Edifício na Avenida dos Aliados, n.º 156 a 162

IPA.00015600
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitectura civil, oitocentista/neoclássica. Edifício resultante de uma construção oitocentista de lote rectangular alongado ao qual é adossada uma construção de frente neoclássica. A planta apresenta uma escadaria central de dois lanços, com patamares a intercalar e bomba central sucessivamente mais larga piso a piso e iluminada por clarabóia. As traseiras mantêm claramente o alçado pré-existente, típico das construções oitocentistas portuenses, ou seja com um volume a toda a altura com pequenas frestas, onde rematam varandas corridas engradadas, apoiadas em cachorros de granito. O acrescento de frente neoclássica em cantaria, integrada e dissimulada numa frente de três edifícios é marcada por uma grande verticalidade das pilastras e das janelas rectangulares alongadas que se elevam e repetem a partir do 2º piso até à "loggia" do 5ºpiso. O remate em mansarda corrida com lucarnas e uma cúpula referenciam esta arquitectura a construções urbanas parisienses.
Número IPA Antigo: PT011312120227
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial multifamiliar  Edifício  Edifício residencial e comercial  

Descrição

Edifício de duas frentes de planta longitudinal alongada com logradouro de grande profundidade. Volume simples com piso amansardado e com cobertura em telhado diferenciadas, com grande clarabóia de duas águas em ferro e vidro. Seis pisos sendo um deles amansardado para a Av. e quatro pisos para o logradouro. A fachada principal, orientada a O. em cantaria lavrada é marcada no primeiro piso por vãos de arco pleno ou abatido a servir de portas. No segundo piso, em toda a extensão sobre varanda corrida com balaustrada erguem-se pilastras com caneluras até ao 4º piso entre as quais se inserem esguias janelas, com almofadas nos parapeitos. O quinto piso, com uma cornija saliente na transição de pavimentos integra vãos alinhados com os anteriores sugerindo uma loggia. Remata o edifício mansarda revestida a ardósia, com duas janelas tipo lucarnas, adossada à cúpula que marca a escadaria de acesso ao conjunto. No embasamento do prédio e na parte inferior da varanda corrida elementos como grinaldas, cartelas e folhagens decoram a fachada. A fachada posterior rebocada e com marquises de alumínio apresenta , um volume saliente a toda a altura com pequenas frestas, onde rematam varandas corridas apoiadas em cachorros. Cornija contínua com caleira saliente encima a superfície. Dois vãos alinhados e emoldurados repetem-se nos quatro pisos. No INTERIOR, uma escadaria de tiro com patamares serve dois edifícios. A partir do hall de chegada da escadaria abre-se uma porta onde se localiza uma escadaria de dois lanços intercalada por patamares e com bomba central iluminada por clarabóia. Esta escadaria separa os espaços frente e traseiras até ao quarto piso. No quinto piso a escadaria fechada de uma forma precária fica interiorizada numa habitação. Todos os espaços, são extremamente simples, paredes estucadas e soalho nos pavimentos, sem qualquer requinte formal. Apenas a sala voltada para a Av. na penúltima habitação apresenta alguma decoração no tecto estucado.

Acessos

Avenida dos Aliados, n.º 156, 158 e 162

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Conjunto da Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e Praça do General Humberto Delgado (v. PT011312120287)

Enquadramento

Urbano, flanqueado, fazendo parte do quarteirão limitado a O. pela Avenida dos Aliados, a S. pela Rua do Dr. Magalhães Lemos, a N. pela Rua de Rodrigues Sampaio e a E. pela Rua do Bonjardim e Praça D. João I. A fachada principal, voltada à Avenida dos Aliados, integra-se numa frente de três lotes com fachadas idênticas. A S. adossa-se ao edifício do Jornal de Notícias, *1. Na parte posterior, apresenta um extenso logradouro ocupado por um edifício de cobertura de fibrocimento, a servir de armazém, e um pequeno anexo com telhado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: edifício

Utilização Actual

Residencial: edifício / Comercial: loja / Serviços: seguradora / Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: José Marques da Silva. ENGENHEIROS: Serafim Rainho Álvares Barbosa. Manuel Pereira de Sã (construção).

Cronologia

1889 - É apresentado o "Projecto de embelezamento da cidade do Porto para servir a edificação dos novos Paços do Concelho" pelo Engenheiro Carlos de Pezerat; 1914 - proposta de Elísio de Melo para a construção da Avenida dos Aliados; 1915 - é aprovada a proposta de Elísio de Melo e retoma-se o estudo do Engenheiro Carlos Pezerat; Barry Parker, arquitecto inglês, apresenta o projecto da Avenida da Cidade, "Centro Cívico do Porto", integrando três áreas diferentes: Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e Praça do Município; 1916 - início das obras da Avenida; 1925 - a Comissão de Estética, através de carta do Arquitecto Correia da Silva, pede para trocar impressões com Marques da Silva sobre os prédios que ficam integrados entre o n.º112 e o n.º 136 da Zona VI da Avenida; Marques da Silva elabora o primeiro estudo prévio do Edifício do Jornal de Notícias; 1926, Março - elaboração, pelo Arquitecto Marques da Silva, do "Projecto de ampliação do prédio com os n.º 124 a 136 da antiga Rua Elias Garcia e seu avanço à Avenida das Nações Aliadas, pertencente a Júlio Duarte de Souza" *3; 1926, Abril - Marques da Silva apresenta um segundo estudo, semelhante ao anterior; 1927 - aprovação do Projecto pela Câmara Municipal; construção do edifício; 1993, 28 Setembro - é determinada, pelo Presidente do IPPAR, a abertura do processo de classificação do Conjunto da Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e Praça General Humberto Delgado; 1994, 16 Novembro - é publicado o edital n.º 10/94 da CMP relativa à abertura do processo de classificação.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes de alvenaria de granito rebocadas no interior e exterior; Cobertura em telha cerâmica apoiada em estrutura de madeira; Caixilharias em madeira pintada; Tectos em estuque e/ou madeira pintados; Pavimentos em soalho de madeira; escadaria principal em madeira; Grades em ferro pintado.

Bibliografia

Porto a Património Mundial, CMP, Porto, 1993; Jornal Público, Ed. 16.11.1994; CARDOSO, António, O Arquitecto José Marques da Silva e a arquitectura no Norte do País na primeira metade do séc. 20, Porto, 1997; CARVALHO, João, Misericórdia do Porto, Cinco séculos a fazer o bem, in O Tripeiro, 7ª série, Ano XVIII, n.º 12, Dezembro, Porto, 1999; FREITAS, Eugénio de Andrea da Cunha Freitas, A antiga sede da Misericórdia, in O Tripeiro, 7ª série, Ano XVIII, nº12, Dezembro, Porto, 1999.

Documentação Gráfica

SCMP: AH; CMP: AHMP, Livro de Plantas de Casas 478, fl. 272, licença 937/27

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

SCMP: AH; CMP: AHMP, Livro de Plantas de Casas, fl. 272, licença 937/27

Intervenção Realizada

SCMP: 1994 - Introdução de uma porta a separar a caixa de escadas do edifício do acesso ao prédio; 1997 - intervenção no 4º piso com pintura de paredes, envernizamento de soalhos das salas e quartos;1998 - envernizamento do pavimento da caixa de escadas; substituição das canalizações do abastecimento de água à habitação do 4º piso.

Observações

A Santa Casa da Misericórdia do Porto é a segunda instituição portuense com maior número de prédios urbanos, sendo a primeira a Câmara Municipal do Porto. A acção da Santa Casa é sustentada fundamentalmente pelos rendimentos destes prédios. *1 - da autoria do Arquitecto Marques da Silva; *2 - estabelece ligação com o lote vizinho, tendo sido pedida autorização para a execução dessa abertura junto à fachada principal; *3 Na Memória descritiva deste projecto pode ler-se: "Está agrupado esse prédio na Zona VI em que a Ex.ma Câmara dividiu os prédios da Rua Elias Garcia no seu avanço para a Avenida. Por tal motivo a fachada de conjunto da zona compreende não só a edificação referente a esta memória como as dos prédios contíguos de nº 122 a 111. As plantas do rés-do-chão e dos 1º, 2º, 3º, 4º e 5º andares que esta edificação constitui três prédios distintos, conquanto dois deles tenham entrada comum".

Autor e Data

Isabel Sereno 2000

Actualização

 
 
 
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