Palácio Vagos / Palácio São Cristovão / Clínica de São Cristóvão

IPA.00020178
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura residencial, barroca. Palácio de planta trapezoidal desenvolvida em torno de um pátio central, com acesso por meio de túnel aberto ao centro da fachada principal, com superfície murária côncava. Portal manuelino de verga recta com decoração vegetalista de um feixe torso. O acesso ao pátio interior através de um túnel abobadado partindo do portal principal, apresenta algumas semelhanças formais com a entrada do Palácio da Independência (v. PT031106310027). Inclusão de um portal manuelino no muro O. do Palácio *2.
Número IPA Antigo: PT031106380635
 
Registo visualizado 2842 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta trapezoidal com pátio central

Descrição

Planta irregular, em trapézio, composta pela articulação de corpos rectangulares em torno de um pátio com a mesma planta. Volumetria escalonada de massa horizontalista. Coberturas em telhados de 2 e 4 águas com ático e em terraços. Fachada principal a N. de superfície murária côncava com embasamento placado de cantaria e com 3 panos separados por pilastras, dos quais o central, marcando um eixo de simetria, se destaca pelo tratamento dos vãos e aplicação de cantarias, com 3 pisos: o 1º rasgado por portal de verga recta sobre modilhões transversais e flanqueado por pilastras igualmente providas de modilhões que suportam a varanda do andar nobre, com guarda de ferro forjado e janela de sacada em arco pleno sob pequena cornija curvilínea, tudo envolvido por grande e saliente arco rebaixado sobre pilastras oblíquas; no 3º piso janela trilobada com enjuntas decoradas; os panos laterais são idênticos entre si, com piso térreo vazado por 2 pares de janelas de peito gradeadas e emolduradas em arco rebaixado com roseta no fecho e superiormente recortado; no andar nobre as janelas são de sacada, semelhantes à do pano central mas em arco rebaixado, guarnecidas por varandins de ferro; no 3º piso, superior e inferiormente delimitado por cornija, abrem-se janelas de peito em arco rebaixado sob pequenas cornijas curvas; remate em platibanda lisa sobre a qual se eleva o ático provido de janelas emolduradas em arco rebaixado e rematado por cornija. A fachada principal é delimitada à dir. por grande cunhal de cantaria inferiormente chanfrado em curva, com torsão, originando uma reentrância no 1º pano da fachada O. ao nível do piso térreo, onde se abre um óculo de moldura circular, gradeado, e no 2º e 3º pisos fenestração idêntica à do frontispício; na mesma fachada, com embasamentos escalonados, acompanhando o desnível do terreno, e totalmente revestida de azulejos de padrão, seguem-se 3 panos divididos por pilastras, todos vazados nos 3 pisos, separados por cornijas: no 1º janelas de peito rectangulares, no 2º janelas de sacada em arco rebaixado com guarda de ferro, exceptuando a do último pano da dir. com um janelão em arco rebaixado tripartido, e no 3º janelas rectangulares; remate em platibanda lisa encimada por ático. No muro que prolonga a fachada O., igualmente revestido de azulejos de padrão e encimado por gradeamento, inscreve-se um portal em arco recto de dupla moldura de toros torsos e lisos providos de capitéis vegetalistas. Fachada E.: igualmente revestida de azulejos de padrão, possuí um embasamento alto, acompanhando o declive do terreno, onde se abrem 2 vãos em arco rebaixado, à dir., e 3 janelas em arco rebaixado à esq.; seguem-se 2 pisos com fenestração, divididos em 4 panos por pilastras; em ambos os pisos as janelas são de peito emolduradas em arco rebaixado, sendo as superiores mais curtas; remate em platibanda encimada por ático, exceptuando no pano exremo S., azulejado, com uma janela rectangular tripartida e um 3º piso com 2 janelas rectangulares rematado por platibanda com gradeamento de terraço. Fachada posterior dando terreiro murado com portão de ferro forjado: 2 panos em ângulo com fenestração rectangular, sendo a 1º janela da esq. tripla, e em arco rebaixado nos pisos superiores encimados por mansarda; remate em platibanda; uma pedra de armas *1. PÁTIO: rodeado por 4 alas, 3 das quais com grandes portas rectangulares abertas no piso térreo; no 2º piso janelas rectangulares nas alas laterais e em arco rebaixado na frontal; no 3º e 4º pisos janelas rectangulares, tendo sobre o 4º piso do pano frontal 3 arcos plenos preenchidos com grilhagem de ferro forjado; do lado da entrada, que se faz por arco em asa de cesto, o 2º piso é vazado por 3 janelas de sacada em arco rebaixado e os superiores por janelas rectangulares; no canto NO. uma torre justaposta (ascensor). INTERIOR: Acesso por túnel com paredes laterais revestidas de azulejos de albarradas e abobadado de aresta, tendo do lado esq. um átrio rectangular, em dois planos, coberto com com tecto decorado com estuques, a partir do qual se desenvolve escadaria de 2 lanços opostos conducente ao andar nobre. Neste localizam-se 3 compartimentos contíguos ao alçado principal e comunicantes entre si, dos quais se destaca, ao centro, o Salão Nobre coberto com tecto decorado com estuques. Estes espaços articulam-se, do lado do pátio, com corredores de circulação que se prolongam às restantes alas, definido um circuito fechado.

Acessos

Largo de São Cristovão, n.º 1; Rua do Regedor, n.º 2

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 (portal lateral) / Incluído na Zona de Proteção da Igreja Matriz de São Cristóvão (v. 00006462) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Palácio do Marquês de Tancos (v. IPA.00003031)

Enquadramento

Urbano. Integrando a periferia da malha irregular do bairro da Mouraria, na proximidade da Baixa. Implantado em terreno com forte inclinação para SO.. Destacado pelas dimensões excepcionais, ocupando cerca de metade do quarteirão definido pela R. do Regedor, Lg. de São Cristovão, Beco da Atafona e Lg. do Chão do Loureiro. Defronte da fachada principal um gradeamento de ferro e ladeando o pátio posterior um muro. Fronteiro à igreja de São Cristovão (v. PT031106380060) e na proximidade do Palácio dos Marqueses de Tancos (v. PT031106380194) e do Mercado do Chão do Loureiro (v. PT031106381155).

Descrição Complementar

No muro voltado a O. abre-se um portal manuelino de dupla moldura rectangular preenchida com toros torsos e lisos, com capitéis vegetalistas, sendo o da dir. esculpido com um feixe encanastrado e o da esq. com 2 troncos podados entrançados; as bases são facetadas assentes em plintos cilíndricos que não assentam no pavimento, indiciandoo que o mesmo portal não se encontra no seu estado e local original. ESTUQUES: São na maioria pintados, localizando-se nos tectos dos compartimentos do andar nobre ao longo da fachada principal.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Saúde: clínica

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PEDREIROS: André de Faria (1657); João Ferreira (1657).

Cronologia

1451 - o palácio, então referenciado como "paço a par de São Cristovão", foi palco de festividades por ocasião do casamento de D. Leonor filha de D. Duarte e irmã de D. Afonso V; aí vem a residir, depois, D. Álvaro, filho segundo do duque de Bragança (D. Fernando), tornando-se posteriormente casa dos condes de Aveiras e marqueses de Vagos, como morgado do Regedor, instituído por João da Silva, regedor das Justiças; 1657 - ampliação do palácio, com a construção de uma galeria sobre o pavimento das casas e 2 estrebarias por baixo, construídas por João Ferreira e André de Faria; 1660 - medição e avaliação das obras realizadas, assinada por João Nunes Tinoco: telhados mouriscos, guarnições de paredes da face do pátio, parede da galeria de cima e paredes novas debaixo da galeria e guarnições do frontal; séc. 18, 1º quartel - reedificação do Palácio; 1728 - avaliação das obras, por António Gomes Figueiró e Cª.; 1755, 1 Novembro - os danos causados pelo terramoto, e subsequente incêndio, implicaram uma campanha de obras significativa; 1861 - referido como Pátio do Marquês de Vagos, funcionou como habitação plurifamiliar, sobretudo no que se refere às salas do andar nobre; 1863 - o marquês de Vagos, proprietário do Palácio, recebeu confirmação régia do seu cargo de Regedor; 1864 - venda do edifício, efectuando o novo proprietário obras de ampliação da ala S. que foi acrescentada de um andar; séc. 19 - Placagem em cantaria de calcário do muro em que se encontra o portal manuelino; 1913 - instalação no imóvel da Associação de Socorros Mútuos dos Empregados do Comércio de Lisboa; 1937 - 1939 - Campanha de obras em que foi ampliada a ala O. e se construiu um pavilhão anexo; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Cantarias de calcário, Alvenaria mista rebocada e pintada, azulejos, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, telhas.

Bibliografia

CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga, Bairros Orientais, vol. 4, Lisboa, 1938, ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, fasc. 7, Lisboa, 1950; ALMEIDA, D. Fernando de (dir.), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, t. 1, Lisboa, 1973; AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; LOPES, Flávio (dir.), Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Distrito de Lisboa, Lisboa, 1993; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Sacavém, 1994

Documentação Gráfica

CML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGA/TT: Arquivo da Casa dos Condes de Aveiras

Intervenção Realizada

Observações

*1- descoberta nos terrenos anexos, aquando da construção de um edifício contíguo ao palácio, do lado E..*2 - possivelmente proveniente da primitiva edificação ou de outro imóvel das imediações, arruinado com o terramoto.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 / Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001 / Lina Oliveira 2004

Actualização

 
 
 
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