Estação Arqueológica do Rumansil I

IPA.00016482
Portugal, Guarda, Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Numão
 
Villa Rústica constituída por edifícios de arquitectura civil e infra-estruturas agro-industriais romanos.
Número IPA Antigo: PT010914090216
 
Registo visualizado 1982 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Villa    

Descrição

A estação é interpretada pelo seu investigador (A. N. Sá Coixão) como "Villa rústica" ou "complexo industrial". É composta por dois edifícios definidos por um conjunto de muros em aparelho de granito, assentes em valas escavadas no afloramento granítico. O edifício de maiores dimensões orientado N./S. apresenta planta rectangular e terá funcionado como zona de celeiros e moagens, provável cavalariça, lagar de vinho, armazém de vinhos, oficina de canteiro e oficina de metalurgia, tendo em conta os materiais aí recolhidos. Situado mais a O., encontra-se o edifício de menores dimensões, de planta quadrangular, interpretado como zona de habitação. Aqui terá funcionado um forno de fundição de metais, a cozinha, possivelmente dois quartos, e uma zona ampla de serviços. Entre os dois edifícios, terá existido um alpendre que fazia a ligação entre ambos. A sul do edifício rectangular encontram-se dois fornos*1 de planta Circular, muros em aparelho de granito e compostos por dois registos. No primeiro registo situava-se a câmara de combustão*2 e no segundo a câmara de cozedura. A divisão das câmaras é feita através de uma grelha de lajetas de granito, rectangulares, dispostas em raio e assentes em coluna de granito, também circular, apoiada no centro do primeiro registo. Ambos apresentam abertura voltada para E., e as suas dimensões são diferentes. De acordo com os vestígios aí encontrados, um (o maior) servia para cozer peças de grandes dimensões como as dolia e o outro (menor) para cozer peças menores. A "Villa" era circundada por muro defensivo de blocos de granito*3.

Acessos

O acesso é feito a partir da Vendada, pelo denominado caminho de Seixas que liga Seixas, Freixo e Touca. No fim do planalto antes de iniciar a subida para Seixas, no cruzamento de caminhos, vira-se à direita para o caminho do Rumansil. Tem sinalização

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, localiza-se dentro do termo da freguesia de Murça e está implantado em zona de afloramentos graníticos, num planalto de meia encosta virado a nascente. Possui uma localização privilegiada pela sua envolvência paisagística, de grande beleza, rodeada por plantações de vinhas, amendoeiras, oliveiras, mato bravo e uma extensa mancha de zimbros, que vão conferindo à paisagem uma exuberante e variada paleta de cores, nas diferentes estações do ano.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: villa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Época romana

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 03 - construção da "Villa Rústica"; Idade Média - análises de C14 datam duas ocupações, ténues e temporárias, no séc. 09 e 12, possivelmente abrigos de pastores ou outros*4; 1984 / 1986 - prospecção e inicio da primeira fase dos trabalhos arqueológicos; 1992 / 1995 - 2002/ 2004 - continuação dos trabalhos arqueológicos e acções de restauro e valorização do Sítio.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito, argila, cerâmica, metais, ossos, sementes.

Bibliografia

COIXÃO, António do Nascimento Sá - Carta Arqueológica do Concelho de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2000; COIXÃO, António do Nascimento Sá - O Circuito Arqueológico de Freixo de Numão, Guia do Visitante, Ed. A.C.D.R. de Freixo de Numão, 2005.

Documentação Gráfica

A.C.D.R. de Freixo de Numão

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; A.C.D.R. de Freixo de Numão

Documentação Administrativa

A.C.D.R. de Freixo de Numão

Intervenção Realizada

1995 - Acção de restauro e valorização do Sítio (co-financiado pelo FEDER -PRONORTE)

Observações

Sítio descoberto e escavado pelo Arqueólogo António N. Sá Coixão. O espólio reunido nas várias escavações, é constituído maioritariamente por fragmentos de cerâmica, materiais de chumbo e ferro, grande quantidade de numismas da 2ª metade do século III d.C., uma estatueta de porco, um fragmento de mão e punho e uma estátua de figura humana. *1 - Foram encontrados alguns pesos de tear em barro, ainda não cozido no interior do forno pequeno. *2 - Foram recolhidas grainhas de uva carbonizadas e amostras de urze utilizadas no aquecimento dos fornos. *3 - Segundo o arqueólogo responsável (Sá Coixão) esta muralha "poderá indicar um certo objectivo defensivo, mais pela prevenção de investidas de animais selvagens do que das pessoas". *4 - Estes vestígios foram recolhidos fora das estruturas romanas, não tendo estas, sofrido violações anteriores. Foi também descoberto e inventariado na Carta Arqueológica do Concelho de Vila Nova de Foz Côa, a cerca de 200 metros deste local, para Sul, outro Sítio designado por Rumansil II, onde foram encontrados restos de estruturas e grande quantidade de materiais de construção do período de ocupação Romana, certamente com ligação ao Rumansil I. Segundo o arqueólogo (Sá Coixão), poderia tratar-se de uma "área habitacional onde o senhor e os artífices e artesãos tinham os seus aposentos". Facto que nunca se saberá, porque este Sitio foi destruído para plantio de vinha e destruídos praticamente todos os vestígios arqueológicos.

Autor e Data

Ana Filipe 2007

Actualização

 
 
 
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