Palacete do Menino de Ouro

IPA.00020496
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António
 
Arquitectura residencial. Palacete de planta compacta, com cobertura em telhado a 4 águas com claraboía e 4 frentes, de tratamento e disposição similar, pautadas pela abertura de vãos, estreitos, com emolduramento de cantaria, a ritmo regular. Interior dominado por vestíbulo e caixa das escadas, constituidos como os principais espaços de aparato e de organização e distribuição da compartimentação interna, ao longo dos alçados e de modo intercomunicante entre si.
Número IPA Antigo: PT031106460761
 
Registo visualizado 1266 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício        

Descrição

Planta em U pouco pronunciado, volumetria paralelepipédica, e cobertura efectuada por telhado a 2 e 4 águas. De 4 pisos (um deles parcialmente enterrado) separados por friso de cantaria, ângulos boleados delimitados por pilastras caneladas em cantaria e superfície murária em reboco pintado e abertura de vãos de verga curva destacada com emolduramentos de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a N., composto por 3 corpos dos quais se demarca o axial que, avançado em planta, se constitui como eixo de simetria da restante fachada e exibe remate diferenciado: piso térreo rasgado, por portal ladeado por 2 janelas de peito sendo o conjunto sobrepujado, ao nível do andar nobre, por 3 janelas de sacada servidas por varanda comum com guarda contracurvada, em ferro fundido. Coros lateraais com 1 fenestração por piso. Alçados laterais de tratamento semelhante - ambos marcados pela compartimentação em 3 corpos, separados por pilastras de cantaria, rasgados por janelas de peito e de sacada, geminadas nos corpos laterais - com a diferença do alçado lateral O. apresentar mais um piso, ao nível do embasamento (revestido com placagem de cantaria) e de se articular com amplo jardim, através de escadaria metálica de 2 lanços divergentes desenvolvidos a partir de porta localizada ao nível do 1º andar (correspondente a piso térreo no restante imóvel). No alçado posterior regista-se a justaposição, ao nível do 1º andar (piso térreo no interior), de um corpo assente numa estrutura metálica suportada por colunas. O edifício é superiormente rematado por cornija acima da qual se reconhece um último piso de menor pé-direito animado por janelas iluminantes. O mesmo é sobrepujado por cornija e beiral interrompida, ao nível do corpo central do alçado principal, por pano de muro curvo animado com as armas da coroa inglesa. INTERIOR: vestíbulo marcado por 2 níveis articulados, entre si, por meio de lanço recto de escadas axial, com uma 1ª zona, de planta rectangular e tecto plano e, uma 2ª área, num plano sobrelevado e separada por 3 vãos de volta perfeita, correspondente a caixa de escadaria, de lanço recto inicial e patamar com troços divergentes, conducentes ao andar nobre, em galeria e iluminada por clarabóia. Com o piso térreo desenvolvido ao nível da zona sobrelevada do vestíbulo, com compartimentos distribuídos ao longo dos 4 alçados, que se articulam com corredores de circulação, contíguos à caixa da escadaria.

Acessos

Rua Luís Fernandes, n.º 1 - 3; Rua de S. Marçal.

Protecção

Incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) / Incluído na Zona Especial de Proteção do Bairro Alto e imóveis classificados na área envolvente

Enquadramento

Urbano, implantado sob plataforma em zona de acentuado declive, em posição sobrançeira ao rio Tejo e a definir parte de quarteirão delimitado pelas ruas Luís Fernandes e de São Marçal. Adossado, integrado em propriedade com jardim, isolada por muro com gradeamento. Em frente ao Palacete Contreiras (v. PT031106460762).

Descrição Complementar

AZULEJOS: decorados com diferentes temáticas e tratamentos plásticos, designadamente, aqueles observados no interior - na antiga sala de jantar, composta por 4 paineis verticais policromos de temática animal com a assinatura de Sarreguemines - e os localizados no exterior, a revestir o muro de delimitação da propriedade - com cenas do mundo rural, datados de 1908 e pela mão de Pinto; ESTUQUE: observados ao nível dos tectos dos corredores e da sala de jantar, em ambos os espaços sob a forma de caixotões, articulados com pintura mural, no caso da sala de jantar; MADEIRA: a mesma sala de jantar apresenta superfície murária integralmente revestida com painéis de madeira, também presentes, sob a forma de silhar, numa das salas do 1º andar. Merecem atenção alguns pavimentos em parquet; PEDRA: aplicação de materiais pétreos de diferentes cores no pavimento que precede a escadaria segundo esquemas compositivos de teor geométrico; VIDRO: vidros pintados a sugerirem vitrais de gosto romântico com representação de medalhões e figurações humanas masculinas com trajes do século 16/17.

Utilização Inicial

Residencial: palacete

Utilização Actual

Educativa: escola

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1884 - Luís José de Seixas Fernandes (n. Baía, 30.11.1859) vem para Lisboa, onde, no ano seguinte, casa com Beatriz Léger-Lavrado e inicia as diligências para a construção de um palacete para sua residência, na então Travessa de São Marçal (depois, Rua Luís Fernandes); 1886 - obras em curso; 1887 - tendo a esposa morrido de parto, Luís Fernandes fecha o palacete e retira-se para Paris (onde desenvolve o seu gosto pelo coleccionismo), nos anos seguintes só de vez em quando regressa a Portugal e à sua residência para onde, gradualmente, vai transportando as suas aquisições de obras de arte (sobretudo porcelanas, mas também pintura, etc.); 1925 - era proprietário do imóvel Artur Alves dos Reis, o qual realiza algumas obras de alteração (interior); 1932 - o imóvel encontrava-se na posse do Banco de Portugal; 1942 - a Embaixada Britânica adquire o imóvel (ao Estado Português, seu proprietário nessa data), a fim de aí instalar o British Council (a funcionar desde 1938 na Travessa André Valente) e procede a obras, responsáveis designadamente pelo acrescento de um andar.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos.

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. II, Lisboa, s.d.

Documentação Gráfica

British Council; CML: Arquivo de Obras, Procº nº 9.759

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Procº nº 9.759

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1925 - obras de alterações interiores; 1932 - obras de conservação e beneficiação geral; 1941 - obras de conservação e beneficiação geral; 1942 - campanha de obras, responsável designadamente pelo acrescento de um andar; 1951 - obras de conservação e beneficiação geral; 1960 - remodelação de um portão; 1961 - obras de conservação e beneficiação geral; 1969 / 1970 - transformação da antiga casa forte e despensa em Laboratório de Línguas; 1988 - transformação da garagem, salas contíguas e pátio em cantina/esplanada; 1993 - obras de conservação e beneficiação geral; 2001 - obras de conservação e restauro do imóvel segundo projecto da autoria de Rachel Clarrick (contemplou a instalação de novo sistema de segurança e anti-fogo).

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2002

Actualização

 
 
 
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