Igreja Paroquial de Salvador / Igreja de Nossa Senhora da Oliveira

IPA.00016732
Portugal, Castelo Branco, Penamacor, Salvador
 
Arquitetura religiosa, tardo-barroca e do séc. 20. Igreja paroquial de planta retangular composta por nave e capela-mor mais estreita, com coberturas interiores diferenciadas de dois panos em betão na nave e de madeira em masseira na capela-mor, iluminada unilateralmente por janelas retilíneas rasgadas na fachada lateral direita, tendo sacristia adossada no lado oposto. Fachada principal rematada em empena, rasgada por vãos em eixo composto por portal e janela, ambos retilíneos e emoldurados, tendo, no lado direito, o arranque da torre sineira quadrangular, de dois registos, os superiores com ventanas de volta perfeita. Fachadas com cunhais perpianhos. Interior com coro-alto convexo, assente em pilares comportando as pias de água benta, pia batismal junto ao volume da torre e púlpito quadrangular com acesso por escadas no lado direito e guarda plena em talha barroca. Arco triunfal de volta perfeita, flanqueado por retábulos colaterais em ângulo de talha policromada tardo-barroca, de planta reta e três eixos, tendência que se repete no retábulo-mor, sobre supedâneo de degraus centrais.
Número IPA Antigo: PT020507110073
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular composta por nave única, capela-mor mais estreita, com cobertura homogénea em telhado de duas águas rematadas em beiradas simples e sacristia adossada à fachada lateral esquerda, tendo sineira com cobertura em coruchéu cónico. Fachadas em alvenaria de granito aparente, com as juntas preenchidas a argamassa de cimento, flanqueadas por cunhais perpianhos, exceto na principal com pilastras em cantaria, de aparelho isódomo, rematadas por friso de betão, exceto na principal, em friso e cornija, tendo, no lado esquerdo, pináculo piramidal sobre o cunhal. Fachada principal virada a O., com soco de cantaria e rematada em empena elevada relativamente à cornija, com cruz latina no vértice, sendo rasgada por portal de verga reta encimado por janela retilínea, ambos com molduras em cantaria, a do portal mais larga na zona inferior e formando um ressalto no topo, criando uma falsa pedra de fecho, com a data "1891". No lado direito, um relógio, sobre lápide de mármore. Sobre a empena direita, alteada para permitir o arranque exterior da torre sineira de três registos separados por cornija salientes, o inferior cego, o intermédio rasgado por ventanas em arco de volta perfeita com moldura de cantaria, surgindo, sobre a cornija, pináculos piramidais nos ângulos; o terceiro registo, mais estreito, é rasgado por quatro ventanas de volta perfeita, rematando em pináculos nos ângulos. A fachada lateral esquerda tem, no corpo da sacristia, porta de verga reta emoldurada a cantaria e rematada por pequena cornija na face O.; remata em meia empena, com cruz latina no vértice. Fachada lateral direita rasgada, no centro da nave, por porta de verga reta, encimada por janela retilínea, ambas emolduradas, surgindo uma segunda janela na capela-mor com o mesmo perfil da anterior; as janelas são protegidas por vidro martelado branco e amarelo. Fachada posterior cega, rematada em empena com cruz latina no vértice, tendo adossado o corpo da sacristia, rebocado e pintado de branco, em meia empena e rasgado por duas janelas retilíneas, uma em cada piso, a inferior jacente. INTERIOR rebocado e pintado de branco, percorrido por lambril de placas em cantaria de granito, com cobertura de betão, em quatro panos, assente em friso do mesmo material e com tirantes de ferro, tendo a representação pictórica de Nossa Senhora da Conceição, sustentado o Menino Salvador do Mundo, e pavimento em tijoleira com corredor central em lajeado de granito. Coro-alto em betão, com a zona central convexa, tendo guarda metálica pintada de preto, assente em dois pilares facetados de granito, comportando as pias de água benta, em lóbulos nos vértices, sendo visível, no lado da Epístola, o volume da torre, em alvenaria de granito tendo as juntas pintadas de branco, com acesso por porta de verga reta a partir do coro-alto. Tem acesso por escadas de dois lanços no lado do Evangelho, com guarda metálica, tendo, na zona inferior pequena dependência para arrumos com porta de verga reta. Numa das faces da sineira, nicho retangular, contendo pia batismal em cantaria, composta por pequeno pedestal circular e taça hemisférica bipartida. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular com bacia de cantaria, assente em consola, com guarda plena de talha policroma com pilastras nos ângulos e acantos e querubins nos apainelados; o acesso processa-se por escadas em cantaria no lado direito. O arco triunfal é de volta perfeita, assente em impostas salientes e com juntas pintadas de branco, flanqueado pelas capelas retabulares colaterais, dispostas em ângulo, dedicadas a Nossa Senhora (Evangelho) e ao Sagrado Coração de Jesus (Epístola). Um degrau acede à capela-mor com cobertura de madeira pintada a azul celeste, em masseira e com tirante metálico, percorrida por azulejo de padrão policromo, formando silhar. Sobre supedâneo de cantaria, com degraus centrais, o retábulo-mor de talha pintada de branco e azul, com apontamentos dourados, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas com o terço inferior marcado e capitéis coríntios, assentes em altos plintos paralelepipédicos. Ao centro, ampla tribuna em arco de volta perfeita com trono expositivo, facetado e de quatro degraus, tendo o fundo pintado com drapeados fingidos abertos em boca de cena. Os eixos laterais têm mísulas com imaginária, sublinhadas por festão. A estrutura remata em frontão triangular na zona central, ladeado por fragmentos de frontão e por quatro pilastras que sustentam, nas exteriores, anjos com palmas e vasos com flores, que enquadram espaldar recortado com rosetão central. Altar em forma de urna, com frontal decorado com elementos vegetalistas, encimado por sacrário embutido, tendo a porta decorada por cálice e hóstia, e encimado por sanefa e cruz latina. A ladear o retábulo-mor, foram acrescentados mais dois eixos em talha com mísulas, sobre apainelados e remates em friso e cornija. Em frente, a mesa de altar, em granito. No lado do Evangelho, porta de verga reta de acesso à sacristia, com moldura de cantaria e remate em cornija. A dependência é rebocada e pintada de branco, com teto plano em estuque e pavimento em lajeado de granito, possuindo armário de madeira. Sala de exposições e capela mortuária com pavimento cerâmico.

Acessos

Largo Reverendo Padre António Pinto da Silva e Rua Direita; fachada lateral direita virada à Rua Professor Manuel Vicente Moreira e a posterior ao Beco da Igreja

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, abrindo as fachadas principal e lateral esquerda para pequeno largo pavimentado a paralelepípedos, o último possuindo algumas árvores de porte médio e pontuado por bancos de betão, alguns adossados ao muro do imóvel. As demais fachadas confinam com arruamentos muito estreitos, onde se erguem casas de habitação plurifamiliares, maioritariamente de dois e três pisos. À fachada lateral esquerda, adossa-se a moderna capela mortuária, incaracterística, composta por dois corpos, o principal em ressalto, em cantaria de granito rebocada e pintada de branco, tendo alguns elementos sublinhados a placas de granito, ambos rasgados por portas de verga reta, encimados por janelas, no corpo principal em amplo arco de volta perfeita, e no lateral circular; o primeiro possui o portal ladeado por janelas retilíneas. Lateralmente tem adossada fonte de espaldar em cantaria, efetuada pela Junta de Freguesia, tendo painel de azulejo com cena de género, duas bicas e tanque retangular.

Descrição Complementar

No batistério, TOCHEIRO de talha dourada e pintada de azul, do tipo balaústre. O RETÁBULO COLATERAL DO EVANGELHO é de talha pintada de bege e azul, com apontamentos dourados, de planta reta e três eixos, definidos por duas colunas de fuste liso, com o terço inferior marcado e capitéis coríntios, estando assentes em altos plintos paralelepipédicos, tendo, nos extremos, pilastras com os fustes lisos. Ao centro, nicho trilobulado tendo, no fundo, pintados drapeados fingidos a abrir em boca de cena, surgindo, sobre plinto, a imagem do orago. Os eixos laterais possuem mísulas com imaginária, tendo, superiormente, elemento de talha dourada fitomórfico. A estrutura remata em espaldar recortado com painel ovalado e elementos vegetalistas vazados. Altar em forma de urna com decoração vegetalista no frontal, surgindo, sob o nicho, sacrário embutido, tendo, na porta, cálice e hóstia. O RETÁBULO COLATERAL DA EPÍSTOLA é de talha pintada de bege e azul, com apontamentos dourados, de planta reta e três eixos, definidos por duas colunas de fuste liso, com o terço inferior marcado por elemento fitomórfico e capitéis coríntios, estando assentes em consolas, tendo, nos extremos, pilastras com os fustes lisos, o terço inferior marcado por elemento fitomórfico sobre o qual surgem os capitéis coríntios. Ao centro, nicho de volta perfeita, tendo, no fundo, drapeados fingidos a abrir em boca de cena pintados, surgindo, sobre plinto, a imagem do orago. Nos eixos laterais, mísulas encimadas por baldaquinos em forma de coroa, com drapeados abertos em boca de cena. A estrutura remata em frontão interrompido, de onde evolui espaldar curvo, encimado por cornija e elementos fitomórficos vazados. Altar em forma de urna com decoração vegetalista no frontal. Na fachada principal, lápide de mármore, com as letras incisas e avivadas a dourado, com a seguinte inscrição: "JOSÉ MANTEIGAS RAPOSO / OFERECEU EM 23 - 5- 1923 / JOSÉ MANTEIGAS RAPOSO "ZECA" / ESPOSA E FILHOS / OFERECERAM EM 2 - 9 - 1984". Sobre a porta travessa, no interior, placa metálica com a inscrição incisa: "Homenagem da população da freguesia de Salvador ao / Reverendo Padre António Pinto da Silva pelos bons serviços / prestados à Freguesia / Pelo Povo / O Sr. Presidente da Junta / Joaquim José Justino / Salvador, 30 de Agosto de 2002". Lápide no interior: "2002 - homenagem da população da freguesia ao Reverendo Padre António Pinto da Silva pelos bons serviços prestados à freguesia. Pelo Povo. O Sr. Presidente da Junta Joaquim José Justino". Capela mortuária com lápide com a inscrição: "Homenagem à Família Cruz Monteiro pela oferta deste espaço". Junto à porta, outra inscrição: "Esta casa foi constituída pelo povo de Salvador em 1992" e outra "Projecto financiado pelo Programa LEADER / Adraces".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 30 libras; integra o arciprestado do Monsanto, o termo de Monsanto e o bispado da Guarda; em data desconhecida, passa a ser priorado da Casa de Belmonte; 1621 - primeiro assento de casamento; 1622 - primeiros assentos de batismo e óbito; 1707 - o arciprestado de Penamacor integra 21 igrejas, as das freguesias do concelho e as de Sortelha, Malcata, Santo Estêvão e Casteleiro; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere-a como sendo um priorado apresentado pela Casa de Belmonte; a freguesia tem 36 vizinhos; 1758 - referida nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo cura Luís Geraldes Freire, como sendo uma freguesia com 28 vizinhos, no termo do Monsanto e pertencente à Casa de Belmonte; a igreja está na povoação, com três altares, o mor, o de Nossa Senhora do Rosário e o de Santa Sofia, sendo o cura apresentado pelo prior da Aldeia de João Pires, com a côngrua de 15$000; 1770 - pertence à diocese de Castelo Branco; séc. 18, finais - tem ascendente sobre a paróquia da Aldeia de João Pires, cujo pároco é apresentado pelo de Salvador, mas, por ordem do visitador e devido ao estado de ruína do imóvel, a imagem do orago é transferida para Aldeia de João Pires, a cuja paróquia fica anexa; 1801, 12 março - ordem do bispo de Castelo Branco para que fossem entregues todos as alfaias e objetos de prata das igrejas, confrarias, capelas e altares; 1848 - pela extinção do concelho do Monsanto, a freguesia passa a integrar a de Penamacor; 1881 - com a extinção da diocese de Castelo Branco passa a integrar a da Guarda; 1891 - data no portal axial; 1992 - construção da capela funerária, em terreno oferecido pela família Cruz Monteiro; obras na igreja, financiadas pelo programa LEADER / Adraces; 2002 - homenagem da população ao pároco António Pinto da Silva, com colocação de lápides no interior do imóvel.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito; modinaturas, cunhais, pináculos, cornija, friso, sineira, escadas em cantaria de granito, corredor central da nave e pavimento da capela-mor, pia baptismal e colunas do coro-alto em cantaria de granito; coro-alto, coberturas e salas anexas em betão; pavimento em ladrilho cerâmico; interior percorrido por azulejo industrial; guarda do coro-alto em ferro; guarda do púlpito, retábulos, coberturas em madeira; janelas com vidro martelado e colorido; telha na cobertura exterior.

Bibliografia

COSTA, P. António Carvalho da - Corografia Portugueza... 2.ª ed. Braga: Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, tomo II; Dicionário enciclopédico das freguesias. Matosinhos: Minhaterra, 1998, p. 216 Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais. Lisboa: Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Dezembro de 1993; LANDEIRO, José Manuel - O arciprestado de Penamacor. Vila Nova de Famalicão: s.n., 1940.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, 1758

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1992 - remodelação do imóvel, com reforma de pinturas, coberturas, restauro dos retábulos, feitura de um novo coro-alto e respetiva guarda; construção da capela mortuária no lado esquerdo.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2004

Actualização

 
 
 
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