Igreja Paroquial de São Vicente de Bragança / Igreja de São Vicente

IPA.00017283
Portugal, Bragança, Bragança, União das freguesias de Sé, Santa Maria e Meixedo
 
Arquitectura religiosa, quinhentista, maneirista e barroca. Igreja paroquial de planta rectangular composta por nave e capela-mor semicircular, interiormente coberta com tecto de madeira e abóbada de aresta, respectivamente, e com iluminação lateral, tendo adossado capela e sacristia. Fachadas rebocadas e pintadas com cunhais apilastrados coroadas de pináculos. Fachada principal terminada em cornija e rasgada por portal de verga recta, entre pilastras almofadadas suportando frontão triangular ladeado por janelas de capialço. Cabeceira contrafortada, terminada em beirada tripla, rasgada por frestas de capialço e com moldura e aduelas em tijolo, seguindo a tradição mudéjar. Fachada lateral esquerda terminada em empena e a posterior rasgada por portal de verga recta encimado por frontão triangular e capela lateral com contrafortes de ângulo. No interior, apresenta coro-alto de madeira, com escada de pedra, capela lateral do lado do Evangelho coberta com abóbada de combados manuelina e albergando retábulo tardo-barroco, de talha policroma, de planta convexa e um eixo. No mesmo lado, tem púlpito maneirista, sobre pilar balaústre e guarda em balaustrada e baldaquino em pau-santo com marchetados metálicos. Arco triunfal de volta perfeita, revestido a talha de estilo nacional prolongando a estrutura dos retábulos colaterais, em barroco nacional. Capela-mor revestida a talha em barroco nacional, incluída no grupo das chamadas "grutas de ouro", com retábulo-mor de planta côncava e um eixo. Igreja sede da Confraria mais poderosa da cidade, de planimetria pouco vulgar, visto ter nave rectangular, de eixo interior longitudinal, com a fachada principal disposta na face comprida do rectângulo, virada a S., e cabeceira trilobada. Este facto, associado à fachada lateral esquerda terminar em empena, leva a concluir que, após a queda da torre sineira no séc. 17, houve uma rotação da frontaria para o principal largo da cidade, para onde então se rasgou o portal principal e se deu maior atenção decorativa. A cabeceira apresenta algumas semelhanças com a do Convento de São Francisco, na cidade (v. PT010402420021), igualmente de perfil curvo, contrafortada e com as frestas de molduras cerâmicas de tradição mudéjar, de influência da Igreja de Castro de Avelãs (v. PT010402090002). A iluminação da nave processa-se apenas por um dos lados, a fachada principal, por vãos amplos, maneiristas, mas interiormente com decoração simétrica pintada, rococó. O portal da fachada posterior, igualmente de linguagem maneirista, mas muito simples, funciona como porta travessa e a torre sineira posiciona-se no ângulo posterior, que deveria ser o inicial antes da derrocada, apresentando cunhais de cantaria até à altura da nave, depreendendo-se que só a zona superior caiu. No interior, o coro-alto é recente e de pouco interesse, ainda que conserve o arranque da escada de acesso em cantaria e com pilar volutado. Na capela lateral, o retábulo possui elementos eruditos no tratamento dos plintos, colunas e cornija, de perfil borromínico; o banco parece ser um acrescento moderno. O remate do arco triunfal surge truncado e os elementos de talha com os Evangelistas no tecto da nave são reaproveitados. Capela-mor integralmente revestida a talha, com as ilhargas misturando o lacado, conservando o dourado primitivo e apresentando decoração erudita, só à base de acantos e lacado. Nota-se a persistência de pintura do tipo grutesco num período já fora do contexto estilístico. Os painéis pintados que ladeiam as ilhargas têm qualidade desigual, dois deles revelando repintes; o que representa São Francisco tem uma figura longilínea, muito próxima do maneirismo, apesar do drapeado da veste. Toda esta estrutura de talha da capela-mor, até pela iconografia dos painéis, parece ter sido feita para outro espaço, possivelmente o Colégio Jesuíta (v. PT010402450031).
Número IPA Antigo: PT010402420086
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta rectangular, de eixo interior longitudinal, composta por nave única e capela-mor trilobada, contrafortada, integrando no ângulo SO. torre sineira quadrangular, e tendo adossado à fachada posterior capela lateral, rectangular, seguida de sacristia trapezoidal. Volumes articulados com cobertura da igreja homogénea em telhados de duas águas na nave, de várias águas na capela-mor, de três águas na sacristia e em coruchéu piramidal com telhado de quatro águas na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com faixa pintada a azul acinzentado, e com pilastras toscanas nos cunhais da nave e contrafortes de ângulo em forma de pilastras toscanas na capela lateral, coroados por pináculos piramidais com bola, de diferente modinatura. Fachada principal virada a S., desenvolvida na face comprida do rectângulo, com nave seccionada no topo por contraforte, terminada em cornija recta sobreposta por beirada simples e capela-mor reforçada por seis contrafortes e terminada em beirada tripla; a nave é rasgada por portal de verga recta, de dupla moldura côncava, criando falsas pilastras, ladeada por duas pilastras de fuste almofadado e de capitéis coríntios, mas ambas assentes em plintos paralelepipédicos almofadados, suportando cornija, friso e frontão triangular, encimado por pináculos piramidais com bola e cruz latina central, relevados. Flanqueiam o portal duas janelas rectangulares, de capialço, gradeadas. Na sequência do contraforte, possui painel de azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, alusivo à revolta e levantamento da cidade de Bragança, comandado pelo Tenente General Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda, contra os franceses em 1808. Capela-mor rasgada, de ambos os lados, no primeiro tramo, por janela rectangular de capialço, no segundo por fresta em arco de volta perfeita com moldura em tijolo de burro e, no tramo central, por janelo rectangular, moldurado e gradeado. Fachada lateral esquerda terminada em empena, rasgada por janela rectangular moldurada; torre sineira, sobrelevada, com cunhais na zona superior em massa, pintados a azul acinzentado, rasgada, em cada uma das faces, por sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando sino. Fachada posterior rasgada por porta travessa de verga recta, moldurada, encimada por friso e frontão triangular, com tímpano em cantaria, encimado por cruz latina de cantaria relevada. A capela lateral é rasgada lateralmente por janela de capialço. Sacristia de dois pisos, rasgada, no primeiro, por porta de verga recta, moldurada, ladeada por dois óculos circulares moldurados, e, no segundo, por duas janelas de peitoril com caixilharia de guilhotina; na fachada lateral abrem-se duas janelas de peitoril, a do piso térreo moldurada e gradeada e a do superior com caixilharia de guilhotina. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco e azulejos de padrão policromo formando silhar, pavimento em soalho de madeira e tecto, de perfil curvo, assente em friso pintado com motivos fitomórficos e cornija a marmoreados fingidos; o tecto tem ao centro cartela rectangular de concheados, com imagem relevada de São João Baptista, ladeado por duas figuras, uma tocando e outra dançando, e, nos ângulos, elementos de talha reaproveitados com imagem dos quatro Evangelistas. Coro-alto de madeira, pintado a azul, com friso inferior pintado com falso festão fitomórfico, guarda em balaústres planos recortados, tendo nos extremos painéis pintados com açafates, de onde arranca arco abatido, em madeira, pintado de azul; tecto do coro em madeira, decorado por motivos em losango e florão central. É acedido por escada de cantaria disposta no lado do Evangelho, com arranque em pilar volutado, a partir de patamar de dois degraus que serve igualmente o portal da fachada posterior, o qual é ladeada por pia de água benta de perfil curvo e gomeado. Sob a escada abre-se vão de verga recta, com moldura pintada a marmoreados fingidos, fechada por porta gradeada de madeira. Capela lateral do Santo Cristo no lado do Evangelho acedida por amplo arco em volta perfeita, sobre pilastras toscanas, fechada por teia de madeira. Possui cobertura em abóbada de combados, assente em quatro mísulas, com as nervuras pintadas a vermelho e amarelo e os panos a azul acinzentado, e com os bocetes e fecho central ornados de elementos fitomórficos, o monograma IHS e outros. Apresenta silhar de azulejos de padrão geométrico, monocromo azul sobre fundo branco, abrindo-se na parede do lado do Evangelho porta de ligação à sacristia; na parede testeira, dispõe-se retábulo, de talha policroma a marmoreados fingidos, a verde e rosa, e dourada, de planta convexa e um eixo. No topo da nave, surge púlpito de bacia rectangular assente em pilar balaústre, almofadado, com capitel de acantos, guarda em balaustrada de pau-santo, decorada com ferragens de metal recortadas e vasadas, acedido por vão de verga recta, a partir da sacristia, encimada por baldaquino de madeira, igualmente com ferragens metálicas. No lado da Epístola, os capialços das janelas apresentam pintura mural, com concheados e motivos fitomórficos, e o portal, de verga abatida, é protegido por guarda-vento de madeira envidraçado, ladeado por pia de água benta concheada. Arco triunfal de volta perfeita, flanqueado por dois retábulos colaterais, de talha dourada, dedicados a Nossa Senhora de Fátima (Evangelho) e a São Vicente (Epístola), de planta recta e um eixo, os quais se prolongam, revestindo totalmente o arco triunfal. Este tem o intradorso com painéis de talha, decorados de acantos, e é envolvido por uma arquivolta torsa, interrompida por aduelas, flanqueada por quarteirões e apainelados de acantos, revelando corte da talha para se adaptar ao perfil da cobertura; o conjunto possui vários anjos encarnados. Capela-mor com as paredes laterais formando nicho, revestidas a talha dourada e lacado vermelho, decorada com acantos enrolados e florões, criando na base apainelados, tendo cobertura em abóbada de berço, com painéis pintados de grutescos que se repetem na cobertura da capela-mor, a qual é coberta por abóbada de arestas, com nervuras em talha dourada e fecho em florão. Os apainelados inferiores das paredes laterais integram, de cada lado, porta de madeira, pintada de verde, com inscrição alusiva à construção, e os capialços das janelas centrais surgem pintados com motivos fitomórficos e enquadrados por moldura de talha. As ilhargas dos nichos possuem painéis pintados, figurando Cristo orando no horto (Evangelho) e Cristo a caminho do Calvário (Epístola), e Santo António com o Menino (Evangelho) e São Francisco Xavier (Epístola), estes dois ladeando o retábulo-mor e encimando as portas de acesso à tribuna, decoradas com florões, todos com molduras de talha ornada de acantos. Sobre supedâneo de três degraus, surge o retábulo-mor de talha dourada, de planta côncava e um eixo, definido por seis colunas torsas, envolvidas por espira fitomórfica, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, os inferiores grupados, e de capitéis coríntios, que se prolongam em quatro arquivoltas, as interiores torsas, unidas no sentido do raio, formando o ático; ao centro abre-se tribuna em arco de volta perfeita, com boca rendilhada, cobertura apainelada com rosetões e fundo pintado a imitar adamascado, albergando trono de três degraus. Altar em forma de urna, pintado a marmoreado fingido a verde, com frontal ornado de concheados, enquadrado por duas pilastras de acantos. Sacrário em forma de templete com acantos, querubins e anjos. Sacristia de paredes rebocadas e pintadas de branco e com azulejos monocromos rosa formando silhar, pavimento cerâmico formando motivos ondulados e bordadura em losangos, e tecto forrado de madeira, pintado de branco. Lavabo de espaldar rectangular, definido por duas pilastras e terminado em friso e cornija, possuindo uma bica inserida em florão, encimado por reservatório em arco de volta perfeita interiormente concheado; bacia rectangular assente em falsa pilastra.

Acessos

Largo do Principal, Rua Abílio Beça

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, integração harmónica na malha urbana do centro histórico de Bragança, implantada em largo, calcetado com cubo granítico, definido por confluência de arruamentos, adaptado ao declive acentuado, em posição superior que serve a fachada S., com acesso por escadaria pétrea de sete degraus. À fachada principal adossa-se passo da Via Sacra, de planta rectangular, fachadas rebocadas e pintadas, com cunhais apilastrados e terminado em empena, de friso e cornija, coroada por cruz latina de cantaria sobre acrotério volutado; é rasgado por vão de verga abatida, lateralmente recortada e terminada em cornija, albergando no interior amplo painel de azulejos, monocromo azul sobre fundo branco, representando o Encontro de Cristo com as Mulheres a caminho do Calvário. Junto ao passo, surge ainda fonte de espaldar de cantaria. No mesmo largo ergue-se a chamada Casa do Principal (v. PT010402420030).

Descrição Complementar

A inscrição do painel de azulejos, em 8 regras, é: O HERÓICO BRIGANTINO TENENTE GENERAL MANUEL JORGE GOMES DE SEPÚLVEDA, NA TARDE DO DIA 11 DE JUNHO DE 1808, NAS ESCADAS DA IGREJA DE S. VICENTE, FALANDO AO POVO DE BRAGANÇA QUE O ACLAMA COMO CHEFE DO MOVIMENTO QUE INICIOU A LIBERTAÇÃO DE PORTUGAL DO DOMÍNIO FRANCEZ. O retábulo da capela lateral tem planta convexa e um eixo definido por quatro colunas de fuste liso e terço inferior marcado por concheados e festões, assentes em plintos galbados, decorados por rocalhas, e de capitéis coríntios, encimados por entablamento; ao centro, abre-se nicho de perfil curvo, interiormente pintado e albergando imaginária; ático em espaldar recortado e rematado em cornija borromínica, encimada por acantos, tendo ao centro cartela assimétrica ornada de acantos, enrolamentos de acantos e concheados; banco formando apainelado com querubim central. O corpo do retábulo é ladeado de orelhas. Retábulos colaterais de planta recta e um eixo, definido por duas colunas torsas, decoradas por pâmpanos e anjos encarnados, assentes em consolas, e de capitéis coríntios, rematados por friso, de acantos e querubins, e cornija; ao centro possuem painel pintado com adamascado e com mísulas sustentando imaginária; banco de apainelados de acantos e anjos encarnados. Altar em forma de urna, flanqueado no lado exterior por pilastra, com frontal pintado a marmoreados fingidos a verde, e decorado com concheados e anjos encarnados. Nas paredes laterais da capela-mor, as portas integradas nos apainelados de talha, têm as seguintes inscrições: D. JOANA DE CASTOO 1718 (Evangelho) e ESTA OBRA MANDOU FAZER MANUEL DE FIGUEIREDO C SME (Epístola).

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1259 - nas Inquirições de D. Afonso III, a igreja de São Vicente, juntamente com a de São João, Santa Maria e São Tiago, era uma das quatro igrejas paroquiais de Bragança; posteriormente deu-se a extinção da paróquia de São Vicente por falta de moradores, ficando reduzida a um benefício simples, com obrigação de duas missas semanais; séc. 16 - visita pastoral de D. António Pinheiro, mandando demolir o corpo da igreja por ameaçar ruína; 1569, 6 Setembro - escritura de doação da igreja pelo D. António Pinheiro, à confraria de Santa Cruz (a confraria tinha o exercício de enterrar os mortos antes de erecção da Misericórdia e estava instalada na antiga capela de Santa Catarina, mais tarde incorporada na igreja de São Francisco) visto esta se obrigar a reedificá-la; 1571, 12 Março - confirmação da escritura de doação pela Nunciatura; data provável do início da reconstrução da igreja, a expensas da Confraria de Santa Cruz; 1641 - transferência da confraria de Santa Cruz para a Igreja de São Vicente; 1654, 5 Março - Breve do papa Inocêncio X concedendo indulgência plenária à Confraria de Santa Cruz na festa de Santa Cruz e de sete anos em quinta-feira Santa, no dia da exaltação da Santa Cruz e noutro dia ad libitum; 1668, 21 Abril - Breve do papa Clemente IX com indulgência plenária à confraria de Santa Cruz no dia da festa anual e noutras quatro festas a escolher pelos confrades com aprovação episcopal; 1683 - queda da torre, alta e forte, sobre a igreja, causando-lhe grande ruína; 1686, 12 Outubro - António de Morais Colmieiro, cavaleiro da ordem de Cristo e fidalgo da Casa Real, e sua esposa, D. Angélica Maria de Sousa, doaram à Confraria a capela onde estava Nossa Senhora do Carmo, para ali ser colocada a imagem do Santo Cristo, imagem, que após a reedificação da igreja, foi trasladada para o altar-mor; 1687, 11 Novembro - visita pastoral de Frei António de Santa Maria; 1689, 1 Janeiro - visita pastoral do Dr. António de Morais Antas, cónego doutoral da Sé de Miranda, referindo-se que, à data, a capela-mor estava descoberta e o cruzeiro destapado; o visitador mandou gastar as rendas existentes, de dois anos, na obra com ordem de se fazer o retábulo que tomasse a altura da capela-mor, e com quatro colunas; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa a paróquia é abadia da apresentação da Diocese de Miranda; 1718 - data da inscrição numa das portas laterais da capela-mor, referindo a porta confrontante que a obra foi mandada fazer por Manuel de Figueiredo; 1720, 7 Dezembro - o bispo D. João de Sousa Carvalho disse ao papa Bento XIII que na cidade havia uma capela, recentemente reconstruída, de suficiente grandeza e de fábrica não vulgar, com a invocação de São Vicente, decentemente adornada e sumptuosamente preparada e, no altar-mor, numa bela e dourada tribuna, a admirável imagem do Senhor Crucificado, especialmente venerada pelos fiéis; 1728 - obtida previamente a concordância da nobreza e povo, o Senado deu a notícia ao Duque de Bragança sobre a necessidade de se dar andamento à obra tão urgente de se meter água nas duas praças públicas do Colégio e São Vicente; 1736, 23 Outubro - provisão de D. Bernardo Pinto Ribeiro Seixas, declarando isenta da jurisdição paroquial a igreja de São Vicente e da imediata protecção episcopal; 1758 - segundo o relato nas Memórias Paroquiais da freguesia, a igreja tinha cinco altares, o da capela de São João, os colaterais, um dedicado a João Baptista e o outro a Santa Catarina, e dois outros em duas capelas, uma da Senhora da Consolação e outra do Senhor Jesus; tinha uma Irmandade do Santíssimo Sacramento e outra da Senhora da Consolação; 1782, 20 Agosto - o papa Pio VI concedeu ao altar-mor, dedicado ao Senhor Jesus, as graças de altar privilegiado; 1844, 23 Agosto - a igreja tinha dois capelães e o beneficiado; 1870, 8 Março - bula de Pio IX concedendo indulgências à confraria de Nossa Senhora do Carmo, pouco antes instalada na capela com a mesma invocação; 1886, 22 Setembro - morte do último beneficiado da igreja, António Joaquim Garcia Rodrigues; 22 Novembro - portaria do Governo determinando que os bens pertencentes ao benefício de São Vicente fossem incorporados nos bens da diocese; 1891, 12 Agosto - a Confraria do Senhor Jesus de São Vicente informa o prelado ter concordado com a resolução da Câmara de expropriar uma parte da casa contígua à igreja de São Vicente, que servia de sacristia e sala do despacho, para alargamento da rua, por causa da estrada que passava em direcção a Paradinha Nova, mediante indemnização; o bispo concordou com a condição da Câmara se obrigar a construir a nova parede, depois da demolição, e a empregar o dinheiro da indemnização na compra de alfaias e paramentos para a igreja; 1898, 22 Agosto - fundação da Conferência de São Vicente de Paulo na igreja; 1899, 4 Abril - sancionada a Conferência de São Vicente de Paulo pelo Conselho Geral de Paris; 1929 - desde esta data a igreja funciona como paroquial da freguesia de Santa Maria; 11 Junho - por iniciativa do secretário-geral do governo civil, Dr. Raul Manuel Teixeira, foi mandado colocar na fachada principal da igreja o painel de azulejos inscrito para comemorar os 121 anos da proclamação do general Sepúlveda contra o domínio francês ; 20 Outubro - benção da imagem do Sagrado Coração de Jesus pelo bispo D. António Bento Martins Júnior, adquirida a expensas do Centro do Apostolado da freguesia de Santa Maria; posteriormente, esta imagem foi colocada no lugar do Senhor Jesus de São Vicente; 1936 - desdobrada em duas a Conferência de São Vicente de Paula; 1968 - data na cruz da Santa Missão na capela lateral; séc. 20, meados - colocação dos silhares de azulejos na nave e sacristia.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria irregular de granito, rebocada e caiad; molduras dos vãos, pilastras, frisos e cornijas, cruzes das empenas, sineira, pináculos, pias de água-benta, escadas para o coro, bacia e base do púlpito e outros elementos em cantaria de granito; janelas gradeadas e envidraçadas; silhar de azulejos policromos na nave e monocromos na sacristia; retábulos de talha dourada; guarda e baldaquino do púlpito em pau-santo; coro-alto e guarda-vento em madeira; pavimentos em lajes graníticas e soalha; portas de madeira pintadas; tectos de madeira; cobertura de telha.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 153; CASTRO, P. José, Bragança e Miranda (Bispado), vol. 2, Porto, 1947; COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706, tomo I; DIAS, Pedro, Arquitectura Mudéjar Portuguesa: tentativa de sistematização, in Mare Liberum, n.º 8, Dezembro de 1994; JACOB, João, Bragança, Lisboa, 1997, p. 89 - 93; MOURINHO (JÚNIOR), António Rodrigues, Arquitectura Religiosa da Diocese de Miranda do Douro - Bragança, Sendim, 1995, p. 519 - 524; RODRIGUES, Luís Alexandre, Bragança no séc. XVIII. Urbanismo. Arquitectura, vol. I, Bragança, 1997, p. 262 - 265; RODRIGUES, Luís Alexandre, A Reforma iconográfica e o apelo aos sentidos. A talha em Bragança: reflexões sobre alguns exemplares maneiristas e de estilo nacional, in Páginas da História da Diocese de Bragança-Miranda, Congresso Histórico 450 Anos da Fundação, Actas, Bragança, 1997, pp. 107-144.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: Dicionário Geográfico de Portugal (vol. 7, nº 60, pp. 1173-1186)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1940 - colocação do soalho; 1960 - restauro da talha; 1991 - tratamento dos rebocos, reparação dos telhados e reabertura das frestas; 2009 - obras de conservação e pintura exterior e interior.

Observações

*1 - a praça de São Vicente era a principal de Bragança, ali se situando também a cadeia. *2 - segundo a tradição, o rei D. Pedro I terá casado clandestinamente nesta igreja com D. Inês de Castro, sendo celebrante D. Gil, deão da Sé da Guarda.

Autor e Data

Paulo Amaral 2002 / Paula Noé 2008

Actualização

 
 
 
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