Palacete Fontalva

IPA.00015444
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António
 
Palacete eclético, de planta em U, de 4 pisos (um deles parcialmente interrompido e outro correspondente a sótão) separados por friso de cantaria, com 3 alçados, em reboco pintado, animados pela abertura de vãos, predominantemente de peito, com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Interior dominado por vestíbulo e caixa das escadas, não só enquanto principal espaço de aparato mas também de organização e distribuição da compartimentação interna, caracterizada por espaços rectangulares contíguos aos 4 alçados, aos quais se acede por meio de corredor de implantação em redor da caixa das escadas. O edifício articula-se, no alçado posterior, com pátio, e jardim em posição sobranceira.
Número IPA Antigo: PT031106460740
 
Registo visualizado 1699 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

De planta em U composta pela justaposição de 3 corpos de planta rectangular, apresenta volumetria paralelepipédica de imposição horizontal, sendo a cobertura efectuada por telhados diferenciados a 3 águas, perfurado por clarabóia e por janelas trapeiras. De 4 pisos (um deles parcialmente enterrado e outro ao nível da cobertura), embasamento revestido com placagem de cantaria e restante superfície murária em reboco pintado, abertura de vãos - de verga trilobada ao nível do piso térreo e em arco conopial, ao nível do andar nobre - com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a SO., rasgado, a eixo, por portal ladeado por janelas de peito, 4 de cada lado, precedidas de janelas rectangulares iluminantes. O conjunto, separado por friso de cantaria, é sobrepujado por 3 janelas de sacada centrais - servidas por varanda comum, de base em cantaria suportada por mísulas e guarda contracurvada, em ferro fundido - e janelas de peito, todas elas com emolduramento de cantaria com remate em flor de liz. No alçado lateral SE., composto por 2 panos de muro separados por pilastra de cantaria, um pano a S., correspondente ao corpo principal do edifício, com os dois pisos animados por janelas de peito de morfologia análoga às do alçado principal; no outro pano, correspondente ao corpo construído posteriormente, distinguem-se 2 portais de verga recta destacada e intradorso curvo encimados por 5 janelas de peito com avental comum em cantarias e ritmadas por pilares no mesmo material. Alçado posterior composto por 3 corpos, sendo o central em posição reentrante, relativamente aos que o delimitam. O edifício é superiormente rematado por cornija articulada com platibanda em muro, com os cunhais do corpo principal sobrepujados por vasos em cantaria. Articula-se com pátio e jardim, em posição sobranceira, ao qual se acede através de lanço recto de escada desenvolvido contiguamente a superfície murária que separa as duas entidades espaciais. INTERIOR: destaca-se como principal espaço de aparato, de distribuição e circulação interna o vestíbulo composto por 2 níveis articulados, entre si, por meio de lanços rectos de escadas divergentes com patamar de arranque, comum, podendo reconhecer-se uma 1ª zona, de planta quadrada e tecto plano e, uma 2ª área, num plano sobrelevado e separada por tripla arcada com remate trilobado, correspondente a caixa de escadaria de honra, de lanço recto inicial e patamar com troços divergentes, conducentes ao andar superior, iluminados por clarabóia. Com acesso a partir do vestíbulo, a cave, de reduzido pé-direito e paredes espessas, destinada a zona de serviços e refeitório e piso térreo desenvolvido ao nível da zona sobrelevada do vestíbulo. Registam-se andares com compartimentos distribuídos ao longo dos 4 alçados, directamente comunicantes entre si, e com corredores dispostos em circuito fechado, em redor da escadaria. Destacam-se os 3 compartimentos centrais, orientados para o alçado principal, separados por guarda-ventos envidraçados. Próximo da escada principal, uma escada de serviço, de lanços rectos opostos, que assegura a ligação entre todos os pisos.

Acessos

Rua da Escola Politécnica, n.º 100; Largo de São Mamede, n.º 1

Protecção

Incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) / Incluído na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente

Enquadramento

Urbano. Integra a frente edificada N. da Rua da Escola Politécnica, tornejando para o Largo de São Mamede, cujo lado O. fecha, na proximidade da Igreja de São Mamede (v. PT031106460739 ) e em posição fronteira ao Palácio Alagoas (v. PT031106460610).

Descrição Complementar

MOSAICO: capela do 1º andar) contígua ao alçado lateral SE., regista-se a presença de um painel em mosaico datado de 1999 e da autoria do artista espanhol Carracedo; PINTURA MURAL: presente a animar os tectos do vestíbulo e da caixa da escadaria; VITRAL: (capela do piso térreo) tríptico em vitral da autoria de Cruzeiro. (A Congregação possui um conjunto de pinturas sobre tela, de temática predominantemente religiosa, datáveis de diferentes momentos artísticos, designadamente do Gótico final, Renascimento e Maneirismo).

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: recolhimento feminino

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Porfírio Pardal Monteiro (1941).

Cronologia

1854, 4 Novembro - escritura de venda do terreno (onde posteriormente é edificado o palacete) pelo Dr. Francisco de Paula Castro e Lemos e suas irmãs D. Maria Bérbara de Castro e Lemos, D. Ana Fausta de Castro e Lemos e D. Antónia Silvéria de Castro e Lemos, ao comerciante António Lopes Ferreira dos Anjos, o qual procede seguidamente à aquisição de um outro terreno de que faziam parte duas propriedades de casas abarracadas na Rua da Fábrica das Sedas (18 Dezembro 1855) à Colegiada da Igreja de São Mamede por 2.600$00 e como contrapartida de obras na igreja; 1856, 7 Abril - António Lopes Ferreira dos Anjos adquire uma última parcela de terreno (confinante com as anteriormente compradas) a D. Catarina Street Rangel; 1863 - edificação do palácio pelo comerciante António Lopes Ferreira dos Anjos (irmão mais velho de Policarpo Ferreira dos Anjos, responsável pela edificação do palacete Anjos ao Príncipe Real; 1890 - um filho de António Lopes Ferreira dos Anjos, Alfredo Ferreira dos Anjos (1860 - 1926), o qual segue a carreira diplomática, é feito conde de Fontalva; 1896, 10 Agosto - Alfredo Ferreira dos Anjos torna-se único proprietário do palacete, por processo de partilhas amigável com sua irmã e cunhada, D. Guilhermina Anjos Jardim, casada com o Dr. Luís Pereira Jardim (Condes de Valença); 1926 - por falecimento do 1º conde o palacete passa para seu filho e herdeiro, o 2º conde de Fontalva, Alfredo Anjos (1889 - 1957); 1934, 16 Junho - o palacete é vendido pelos herdeiros dos condes de Fontalva a Luisa Andaluz, fundadora da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima, que aí instala a Sociedade Promotora de Institutos Sociais; 1941- projecto do arquitecto Porfirio Pardal Monteiro para anexos e jardim de inverno na zona tardoz do edifício; 1973, 20 Agosto - falecimento de Luisa Andaluz no palacete.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos.

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Livro XI, Lisboa, s.d. ; Ornaverunt Lampades no Jubileu Patriarcal e Cardinalício de D. Manuel Gonçalves Cerejeira. As Servas de Nossa Senhora de Fátima, Lisboa, 1955 ; FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Vol. I, Lisboa, 1966 ; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do Terramoto. Subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1967 ; FRANÇA, José-Augusto, (dir. de), A Sétima Colina. Roteiro Histórico e Artístico, Lisboa, 1994 ; CONSIGLIERI, Carlos, RIBEIRO, Filomena, VARGAS, José M., ABEL, Marília, Pelas Freguesias de Lisboa. De Campo de Ourique à Avenida, Lisboa, 1995 ; FRANÇA, José-Augusto, Monte Olivete Minha Aldeia, Lisboa, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/Arquivo Pessoal de Porfírio Pardal Monteiro PPM NT2 UAC43; CML: Arquivo de Obras

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Procº nº 26.688

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1877 - abertura de janela no portão fingido junto ao adro da igreja de São Mamede; 1928 - obras de conservação e beneficiação geral; 1933 - obras de conservação e beneficiação geral; 1934 - obras de conservação e beneficiação geral; 1935 - obras de conservação e beneficiação geral; 1937 - obras de conservação e beneficiação geral; 1942 - obras de conservação e beneficiação geral; 1943 - construção de escada em betão de acesso ao 1º andar e alterações na escada de acesso ao 2º; 1944 - alterações interiores; 1950 - obras de beneficiação exterior; 1954 - alargamento de duas portas dando para o Largo de São Mamede; 1966 - obras de conservação e beneficiação geral ; 1973 - obras de conservação e beneficiação geral ; 1985 - obras de conservação e beneficiação geral ; 1989 - obras de conservação e beneficiação geral ; 1995 - obras de conservação e beneficiação geral; 1996 - obras de conservação e beneficiação geral (pintura de paramentos e limpeza de cantarias); 1998 - legalização de uma obra realizada clandestinamente (construção de pavilhão anexo no quintal); 2001 / 2002 - obras de beneficiação exterior (arranjo das caixilharias das janelas) e interior (obras em alguns paramentos, primitivamente em tabique, entretanto, apodrecidos).

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2002 / Luísa Castro-Caldas 2006

Actualização

 
 
 
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