Liceu de Beja / Escola Secundária Diogo de Gouveia

IPA.00016815
Portugal, Beja, Beja, União das freguesias de Beja (Santiago Maior e São João Baptista)
 
Arquitectura educativa, modernista. Liceu caracterizado pelos volumes geométricos articulados, com coberturas em terraço, estrutura de betão armado, ausência de elementos decorativos e valorização da inscrição da entrada e do relógio, elementos paradigmáticos da arquitectura modernista. Volumetria semelhante à do Liceu São João de Deus de Faro (v. PT050805050132) e do Liceu Jaime Moniz do Funchal (v. PT062203040075). Trata-se de um dos poucos edifícios claramente modernistas construídos em Portugal, destacando-se também por ter sido abundantemente citado pelos detractores desta corrente, que defendiam uma linguagem mais tradicionalista que viria a dominar durante o Estado Novo. No local existiu, descoberta por escavações arqueológicas, uma das maiores necrópoles islâmicas da Península Ibérica.
Número IPA Antigo: PT040205150078
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Escola  Liceu  Tipo moderno

Descrição

Planta em U, irregular, composta por um corpo central rectangular a que se adossam dois braços, o da esquerda rectangular e o da direita composto por um corredor de ligação, ginásio rectangular e piscina ladeada por balneários e sala de estudos; entre os dois braços integra-se um recreio coberto, quadrado. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em terraços. Fachada principal a N. de um só pano rebocado e pintado a ocre claro, rematado por platibanda; porta principal de verga recta, envidraçada, com caixilharia de ferro, recuada relativamente ao pano de parede devido ao encurvamento dos troço inferiores deste, onde se rasgam janelas e encimada por pala pouco saliente, sobrepujada por volume ligeiramente destacado e que se eleva acima da platibanda, com um só pano definido por cunhais côncavos, rasgado ao centro por uma janela, ao nível do primeiro andar, encimada pela inscrição " LICEU / NACIONAL / DE DIOGO / DE GOUVEIA " em argamassa relevada; à direita uma janela ao nível térreo e duas ao nível superior; à esquerda rasgam-se dez janelas ao nível térreo e onze ao nível superior, ligadas por peitoril e verga contínua e separadas por pilares interrompidos por duas barras de tijoleira que prolongam o desenho dos caixilhos; à esquerda destaca-se um pano cego rematado por platibanda de onde se destaca ao nível do primeiro andar um mostrador de relógio quadrado, de argamassa, com numeração árabe. Fachada E. dividida em cinco panos por pilastras estilizadas de argamassa, sendo o segundo e o quarto panos mais estreitos; remate em platibanda; ao nível da cave rasgam-se, no primeiro pano, seis janelas unificadas por verga e peitoril contínuos e separadas por pilares interrompidos por uma barra de tijoleira; no segundo pano rasga-se uma janela e no terceiro catorze janelas unificadas por peitoril e verga contínuos; segue-se um volume destacado, de um só pano rematado superiormente por gradeamento de ferro, rasgado por cinco janelas; ao nível do rés-do-chão andar rasgam-se no primeiro pano seis janelas, unificadas por verga e peitoril contínuos, separadas por pilares interrompidos por duas barras de tijoleira; no segundo pano rasga-se um janelão que se prolonga para o piso superior; no terceiro pano rasgam-se catorze janelas unificadas por verga e peitoril contínuos e separadas por pilares interrompidos por duas barras de tijoleira; o quarto pano é rasgado por janelão que se prolonga para o piso superior e o quinto pano repete o esquema do primeiro pano; ao nível do primeiro andar repete-se o esquema do rés-do-chão. Fachada S. tendo ao centro o recreio coberto, de cinco panos separados por pilares e rematado superiormente por platibanda; cada pano é rasgado superiormente por janela alta e conserva na base o gradeamento de ferro original, anterior ao encerramento do espaço; no segundo pano rasga-se uma porta que conduz a uma escadas de dois lanços divergentes; à direita destaca-se o topo do corpo das salas de aulas, cego e à esquerda a piscina, destacada, com um só pano rematado superiormente por platibanda perfurada por três gárgulas de cantaria e rasgada ao nível térreo por três janelas ligadas por uma verga contínua; à direita, ligeiramente recuado, o corpo dos balneários, de pano único rematado por platibanda e rasgado por porta ao nível térreo; à esquerda, também recuada, a sala de estudos, de um só pano rematado superiormente por platibanda perfurada por uma gárgula de cantaria e rasgado por uma porta térrea ladeada por janelas. Fachada O. com o topo do corpo central, de um só pano, rasgado ao centro por uma porta ladeada por janelas ao nível térreo e por três janelas separadas por pilares e unificadas por vergas e peitoril contínuos, ao nível do primeiro andar; à direita um pano recuado rasgado por uma janela em cada piso, seguido por um pano mais destacado rasgado apenas por uma janela a nível do r/c; segue-se um pano recuado e de apenas um piso, rasgado por uma porta; à direita segue-se um pano rematado por platibanda, rasgado ao nível do r/c por quatro janelas separadas por pilares e unificadas por verga e peitoril contínuo; ao nível da cave rasga-se uma galeria; segue-se uma caixa de escadas, destacada e ligeiramente mais alta, com um só pano rematado por platibanda e rasgada por janelão; segue-se outro pano recuado e ligeiramente mais baixo, rasgado ao nível do r/c por quatro janelas separadas por pilares e ligadas por verga e peitoril contínuos; ao nível da cave abre-se uma galeria exterior coberta; em segundo plano eleva-se sobre os três panos anteriores um pano rematado por platibanda e rasgado por cinco frestas horizontais unidas por verga e peitoril contínuos, a que se adossa, à esquerda, um depósito de água cúbico elevado sobre quatro pilares; à direita adossa-se a caixa de palco do ginásio rasgada por duas janelas; à direita adossa-se, em destaque um pano rematado por platibanda e rasgada por quatro janelas, ao nível do primeiro andar, unidas por verga e lintel contínuo, e por duas janelas ao nível da cave, acima da cobertura, em plano recuado eleva-se o volume da piscina, de um só pano cego. INTERIOR: dividido em três pisos, tendo no r/c vestíbulo rectangular com cada uma das paredes dividida em três panos por pilastras de cantaria; a parede N. é rasgada em todo o pano central pela porta principal de quatro folhas envidraçadas, com caixilharia de ferro forjado e os panos laterais, curvos, são rasgados por janelas; a parede E. apresenta o pano central revestido por um painel de azulejos polícromos que representa um campo de trigo com ceifeiros, emoldurado por uma estreita barra azul e em cujo canto inferior esquerdo se lê " pintado por EDUARDO LEITE / segundo cartão de DORDIO GOMES / F.ca V.va LAMEGO / LISBOA "; no pano da esquerda rasga-se uma porta e o da direita abre para um corredor; a parede O. é rasgada no pano central pelo acesso a um corredor e no pano da esquerda pelas escadas de acesso ao piso superior; a parede S. abre no pano central para um corredor, ladeado por gabinetes médicos, que conduz ao ginásio, contornado por dois corredores com as paredes exteriores rasgadas por janelas; o ginásio de planta rectangular é rodeado por um varandim em consola e iluminado por cinco frestas, ao baixo em cada uma das paredes E. e O., apresenta portas de acesso ao centro das paredes N., E. e O., com duas folhas revestidas com chapas de alumínio, o tecto é marcado por um reticulado de vigas, na parede S. abre-se a boca do palco; do átrio parte um corredor com a parede S. rasgada por janelas e a parede N. com porta de acesso a salas de aula, entroncando num corredor perpendicular, rasgado com janelas na parede O. e portas de salas de aula na parede E., interrompidas por duas caixas de escadas que conduzem à cave e ao primeiro andar, onde se repete o mesmo esquema organizativo.

Acessos

Rua Luís de Camões

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 269/2013, DR, 2.ª série, n.º 90 de 10 maio 2013

Enquadramento

Urbano isolado num terreno plano que ocupa a quase totalidade de um quarteirão, rodeado por um muro de alvenaria encimado por grelha de betão pintada a preto.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: liceu

Utilização Actual

Educativa: escola secundária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Luís Cristino da Silva (1896 - 1976); PINTOR AZULEJOS: Eduardo Leite, segundo cartão de Dórdio Gomes (painel de azulejos da entrada); ENGENHEIRO: José Belard da Fonseca.

Cronologia

1930 - O arquitecto Cristino da Silva ganha o concurso de ideias para a construção do novo liceu em Beja; 1931, finais de Junho - início da construção do liceu; 1934 - conclusão das obras pela Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário; 1936, 20 Junho - inauguração do liceu, ainda designado Liceu Nacional de Fialho de Almeida; 1937 - o liceu muda de designação, passando a ser conhecido como Liceu Jacinto Matos; 2005, 21 de Julho - Despacho n.º 67/GP/05 do Presidente do IPPAR determinando a abertura do processo de classificação; 2009, 27 de Novembro - Proposta de classificação como IIP e de ZEP pela DRCAlentejo; 2009 - 2011 - durante as obras de modernização do imóvel, a cargo da Parque Escolar, a equipa responsável pelas escavações arqueológicas, descobre uma grande necrópole do período Islâmico, tendo sido encontrados 250 esqueletos; 2010, 11 de Fevereiro - Despacho do director do IGESPAR devolvendo o processo de classificação à DRCAlentejo, para aplicação do Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23-10-2009; 2010, 14 de Junho - nova Proposta de classificação pela DRCAlentejo; 2010, 25 de Outubro - nova proposta de ZEP pela DRCAlentejo, 2012, 13 novembro - Anúncio n.º 13679/2012 publicado no DR, 2.ª série, n.º 219, de projeto de decisão de classificação como MIP e fixação de ZEP.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma, estrutura reticulada de pilares e vigas de betão armado, suportando as lajes dos pavimentos e coberturas, com paredes de tijolo maciço.

Materiais

Pilares, vigas e lajes de betão armado; paredes de alvenaria de tijolo maciço, rebocadas e pintadas; caixilharias de madeira e ferro, com vidro; pavimentos em mosaico hidráulico, soalho, pedra e tijoleira de fabrico industrial; tectos e paredes estucados, azulejos.

Bibliografia

FERNANDES, José Manuel, Luís Cristino da Silva, a obra: enquadramento e síntese in Luís Cristino da Silva (Arquitecto), Lisboa, 1998; FIGUEIRA, Manuel Henrique, Liceu Diogo de Gouveia, em Beja in Liceus de Portugal: Histórias, Arquivos, Memórias dir António Nóvoa e Ana Teresa Santa-Clara, Lisboa, Asa, 2003, pp.97-117; Liceu Nacional de Jacinto de Matos, Revista Arquitectos, nº 1, Lisboa, 1938; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREL/DEM, DGEMN/DSARH, DGEMN/DSPI/CAM; Fundação Calouste Gulbenkian: Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Fundação Calouste Gulbenkian: Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Ministério da Educação; Câmara Municipal de Beja; PCIP: Arquivo Pedro Viana Botelho e Maria Rosário Beija

Intervenção Realizada

DGEMN: 1955 - Execução de obras de conservação no edifício, pela Direcção dos Serviços de Conservação; 1956 - obras de conservação , pelos Serviços de Construção e Conservação; 1959 - diversas reparações, pelos Serviços de Construção e Conservação, em conjugação com a Junta de Construções para o Ensino Técnico e Secundário; Parque Escolar: 2009 - 2011 (em curso) - obras de modenização e escavações arquelógicas.

Observações

Autor e Data

Ricardo Pereira 2001

Actualização

 
 
 
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