vão em arco de volta perfeita, albergando sino. Entre o cunhal da igreja e a torre sineira, surge gárgula, aberta, de cantaria. Fachada lateral esquerda virada a N. com nave rasgada por portal em arco quebrado, de uma arquivolta, tendo cada uma das aduelas decoradas por linhas sinuosas, com tímpano possuindo quadrúpede fantástico insculturado, envolvido por cercadura irregular, assente em impostas salientes; na capela-mor abre-se janela de capialço. Capela lateral de cunhais apilastrados, coroados por pináculos piramidais com bola, sobre acrotério, rasgando-se lateralmente, de cada lado, janela com moldura terminada em cornija contracurvada; num dos lados possui gárgula de canhão de topo decorado. Fachada lateral direita com corpo das capelas de dois registos, o primeiro rasgado por porta de verga recta e o segundo por janela de peitoril, ambos moldurados; a sacristia termina em empena, sendo rasgada por porta de verga recta e janela de capialço. Fachada posterior com nave reforçada por contraforte no cunhal NE., terminada em empena coroada por cruz latina sobre acrotério, e capela-mor com aparelho irregular, tendo marcado arco de volta perfeita, terminando em empena, com cornija, rematada por cruz latina de cantaria sobre acrotério; na sacristia rasga-se vão de dois lumes.INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimentado a soalho de madeira e lajes de cantaria nas capelas laterais, e tectos de madeira. Nave com tecto de madeira, de perfil curvo, assente em cornija, coro-alto de madeira, assente em quatro mísulas pétreas, com guarda em balaustrada de madeira envernizada, acedida por porta de verga recta no lado da Epístola, com escada a partir de porta no sob o coro que, simultaneamente permite o acesso à torre; no sub-coro, surge guarda-vento de madeira envidraçado, ladeado, no lado da Epístola, por pia de água benta, circular gomeada. No lado do Evangelho surge porta travessa de arco apontado com tímpano de cantaria, seguido do púlpito, de bacia rectangular sobre mísula, com guarda em balaustrada, encimado por baldaquino de madeira com drapeados de pano. Segue-lhe capela lateral ampla, com arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, interiormente tendo nas paredes lambril de madeira formando apainelados, divididos por frisos ondulados, e terminado em cornija, albergando retábulo de talha dourada e policroma de planta recta e três eixos e dois registos. Possui tecto de madeira, de apainelados com molduras de acanto assente em mísulas de acantos e tendo florão ao centro. No lado da Epístola a primeira capela, em frente da porta travessa, tem arco quebrado sobre os pés direitos, tendo interiormente tecto de madeira de perfil curvo e albergando, transversalmente, retábulo de talha policroma a branco e dourado, de planta recta e um eixo; no lado da Epístola tem armário embutido. A segunda capela, confrontante à do lado oposto, abre-se para a nave por arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, possuindo igualmente no interior lambril de madeira formando apainelados; alberga retábulo de talha dourada de planta côncava e um eixo e tem tecto em gamela, com apainelados de molduras decoradas e com florões no encontro e no painel central. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, ladeado por duas capelas colaterais com retábulos de talha dourada de planta côncava e um eixo; junto ao do lado do Evangelho dispõe-se moderna pia baptismal, em mármore, de taça circular, inferiormente gomeada sobre coluna balaústre de base quadrada. Capela-mor com lambril de madeira semelhante nas paredes laterais, janelas com sanefa e tecto de masseira, formando caixotões, de molduras decoradas, com florões nos encontros e no painel central, assente em friso e cornija, ritmada por mísulas. Retábulo-mor de talha dourada e policroma, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas torsas, decoradas por pâmpanos, aves e anjos, assentes em plintos paralelepipédicos ornados de elementos vegetalistas, e de capitéis coríntios; em cada um dos eixos, surgem painéis, o central enquadrado por friso rendilhado de enrolamentos e aves, sobrepostos por mísulas com imaginária; sobre friso com acantos e querubins, desenvolve-se o ático, com tabela quadrangular, decorada com escudo com o monograma AM, inserido em cartela recortada e com coroa, definida por quarteirões que sustentam cornija recta; é ladeado por painéis trapezoidais, com acantos enrolados, adaptados ao perfil da cobertura; banco com painéis ornados de motivos vegetalistas e cartelas, integrando ao centro sacrário tipo templete, com colunas torsas nos ângulos, tendo na porta Cordeiro místico e cruz, terminando em friso com querubim, e cornija sobreposta por diademas.

Acessos

Rua Direita, Viela da Matriz, Largo da Matriz.

Protecção

Incluído na Zona de Protecção do Castelo de Melgaço (v. PT011603180004)

Enquadramento

Urbano, isolado, no interior do núcleo medieval da vila que era circundado pela cerca, num dos seus extremos, erguendo-se junto a uma das antigas portas da mesma.Ergue-se adaptada ao declive do terreno, formando quarteirão, delimitado por vias, ao longo da fachada lateral esquerda e posterior com passeio separador, possuindo frontalmente praça pavimentada a paralelos de granito com guias de cantaria formando quadrícula; o portal axial é precedido por seis degraus de perfil curvo. Junto à fachada posterior desenvolve-se pequeno jardim, relvado, sustentado por muro vencendo o declive, e em frente da fachada lateral direita existe casa com portal rendilhado de grande interesse.

Descrição Complementar

Junto ao portal lateral N. surge a inscrição incompleta "Era MCCC...".Capela lateral do Evangelho com retábulo de talha policroma e dourada, de planta recta e três eixos, exteriormente definidos por duas colunas de diferentes estrias e de terço inferior marcado e decorado por motivos fitomórficos e anjos, assentes em plintos paralelepipédicos decorados com cartelas circulares e laçarias, e de capitéis coríntios, sendo coroados por pináculos piramidais com bola; interiormente, os eixos são definidos por quarteirões com capitéis de inspiração coríntia; o corpo do retábulo tem dois registos separados por friso de acantos; no eixo central, sensivelmente avançado, surge, no primeiro registo, imaginária, e, no segundo, painel pintado com imagem de Nossa Senhora da Conceição; nos eixos laterais surgem painéis pintados, no primeiro registo, figurando Apresentação da Virgem no Templo (Evangelho) e Apresentação de Jesus no Templo (Epístola), e, no segundo, São Pedro (Evangelho) e São Sebastião (Epístola); sobre friso decorado com querubins, desenvolve-se o ático em espaldar, recortado, e definido por volutas, decorado por florões, integrando ao centro painel rectangular, disposto na vertical, pintado com Cristo Redentor. Predela com painéis relevados policromos representando a Visitação (Evangelho) e Anunciação (Epístola), integrando ao centro sacrário com porta definida por friso fitomórfico. Altar paralelepipédico com frontal marcando sanefa, ornado com cartela central contendo anjos com símbolos da Paixão, envolvidos por elementos fitomórficos relevados. A primeira capela lateral da Epístola alberga retábulo de talha policroma a branco e dourado, de planta recta e um eixo, definido por duas colunas de fuste liso, inferiormente marcado por estrias e festões, assentes em plintos paralelepipédicos de almofadas côncavas decoradas por açafates, e de capitéis coríntios, coroados por urnas; ao centro, abre-se nicho de perfil curvo, com moldura de acantos, tendo no fecho cartela circular com coração inflamado, e envolvido em resplendor, interiormente pintado a azul celeste e albergando imaginária; ático em espaldar recortado, decorado com motivos fitomórficos, terminado em friso estriado e cornija rematada por elementos vegetalistas vazados; banco com apainelado ornado de motivos fitomórficos. Altar tipo urna de frontal decorado por motivos vegetalistas enrolados. A segunda capela do lado da Epístola alberga retábulo de talha dourada de planta côncava e um eixo, definido por duas pilastras exteriores, decorados por acantos enrolados, e por quatro colunas torsas, decoradas com pâmpanos e aves, assentes em falsas mísulas com motivos vegetalistas e plintos paralelepipédicos, de mármore, e de capitéis coríntios, que se prolongam no ático em três arquivoltas, ornadas de florões e acantos enrolados; ao centro possui painel rectangular, com moldura fitomórfica, pintado com representação da cidade de Jerusalém, sobreposto por imaginária; no tímpano, surge pintado o Deus Pai, entre anjos; banco com apainelados decorados de acantos enrolados. Altar paralelepipédico, de frontal tripartido, tendo lateralmente painéis com acantos relevados e, ao centro, a representação de Jesus orando no Horto, também em relevo. No lado do Evangelho, dispõe-se confessionário em talha a branco, em arco de volta perfeita sobre pilastras, decorado com motivos vegetalistas, e porta vazada com motivos polilobados, inferiormente com o nomograma IHS relevado. Capelas colaterais tipo nicho, em talha policroma e dourada, em arco de volta perfeita, de duas arquivoltas, a exterior decorada de acantos enrolados e a interior com florões, assentes em duas pilastras com acantos enrolados e, interiormente, duas colunas torsas, ornadas de pâmpanos e aves, e com capitéis de inspiração coríntia, assentes em cornija de cantaria, com falsa mísula central. Interiormente, têm o fundo pintado, o do lado do Evangelho com as Almas sendo resgatadas por anjos, e o da Epístola com glória de Querubins.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: Domingos José Rodrigues (1806).

Cronologia

Séc. 12 - surgimento de paróquia organizada com igreja dedicada a Santa Maria da Porta, construída na parte ocidental do burgo, entre a igreja de Santa Maria do Campo e São Facundo; 1183 / 1185, 30 Junho - contrato entre o Concelho de Melgaço e o Mosteiro de Fiães sobre o padroado da igreja, o qual ficava na posse de ambos; 1187, 1 Abril - ajuste com os moradores de Melgaço, determinando que o padroado da igreja fosse dividido também com o arcediago de Valadares, D. Garcia, o qual se comprometeu a ajudar na edificação da igreja, ficando com uma terça parte do padroado para si e seus herdeiros; confirmação do acordo pelo abade de Fiães; cada um dos patronos (concelho, Mosteiro de Fiães e arcediago) ficava com uma terça parte; 1190 - data de documento referindo a Igreja, junto à qual ficava uma casa que pertencera a D. Afonso Henriques e que ele vendera ao casal Salvador Ferreiro e D. Eldonça; 1205, 13 Abril - acordo entre o Mosteiro de Fiães e o arcediago de Valadares, em que este cede a sua parte do padroado da Igreja a André Garcia, seu protegido; André Garcia teria a igreja em vida do arcediago, sob sua tutela, mas após a sua morte, ficava obrigado a pagar, na 5ª feira Santa, anualmente, 8 soldos para o refeitório do mosteiro; por morte de André Garcia, a igreja ficava a voltar com os 2 padroeiros iniciais, cada um com a sua metade; 1238, antes - no Rol de Entre-Lima e Minho, a igreja de Santa Maria da Porta já tinha o rei como seu patrono, devendo ser a parte do rei a terça parte que tinha pertencido ao arcediago de Valadares; 1245 - próximo da igreja, o Mosteiro de Fiães possuía a sua adega; 1258 - os inquiridores régios registaram a igreja de Santa Maria da Porta, que era de "três quartas regis", e as de Santa Maria do Campo e a de São Fagundo, todas em Melgaço, Reguengas do rei, ou seja, do padroado régio; era então pároco da igreja "Johannes Monacus Prelatus Sanate Marie"; 1262 / 1271 - data da sagração da igreja, conforme lápide truncada junto ao portal N.; 1292 - a igreja foi avaliada em 100 libras; séc. 13 - remodelação da igreja, segundo Ferreira de Almeida, datando desse período o portal lateral N.; 1320 - para determinação da taxa a pagar ao rei, concedida pelo Papa, durante 3 anos, para a guerra contra os mouros, a igreja foi avaliada em 110 libras; 1515, 9 Setembro - arcebispo D. Diogo de Sousa anexou a igreja de Santiago de Nogueira à de Santa Maria da Porta, enquanto desta fosse abade Lopo de Castro, com consentimento do Duque de Bragança, a quem pertencia a apresentação da igreja de Santiago de Nogueira; 1542, 26 Junho - carta de doação ao duque de Bragança das vilas de Monforte, Melgaço, Castro Laboreiro, Piconha, Vila Franca e Nogueira com seus castelos, rendas, direitos e padroados pelo casamento que fez com D. Isabel; 1546, 1 Novembro - contrato em que o concelho cede a sua porção ao duque de Bragança, ficando o pároco de Santa Maria da Porta com a obrigação de pagar um jantar aos seus oficias, o que foi pago até finais do séc. 18, inícios do 19; 1564, Dezembro - contrato celebrado com o mosteiro de Fiães e o duque de Bragança, onde o arcebispo de Braga, D. Frei Bartolomeu dos Mártires, extinguiu a igreja de Santa Maria do Campo de que era padroeiro, anexando-a a Santa Maria da Porta e passou a ter parte do padroado desta última igreja; conforme consta do catálogo da situação canónica dos benefícios eclesiásticos da comarca de Valença do Minho, ao prelado ficou a primeira e terceira apresentação, a segunda ao duque de Bragança e a quarta ao mosteiro de Fiães; 1591 - data da pintura a óleo sobre madeira com representação da Epifania, atribuída a António de Figueiroa; 1597, 27 Fevereiro - primeira referência à Confraria do Santíssimo Sacramento da vila; séc. 16, finais - fundação da Confraria do Espírito Santo, pelos sacerdotes de Melgaço, Valadares, Couto, Paderne, Galiza e Fiães; 1634 - o Padre Sebastião Afonso instituiu um vínculo de capela, mais tarde conhecido por vínculo ou morgado da Pigarra, com os encargos de uma missa semanal aos sábados, dia consagrado a Nossa Senhora e outra em dia de Fiéis de Deus; 1635, 8 Novembro / 1636, 17 Fevereiro, entre - morte do Padre Sebastião Afonso, sendo seu herdeiro Pêro Esteves, mas testamentariamente nomeado administrador da capela de Nossa Senhora do Amparo seu irmão António Alves; 1647 - fundação da Confraria das Almas, provavelmente pelo abade da vila, o Pe Manuel Pinheiro de Faria; 16 Agosto - aniversário da Confraria do Espírito Santo sob a presidência do licenciado Pe Gonçalo de Araújo, da vila; convocou os homens e propôs comprar uma cruz de prata, como tinham as outras confrarias; a cruz, com os extremos dourados com diadema e 3 coroas e com a imagem do Espírito Santo e haste prateada, custou 41$280; 30 Dezembro - cedência da administração da Capela de Nossa Senhora do Amparo ao Padre Francisco de Souto; séc. 17, finais / 18, princípio - a Igreja era abadia da casa de Bragança e do Mosteiro de Fiães com alternativa ordinária, rendendo 200$000; 1705 - compra de um cofre em prata por 124$000, em Braga, pela Confraria do Santíssimo Sacramento; séc. 18, 1ª metade - alteração da situação da apresentação da igreja, que passou a ser alternadamente da mitra bracarense e da Casa de Bragança, provavelmente tendo o Mosteiro de Fiães cedido ao duque a sua parte; 1716 - a Confraria do Santíssimo deu 8$000 para o conserto do sino; 1722 - data dos estatutos da Confraria do Subsino; 1722, 2 Janeiro - Estatos da igreja; 1727, Fevereiro - o Padre António Soares Falcão assina contrato para se fazerem obras na igreja; 1730 - o Pe António Cardoso da Silva considerou que a capela de Nossa Senhora do Amparo precisava de obras; Março - referência à existência da Confraria de Nossa Senhora do Rosário; 1737 - despesa de 2$640 da bula do altar privilegiado do Santíssimo; 1738 - despesa de 10$000 pela Confraria do Santíssimo para a compra do órgão; compra da casa da Confraria; 1742 - Confraria do Santíssimo deu 32$200 para a obra dos órgãos; 1743 - retelhou-se e limpou-se a casa da fábrica da Confraria do Santíssimo ($100); 1745, 30 Dezembro - o visitador Rev. Francisco Diogo de Azevedo deixou provimento para o velho Tombo da igreja ser transcrito nos Livros do Registo Geral da Corte de Braga; 1750, Julho - visitador manda os fregueses reformar o coro de madeiras, telha e tudo o mais que por necessário, e uma madeira castanho para o mesmo coro e reforma das escadas do mesmo; devia-se reformar a parede da parte donde se fazia a serventia para os sinos, com a sua porta, e rebocar as paredes do corpo da igreja da parte de fora; tudo no prazo de 9 meses, sob pena de 2$000, para a confraria do Subsino; 1751, 4 Agosto - a Confraria teve de pagar os 2$000 por não ter feito as obras; 1755, 30 Maio - falecimento de Rosa Gomes, administradora da capela de Nossa Senhora do Amparo, onde foi sepultada; 20 Julho - ajuntaram-se na igreja a maior parte dos fregueses com o juiz da igreja e os oficiais da Confraria do Santíssimo e anexaram a esta a Confraria do Sagrado Coração de Jesus; 1 Novembro - a freguesia não padeceu ruína com o terramoto; 1757 - o Dr. Gonçalo Pinto de Carvalho Medeiros informa que a capela de Nossa Senhora do Amparo, com obrigação de missa todos os sábados, necessitava de alfaias e obras no tecto, estando muito suja, porque a viu cheia de esterco das andorinhas e ocupada com "trastes" de igreja; 1758, 24 Maio - segundo o padre Bento Lourenço de Nogueira, nas Memórias Paroquiais, a freguesia, do arcebispado de Braga, pertencia à Casa de Bragança, tinha 158 vizinhos e 460 pessoas; a paróquia ficava no interior da praça e a igreja tinha uma nave e quatro altares: o altar-mor com o Santíssimo Sacramento, e as imagens do Espírito Santo, Santa Quitéria, Santo António, São João Baptista, e o Menino Deus, o altar de Nossa Senhora do Rosário, com a imagem do orago, a de Senhora do Loreto e a do Mártir São Sebastião, o altar das Almas com a imagem de Nossa Senhora do Carmo, e o altar de Nossa Senhora do Amparo, numa capela particular, com a imagem do orago e a de São Miguel; tinha três confrarias, a do Espírito Santo, que era dos sacerdotes, a das Almas, que era para todas as pessoas que quisessem ser Irmãos, e a confraria do Senhor; o pároco era abade de apresentação por alternativa da Casa de Bragança e tinha de renda 400$000; 1762 - fundição da nova cruz para o pendão da Confraria de Nossa Senhora do Rosário e aumento de prata (4$080); 1763 - a Confraria do Santíssimo deu 19$200 para as obras da igreja na sequência de visitação; 1768 - despesa com um crucifixo para o altar de Nossa Senhora do Rosário ($600); 1774 - licença de Braga para fazer a procissão na semana Santa ($200); 1775, 14 Abril - morte do 15º abade, o Pe Manuel Esteves da Costa, que jaz na igreja; 1775 / 1797 - a apresentação da igreja continuava sendo alternadamente da mitra bracarense e da Casa de Bragança; 1776 - a Confraria do Sagrado Coração de Jesus tinha de capital 144$660; 1779, 12 Novembro - o visitador Reverendo Dr. António Manuel Caetano de Abreu Soares ordenou que se fizesse o tombo dos bens de raiz da igreja, mas não se fez; 1780 - a Confraria do Santíssimo deu 20$000 para as obras da igreja; 1781, 21 Maio - tendo a Confraria do Espírito Santo colocado o Divino Espírito Santo no retábulo-mor e nele se cantava missa todas as quintas feiras, e porque todas essas funções estavam suspensas, dando a continuação da reforma da capela-mor, do seu retábulo e tribuna pediu-se à Mesa da Confraria do Espírito Santo que concorresse com alguma esmola para as obras; 1782 - a capela de Nossa Senhora do Amparo tinha aspecto de armazém; 1788 / 1789 - encarnação da imagem de Nossa Senhora do Rosário (3$000); 1792 - a Confraria do Santíssimo deu 20$000 para a cruz da igreja; 24 Novembro - o fidalgo Caetano José de Abreu Soares comprou, por 180$000, a João Monteiro de Andrade e esposa D. Ana Francisca do Espírito Santo, os campos do Caneiro e o edifício e o feitio da capela de Nossa Senhora do Amparo; 1793 / 1794 - pintura do retábulo Novo da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, feito de esmolas pelos fregueses (30$000); e da pintura da imagem que foi dourada e esmaltada a flores (9$600); despesa de 4$200 com os pedreiros para meter um arco na parede e supedâneo do altar; benção do altar por 6$400; 1800 - compra de um banquinho pela Confraria do Santíssimo para subir ao Sacrário; 1801, 11 Março - a Mesa da Confraria do Espírito Santo acordou com Domingos José Domingues e João da Costa, ambos da freguesia da vila, a obra do novo retábulo da sua capela; 1802, 16 Agosto - visto que o mestre que havia arrematado a obra do retábulo da Capela do Espírito Santo não era capaz de o fazer, já que o tinha começado com vários erros, propunha-se fazê-lo por um mestre capaz; 1806, 13 Abril - a mesa mandou dar a Domingos José Rodrigues 8$000 da feitura do retábulo na forma da obrigação que fez; 1808 - franceses apreenderam à Confraria do Santíssimo a cruz que encimava um pendão, um turíbulo, naveta e colher, a vara do juizado e a lâmpada "com cinco vidros de roda e um no meio, do séc. 18"; 1808 - ainda não estava feito o retábulo novo da capela do Espírito Santo; a Confraria do Santíssimo deu para o resto da nova cruz 3$700; 6 Março - por ordem do Governo, a Confraria remeteu para a cabeça de comarca as suas pratas, cruz com haste, caldeiro com hIssope, umas galhetas com a prato, um turibulo e naveta e a vara do prior, tudo com 12,5 arráteis e meio e uma quarta; 1811, 30 Setembro - examinação da obra do mestre carpinteiro Domingos José Rodrigues, achando-a suficiente, completa e acabada; 1824 - composição das capas da Confraria de Nossa Senhora do Rosário (1$400); 1830 - arrematação da obra da igreja: torre sineira com escada de pião, envolvendo o respaldo de 4 palmos de altura no corpo da igreja toda em volta, tanto sobre o arco triunfal como na frontaria, com um juntoiro de 8 em 8 palmos e do forro da igreja; a obra foi feita à custa das derramas lançadas ao povo; 12 anos depois a obra ainda estava no princípio; 1834 - extinção dos padroados; 1836, 27 Fevereiro - a Junta da Paróquia, constituída por Francisco Manuel Lopes, presidente, João Correia dos Santos Lima, secretário, e Miguel Caetano Torres de Araújo e José Vaz, vogais, dirige-se à Câmara informando-a do estado de ruína em que se encontrava a Matriz e pedindo diligências para conseguir a cedência do sino do convento de Santo António das Carvalhiças para a Matriz e da quinta para aí instalar o cemitério, dando assim, adequada resposta às medidas sanitárias, relativamente aos enterramentos; fundamentava a sua petição com a incapacidade da população arcar com as despesas do restauro da Matriz e com a aquisição de paramento; 17 Maio - informa-se que o Governo Civil de Viana queria saber quantos sinos havia e o respectivo peso; no convento havia apenas um e o Administrador do Concelho, António Máximo Gomes de Abreu, mandou-o examinar, ficando a saber que pesava cerca de 32 arrobas; 9 Julho - ordem para apear o sino e enviá-lo para Caminha ou Viana, o que nunca aconteceu; 20 Agosto - a Junta da Paróquia envia ofício à Câmara, dando conta da preocupação da população face ao sucedido e solicitando o adiamento do envio do sino; recordava o estado de inutilidade dos dois sinos da Matriz, visto que um estava partido e o outro quase na mesma situação, a apreensão de se verem privadas do único sino capaz de ser utilizado, o facto do sino ter sido custeado com as esmolas do povo; se necessário, apela para se recorrer novamente à Rainha; as freguesias da Vila, Prado, Remoães e Caviães pediram ao Administrador que obtivesse do governador Civil uma moratória para a remessa do sino; 11 Novembro - afirmava-se em ofício que o extinto convento servia de Igreja Paroquial porque a Matriz se encontrava em ruínas, mas não havia qualquer notícia de cedência governamental; a quinta ou cerca não foi cedida para cemitério e não se sabia o destino do sino; 1840 - a Misericórdia concede 60.000 reis ao abade da vila para proceder a obras na Igreja Matriz, a qual se encontrava totalmente arruinada; 1885 - Câmara intimidou Cândido Augusto Correia dos Santos Lima, presidente da Junta da Paróquia, a retirar, com urgência, o entulho da parte do muro da fortificação de onde se extraíra a pedra para a construção da sacristia da Igreja Matriz; séc. 19 - ainda existia nas traseiras da Matriz, quase adossada à capela-mor, por E., e onde actualmente existe o pequeno jardim, a Casa da Guarda das Portas de Cima; 1869 / 1870 - a Confraria da Nossa senhora do Rosário já não é alistada entre as demais da vila para a fundação e manutenção dum hospital no concelho; 1877, 17 Julho - indulgência do Papa Pio IX a todos os cristãos que visitavam nas festas da Natividade, Epifania e Ascensão de N.S.J.C., nos domingos de Páscoa e de Pentecostes e na solenidade do Santíssimo Corpo de Cristo a Igreja; 1882 - data da reforma dos Estatutos da Confraria das Almas; 1890, 2 Março - acta de reunião da Junta de Paróquia refere que a Capela de Nossa Senhora do Amparo tinha no vão do arco grade de ferro com brasão, mas que, depois de alguns reparos, serviria para colocação do Santíssimo Sacramento, porque a que existia frontalmente era mais acanhada e com menos condições; decidiu-se enviar comissão a D. Maria Teresa de Abreu Mosqueria para solicitar autorização para transferir o Santíssimo; 28 Dezembro - informa-se a Junta que a capela fora arranjada com a decência devida a Capela do Santíssimo Sacramento a expensas do benfeitor João Pires Teixeira; 1891 - benção da capela da Senhora do Amparo; 1900 - a Confraria do Santíssimo pediu a extinção por falta de irmãos; 1902 - extinção da Confraria do Espírito Santo, depois de vários anos em agonia; Fevereiro - extinção da Confraria do Santíssimo; propôs-se ao Governo Civil a extinção da Confraria das Almas, mas ela não se efectivou; 1905 / 1906 - a Confraria das Almas tinha 3.219$848 de capital; 1917, 28 Fevereiro - roubo de um cálice com patena, parte de um outro, ambos de metal amarelo, o vaso do sacrário e um relicário, ambos em prata.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de cantaria de granito aparente no exterior e rebocada e pintada de branco no interior; juntas cimentadas; molduras dos vãos, pináculos, mísulas, bacia do púlpito, em cantaria de granito; portas e caixilharia de madeira pintada; coro-alto e guarda-vento de madeira; vidros simples e martelados, alguns policromos; guarda do púlpito e teia das capelas em pau-santo; retábulos em talha dourada e policroma; painéis pintados; pavimento em soalho de madeira e lajes de cantaria; tectos de madeira; cobertura de telha; cruz metálica.

Bibliografia

ESTEVES, Augusto cesar, Melgaço e as Invasões Francesas. 1807-1814, Melgaço, 1952; PINTOR, Pe. M. A. Bernardo, Melgaço Medieval, Braga, 1975; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, História da Arte em Portugal. O Românico, vol.3, Lisboa, 1986; ALVES, Lourenço, A Arquitectura Religiosa do Alto Minho, Viana do Castelo, 1987; CERDEIRA, Maria Amélia Esteves, Santa Casa da Misericórdia de Melgaço: Cinco Séculos ao Serviço das Carências de um Povo, in I Colóquio das Misericórdias do Alto Minho, Viana do Castelo, 2001, p. 270 - 282; ALMEIDA, Carlos A. Brochado, O sistema defensivo da vila de Melgaço. Dos castelos da reconquista ao sistema ababuartado, Melgaço, 2002; ESTEVES, Augusto César, Obras Completas, vol. 1, tomo 1, Melgaço, 2003; IDEM, Obras completas nas páginas do Notícias de Melgaço, vol. 1, tomo 2, Melgaço, 2003, pp. 438-453; MARQUES, José, A Defesa do Convento de Santo António das Carvalhiças e dos seus bens. Uma questão que apaixonou o concelho de Melgaço, Boletim Cultural de Melgaço, nº 3, s.l., 2004, pp.115-131; DOMINGUES, José, Padroado Medieval Melgacence (Santa Maria da Porta, Santa Maria do Campo e São Fagundo), in Boletim Cultural de Melgaço, s.l., 2004, pp. 63-114.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

IAN/TT: Dicionário Geográfico de Portugal, vol. 23, nº 121, pp. 765-770

Intervenção Realizada

Proprietário: 1726 - obras de madeiramento do corpo da igreja, tratadas pelo sangento-mor Manuel Pinheiro de Figueiroa e António Lopes, com Pedro Felgueiras, pondo-se toda de novo o forro como o da capela da Orada, com cinco tirantes novos e capazes, com seus remates e com o seu banco por baixo, com a condição do mestre levar toda a madeira velha e que o forro fosse por baixo e por cima reparado e que enquanto a telha fosse tirada e posta por conta dos fregueses, e tudo por 100$000 e com pagamento em três prestações; 1747 - pagamento a Gonçalo de Sousa por afinar os órgãos ($800); 1760 - conserto dos órgãos; 1781 - obras na capela-mor, com reforma do altar e tribuna; problemas entre o juiz da igreja e o abade Manuel Pedro Loné, porque a confraria do Espírito Santo ali colocava o seu padroeiro e divino Espírito Santo e no mesmo altar se cantava missa todas as quintas feiras; 1841, depois - caiação da igreja; 1945 - lavagem e limpeza do exterior do edifício; 1946 - substituição da telha nacional por telha de marselha na residência paroquial; 1953 - substituição do telhado da igreja, por estar muito arruinado, com colocação de telha nacional, e substituição das madeiras estragadas.

Observações

A invocação inicial de Santa Maria da Porta relacionava-se como facto de se implantar junto a uma das portas da vila.

Autor e Data

Paula Noé 2008

Actualização

 
 
 
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