Santuário de Nossa Senhora da Nazaré

IPA.00001538
Portugal, Leiria, Nazaré, Nazaré
 
Arquitetura religiosa, seiscentista e setecentista. Santuário implantado em promontório, nas imediações de um pequeno oratório junto ao qual teria ocorrido um milagre por ação de Nossa Senhora da Nazaré, e à volta do qual se construíram vários edifícios de apoio, como o palácio real, lojas, hospedarias, hospital para os peregrinos, teatro, praça de touros e outros, envolvidos por uma muralha, constituindo a génese do atual núcleo urbano do Sítio. A igreja foi reconstruída ao longo do séc. 17, numa campanha entre 1626 e 1636, sob projeto do arquiteto régio Luís de Frias, em que se procedeu à mudança da orientação da nave para E., e nas duas últimas décadas da centúria, a expensas do bispo de Leiria, com o arquiteto António Rodrigues de Carvalho e o escultor Manuel Garcia, em que se adotou a planimetria em cruz latina, com sacristia em eixo, acedida por corredores laterais, tendo adossados dependências e, frontalmente, amplos alpendres formando U, flanqueados pelos corpos da administração. Fachada principal dupla, do séc. 18, com galilé de arcos em asa de cesto e o central, de volta perfeita, em corpo de cantaria alteado, e rematado em tabela, com frontão triangular e representação do milagre. A fachada da nave propriamente dita, tripartida, foi reformada em 1717, com a construção das duas torres sineiras, desenvolvidas para o interior, onde criam endo-nártex, de dois registos e cobertura em domo facetado, entre as quais se colocou espaldar com relógio, em 1736; é rasgada por portal tardo-barroco em arco contracurvo, encimado por igual entablamento e frontão de lances, e, lateralmente por pequenos vãos jacentes, de iluminação das escadas das torres. As fachadas laterais são semelhantes, com a nave flanqueada por galilés, semelhantes à da frontaria, a metade da fachada direita fechada, rasgada superiormente por janelas retilíneas, com as várias dependências marcadas exteriormente por diferenças volumétricas e rasgadas por vãos retilíneos, sendo o cruzeiro coberto por tambor facetado e lanternim de cantaria; sob as galilés abrem-se ainda janela com ática, no enfiamento do arco central, e porta travessa de verga abatida com fragmentos de cornija, de modinatura tardo-barroca, rasgadas em 1760, as janelas onde se abriam as portas travessas iniciais. O interior é amplamente iluminado pelos vãos laterais, tem pavimento em mármore, o da capela-mor em xadrez, feito em 1758, e as coberturas em falsa abóbada de berço, em apainelados de madeira, na nave, ou em abóbadas de berço formando caixotões no transepto e capela-mor, tendo no cruzeiro cúpula sobre pendentes. Os caixotões das abóbadas são sublinhados a dourado, destacando-se os pendentes da cúpula, com decoração profusa relevada de parras e pâmpanos, que também surge a preencher alguns vazios das paredes da capela-mor, e os caixotões da capela-mor, com "alcachofras", concluídas em 1760. O arco do cruzeiro, de volta perfeita, entre pilastras sustentando entablamento recortado, ladeado de aletas, é também bastante decorado com motivos vegetalistas e florões, dourados, motivos que se prolongam para o intradorso, e se repetem, ainda que de temática geométrica, nos arcos laterais do transepto e do triunfal. A nave possui as paredes rebocadas e pintadas, desde 1759, altura em que se removeu o revestimento azulejar seiscentista, ritmadas por arcos sobre pilastras, e com coro-alto de madeira, contendo órgão de armário de inícios do séc. 19, prolongado em 1854 por longas tribunas laterais, assentes em colunas coríntias, e com guarda em balaustrada. Possui quatro retábulos laterais rococós, da década de 1750, em talha pintada a marmoreados fingidos e dourado, de estrutura semelhante, de corpo de planta côncava e um eixo, e dois púlpitos contemporâneos, ladeando o arco do cruzeiro, com baldaquino, o do Evangelho acedido por porta, obras do entalhador Paulo de Almeida Nazaré. O transepto tem os topos revestidos a azulejos assinados por Willem Van der Kloet e datados de 1709, com cenas da vida de José e David e, lateralmente, duas cenas de Jonas, constituindo um dos mais importantes exemplares da azulejaria holandesa no país. Os retábulos colaterais do transepto e o retábulo-mor são semelhantes, em barroco joanino mas de estrutura nacional, tendo no remate as arquivoltas unidas por aduelas. O trono da Senhora no retábulo-mor sofreu várias reformas; em 1691, por exemplo, o acesso à imagem para a beijar era feito pela capela-mor, por duas escadas laterais; em 1778, o entalhador Paulo de Almeida fez o atual trono, mas o acesso é já oitocentista, a partir da sacristia. Nas paredes da capela-mor destacam-se ainda duas pinturas do séc. 17, onde representam a igreja do Santuário e o Sítio antes da grande reforma de finais da centúria *11. Os corredores laterais de acesso à sacristia são revestidos a azulejos joaninos, destacando-se o do lado do Evangelho, atribuídos à Oliveira Bernardes, com painéis em dois registos, o inferior de albarradas com aves, o superior com figura avulsa, e a cobertura com representação de vários símbolos Marianos e da Assunção da Virgem. Segundo Santos Simões, esta representação foi diretamente copiado de uma gravura francesa, que reproduzia um quadro de Rubens, tendo apenas ligeiras diferenças nos anjos. A sacristia é também revestida com azulejos de Oliveira Bernardes, sobrepondo painéis da vida de Cristo com alguns profetas, e, possui arcaz datado de 1757, formado por duas alas em L, com espaldar contendo pinturas seiscentistas, narrando os principais momentos da lenda de Nossa Senhora da Nazaré, pintados por Luís de Almeida, discípulo de Josefa de Óbidos, com nítido objetivo do reforço do culto nazareno.
Número IPA Antigo: PT031011020005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Planta em T invertido, formado por igreja e corpos da confraria flanqueando a fachada principal. IGREJA de planta em cruz latina, composta por nave, integrando duas torres sineiras, transepto e capela-mor, tendo adossado vários corpos de ambos os lados, a sacristia a O., em eixo, sendo a nave envolvida por galilé formando U. Volumes articulados com coberturas em telhados de duas águas na igreja, de uma nas galilés e alguns corpos, de três no transepto e sacristia e facetada no tambor do cruzeiro, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras toscanas nos cunhais e rematadas em frisos e cornija. Fachada principal virada a E., com a igreja terminada em friso, cornija e entablamento, sobre o qual evolui o segundo registo das torres sineiras, em cantaria, com cunhais apilastrados, coroados por pináculos tipo balaústre sobre acrotérios, e rasgadas, em cada uma das faces, por arcos de volta perfeita sobre pilastras, albergando sinos; rematam em entablamento e são cobertas por tambor facetado, terminado em cornija, com cobertura em domo facetado, sobreposto por fogaréu sobre acrotério facetado, e com cata-vento em ferro. Entre as torres, surge espaldar de cantaria, terminado em empena, com cornija, contendo relógio circular e sendo coroado por cruz latina de braços quadrangulares. A fachada é rasgada por portal em arco contracurvo, ladeado por pilastras almofadadas, sustentando entablamento do mesmo perfil, com friso em calcário azul, e frontão de lances, com cartela no tímpano. Lateralmente abrem-se duas ordens de vãos jacentes, moldurados. A galilé disposta em frente da igreja apresenta três corpos, o central de cantaria e sobrelevado, com arco de volta perfeita e chave relevada, entre duas ordens de pilastras que sustentam cornija, sobre a qual surge tabela retangular, com painel relevado representando o milagre de D. Fuas Roupinho, definido por pilastras almofadadas encimadas por frontão triangular, coroado por cruz latina; lateralmente dispõem-se aletas e pináculos piramidais. Os corpos laterais têm cunhais exteriores definidos por pilares coroados por bola sobre acrotério, terminam em friso, cornija e platibanda de cantaria, com motivos rendilhados, e apresentam dois arcos em asa de cesto, sobre pilares, assentes em murete capeado a cantaria. As fachadas laterais têm a nave rasgada por seis janelas retilíneas de molduras simples; a galilé frontal tem igualmente três corpos, o central de cantaria, semelhante ao da frontaria, mas rematado em aletas contracurvas sobrepostas por cornija coroada por cruz latina sobre acrotério, entre pináculos de bolas sobre plintos paralelepipédicos, e os laterais rasgados por quatro arcos em asa de cesto, o último da fachada esquerda entaipado e os dispostos a O. da fachada direita também entaipados. Sob a galilé, abrem-se, no corpo central, janela de verga contracurva, de moldura almofadada, encimada por espaldar e ática angular, e, no início da nave, porta de verga contracurva, de moldura almofadada e formando brincos laterais, encimado por fragmentos de cornija, a central em cortina, coroado por fogaréus. No topo das galilés abre-se portal semelhante, mas sem fogaréus, o da fachada esquerda de acesso ao transepto e o da direita à dependência criada com o fecho dos arcos, sendo esse ladeado por dois óculos ovais, gradeados. Interiormente, as galilés apresentam bailéus na zona dos arcos, as paredes percorridas por rodapé de azulejos, vermelhos, pretos e brancos, pavimento de cantaria, junto ao portal axial formando quadrícula rosa e preto, e coberturas planas, exceto nos corpos centrais, onde têm falsa abóbada de berço, rebocada e pintada; estes corpos comunicam com os laterais por arcos em asa de cesto, sobre pilastras. Os braços do transepto terminam em empena reta e são rasgados por duas janelas sobrepostas, a inferior de capialço e a superior retangular, de moldura simples. Sobre o cruzeiro eleva-se tambor facetado, rebocado e pintado, e lanternim de cantaria, com cunhais biselados, definidos por pilastras, sustentando friso e cornija, com cobertura piramidal revestida a azulejos monocromos brancos, coroada por pináculo e catavento; cada uma das faces do lanternim é rasgada por janela retilínea, com caixilharia de vidrinhos e bandeira. Na fachada esquerda, o corpo adossado termina em friso e cornija, lateralmente sobreposta por platibanda em cantaria rendilhada, e é rasgado por duas portas de verga reta interligadas a janelas de arco abatido, centrando duas outras janelas semelhantes; a O., é rasgado por janela de varandim, gradeada, com pano de peito de cantaria e moldura terminada em cornija. A sacristia é rasgada por janela de peitoril, encimada por friso e cornija, gradeada, e sobreposta por uma outra de moldura terminada em cornija. Sobre a cornija do remate, dispõe-se sineira em arco de volta perfeita sobre pilares, ladeado de aletas que sustentam outra arquivolta. Na fachada lateral direita, a capela-mor é rasgada por duas janelas retangulares, e os corpos adossados, de diferentes alturas, são rasgadas em níveis diferentes por janelas desiguais. Fachada posterior com capela-mor terminada em empena e a sacristia em empena reta, cega; no corpo adossado à esquerda abre-se janela de peitoril, de moldura simples. INTERIOR: entre as torres sineiras cria-se nártex, com as paredes e a cobertura, em falsa abóbada de berço, revestidas a azulejos policromos de padrão. A nave tem pavimento em mármore rosa e branco, as paredes rebocadas e pintadas de branco, dividida em dois registos por friso, sendo o primeiro ritmado por arcos, de volta perfeita, sobre pilastras, encimados pelas janelas, e com cobertura em falsa abóbada de berço, de madeira, formando caixotões, com florões nos encontros das molduras, sobre friso e cornija; todos os elementos de cantaria são pintados a marmoreados fingidos a cinzento. Coro-alto de madeira assente em seis colunas dóricas, as dos extremos, semi-embebidas, e as centrais agrupadas, sobre plintos paralelepipédicos, prolongado lateralmente em duas longas alas, cada uma assente em três colunas dóricas, formando U; as colunas sustentam arquitrave, ornada com florões dourados e com capitéis de triglifos e guarda em balaustrada com acrotérios almofadados contendo florões dourados, ambas pintadas a marmoreados fingidos a cinzento, imitando cantaria. Ao centro, o coro-alto possui coreto semicircular, com guarda igual, inferiormente concheada e delimitada por acantos dourados. Junto à parede fundeira, onde se abre arco de circulação, dispõe-se órgão positivo de armário. O teto do coro-alto e alas laterais é formado por apainelados de madeira. No sub-coro, existe guarda-vento em madeira, com portadas trilobadas e bandeira com vidros policromos; de cada lado rasga-se portal de verga reta de acesso às torres e lateralmente portais de ligação às galilés, de perfil contracurvo. No lado do Evangelho o segundo arco possui amplo painel, de perfil curvo, pintado com representação do milagre de D. Fuas Roupinho. Lateralmente, os dois últimos arcos albergam retábulos de talha pintada a marmoreados fingidos, de estrutura semelhante, com corpo de planta côncava e um eixo, dedicados a Santo António e a Santa Ana, no lado do Evangelho, e a São Francisco de Bórgia e São Joaquim, no lado da Epístola. Arco do cruzeiro em cantaria decorada com pâmpanos e chave relevada, sobre pilastras com apainelados côncavos e florões relevados, ladeado por pilastras almofadadas, com elementos fitomórficos, de capitéis coríntios, sustentando entablamento recortado, com frisos de pâmpanos, óvulos e acantos, sobrepostos por amplas aletas e brasão de Portugal central, surgindo todos os elementos decorativos a dourado. Colateralmente e sobrepostos às pilastras surgem dois púlpitos, com bacia de cantaria, inferiormente ornada de acantos dourados, sobre pé adelgaçado de mármore, e com guarda de talha pintada a marmoreados fingidos a cinzento, sendo plena, contendo cartelas recortadas com florões e estípetes com concheados nos ângulos facetados, ou em balaustrada. São encimados por baldaquinos, piramidais, com aletas nos ângulos, colchetes e drapeados, coroados por cruz latina. A parede colateral é parcialmente revestida a cantaria almofadada, rematada em cornija sobreposta por aletas, rasgando-se na do lado do Evangelho porta de acesso ao púlpito, encimada por aletas rematadas em flor-de-liz. O intradorso do arco do cruzeiro apresenta três arquivoltas, duas com apainelados côncavos com florões e símbolos Marianos relevados e, a central com friso lanceolado, sobre bases ornadas de motivos fitomórficos e geométricos. A nave é fechada por teia de balaústres. O cruzeiro é coberto por cúpula, formando caixotões, de molduras decoradas com acantos, dourados, assente em pendentes, com parras e pâmpanos relevados e dourados. Os braços do transepto são cobertos por abóbadas de berço, formando caixotões, com molduras ornadas de acantos, dourados, possuindo os arcos de acesso e o do fundo decorados no intradorso por filetes dourados e exteriormente por almofadas retangulares e em losango, dourado. As paredes de topo são revestidas a painéis de azulejos, azuis e brancos, com cenas da vida de José, no lado do Evangelho, e de David, no da Epístola. Colateralmente, dispõem-se duas capelas de estrutura semelhante, com arco de volta perfeita sobre pilastras, ornadas de motivos lanceolados, contendo retábulos, de talha pintada de branco e dourado, de planta côncava e um eixo, dedicados a Nossa Senhora de Fátima (Evangelho) e a São José (Epístola); os seguintes têm painéis pintados com anjos. No lado do Evangelho existe porta de acesso às dependências anexas, de arco abatido e moldura contracurva. As capelas possuem frontalmente presbitério, que se prolonga para o cruzeiro, onde a capela-mor é delimitado por teia de balaústres, em pau santo, ritmados por outros em mármore rosa, com as armas nacionais. Arco triunfal, igual aos dos braços do transepto, encimado, na face interna, por cartelas e festões dourados. A capela-mor surge sobrelevada, com degraus centrais, pavimento em branco, rosa e preto, formando losango, e cobertura em abóbada de berço, formando caixotões ornados com diferentes motivos vegetalistas relevados e dourados e tendo florões dourados nos encontros das molduras. As paredes laterais são rasgadas por três eixos de vãos: os laterais formados por porta de verga reta ornada de filetes, por nicho, em arco de volta perfeita, interiormente concheado e com imaginária sobre mísula, e janela, encimada por sanefa com espaldar recortado, e o central composto por capela, em arco de volta perfeita, percorrido por filetes, com chave relevada dourada, interiormente de perfil curvo, revestido a azulejos relevados policromos, imitando padrões hispano-árabes, e, superiormente, com parras e pâmpanos relevados dourados, albergando credências, encimado por tela alusiva ao milagre de Nossa Senhora da Nazaré; os nichos são envolvidos por apainelados com parras e pâmpanos relevados e dourados, surgindo a mesma decoração em largo friso junto ao arco triunfal, que se prolonga pela cobertura. Na parede testeira, enquadrado por arco de volta perfeita sobre pilastras, com motivos vegetalistas e geométricos respetivamente, surge o retábulo-mor, de planta côncava e um eixo, definido por seis colunas, de fuste torso e espira fitomórfica, as exteriores agrupadas sobre mísulas com querubins, e as interiores sobre mísulas, e de capitéis coríntios. A estrutura remata em duas arquivoltas, a exterior larga e lisa, ornada de apainelados com querubins e acantos, e a interior torsa e com espira fitomórfica, unidas por aduelas no sentido do raio. Ao centro, abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, interiormente revestida a apainelados de acantos, enquadrados por pilastras de fuste fitomórfico e, superiormente com resplendor e aletas, albergando trono expositivo, de vários degraus facetados, decorados com acantos. Sob a tribuna, possui três nichos, envidraçados, em arco de volta perfeita, os laterais com chave relevada encimada por querubim e motivos vegetalistas, e o central, mais alto, enquadrado por colunas torsas, sustentando o remate em frontão semicircular, com motivos vegetalistas e querubim, albergando no interior a imagem do orago. Os nichos dispõem-se sobre estrutura, inferiormente tipo urna, ornada de pâmpanos e querubim central. Altar-mor em mármore rosa. As portas laterais da capela-mor acedem a corredores de distribuição às várias dependências e à sacristia, que tem pavimento cerâmico, paredes revestidas a painéis de azulejos, azuis e brancos, dispostos em dois registos, representando Profetas e cenas da Vida de Cristo. Na parede testeira, tem capela com imagem do Crucificado, entre arcaz, encimado por espaldar, pintado com cenas historiadas de Nossa Senhora da Nazaré. No corredor existe lavabo de amplo espaldar retangular, com quatro bicas circulares, definido por duplas pilastras, assentes em plintos, de mármore rosa, terminado em entablamento angular ao centro, encimado por fragmentos de cornija; em frente tem bacia retangular sobre pé relevado. Os CORPOS DA CONFRARIA, que flanqueiam a igreja, têm planta retangular e massa simples, com cobertura homogénea de duas águas. Apresentam fachadas de dois pisos, separados por frisos, com cunhais apilatrados e remates em friso e cornija. Fachada principal virada a E., com soco de cantaria e remate em platibanda, alternando largos apainelados almofadados com balaustrada, possuindo nos cunhais acrotérios coroados por bolas. É rasgada por quatro eixos de vãos, no piso térreo em arco abatido e correspondendo a duas portas e duas janelas de peitoril centrais, e no segundo de verga reta e correspondendo a janelas de sacada corrida, com guarda em ferro forjado, e molduras encimadas por cornija. As fachadas laterais terminam em frontão triangular, abrindo-se no tímpano óculo circular e, no corpo direito, janela jacente descentrada ao nível do primeiro piso. A fachada posterior possui também quatro eixos de vãos, sendo no piso térreo janelas jacentes retangulares, gradeadas, e, no segundo, janelas de peitoril retilíneas com moldura encimada por cornija. Estes corpos têm acesso, ao nível do segundo piso, pela galilé, onde se rasga portal de verga reta e moldura recortada encimada por ática rematada em cornija reta. O salão nobre da Confraria fica no corpo esquerdo.

Acessos

Sítio; EN. 242; Largo de Nossa Senhora da Nazaré

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, adaptado ao declive do terreno, implantado no centro do núcleo populacional do Sítio, desenvolvido sobre um promontório, dominando o oceano, inicialmente integrado nos Coutos de Alcobaça. A igreja possui a galilé frontal bastante sobrelevada relativamente ao largo, sendo acedida por escadaria de perfil semicircular; na fachada lateral esquerda, o acesso à galilé é feito por escada de perfil retangular e rampa, com guarda em ferro. Junto à fachada direita, existe pequeno jardim arrelvado. Quase paralelamente à igreja, ergue-se a S. o Palácio Real, onde se hospedava a família real quando vinha às festividades (v. IPA.00007231), e com a qual criava o denominado pátio da Senhora, fechado por alto muro e portal, dentro do qual existiam, desde o séc. 17, pequenas lojas. Entre a Igreja e o Palácio construiu-se a O., no séc. 19, o Hospital da Confraria (v. IPA.00007217), erguendo-se ainda a N. o Teatro Chaby Pinheiro (v. IPA.00001831). No largo desenvolvido em frente da igreja e do palácio, existe Coreto (v. IPA.00007216), e a SE. ergue-se a Ermida da Memória e o Padrão alusivo à passagem de Vasco da Gama (v. IPA.00001433). O núcleo do sítio conserva ainda parte da antiga muralha setecentista, construída para impedir o avanço das areias, sobretudo nas vertentes NO. e NE..

Descrição Complementar

No coro-alto existe órgão positivo, encerrado numa caixa retangular de talha, pintada de azul e cinzento, com elementos decorativos nas mesmas cores ou dourado. O corpo do órgão possui um castelo central e dois nichos laterais, tendo na base as flautas de palheta em leque; o castelo e os nichos são flanqueados por pilastras estriadas coroadas por urnas, rematando, na zona central, em cornija angular, e cartela fitomórfica oval recortada, e os nichos laterais em cortina com motivos vegetalistas. O castelo apresenta as flautas em ligeira meia cana, protegidas por gelosias vazadas em cortina, e os nichos são planos, surgindo as flautas em disposição cromática, também com decoração vazada. A zona inferior possui apainelados de diferentes dimensões e consola de janela com botões laterais de registos. Nas ilhargas existem inferiormente almofadas sobrepostas e, no corpo, decoração vazada. Retábulos laterais da nave de estrutura semelhante, em talha pintada a marmoreados fingidos a cinzento, bege e dourado, imitando cantaria, com corpo de planta côncava e um eixo, definido por quatro colunas coríntias, assentes em plintos galbados, almofadados e decorados com elementos vegetalistas. Ao centro possui apainelado de perfil contracurvo, encimado por querubim entre concheados nos seguintes, tendo frontalmente imaginária sobre duplo plinto, o inferior galbado e ornado de florão. Este é flanqueado por duas pilastras côncavas, surgindo duas outras nos intercolúnios, decoradas com concheados e florões. Remate em fragmentos de frontão e espaldar contracurvo, decorado com resplendor em glória sobreposto por Delta Luminoso, terminado em cornija contracurva. Altar tipo urna de frontal liso, ladeado por concheados. Os braços do transepto possuem as paredes do topo revestidas a azulejos com cenas da vida de José e de David, separados por frisos de acantos. No lado do Evangelho figuram as cenas da vida de José, nomeadamente José contando o sonho aos irmãos, José a ser atirado para a cisterna, José a ser vendido como escravo a uma caravana de Ismaelitas pelos irmãos, José a ser vendido a Putifar no Egito, o Re-encontro de José com seu pai no Egito e, no topo, José sentado no trono. No da Epístola figuram as cenas da vida de David, nomeadamente: David a guardar os rebanhos do pai Isaac, David a chegar junto ao exército dos Israelitas, onde estavam os seus irmãos, David, por ordem de Saul, a vestir as armadura e a empunhar a lança para combater os filisteus, David, já sem as armadura, a apanhar seixos junto ao rio para usar com a funda, David a matar Golias, decepando-lhe a cabeça com a espada e, no topo, David entronizado como rei; no primeiro registo surgem dois outros painéis, o da direita tendo a inscrição "H. V. D. Kloet". As capelas colaterais possuem arco de volta perfeita sobre pilastras, decoradas com motivos lanceolados dourados, contendo retábulos semelhantes, de talha pintada de branco e dourado, de planta côncava e um eixo, definido por quatro colunas, de fuste torso, com espira fitomórfica, agrupadas em mísulas de acantos, e de capitéis coríntios, e duas finas pilastras ornadas com motivos vegetalistas, de capitéis coríntios, que se prolongam pelo remate em duas arquivoltas lisas, a interior com motivos fitomórficos, e a exterior larga, com apainelados de querubins envolvidos de acantos, unidos por aduelas no sentido do raio. No tímpano, possui anjos tenentes segurando escudo e coroa. Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita, interiormente decorado por estriado, e possuindo dupla mísula com imaginária, a inferior ornada de acantos. Os retábulos possuem altar tipo urna, de mármore rosa e frontal liso. Em frente das capelas, existe arco de volta perfeita sobre pilastras, contendo painel de azulejos alusivos ao profeta Jonas, figurando no braço direito Jonas sendo lançado no mar pelos marinheiros, aquando da sua viagem para Tarso, e no braço esquerdo o monstro marinho depondo o profeta nas areias da praia; sobre o arco surgem ainda anjos segurando coroas de flores. No braço direito, sob o painel de Jonas, existe vão retilíneo de acesso à capela do Santíssimo desenvolvida na zona da galilé fechada, com pavimento em soalho de madeira, teto plano de estuque, tendo lateralmente algumas cadeiras do antigo cadeiral do convento de Cós, e tendo na parede testeira, em frente de cortina vermelha, painel de medeira com mísula sustentando sacrário coberto. Às colunas de sustentação das alas laterais do coro, encostam-se quatro grandes caixas de esmolas, de madeira, com ferragens nos ângulos e tampa, e fechadura para várias chaves, com espaldar recortado e contendo inscrições, duas delas tendo: "ESMOLAS / PARA O CULTO / DE / S. ANTÓNIO"; "ESMOLAS / PARA O CULTO / DE / N. SENHORA DA NAZARÉ / DAS ALMAS". No braço esquerdo do transepto existe uma caixa de esmolas semelhante, com a seguinte inscrição no espaldar "ESMOLAS / PARA O CULTO / DE Nª SENHORA / DA NAZARÉ". Os corredores da sacristia têm pavimento cerâmico, preto e branco e cercadura em motivo grego, rosa e branco, paredes revestidas a azulejos, azuis e brancos, com dois registos de painéis, o inferior com albarradas intercaladas por aves, e o superior de figura avulsa, envolvidos por cercaduras de acantos. Possuem cobertura em falsa abóbada de berço, igualmente revestida a azulejos azuis e brancos, a do corredor esquerdo com representação da Assunção da Virgem e vários símbolos Marianos em cartelas, envolvidas de festões e acantos enrolados. A sacristia tem pavimento cerâmico, preto e branco, de motivos geométricos, paredes revestidas a painéis de azulejos, dispostos em dois registos, no inferior com quatro cenas da vida de Cristo e no superior com quatro profetas: Isaías, Ezequiel, Daniel e Jeremias, cada um segurando cartela recortada com verso Bíblico inscrito. Na parede testeira, sobre supedâneo de um degrau, abre-se, ao centro, capela em arco de volta perfeita, sobre pilastras almofadadas, pintadas a marmoreados fingidos a bege, de capitéis coríntios e de chave relevada; alberga retábulo de planta reta e um eixo, definido por duas colunas torsas, assentes em plintos paralelepipédicos, de capitéis coríntios, sustentando o remate em frontão de volutas interrompido. Ao centro possui espelho retangular, dispondo-se em frente ampla imagem do Cristo na cruz. Altar tipo urna, com frontal ornado de motivos vegetalistas. De cada lado da capela surge arcaz, de planta em L, com as ilhargas e a zona frontal formando apainelados com losangos inseridos em almofadas quadradas. O arcaz tem espaldar retilíneo, com oito painéis retangulares pintados com cenas alusivas à lenda da imagem de Nossa Senhora da Nazaré. Representam, à esquerda: Rei Rodrigo em oração junto ao altar; Frei Romano com a imagem à porta do convento de Cauliniana; um outro e a Batalha de Guadalete; à direita: Frei Romano com a imagem, a caminho do convento de Cauliniana; Morte de Frei Romano perante a Senhora da Nazaré; o milagre de D. Fuas Roupinho, este assinado pelo pintor Luís de Almeida; e Frei Romano e Rodrigo instalando-se no Monte Siano (Pederneira). Sobre o espaldar, surgem quatro grandes telas pintadas, duas de cada lado, com cenas da Paixão de Cristo, figurando Cristo orando no Horto e Beijo de Judas (Evangelho), e Encontro de Cristo com Verónica e Ecce Homo (Epístola). Na parede oposta dispõem-se dois outros painéis pintados. Estes ladeiam a antecâmara da tribuna da Senhora, por onde os peregrinos circulavam para ver a imagem, acedida por dupla porta sobrelevada, de verga reta sobre pilastras, encimada por arco de volta perfeita, precedida por dupla escada de ferro com patamar central de perfil contracurvo. A sacristia tem teto octogonal de apainelados, sobre falsas trompas, pintado a marmoreados fingidos, a beje, rosa e cinzento, contendo acantos e florões nos ângulos, dourados, e, ao centro, as armas de Portugal.

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: António Rodrigues de Carvalho (1681-1683); Lucas José dos Santos Pereira (1854); Luís de Frias (1625-1626). AZULEJADOR: Manuel Borges (1714). CANTEIRO: Manuel Martins (1738). CARPINTEIRO: Francisco Rodrigues (1758); João Carvalho Albernás (1754); José da Silva Monteiro (1781). EMPREITEIRO: Construções Anselmo Costa, Ldª (1989). ENGENHEIRA: Manuela Malhoa (2001). ENTALHADORES: Manuel Garcia (1683); Paulo de Almeida Nazaré (1756-1758, 1777-1778); Bento de Almeida Nazaré (1778); João de Reis (1782); José Maria Soares (1821, 1823). MESTRES: Bernardo Carvalho Belo (1757); Domingos Conceição Gonçalves (1880); Joaquim Silva (1770); Henrique José Branco (1838); Paulo Almeida Salazar (1759). ORGANEIROS: António de Brito (1813); Leandro José Coelho (1814). OURIVES: António Lourenço Pacheco (1665); José de Carvalho (1737); João Paulo da Silva (1781). PEDREIROS: Fernando de Carvalho (1837-1738); Francisco Correia (1781); Francisco Gomes (1726); Francisco da Silva Coelho (1758); Francisco de Matos (1781); Gregório Henriques (1759, 1760, 1763, 1775); Joaquim Xavier (1843); Manuel Carreira (1758); Manuel da Silva (1742); Manuel da Silva Coelho (1726, 1753); Vicente Francisco (1672). PINTOR: José Claro (1803); Joaquim Gomes d'Almeida (1806); Luís de Almeida (séc. 17); Pedro Peixoto (1707, 1714, 1732, 1739). PINTOR DE AZULEJOS: António Oliveira Bernardes (1714); Willem Van der Kloet (1709). PINTOR-DOURADOR: José Carlos (1758); Bento de Miranda Torres (1759-1760); Martinho da Fonseca (1815). SERRALHEIRO Ruker (1813).

Cronologia

Séc. 14 - está documentado o culto de Nossa Senhora da Nazaré no Sítio *2; data provável da construção da igreja ou Santuário, por ordem de D. Fernando; 1377 - transladação da imagem de Nossa Senhora da capela da Memória para o Santuário; 1383, depois - D. João I terá mandado fazer uns alpendres de madeira; séc. 15 - o Sítio é um local ermo e inóspito, hospedando-se os peregrinos na Pederneira; o culto é promovido por uma Confraria, composta sobretudo de homens leigos da Pederneira *3; o santuário é visitado por peregrinos de diferentes estratos sociais, incluindo o rei; 1481 - construção da antiga capela-mor "sob novos alicerces de mais sólida construção", com o patrocínio de D. João II; séc. 16 - o Sítio é constituído pelos locais de culto mariano, casas do ermitão e os terrenos incultos ao redor; a Senhora já usava vestidos e ornamentos próprios; D. Manuel manda construir os alpendres da igreja; 1519 - o rei manda o ouvidor dos coutos, Álvaro Martins, fazer o inventário dos bens da igreja e aprovar as contas da Confraria e Casa da Senhora; 1520 - visita da rainha D. Leonor; séc. 16, finais - o culto é assegurado pelo vigário e beneficiados da Igreja da Pederneira, apoiados por um ermitão; 1600, cerca - após visita ao Santuário, Frei Bernardo de Brito divulga a história do cavaleiro salvo milagrosamente pela intervenção da Senhora, levando ao acréscimo de peregrinos; séc. 17, início - o Sítio passa a ter condições para alojar os visitantes; a área mais próxima do templo separa-se da restante por um longo muro, adossado à sacristia e à capela-mor, perto da qual fica a casa que aloja os clérigos visitantes, tendo ainda no interior do pátio, entre outras, as casas para os romeiros e os paços com as suas lojas; apenas o ermitão e o administrador têm residência próxima do Santuário; a igreja tem muros fendidos, o teto escorado e a ameaçar ruir; 1608, julho - D. Filipe II faz mercê do cargo de administrador ao Pe. Manuel de Brito Alão; este queixa-se que é muito necessário "para o bom ornato da capella o fazerse Retabolo que cubra todo o vão da parede do Altar-mór, que certo he inconueniente grande faltar a insígnia do milagre do Caualeiro, & veado como Imagem da Senhora"; 1609 - visita do chantre Manuel Severim de Faria, que pernoita nas casas para hóspedes em frente da igreja "nobremente edificadas"; 1616, 28 julho - provisão régia ao desembargador Jerónimo do Souto diz que "na obra do corpo da igreja se não bolirá por ora por ser necessário aver primeiro pera ella dinheiro junto e materiais que de presente não há e como a igreja esttá repairada pera poder sustentar-se asi por vinte anos (...)", os dinheiros devem ser canalizados para outras remodelações; o administrador Manuel de Brito Alão responsabiliza-se pela reforma da capela-mor; após a sua conclusão não há intenção de prosseguir as obras conforme a provisão régia ao desembargador Jerónimo do Souto; D. Filipe II ordena a demarcação do Sítio com "marcos altos" e a cedência do terreno para habitações, cultivo e enobrecimento do Sítio; 1623 - D. Filipe III "pera correr com as obras que há muito tempo estão de quedo", manda a Jerónimo do Souto fazer esforços para executar as dívidas da Casa; 1625 - o velho alpendre "já estava caindo", sendo necessário fazer-se de novo; 22 agosto - D. Filipe III manda avançar com a obra "(...) por se começar tarde a ditta obra vos pareçia não deviés derrubar a igreja e somente nestes dois mezes seguintes preparar e lavrar a pedraria pera os portais, frestas, e cunhais porque estando tudo assim preparado se poderia derrubar em março pera se começar a obra nélla"; a cerimónia de lançamento da primeira pedra é presidida pelo Arcediago de Braga, Manuel de Brito de Almeida, e com a presença do arquiteto régio Luís de Frias; problemas administrativos da Casa impedem o rápido andamento dos trabalhos; 1626, primavera - só então se avança para a reconstrução do corpo da igreja, destruindo-se a nave antiga, e alterando a sua orientação para E., com planta do arquiteto Luís de Frias (19$000) *4; 1628 - publicação do livro "Antiguidade da Sagrada Imagem de Nossa Senhora da Nazaré", do Pe. Manuel de Brito Alão *5; 1635, 09 janeiro - substituição do velho retábulo por um outro, provavelmente com iconografia do milagre de D. Fuas; 1636 - conclusão da transformação da igreja; 1638 - breve de Urbano VIII concede indulgências, por sete anos; 1642 - durante as obras da igreja, destrói-se a casa com fresta onde os peregrinos lançavam as ofertas; a imagem já está num nicho, por baixo do sacrário, num outro "sacrário fechado com quatro vidraças cristalinas", dourado e com um retábulo *6; 1660 - 1661 - há a casa das mortalhas, junto ao altar-mor, celeiro e armazéns, onde se armazenam os materiais para as obras; 1664, 05 agosto - Mesa solicita ao rei o envio de mestres e arquitetos para estudarem as alterações possíveis na estrutura do arco da capela-mor; defendem a necessidade de se "abrir mães alto e mães largo o arco da capella mor correspondente a igreja nova para que milhor se veja a obra da charola que dentro se obrou em que a Santa Imagem está recolhida"; 02 setembro - alvará ordena ao desembargador António da Silva e Sousa que visite a Casa e avalie o problema; fazem-se vários estudos; 1666 - Confraria pede ao rei para se fazer feira franca no dia da festa; 1672 - trabalha no arco da capela-mor o mestre Vicente Francisco; 1678, 01 agosto - provedor da comarca recomenda aos mesários "muito por serviço de Nossa Senhora, ponham em grande cudado o fazerem as obras de que necessita a Casa, asy para aumento della, como por não desmayar em parte a devoção das pessoas que para este efeito dão as suas esmolas, evitando-sse por este meyo o clamor, e queixa geral que há sobre se não fazerem, e mais havendo dinheiro par se continuarem, em que se mostra o pouco zello dos mordomos, aos quais encarrego que logo sem demora alguma mandem por as obras em pregão e em primeiro lugar o arco da capella mor que será fechado com grade de ferro, azellejada a igreja toda, e dourada a charola (...) fechando-sse outros o campanário"; 1680, 03 maio - no dia da "invessão da Crus" muda-se provisoriamente a Senhora da Nazaré para o trono que se fez à porta principal da igreja, e principiam-se as obras da capela-mor; 1681 - obras na fonte nova, púlpito e lajeado da igreja pelo arquiteto António Rodrigues de Carvalho; colocação na sacristia, do tempo de Afonso V, das pinturas de Luís de Almeida; 1683 - novas grades para cerrar a capela-mor; para facilitar o acesso sacerdotal à capela-mor, cria-se ligação direta entre esta e a sacristia; os arcos são feitos com pedra de Porto de Mós; a capela é ornamentada com pinturas régias e de milagres da Senhora; início do trabalho da tribuna do altar-mor, pelo entalhador Manuel Garcia, e a continuação das obras de pedreiro por António Rodrigues; 1684, 21 junho - provisão régia para se mandar executar as dívidas do Santuário; 1691 - conclusão das obras, passando a igreja a ter planta em cruz; o transepto tem dois altares, e portas laterais de acesso ao "claustro" e casas de apoio; 14 setembro - transladação da Imagem para o trono da capela-mor, havendo dos dois lados do altar "duas pequenas escadas que davam serventia a quem queria hir beijar a Senhora" *7; 1709, final - colocação nos braços do transepto dos painéis de azulejos holandeses, de Willem Van der Klöet, que custaram 610$079 *8; 1714 - feitura dos azulejos dos corredores da sacristia e escadas de acesso à tribuna, atribuídos a António Oliveira Bernardes, e colocados por Manuel Borges; 1717 - obras na frontaria do templo e construção das torres sineiras; 1726, novembro - arrematação da obra das casas do reitor, a construir sobre as ruínas das casas de romagem, no pátio, pelos pedreiros Francisco Gomes e Manuel da Silva Coelho; 1736 - colocação do relógio entre as torres; 1737 - manda-se fazer novas lâmpadas em prata para a capela-mor e corredor da sacristia ao ourives de Lisboa, José de Carvalho; referência à casa dos pesos, com balança para pesagem dos romeiros e oferecerem o seu peso em cereais ou cera à Virgem; 1745 - referência à casa da cera; 1747 - com o fim da vinda do círio de Coimbra, termina a feira a 15 de agosto, porque os outros círios mudam a data da peregrinação; séc. 18, 2ª metade - existem 27 lojas à volta do Santuário, que os comerciantes ocupam sob renda à Confraria *9; 1750 - conclusão da construção de muralha para deter o avanço das areias sobre o Santuário (12 mil cruzados) *10; abertura da atual porta da sacristia, fechando-se a existente (onde hoje estão as duas janelas sobrepostas), e das duas janelas novas; feitura de novos portais, com madeira vinda da Vieira; queda de um raio na torre N. destruindo-a e quebrando todos os sinos; 1752, 28 abril - início da construção da Fonte Nova, dentro da muralha; 1754 - encomenda de quatro bancos de moscóvia a João Carvalho Albernás, de Lisboa; 1755 - decide-se festejar anualmente São Francisco de Borja, por se ter escapado do terramoto de 1 novembro; 1756 - desaparecimento da tribuna e maquineta grande; encomenda da feitura das credencias da capela-mor, trono e tribuna da capela-mor e os quatro altares do corpo da igreja e os dois púlpitos e dois altares do cruzeiro, ao entalhador Paulo de Almeida Nazaré, do Sítio (4000 cruzados); colocação de cruz sobre o arco do pátio; 11 julho - conclusão das cómodas da sacristia, tendo em cima oito pirâmides; 1757 - conclusão dos gavetões da sacristia; grandes obras na fonte, sob a direção de Bernardo Carvalho Belo, do Sítio; compra de 36 castiçais para o trono, prateados, sendo 18 para o sepulcro do Senhor; 1758, 30 setembro - rei cria coro com os dois capelães e os padres de fora; feitura do coro para os frades e mudança do órgão do coro-alto para a capela-mor pelo carpinteiro Francisco Rodrigues, sob a direção de Paulo Almeida da Nazaré (havia dois órgãos); feitura dos armários dos padres do coro; risco e execução da obra do xadrez da capela-mor por Francisco da Silva Coelho, de Alcobaça; transferência da mesa dos mordomos da igreja para a casa dos círios; douramento da talha da pedraria da capela-mor, cruzeiro, zimbório e arcos, e limpeza do ouro da charola da Senhora, retábulo-mor, etc, pelo pintor José Carlos, de Coimbra; 1759 - colocação dos painéis dos milagres da Senhora na casa do despacho, onde se arma a casa dos mordomos por ordem do rei; vinda de madeira de Flandres e do Brasil para a obra dos retábulos; ajuste de pintura e douramento da igreja a Bento de Miranda Torres, de Coimbra (1000$000); feitura dos passadiços da igreja para uma casa junto, por Gregório Henriques, da Castanheira; feitura de 86 florões para o teto da igreja, por Paulo Almeida Salazar; enquanto decorriam obras na capela-mor, o coro dos padres fica ao pé da porta principal, aí rezando os capelões; arranque de todos os azulejos da igreja, que é estucada de branco; remoção dos dois retábulos das capelas laterais para o transepto, colocação dos dois púlpitos no arco do cruzeiro, estando já lá as grades do cruzeiro; remoção do lavabo da sacristia para assento do arcaz; 1760 - aquisição do Santo Lenho por intermédio de D. Fernando, cardeal Patriarca de Lisboa; abertura de duas janelas onde estavam as portas travessas e de novas portas travessas por Gregório Henriques; feitura das armas do alpendre da porta principal, por Gregório Henriques; 27 setembro - está pronta a obra do entalhador Paulo Almeida Nazaré; 04 outubro - Bento de Miranda Torres tem concluído o douramento das 80 alcachofras do teto da igreja, os dois painéis sobre as credencias do altar-mor e as urnas dos quatro altares novos, finge de pedra as colunas das duas tribunas e pinta as banquetas nos dois altares colaterais (120$000); colocação do lavabo no corredor; 1761, 2 março - data do regulamento do coro; dispensa dos padres da Colegiada de irem à procissão do Corpo de Deus à Pederneira, por o fazerem no Sítio, ser longe, haver calor e areias; feitura de dois bancos para a capela-mor; 1762 - Breve de Roma agrega a Confraria à de São João de Latrão, com obrigação de se cantarem 4 missas: São João Evangelista, Corpo de Deus, São João Baptista e Assunção; 15 março - confirmação real da doação de capelas instituídas pelo reitor Tavares; 1767, 07 fevereiro - decreto do novo regulamento do coro; 1770, 09 março - queda de um raio na torre, partindo sino, torre, portas e os vidros da igreja; feitura de armário para os livros do coro no corredor da sacristia; 03 dezembro - alvará do príncipe regente autoriza peditórios para as obras por mais 4 anos; 1771 - concessão de várias indulgências a quem assistir à novena da festa do orago da igreja a 5 de agosto; 1772 - licença para ter o Santíssimo na capela durante agosto e setembro; é privilegiado o altar de Santa Ana; obtenção de breves de indulgências e certas faculdades para os confessores e altar privilegiado, celebrando-se pelos defuntos; queda de um raio na torre; os alpendres estão em estado lastimável e escorados; 1774 - fundição de dois sinos; 1777 - 1778 - obra do armazém, pelo mestre Paulo de Almeida Nazaré; 1778 abril - Misericórdia empresta a imagem de Cristo para os Passos da Quaresma; agosto - conclusão do atual trono da capela-mor pelos entalhadores Bento de Almeida Nazaré e Paulo de Almeida Nazaré (300$000); obra da abóbada da capela-mor e faz-se o casulo (?) para o Sacramento; 1780 - douramento do casulo para o sacramento; 1781 - feitura de coroas para as imagens de Nossa Senhora e do Menino uma outra coroa e um resplendor pelo ourives da Casa Real, João Paulo da Silva (458$280), ornadas com 14 quilates e 1/4 de diamantes, tendo a rainha D. Amélia entregue para tal 7 quilates em grandes diamantes; D. Tomás de Almeida, administrador da Casa, fixa o 8 setembro para a festividade, dia em que teria ocorrido o milagre de D. Fuas, e não a 5 de agosto, como se fazia desde 1377; execução de nova casa para receber os círios, sob a direção do pedreiro Francisco de Matos, de Alcobaça; arrematação da obra da casa nova para distribuição das medidas pelo pedreiro Francisco Correia e carpinteiro José da Silva Monteiro; feitura dos novos confessionários; 1782 - vinda do rei e altas personagens à Nazaré; compra de banqueta rica, cruzes, ornamentos e um sacrário, feito por João de Reis, de Alcobaça (5$920); 1783 - manda-se cunhar 1100 medalhas de Nossa Senhora em prata; 1784 - já está na sacristia o Menino Jesus; 1786 - referência à Confraria de São Sebastião, na Igreja; 1788 - demolição da casa para distribuição de medidas; 1790 - feitura das lojas encostadas à casa do despacho; 1792 - compra de uma custódia nova, entregando a velha e uma cruz nova de prata, para as procissões, e duas lanternas e ciriais de prata novos; vem de Londres um relógio de parede com caixa de madeira para a sacristia (5$00); 1798 - compra de um diadema de prata para a Senhora da Soledade da sacristia; pintura e douramento dos dois altares colaterais; 1801 - existência da imagem do Senhor do Horto e de São Sebastião; na capela-mor há três altares, o principal e dois laterais e, em frente do altar de São José, há uma sepultura; remoção do órgão grande do coro, dado por Silvério da Silva, de Alcobaça, e sua colocação na capela-mor; desmanche das duas ordens de assentos do coro; 1803 - primeira referência à festa a 8 de setembro, mas sem deixar de se fazer a do orago, a 5 de agosto; desmancho da casa dos pesos; 1806 - pintura e douramento do trono da igreja; 1807 - pintura e douramento do teto da igreja e florões; 1808, 11 março - preparam-se as pratas da igreja para irem para Alcobaça, onde são encaixotadas; franceses vandalizam e roubam a igreja, nomeadamente a coroa da Senhora oferecida pela rainha, mulher de D. José, que havia custado 40.000 cruzados, e partem os órgãos; alguns objetos são restituídos por pessoas que os compram em Alcobaça, Peniche e Pederneira; 1809 - vinda do Juncal 86 azulejos e madeiras; 1810, agosto - vinda de um cravo de Alcobaça; 1811, 04 outubro - o mordomo Pe. António Batista Belo de Carvalho parte para Queluz levando a imagem de Nossa Senhora e o Arquivo; 1812, 06 setembro - regressa de Queluz a imagem de Nossa Senhora; 1813 - feitura de novo órgão pelo organeiro António de Brito, de Vila Franca (1600$000); 1814, julho - assentamento do novo órgão por Leandro José Coelho, de Alcobaça; 1815 - pintura e douramento do órgão por Martinho da Fonseca, de Alcobaça; ciclone derruba a cruz do cruzeiro; douramento do berço do Menino Jesus; transferência da mesa da Irmandade da igreja para a casa das medidas; 1817 - Duques de Cadaval oferecem imagem de Nossa Senhora em prata e a condessa da Lapa um anel de brilhantes; 1818 - aquisição de uma maquineta para o Menino Jesus; estreia-se a casa das medidas; 1819 - compra de uma pombinha de prata para o berço do Menino Jesus; 1823 - colocação de sineta na torre e um cofre de prata para depósito (52$000); 1826 - compra de uma sineta (18$000); 1830 - compra do órgão do coro, em Lisboa, por José Maria de Oliveira, do Sítio (1600$000); 1831, 21 setembro - portaria ordena a reposição da mesa da Confraria junto à coluna do lado da Epístola, à entrada da igreja, como estava anteriormente; 1832, 03 outubro - decreto de D. Miguel passando para o juiz de fora a jurisdição de que goza o provedor de Leiria nesta Casa; 1834 - douramento da grade da tribuna de Nossa Senhora; 1836 - muda-se o dia da festa de 5 agosto para 8 setembro; 1854 - vinda do arquiteto civil de Leiria, Lucas José dos Santos Pereira, para o estudo e feitura da planta de um novo coro ou prolongamento do existente e colocação do órgão; 11 maio - apresentação da planta; pintura do teto da igreja e douramento do órgão; mudança e colocação do órgão sob a direção do mestre organista Manuel Joaquim de Almeida Tataco, de Coimbra (129$875); 1880, 02 agosto - conclusão do douramento da capela-mor, altares do cruzeiro e cúpula ou zimbório; pintura do órgão e coro; 1885 - colocação de quatro retábulos com santos; escada para o trono e camarim; 1890 - compra de azulejos a J. Luís, em Lisboa e bancos para a sacristia; 1894 - compra de 6 bancos de mogno no Porto para a igreja (90$000); 1898, 14 novembro - queda de raio na igreja; 1899 - feitura do jardim e muros; feitura das tribunas ou do prolongamento do coro (1079$000); 1917 - avaliação do recheio da igreja; 1922 - temporal causa grandes estragos; 1938, 30 novembro - acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, Secção de Contribuições e Impostos, isenta a Confraria do pagamento de contribuições prediais dos prédios rústicos e urbanos; 1946, 02 maio - uma faísca na torre N. causa grandes estragos; 1953, 22 abril - queda de um raio na torre S. provoca danos nos edifícios anexos; 1957, 20 fevereiro - visita da rainha Isabel II de Inglaterra à Nazaré e Sítio; 1959 - visita da Princesa Margarida à Nazaré e ao Sítio; 1962, 04 março - visita a Nazaré o cardeal Patriarca Manuel Cerejeira no âmbito do programa Missão Católica; 1982 - inscrição da Confraria na União das Instituições Particulares de Solidariedade Social; 1984 - roubo de azulejos no santuário; 1995, janeiro - envio à Comissão Europeia de pedido de apoio a projeto piloto de conservação do Património Arquitetónico Europeu; 1998, 08 setembro - inauguração do salão nobre da Confraria; 1999, 08 setembro - inauguração do Arquivo Histórico da Confraria; 2001, 08 setembro - inauguração da reordenação do largo de Nossa Senhora da Nazaré; 2002, 28 março - inauguração da capela do Santíssimo.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria de pedra rebocada e pintada; socos, pilastras, pilares, frisos, cornijas, molduras dos vãos, segundo registo das torres, espaldar, sineira, pináculos, platibanda e outros elementos em cantaria calcária; portas e caixilharia de madeira; vidros simples ou policromos; guardas em ferro forjado; revestimentos a azulejos monocromos brancos, azuis e brancos, policromos ou relevados; pavimentos em soalho, cantaria, mármore ou cerâmicos; coberturas de madeira, em cantaria ou estuque; coro-alto, retábulos e púlpitos em talha policroma e dourada; painéis pintados sobre tela; teia de pau-santo e mármore; cobertura de telha.

Bibliografia

ALÃO, Manoel de Brito - Antiguidade da Sagrada Imagem de Nossa Senhora da Nazaré. 2.ª edição. Lisboa: Edições Colibri; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, [1628], 2001; BERNARDA, João da - "A Arte Cerâmica no Mosteiro e nos Coutos Alcobacenses". In Arte Sacra nos Antigos Coutos de Alcobaça. Alcobaça: IPPAR, 1995, pp. 114-145; BOGA, Pe. Mendes - D. Fuas Roupinho e o Santuário da Nazaré. Porto: Tipografia do Carvalhinho, 1988; COELHO, Laranjo - "A Pederneira - Apontamentos para a história dos seus mareantes, pescadores, calafates e das suas construções navais, nos sécs. XV a XVII". In O Archeólogo Português. Lisboa: 1922, vol. 25; GRANADA, João António Godinho - Nossa Senhora da Nazaré e D. Fuas Roupinho, Lenda - História - Tradição. Batalha: 1998; MARGGRAF, Rainer - Os azulejos de Willelm Van der Kloet em Portugal. Lisboa: 1994; MECO, José - O Azulejo em Portugal. Lisboa: Bertrand Editora, 1989; MESQUITA, Marcelino - Praias de Portugal - A Nazareth, Sítio e Praia, lenda, história e costumes. Lisboa: 1913; PENTEADO, Pedro - Santuário da Senhora da Nazaré. Apontamentos para uma cronologia (de 1750 aos nossos dias). Lisboa: Edições Colibri; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, 2002; PENTEADO, Pedro - Peregrinos da Memória. O Santuário de Nossa Senhora de Nazaré 1600-1785. Lisboa: Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR); Universidade Católica Portuguesa (UCP), 1998; PEREIRA, Paulo - Enigmas. Lugares Mágicos de Portugal. Cabos do Mundo e Finisterras, Círculo de Leitores; Paulo Pereira, 2005; SEQUEIRA, Gustavo de Matos - Inventário Artístico de Portugal. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1955, vol. V; SERRÃO, Vítor - "A Arte da Pintura entre o Gótico Final e o Barroco na Região dos Antigos Coutos de Alcobaça". In Arte Sacra nos Antigos Coutos de Alcobaça. Alcobaça: IPPAR, 1995, pp. 85-113; Santuário de Nossa Senhora da Nazaré (http://www.cnsn.pt/portal/index.php?id=1172), [consultado em 18-04-2014].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1616, 28 julho - D. Filipe II manda pagar ao mestre da reparação dos alpendres os 120$000 que se lhe deviam; 1665 - conserto de lâmpadas e outras peças do Santuário pelo ourives de Leiria António Lourenço Pacheco (21$060); 1707, novembro - trabalha no Santuário o pintor Pedro Peixoto; 1714, fevereiro - o pintor Pedro Peixoto faz obras no santuário, nomeadamente a "pintura do frontispício e tetos", conserto de pinturas que estavam arruinadas, pintura dos meninos e santos e decorações diversas (94$640); 1732, dezembro - estofo e encarnação da imagem da Senhora que vai nas procissões, por Pedro Peixoto (3$000); 1739, até - o pintor Pedro Peixoto estofa imagens e pinta tetos e faz várias obras na igreja e casas do santuário; nesta data recebe 6$000 por encarnar o Senhor da sacristia mais 6$400 por decorar as lojas do Santuário e pintar a grade de pau da fresta grande de sacristia; 1742 - Reitor António Caria manda reformar os alpendres, pelo pedreiro Manuel da Silva, da Pederneira; 1750 - reconstrução da torre N. após a queda do raio; 1751 - assento das portas da sacristia e das lajes dos alpendres; 1753 - colocação de vidros nas janelas da igreja; 1756 - reparação de todas as casas da igreja; 1758 - rebaixamento de 25 frestas da igreja para nela se porem os caixilhos, pelo pedreiro Manuel Carreira; 1759 - limpeza de todas as cantarias interiores; 1760 - arranjo dos telhados dos alpendres, devido aos estragos provocados pelo vento; 1761 - colocação dos sinos, assoalhamento da casa dos pesos e caixão dos frontais; feitura das portas dos corredores; 1762 - reboco, pintura e forro dos alpendres, sendo feita a parte do alpendre à porta principal; 1763 - arranjo das lojas; 1764 - abertura de porta junto ao açougue; trabalhos de melhoramento na cisterna; 1767 - conserto das cómodas da sacristia; 1768 - betuma-se a cisterna do reitor; 1770 - reparação dos estragos provocados pela queda do raio, pelo mestre Joaquim Silva, de Alcanede; 1771 - continuação das obras nos alpendres; 1773 - reparação da torre pelo mestre Gregório Henriques, da Castanheira; 1775, 24 abril - aprontam-se as obras das torres, reparadas por Gregório Henriques, da Castanheira (640$000); obras nas casas dos pesos; 1778 - trabalhos de canteiro na varanda; abre-se na igreja uma janela, para dar luz no camarim; 1780 - reboco do "rebate" da porta principal da igreja; 1781 - forro dos alpendres de madeira pintada; feitura de uma porta nova para a escada do coro; 1783 - arranjo do caminho à Buzina e colocação de grades na casa do despacho e novos cofres para as esmolas; 1784 - colocação de caixilhos na casa do despacho; 1786 - consertos no zimbório da igreja; 1786 - continuação das obras na igreja e, para melhor se ter os materiais, coze-se a cal no forno da casa; 1788 - conserto dos tetos da igreja, com madeiras vindas do Barbas; 1789 - vários trabalhos de reparação nas casas e cisterna do reitor, na igreja, Poção e lojas; 1790 - ladrilha-se a sacristia a pedra branca vinda das Pedreiras, Porto de Mós; reparação de todos os edifícios, incluindo o zimbório; 1791 - conserto de todos os edifícios; 1792 - pinta-se de novo o teto da casa do despacho, bem como das portas e janelas, sinos e estante do coro antigo; conserto e pintura das imagens dos Passos da Quaresma; 1796 - assoalham-se várias casas; 1801 - reparação dos muros dos alpendres; 1802 - novo forro dos alpendres; madeiramento do telhado do corredor do lado S. da sacristia; 1803 - continuação das obras nos alpendres e portas para a igreja; pinturas por José Claro, de Cós; 1804 - feitura das portas novas da igreja; colocação do mostrador de relógio na torre; fundem-se duas sinetas para a torre; 1805 - conserto das lajes do pavimento da sacristia, igreja e corredores; 1806 - continuação das obras de conservação, virando os telhados da igreja; conservação do forro do teto da igreja e assento das portas; pintura da igreja; compra-se em Lisboa 3 pranchas vinháticas para as portas da igreja, começando pela principal; pintura dos alpendres pelo pintor Joaquim Gomes d'Almeida; 1808 - rebocam-se as armas da frontaria da igreja para as ocultar dos franceses; vinda de alfaiates de Lisboa para consertar os paramentos e vestes rasgadas pelos franceses; 1809 - reparação dos estragos dos castiçais, cruzes e outros objetos, levando os castiçais a Leiria para dourar; 1811 - conclusão das portas da igreja feitas em vinhático; 1812 - conclusão da reparação dos estragos no património móvel; conserto do cofre de Nossa Senhora, debaixo da maquineta; vinda de madeira do pinhal para as obras; 1813 - conserto do cofre de ferro em Lisboa, pelo serralheiro Ruker (57$000); 1815 - feitura das portas travessas da igreja e sua pintura; 1819 - ladrilha-se de novo com pedra branca o corredor da sacristia; conserto e encarnação das imagens de São Francisco de Borja, Santo Amaro e do Senhor Ressuscitado; 1821 - lajeamento a branco do corredor da sacristia; trabalha na capela-mor o entalhador José Maria Soares, de Alcobaça, na obra da tribuna de Nossa Senhora, em frente do nicho; 1822, março - conclusão da obra do entalhador; 1823 - José Maria Soares faz tocheiros e outros trabalhos na igreja; feitura de três grades para uma porta de São Sebastião e outra para a de São José; 1823 - reparação dos telhados de alguns edifícios e dos alpendres; 1837 - obras no zimbório da igreja, sob o risco e vistoria de Fernando de Carvalho; reparação dos telhados da igreja, alpendres e outros edifícios; 1838, 14 janeiro - vinda do mestre Fernando de Carvalho, das Caldas, para observar o zimbório, dando parecer e recebendo 3$000 pelo risco que apresenta; 10 maio - o canteiro Manuel Martins, dos Carvalhos, recebia o primeiro dinheiro à conta das cantarias que fornecia para o zimbório; reparação dos telhados da casa do despacho; 26 setembro - vinda do mestre Henrique José Branco examinar o trabalho do zimbório; 1839 - colocação de caixilharia e feitura do telhado do zimbório; vinda de cantarias para o portão do pátio; assento da porta no cartório; 1840 - emboço do zimbório e conserto da clarabóia; reparação dos telhados da igreja; ladrilha-se de novo a igreja, corredor e sacristia com pedra branca (36$000); 1841 - reparação das casas do reitor e telhados da igreja; feitura de varanda na casa dos círios; 1843 - fundição de um sino de 6 arrobas; reparação dos telhados da igreja; 03 setembro - pagamento da última prestação da empreitada do pedreiro, do Sítio, Joaquim Xavier, referente ao lajeamento da igreja, sacristia e corredores a pedra branca; 1846 - várias reparações na igreja e seu telhado; conserto das grades do coro-alto; forro da tribuna de Nossa Senhora; 1875 - colocação de tetos nos alpendres; 1876 - arranjo da casa dos círios e do guarda-vento da igreja; 1877 - projetam-se obras de demolição e arranjos nos alpendres, escadas laterais e telhados das galerias exteriores da igreja; 1880 - construção da casa das esmolas por Domingos Conceição Gonçalves, de Leiria; 1885 - conclusão da obra de restauro da capela-mor; 1886 - reparação da sacristia; 1896 - obras na secretaria, caserna e cocheiras; 1897 - feitura da calçada à volta da igreja (290$000); 1910 - ampliação do sótão da igreja; 1948, novembro - reparação da secretaria, seus estuques e telhado; 1978 - reparações no largo de Nossa Senhora da Nazaré; DGEMN: 1987 / 1988 - beneficiação da cobertura da nave (pago pela Confraria), e recuperação do teto em madeira, apainelado; 1989 - continuação das obras de recuperação; elaboração de plano para a remodelação das instalações da Confraria, com a execução de nova estrutura, piso e laje de esteira; continuação das obras na zona da nave e coro - paredes interiores laterais, com feitura de novos rebocos, caiação e feitura de escaiola nas cantarias; nova eletrificação e sonorização da zona; as obras são adjudicadas ao empreiteiro Construções Anselmo Costa, Ldª; PROPRIETÁRIO: 1990 - obras de restauro no Santuário; início do restauro das pinturas de Luís de Almeida no espaldar da sacristia; 1991, 19 maio - conclusão da conservação e restauro de duas telas do ciclo de seis pinturas dos Passos da Paixão de Cristo, sendo colocadas no local original na sacristia; 1992 - conclusão do restauro das pinturas do arcaz da sacristia; 1992 - pede-se orçamento para restauro do órgão da igreja; 03 julho - início do restauro das obras do ciclo dos Passos da Paixão de Cristo no atelier de restauro do Seminário Maior do Cristo Rei; aquisição de lioz para o piso da nave central da igreja; 1996 - obras de restauro do teto da sacristia; colocação de iluminação exterior no santuário; 1998 - obras de restauro no Santuário, nomeadamente nos altares laterais, muro, teto do transepto e nas cantarias exteriores; 1999 - início das obras de conservação e restauro do transepto; informatização do sistema e toques e restauro dos sinos; 2001 - remodelação do largo de Nossa Senhora da Nazaré, com incidência no ordenamento do trânsito, calcetamento do largo e substituição do mobiliário urbano; início da conservação e restauro dos revestimentos de azulejos da sacristia, com coordenação da engenheira Manuela Malhoa.

Observações

*1: DOF: ... incluindo os azulejos que a revestem. *2 - Segundo a tradição, o aparecimento do culto de Nossa Senhora da Nazaré no Sítio relaciona-se com a vinda de uma imagem da Virgem, da Nazaré, da Palestina, e com o milagre do cavaleiro D. Fuas Roupinho, alcaide de Porto de Mós, em finais do séc. 12. Diz-se que a imagem de Nossa Senhora, segundo Frei Bernardo de Brito esculpida pelo próprio São José na presença de Maria e encarnada por São Lucas, teve de sair da cidade de Jerusalém, devido à perseguição aos cristãos, sendo transportada por um monge grego, de nome Círiaco, para o mosteiro de Cauliniana, em Espanha, próximo de Mérida, onde permanece do séc. 04 até à invasão árabe. Com a derrota dos cristãos em Guadalete, o rei visigodo Rodrigo refugia-se no mosteiro. Perante o perigo do avanço islâmico, o rei e um dos monges, o frei Romano, decidem partir para um local mais seguro, levando consigo a pequena imagem de Maria de Nazaré e algumas relíquias, segundo Manuel de Brito Alão, de São Bartolomeu e São Brás, guardadas num cofre de marfim. A 22 de novembro de 714 chegam ao monte de São Bartolomeu, próximo da Pederneira. Algum tempo depois, já em 715, o rei e o monge separam-se, tendo o primeiro permanecido naquele local e o segundo ido para o monte vizinho do Sítio, levando consigo a imagem da Virgem e as relíquias. Aí constrói um abrigo entre os rochedos e coloca a Virgem num pequeno nicho. Os dois eremitas comunicam entre si diariamente por sinais de fogo, até que o monge morre. Segundo Manuel de Brito Alão, tendo-lhe sido relevado o tempo da sua morte, o monge pede ao rei para o sepultar e deixar naquele lugar a Santa Imagem e as relíquias, o que viria a acontecer. D. Rodrigo resolve então partir para N.. Só no reinado de D. Afonso Henriques, no séc. 12, seria descoberta a Imagem por D. Fuas Roupinho, que a venerava sempre que ia caçar para o Sítio. A 14 de setembro de 1182, D. Fuas é atraído por um veado no alto promontório, não se apercebendo do perigo em que incorria, devido à névoa existente. No momento em que o cavalo chega ao extremo do rochedo, prestes a lançar-se no abismo, o cavaleiro, lembrando-se da imagem existente na pequena lapa, evoca a Virgem e, imediatamente, o cavalo fica imóvel. Por milagre, D. Fuas salva-se e as ferraduras das patas do cavalo ficam impressas na rocha. Em sinal de agradecimento, D. Fuas doa aquele território à Senhora de Nazaré e ali manda erguer uma ermida para guardar a sua imagem. Manuel de Brito Alão especifica mesmo que D. Fuas manda vir de Leiria e Porto de Mós oficiais para fazer "outra ermida maior" e desfazendo-se a primeira, "acharam metida entre as pedras do altar uma caixinha de marfim, e dentro, relíquias de São Bartolomeu e São Brás e outros santos, com um pergaminho em que se dava relação de como e em que tempo se trouxe ali a Imagem e relíquias" (ALÃO, 2001, p. 53). Para que a Imagem fosse vista de todas as partes, fazem a capela aberta, com quatro arcos, que depois se fecham devido ao dano causado pelas chuvas e tempestades. Atraídos pela fama do milagre, muitos peregrinos vêm até ao Sítio, nomeadamente D. Afonso Henriques e outros homens da corte. Apesar da tradição, o dia 14 de setembro, no qual terá ocorrido o milagre de D. Fuas e o voto de construção do primitivo templo, nunca foi comemorado como dia principal no calendário festivo do Santuário, mas antes o de 5 de agosto, que coincide com a deslocação ao Sítio dos homens da Confraria da Pederneira. A construção desta memória história do Santuário da Nazaré foi criada na primeira metade do séc. 17 e deve-se, em grande parte, ao cronista cisterciense Frei Bernardo de Brito e ao Pe. Manuel de Brito Alão, o primeiro administrador do Santuário nomeado pelo rei. Assenta, no entanto, em vários elementos falsos. De facto, o rei Rodrigo morreu durante a batalha de Guadalete, tendo sido acrescentado à lenda por Frei Bernardo de Brito. Frei Bernardo refere um documento do Mosteiro de Alcobaça, datado de 10 de dezembro de 1182, com doação do território do Santuário por D. Fuas Roupinho à Igreja de Santa Maria da Nazaré, em agradecimento do milagre, mas é um apócrifo, pois nunca ninguém viu o documento ou o cita. D. Fuas não aparece na documentação da época e, à data do milagre da Senhora e da produção do documento da doação, já tinha morrido. O documento cisterciense alarga a tradicional jurisdição de Roupinho, apresentando-o como governador de Porto de Mós e da terra de Albardos até Leiria e Torres Vedras, contudo, em 1180-1182 não existia um senhor com jurisdição sobre este vasto território. Aliás, no séc. 15, não havia relação entre o culto de Nossa Senhora da Nazaré e aquele capitão de D. Afonso Henriques, e o documento da doação à Igreja de Nossa Senhora da Nazaré só foi conhecido no séc. 16. O aparecimento da história do milagre do cavaleiro contribui ainda para a justificação do poder régio e da Confraria sobre o Santuário, já que, segundo a narrativa, D. Fuas dera à Igreja de Nossa Senhora da Nazaré, com autorização de D. Afonso Henriques, a posse do território que lhe estava próximo. Assim, este não pertencia nem aos coutos do mosteiro de Alcobaça, nem à jurisdição da Igreja da Pederneira. Com o desenvolvimento seiscentista do culto, a Coroa acentua o seu papel protetor sobre o Santuário, intervindo na sua administração, através do desembargador do paço, dos provedores da comarca de Leiria e dos administradores da Casa. Refira-se ainda que o dia 14 de setembro, no qual terá ocorrido o milagre de D. Fuas e o voto de construção do primitivo templo, nunca foi comemorado como dia principal, no calendário festivo do Santuário. A festa anual realiza-se a 5 de agosto, coincidindo com a deslocação ao Sítio dos homens da Confraria da Pederneira. *3 - A confraria administrava o património da Senhora, tentando afastar judicialmente o vigário e os beneficiados da Pederneira, sob a jurisdição do abade de Alcobaça. Entre 1530 e 1536, o Mosteiro ainda detém o privilégio de jurisdição e arrecadação das esmolas do Santuário. Em abril de 1569 as partes envolvidas acabam por fazer um contrato para ultrapassar as divergências que continuavam a existir "sobre as ofertas e ornamentos da Caza, peso e regimento e irmittão". Segundo o contrato, mediante certas condições, o vigário e beneficiados tornavam-se capelães da Casa da Senhora. A confraria não abdicou da sua autoridade sobre o Santuário e de proclamar a jurisdição régia. Em dezembro de 1637, na sequência de demandas movidas pelo vigário e beneficiados, o visitador Francisco Correia manda que as chaves do nicho e sacrário da Virgem não estivessem na mão e poder de leigos, mas se entregassem aos párocos e beneficiados da Pederneira, uma vez que a ermida é anexa e filial da Paroquial daquela vila. Mais tarde, a 4 fevereiro de 1642, por carta ao Mosteiro de Alcobaça, D. João IV confirma as fronteiras modernas dos coutos e restabelece a união das rendas da abadia, pelo que os monges "forão para tomar posse da vila da Pederneira, e a quiserão também tomar da Santa Ermida de Nazareth", no termo da vila. A abadia tentava assim apossar-se do padroado da Igreja da Senhora e do terreno envolvente do Santuário e do forte de São Miguel, pois os frades achavam que ao Abade competia o cargo de fronteiro-mor dos coutos. Em 1739 inicia-se uma outra série de conflitos entre a Abadia e a Confraria sobre os direitos de domínio onde se erguia o Santuário. Quando em 1744 os mordomos mandam fazer dois moinhos de vento para os romeiros terem pão, foi necessária a intervenção da rainha, devido às tentativas do Mosteiro de Alcobaça para os demolir. Posteriormente, em 1805, os frades de Alcobaça pretendiam ainda apossar-se dos pinhais da casa, ponde a questão em tribunal. *4 - Até esta data, o pequeno templo tinha uma nave, capela-mor e torre sineira, com portal axial virado ao mar. O investigador Pedro Penteado, considera provável que o projeto da reforma da igreja tenha sido iniciado pelo pai do arquiteto Luís de Frias, Teodósio de Frias, ainda no tempo do Pe. Manuel de Brito Alão (PEREGRINOS: p. 152). *5 - Segundo Pedro Penteado, nesta obra o Pe. Manuel de Brito Alão procura demonstrar as virtudes da Imagem e do Santuário da Senhora no Sítio, realçar a jurisdição régia sobre o mesmo e sobre o povoado envolvente, exercida pela Casa ou Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, fortalecer a memória do culto à Senhora e, por último, contribuir para o florescimento do Santuário. *6 - A imagem de Nossa Senhora da Nazaré, sob uma peanha dourada, com três serafins, possuía uma coroa de ouro, esmaltada e ornada de pérolas, envolta num manto azul, de flores de ouro, seguro por anjos dispostos lateralmente, e com uma gargantilha no pescoço. Diante da imagem, ainda no sacrário, existia uma cruz prateada com pedaços do Santo Lenho. *7 - A imagem ficava um pouco acima do altar, numa maquineta aberta lateralmente, e ricamente ornada com motivos relativos à história milagrosa da imagem Nazaré. Ao lado, tinha dois grandes anjos "com "ornucopias nas mãos, aonde continuamente ardião círios"; na cúpula da maquineta existiam quatro anjos pequenos, virados uns para os outros, segurando nas suas mãos uma coroa; no lugar onde estava a Senhora, havia ainda "quatro pequenos anjos de joelhos em attitude de reverencia, e louvor; e em cima no tecto da maquineta o Divino Espírito Santo em forma ... de Pomba". *8 - Quando, em finais do séc. 17, se construiu o transepto da igreja, o reitor Pe. António Caria encomendou, à firma holandesa Pedro Brukhuis & Cie, painéis de azulejos para revestir o espaço, tendo recebido, ainda em 1708, os desenhos e os planos dos painéis de azulejos para aprovação da Mesa Administrativa da Real Casa. Em outubro do ano seguinte, recebem-se os 6568 azulejos da autoria do pintor de azulejos holandês Williem Van der Klöet, com cenas da vida de José, de David e duas cenas da vida de Jonas. *9 - A ausência de lucro leva a que alguns comerciantes armassem as suas tendas, de madeira, cada vez mais próximo do templo, prejudicando o negócio das lojas fixas. Em 1744, a confraria solicita a intervenção do provedor para retirar os vendedores da área dos alpendres, mas só em 1747 o reitor Manuel Tavares e os mordomos conseguem resolver o problema. Para evitar a resistência dos comerciantes, os mesários chegam a solicitar ao vigário geral do Arcediago de Óbidos um edital de excomunhão para os transgressores. Em 1748 o desembargador do Paço manda aplicar aos infratores uma pena de 6$000. Em 1760, os ourives e outros vendedores são proibidos de venderem nos alpendres, transferindo-se as suas lojas para ouro local. A própria Confraria negociava a venda de medidas ou fitas de Nossa Senhora, que serviam como lembrança ou ainda como escapulário da Virgem, medalhas, missas, procurando deter, em alguns casos, o monopólio comercial destes bens e serviços. Por exemplo, em 1783, o Santuário vende medalhas a $100 cada, fornecidas pelo ourives de Lisboa António de Andrade. *10 - Ainda neste ano de 1750 as areias haviam invadido o pátio e todo o Sítio, ficando quase enterrado, fechando-se, por isso, duas portas da muralha. No ano seguinte, tapam-se quatro portas na muralha e inicia-se a plantação do Pinhal da Senhora, visto que a muralha não impedia a invasão das areias, e semeiam-se peniscos e outros arbustos nas costas da muralha. Em 1753 houve uma grande invasão de areia no Sítio, que cobriu as fontes, o pátio e a cisterna do reitor (no local do atual hospital), e dá-se a queda de parte da muralha, que foi reparada em janeiro e fevereiro de 1754, pelo mestre de serviço Manuel Silva Coelho, e com pedra vinda da pedreira. Na década de 1760, intensifica-se a sementeira do pinhal por detrás da muralha, é feita a tapada da Coutada, sob a direção de António Luís, da Ribeira do Sítio, proibindo o rei, a 21 de abril de 1767, o roubo ou danificação do pinhal e castigando-se os delinquentes. Ao longo das décadas de 1770, 1780 e 1790 continua a sementeira do pinhal, mas em alguns anos fizeram-se grandes desbastes no mesmo. *11 - O painel da capela-mor representa a antiga igreja com uma nave, capela-mor quadrangular e sacristia em eixo, tendo a fachada principal terminada em frontão polilobado, com três pequenos vãos no tímpano, e rasgada por portal de verga reta encimada por elementos volutados e óculo circular. Na fachada lateral esquerda apresenta galilé composta por seis vãos, cinco em arcos sobre colunas e um arquitravado encimado por elementos decorativos.

Autor e Data

Paula Noé 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

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