Câmara Municipal de Lisboa

IPA.00020701
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura política e administrativa, neoclássica e com decoração interior eclética, com profunda alteração de alguns espaços interiores no séc. 20. Paços do Concelho de planta rectangular simples, com cobertura em terraço, articulado com cúpula com lanternim em vidro, evoluindo em três pisos e possuindo quatro frentes urbanas, todas elas de disposição simétrica, com remates em balaustrada. O exterior é neoclássico, em cantaria, com o piso inferior em silharia fendida, imitando o aparelho rusticado, destacando-se a fachada principal, com o corpo central saliente, marcado por três arcos de volta perfeita, marcando o acesso, encimados por janela de sacada, de onde evoluem colunas dórico-coríntias, que sustentam entablamento e frontão triangular com o tímpano ornado por figura alegórica, numa evidente aproximação aos esquemas neoclássicos. Os demais panos da fachada, divididos por duas ordens de pilastras, as inferiores toscanas e as superiores dórico-coríntias, denotando a sobreposição das ordens arquitectónicas típicas desse período, e as restantes fachadas apresentam uma sucessão de vãos de volta perfeita no piso inferior, de verga recta e de sacada no intermédio e em óculos circulares no superior. O interior é marcado por um pequeno vestíbulo, com acesso à recepção no lado esquerdo e, frontal, à escadaria, que ocupa o centro do edifício. Esta é de aparato, do tipo imperial, com três lanços, os superiores divergentes, dando acesso a galeria, marcada por arcadas de volta perfeita, num esquema clássico; encontra-se iluminada pela cúpula do imóvel, totalmente pintada a "grisaille", com decoração alusiva a Lisboa e à edilidade. Esta liga a várias dependências, a maioria delas com os tectos decorados por pinturas murais compostas por apainelados, os centrais de temática alegórica, complementada por decoração fitomórfica, ou ornados com estuques decorativos, onde domina a heráldica municipal. Várias das salas possuem fogões em cantaria, uns de inspiração barroca, flanqueados por quarteirões, outros neoclássicos, com decoração arquitectónica e com figuras alegóricas. Na sequência de um incêndio, o edifício sofreu, ao nível dos últimos pisos, uma intervenção profunda, que lhe deu um cunho moderno, destacando-se as escadas nos extremos N. e S. do edifício, o corredor de circulação do terceiro piso, de estrutura simples, mas principalmente a zona dos Vereadores, com cobertura em abóboda de meio berço, que cobre a sala e uma galeria superior de acesso ao terraço. Edifício vítima de sucessivos cataclismos, mantendo uma sala do edifício primitivo pombalino, o Arquivo, de planta rectangular, dividido em três naves por pilares, com tectos em abóbadas de aresta, típicas desse período, a que se adaptaram as peças de mobiliário, formando dois andares, conforme a típica disposição de uma biblioteca do séc. 19, desenhados por José Luís Monteiro. O restante edifício é, na sua maioria, de construção tardo-novecentista, insistindo numa linguagem neoclássica, ultrapassada, mas que se adequaria ao tecido urbano em que se integra e assemelhar-se-á ao primitivo edifício. A fachada principal, virada para uma ampla praça, possui um tratamento mais elaborado.... O interior ilustra o típico mobiliário e decoração de uma casa burguesa de Oitocentos, onde dominam as paredes pintadas, com altos lambris de madeira, tectos com pinturas alegóricas, alusivas à cidade e à grandeza, actividades da mesma e às figuras mais ilustres do país, ou estuque decorativo, apresentando-se planos com sancas curvas, com decoração fitomórfica, geométrica ou com medalhões em "grisaille". Surgem vários fogões de sala e as sobreportas encontram-se pintadas ou decoradas com talha relevada. Acresce a estes aspectos o facto de se poder definir com uma síntese do que melhor se fazia em Portugal, nos mais diversos domínios da produção artística nacional, graças à participação dos artistas então consagrados quer no âmbito das belas-artes quer das decorativas. O edifício é centrado por uma ampla escadaria de aparato, cujos patamares fazem a distribuição para as demais dependências, quer através de corredores laterais, quer, no segundo piso, através de uma galeria assente em... O espaço é iluminado por uma ampla cúpula, pintada a "grisaille". Inicialmente composta por quatro pisos, tem, actualmente três, tendo sido o superior devorado por um incêndio na década de 90 do séc. 20, apresentando-se o último com um design moderno, alvo da reconstrução após este último cataclismo, onde se destacam o mobiliários das salas dos vereadores e as escadas de serviço, nos extremos do edifício.
Número IPA Antigo: PT031106480871
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Político e administrativo regional e local  Câmara municipal  Casa da câmara  

Descrição

Planta retangular simples, de volumetria escalonada e coberturas diferenciadas em telhados de uma água, articulado com terraço e cúpula com lanternim, ao centro, construído em ferro e madeira, revestida a zinco, possuindo lanternim de ferro e vidro simples. O edifício evolui em três pisos, o superior constituindo um mezanino, com fachadas em cantaria de calcário liós aparente, a inferior com silharia fendida, criando um falso rusticado, flanqueadas por duas ordens de cunhais apilastrados, da ordem toscana no piso inferior e com fustes lisos e capitéis coríntios na superior, rematando em entablamento e em balaustrada, entrecortada por acrotérios simples, apresentando-se, todas elas, simétricas. Fachada principal virada a O., tripartida, com o corpo central saliente, por seu turno dividido em três panos, inferiormente por duplas pilastras toscanas, que se agrupam sobre um único plinto paralelepipédico, onde se rasgam três portais em arcos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas e com arquivolta almofadada, com fecho saliente formando um mísula, ornada por coroa de flores; são protegidos por portões metálicos, ornados por motivos geométricos e encimados por seguintes almofadados. No piso superior, assente e onze mísulas, entre elas as dos fechos dos arcos inferiores, uma sacada corrida, em cantaria, protegida por guarda balaustrada, para onde abrem três portas-janelas em arco de volta perfeita, com tripla arquivolta, as exteriores lisas e a interior ornada por folhas de acanto relevadas, com fecho em folha de acanto, onde surge uma face feminina coroada; sobre os vãos, pequenos seguintes almofadados e recortados, que centram estrela de oito pontas. Sobre os acrotérios da guarda, apoiam-se oito colunas de fustes lisos e capitéis coríntios, que sustentam entablamento, um friso denticulado e frontão triangular, possuindo, no tímpano, orlado por friso denticulado, as armas da cidade, flanqueadas por duas figuras, uma masculina, representando o Amor da Pátria, ladeado pela Ciência e pela Navegação, e a feminina, figurando a Liberdade, ladeada pelo Comércio e a Indústria. Cada um dos eixos laterais possui dois panos divididos por duas ordens de pilastras, as inferiores toscanas e as superiores com capitéis coríntios, surgindo em cada um deles, um eixo de vãos, compondo uma janela de peitoril em arco de volta perfeita, assente em quatro pilastras toscanas, com fecho volutado, sobrepujadas por janelas de sacada, com bacia de cantaria, assente em consolas, com guarda balaustrada, com o vão rectilíneo, com moldura simples, alteada na verga por almofadados, flanqueadas por mísulas que sustentam cornija saliente, de onde evolui um ressalto, que serve de apoio ao óculo circular do mezanino, com fecho volutado, de onde evolui uma grinalda de acantos. As fachadas laterais, viradas a N. e a S., são semelhantes, divididas em cinco panos, o central de maiores dimensões, definidos por duas ordens de pilastras semelhantes às da fachada principal, onde se rasgam, no piso inferior, três portas e seis janelas de peitoril, com as modinaturas semelhantes às dos panos laterais da fachada principal; no piso intermédio, nove janelas de sacada, encimadas por nove óculos circulares, todos semelhantes às da fachada principal, excepto no que concerne aos óculos, que não ostentam a grinalda vegetalista. A fachada posterior divide-se em cinco panos, o central de maiores dimensões, com vãos semelhantes aos das fachadas laterais, exceptuando o primeiro piso, onde surgem oito janelas de peitoril e uma única porta no extremo esquerdo, com acesso por três degraus. INTERIOR marcado por VESTÍBULO rectangular, com as paredes revestidas a cantaria, constituindo apainelados almofadados, alguns com inscrições, referindo os nomes dos sucessivos presidentes da Câmara, com pavimento em lajeado de granito e tecto composto por caixotões geométricos em estuque, com elementos decorativos em relevo *1. No lado esquerdo, a actual RECEPÇÃO, antiga Sala de Audiência e, inicialmente, destinada ao Gabinete do Chefe da Polícia, com acesso por porta em arco de volta perfeita, iluminada por quatro janelas com o mesmo perfil, surgindo no espaço entre os vãos, apainelados de estuque, com molduras recortadas e os ângulos ornados por acantos, onde se integram duas pinturas alusivas às lutas políticas e a Hiroshima. O pavimento é em ladrilho negro polido, com moldura em lajeado de cantaria e possui tecto em estuque decorativo, formando um elemento concêntrico, com florão central e moldura constituída por painéis circulares, com o símbolo heráldico da Câmara, que envolvem painéis recortados com coroas de louros e várias divisas Desta acede-se a SALETA, o antigo Serviço de Incêndios e, inicialmente, destinada à Repartição da Polícia Municipal, decorada com apainelados de estuque e tecto do mesmo material, com florão central, painéis recortados e fitomórficos, tendo, nos topos, painéis circulares com troféus contendo equipamento dos bombeiros. Desta, acede-se a corredor lateral, com tecto plano pintado de branco e pavimento em lajeado formando um axadrezado de branco e preto, que acede a várias dependências laterais e, no fundo, à SALA DO ARQUIVO HISTÓRICO, dividida em três alas por oito pilares de cantaria, com cobertura em abóbada de aresta, com fechos em forma de florão, excepto o central, com as armas da Câmara, e pavimento em cantaria de calcário, formando desenhos geométricos; encontra-se envolvida por dois pisos de estantes de madeira, o superior com guarda metálica e com acesso por escadas no lado direito, com guarda semelhante à anterior. No lado oposto à recepção, situa-se a SALA DAS SESSÕES PÚBLICAS, com alto lambril de madeira e a parede pintada de azul, com o tecto pintado a "grisaille", dividido em apainelados, com as armas da cidade ao centro e os restantes ornados por florões, possuindo quatro pinturas recentes. A esta sucede-se uma ampla sala, destinada a exposições. A partir do vestíbulo tem-se acesso à ampla ESCADARIA, quadrangular, coberta por cúpula, vazada por óculo central e oito laterais, com o fundo pintado a "grisaille", formando elementos fitomórficos, fragmentos de cornija e apainelados recortados, que assentam em pendentes, decorados na mesma tonalidade por enrolamentos. Dá origem a quatro tímpanos, pintados com alegorias, também em "grisaille". No segundo piso, forma-se galeria com quatro alas, compostas por arcadas, assentes em pilares, a que se adossam pilastras coríntias, tendo pavimento em calcário colorido, formando elementos geométicos, com quadrilóbulos a inscrever quadrados sobrepostos, que se repetem no patim. As paredes formam elementos geométricos pintados a "grisaille", ostentando, no tecto plano, elementos vegetalistas, com a mesma tonalidade. A escada é do tipo imperial, com um lanço central, que leva a patim, onde se bifurca em dois lanços divergentes, executada em cantaria, com guarda balaustrada e colunas de arranque estriadas e ornadas por festões, as do patim suportadas por mísulas em forma de cabeça de leão. No nível inferior, é ladeada por dois pequenos espaços, com os quais liga através de arcos abatidos, os quais são cobertos por abóbadas de aresta e que abrem para dependências laterais. Superiormente, é rodeada por GALERIA, para onde abrem 14 salas e câmaras, intercomunicantes, excepto a Sala das Sessões, na ala E., e 18 portas em madeira de carvalho, com trabalho de talha, com sobreportas semicirculares, adornadas por estuques, a representar Luís Vaz de Camões, Febo Moniz, João Pinto Ribeiro, Antão Vaz de Almada e o Marquês de Pombal *2. Ao centro da ala S., surge o SALÃO NOBRE, ovalado, pintado a escaiola e marcado por oito arcos de volta perfeita assentes em dezasseis colunas, sustentadas por plintos paralelepipédicos em calcário, com capitéis coríntios. Quatro destas arcadas possuem pinturas sobre tela, surgindo, noutras duas, dois fogões de sala, em mármore de Carrara e calcário. Sobre estes, surgem painéis de talha, com um medalhão central, representando figuras históricas. O tecto é plano com painel recortado central, onde surge a figura alegórica da "Exaltação de Lisboa", ladeada por dois painéis com decoração fitomórfica, divididos por florões, de onde se dependuram dois lustres. A sanca e curva e apresenta vários medalhões com figuras importantes da história de Portugal, bem como alusões aos municípios portugueses e antigas colónias sendo sustentada por friso e mísulas de talha dourada. No lado esquerdo, surge a SALA ROSA ARAÚJO ou Antiga Sala da Beneficência, percorrida por lambril de marmoreados fingidos e marcada por pilastras coríntias, em estuque e com capitéis dourados. As portas e janelas, rectilíneas, possuem molduras e remates em estuque, formando frisos vegetalistas e, no topo, inserida em tabela rectangular com aletas volutadas, cartelas recortadas com faces femininas. O tecto é plano, dividido em apainelados geométricos, com molduras salientes douradas, decorados com frutos, flores e grinaldas, quatro medalhões com figuras femininas, alegorias às Quatro Estações, medalhões com anjos, alusivos a obras de beneficência, e, na sanca, friso fitomórfico amplo, que rodeia painéis em "grisaille", representando nus. No lado oposto, uma sala com estrutura semelhante, denominada SALA DOURADA ou Sala da República, tendo o tecto semelhante ao anterior, decorado com alegorias à Música, Canto, Artes e Letras, surgindo vários medalhões legendados com excertos dos Lusíadas e quatro painéis com figuras femininas *3. No lado N., o GABINETE DO PRESIDENTE, rebocada e pintada de branco, com as sobreportas ornadas por talha dourada e apainelados com flores, tendo tecto plano com fundo cinza e molduras douradas, que centram apainelados vermelhos com fundos vegetalistas que alternam com medalhões circulares, onde surge a representação de figuras ligadas às Artes. Numa das paredes, fogão de sala em mármore *4. A antiga SALA DAS DINASTIAS é simples, com tecto plano, tendo, nas paredes apaineladas, pintadas a fingir tecido, a representação, através dos respectivos brasões, das Dinastias portuguesas. A ANTIGA SALA DE REUNIÕES da vereação apresenta as paredes pintadas de cinza, com rodapé de madeira, pintado de branco e dourado, com tecto plano, apresentando a representação da figura de Lisboa, rodeado por friso de estuque. Ao lado, surge uma sala muito simples, com tecto circular, contendo vários emblemas heráldicos, alguns vazios. A ANTIGA SALA DAS SESSÕES possui lambril de madeira pintado de branco e dourado, com as paredes pintadas de azul, com o tecto a representar a figura de Lisboa a coroar a Indústria e o Comércio, personificado por Mercúrio, rodeado por painéis fitomórficos e, nos ângulos, por génios com efígies de monarcas relacionados com Ordens Militares. No interior, mantêm-se as mesas e cadeiras de reunião. O GABINETE do vice-presidente apresenta o tecto plano, pintado com quadraturas e elementos vegetalistas, onde abundam as folhas de palma, que rodeiam um busto feminino a segurar um astrolábio, rodeada pela Navegação, Pintura e Escultura. No lado S., surgem umas escadas de cantaria, com guarda plena, com tecto ostentando pintura moderna, que dá acesso ao terceiro piso, que cria três corredores, formando um U, para onde abrem várias dependências, com a parede interior aberta por óculos, que permitem observar a galeria central. Dá acesso às SALAS DOS VEREADORES, servindo de local de refeições e de convívio dos Vereadores, esta com painéis de madeira, parcialmente rebocado e pintado de branco, com tecto em meia-abóbada e pavimento em soalho, possuindo umas escadas em caracol, de madeira, que acedem a uma galeria ampla, partilhando a cobertura da dependência anterior, com pavimento em lajeado de calcário, iluminada por amplas portadas de vidro, que dão acesso aos terraços da cobertura. No lado N., surgem outras escadas, em ferro e madeira, que ligam os três pisos.

Acessos

Praça do Município; Rua do Comércio; Rua do Arsenal; Rua Henriques Nogueira

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128)

Enquadramento

Urbano, isolado, em zona plana, de implantação coincidente com quarteirão, delimitado pelas ruas do Comércio, do Arsenal, Henriques Nogueira e orientado para a Praça do Município, na qual se constitui como elemento dominante. Em posição fronteira ao Arsenal da Marinha (v. PT031106480335) e na proximidade do Praça Comércio / Terreiro do Paço (v. PT031106190031).

Descrição Complementar

Na sala de recepções, no tecto, as seguintes divisas: "MUI NOBRE E LEAL CIDADE DE LISBOA", "CONQUISTA DE LISBOA - 1147", "PRIMEIRO FORAL DE LISBOA - 1179", "SEGUNDO FORAL DE LISBOA - 1500" e "CAMARA DE ELEIÇÃO POPULAR - 1832". Os tímpanos da CÚPULA encontram-se pintados com alegorias alusivas à Guerra, no lado O., com capacetes, armas, coroa de louros, surgindo, no oposto, a "Navegação", , com um tridente, leme, corda, âncora e génios com o globo terrestre; no lado S., as Artes, com uma harpa, violoncelo, cavalete e uma paleta e génios a pintar, surgindo, no virado a N., a Agricultura, com uma pá, enxada e um malho e génios numa seara e adega. No patim da ESCADARIA, surge um baixo-relevo comemorando a implantação da República, com a República a ensinar um jovem e, dourados, os símbolos heráldicos da cidade, com a seguinte inscrição "NO DIA 5 DE OUTUBRO DE 1910 DA VARANDA PRINCIPAL DESTE EDIFICIO FOI PROCLAMADA A REPUBLICA PORTUGUESA ESTA LAPIDE COMEMORATIVA DO FACTO FOI INAUGURADA NO SEU PRIMEIRO ANIVERSARIO". O SALÃO NOBRE tem, em cada um dos arcos, um medalhão central, a representar Afonso Anes Penedo, D. João de Castro, Pedro de Alcáçova Carneiro e Cláudio Gorjel do Amaral. A composição central do tecto apresenta uma Exaltação de Lisboa, rodeada por flores e dois génios, que sustentam o livro dos Destinos onde se lê "A. Hemriques, 1147; Pombal 1755, Pedro IV 1834", tendo por fundo o Castelo de São Jorge e, aos pés, o Rio Tejo. A sanca é composta por 16 medalhões, a representar Gil Vicente, Pedro Nunes, Padre António Vieira, Padre João Baptista de Castro, Diogo Inácio de Pina Manique, Francisco do Nascimento, Pascoal José de Melo Freire, Silvestre Pinheiro Ferreira, Visconde Almeida Garrett, Passos Manuel, Joaquim José Tasso, Damião de Góis, Francico de Holanda, Gabriel Pereira de Castro, D. Rodrigo da Cunha Visconde de Castilho. Surgem, ainda, uma alusão aos territórios portugueses: Bragança, Braga, Guimarães, Porto, Viseu, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Açores, Angola, Moçambique, Macau e Índia. Possui dois fogões de sala semelhantes, em mármore de Carrara, calcário de Sintra e da Arrábida, de estrutura semelhante, composto pela lareira, propriamente dita, paralelepipédica, rodeada por friso de festões, com lambril de acantos e grifos, rematado por cornija e falso frontão, composto por enrolamentos volutados e com festões. É ladeada por duas colunas coríntias, com o terço inferior do fuste ornado por folhagem, que sustentam friso e cornija que prolonga a estrutura central, sobre os quais surgem dois lampadários em forma de "putti", em metal; sobre o fogão, apainelado com moldura preta e branca, flanqueada por pilastras decoradas por grotesco, que sustentam entablamento, com friso ornado por motivos vegetalistas; sobre as pilastras, símbolos heráldicos da cidade, sobrepujados por tímpano ornado por cartela e folhagens, de onde se dependuram festões. Nos apainelado, surgem figuras alegóricos, de perfil e em alto-relevo. O GABINETE DO PRESIDENTE possui vários medalhões no tecto, a representar Afonso Domingues, Boitaca, Machado de Castro, Marcos Portugal e Joaquim Casimiro, Domingos Sequeira, Francisco Metrass e Vieira Lusitano. Tem fogão de sala em cantaria, composto por estrutura em arco abatido, emoldurada, que envolve a lareira, flanqueada por duas colunas com o fuste formado por anel, sendo liso na zona inferior, com festões, e estriada na superior, com a base ornada por acantos, com capitéis jónicos, que sustentam entablamento, com friso com decoração vegetalista, sobrepujado por figura feminina, representando a Justiça, rodeada por dois génios alados e animais fantásticos. A ANTIGA SALA das SESSÕES tem as Ordens de Cavalaria, relacionadas com Portugal, surgindo D. Luís I, com a Ordem de Cristo, Napoleão III com a Legião de Honra, D. Pedro II com o Cruzeiro do Sul e a Rainha Vitória, com a Ordem da Jarreteira. Na ANTIGA SALA DE REUNIÕES, fogão de sala em cantaria, de vão lobulado, flanqueado por quarteirões e decoração de concheados, rematado por cornija. Possui duas telas, a representar D. Carlos e D. Manuel II. A SALA DAS DINASTIAS tem um fogão de sala semelhante ao anterior.

Utilização Inicial

Política e administrativa: câmara municipal

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Ana Silva Dias (1996-1997); Daciano da Costa (1996-1997); Domingos Parente da Silva (1867-1874); Ferreira Pinto Bastos (1875); Francisco da Silva Dias (1996-1997); João Burnay (1875); João de Almeida (1996-1997); Jorge Martins (1996-1997); Manuel Tainha (1996-1997); Nuno Teotónio Pereira (1996-1997). ARTISTA PLÁSTICO: Irene Buarque (1997); Jorge Martins (1997); Julião Sarmento (1997); Pedro Silva Dias (1997); CANTEIROS: Germano José Sales (1867-1875); Sérgio de Barros (1867-1875). DESENHADORES: José Luís Monteiro (1890); Vítor Bastos (1874-1875). EMPREITEIROS: SOCONSTRÓI, Sociedade de Construções, S.A. (1997-1998); Teixeira Duarte - Engenharia e Construções, S.A. (1996-1997). ESCULTORES: Anatole Celestine Calmels (1882); Fernando Conduto (1996-1997); Irene Burque (1996-1997); José Moreira Rato (1875); José Pereira Lima Santos (1875); Simões de Almeida Sobrinho (1910); Teixeira Lopes (1888-1889). ESTUCADORES: Manuel Joaquim Afonso Rodrigues (1875); Rodrigues Pita (1875). MARCENEIRO: Vítor de Alcântara Knotz (1874-1875). MESTRE DE OBRAS: António dos Santos (1875). MOBILIÁRIO INTERIOR: KuKas (1997). PINTORES: António Charrua (1996-1997); Columbano Bordalo Pinheiro (1878-1880); Eugénio Cotrim (1875); Jorge Martins (1996-1997); José Ferreira Chaves (1875); José Malhoa (1878-1888); José Maria Pereira Júnior (1878-1880); José Rodrigues (1875); Julião Sarmento (1997); Luciano Freire (1889); Manuel Amado (1996-1997); Manuel da Fonseca (1875); Maria Velez (1996-1997); Miguel Ângelo Lupi (1888-1889); Pedro Calapez (1997); Pierre Bordes (1875); Procópio Ribeiro (1875); Próspero Laserre (1875); Sá Nogueira (1996-1997).

Cronologia

1179 - primeira referência às instituições municipais, no foral de D. Afonso Henriques; séc. 13 - a Câmara funcionaria em casa própria, em Santo António à Sé, tendo funcionado, anteriormente, em espaço aberto, no adro da Sé; séc. 14, último quartel - instalação da Câmara na Praça do Pelourinho, à Ribeira; séc. 15 - a Câmara volta a Santo António, apesar de interregnos, sobretudo no séc. 16, altura em que a peste foi devastadora e obrigou a deambulações por vários edifícios; 1575 - inventário da Casa da Câmara, referindo-se que tinha a sala principal, a sala das eleições, a Casa da mesa grande, a Casa do Despacho, a Casa do Cartório e Retábulo da Câmara; 1717, 15 janeiro - divisão de Lisboa em duas dioceses, a Ocidental e a Oriental, surgindo dois senados, um no Paço de Santo António, outro estabelecido no Rossio, inicialmente no Hospital Real de Todos-os-Santos e depois em casas alugadas a António José de Miranda; 1720 - aquisição do edifício a António José de Miranda por 25 mil cruzados; 1741, 31 agosto - os senados voltar-se-iam a reunir num só, por ordem de Benedito XIV; 1753, 28 Julho - o Senado sai da Casa de Santo António para se instalar no novo edifício que fora construído; 1755, 1 Novembro - o terramoto deixa o edifício incapaz de funcionar; 1756, Maio - 1758, Maio - o Senado reunia no Campo do Curral; 1758-1764 - passaram a reunir no Palácio Almada; 1765-1769 - passam a reunir no prédio de D. João de Almada; 1770 - decisão de se construir um edifício próprio; 5 abril - as obras começaram de imediato no local que se viria a designar como Largo do Pelourinho, no local onde se erguera a Capela Real e parte do Palácio; 1770-1774 - o Senado funcionou no Palácio do Conde de Sampaio, à Boa Vista; 1774, 6 outubro - a Câmara instala-se no novo edifício, que importou em 121:099$271 réis *5; 1780-1796 - a ocupação foi interrompida, pela necessidade de expandir o Palácio Real do Terreiro do Paço, por ordem de D. Maria I, passando para a Casa da Índia; 1863, 19 novembro - o incêndio que nesta data consumiu o edifício pombalino sede dos Paços do Concelho de Lisboa, sobrevivendo, apenas, a zona abobadada do arquivo histórico, determinou a construção do edifício actualmente existente; a Câmara instalou-se no edifício do Governo Civil, a que se sucedeu o Edifício das Sete Casas de ver o Peso; 28 Dezembro - o então Presidente da Câmara, o Barão de Santa Engrácia, afirmava que o projecto para o novo edifício já se encontrava pronto; 1864, 11 Janeiro - aprovação do projecto de um novo edifício em bloco, semelhante ao anterior, da autoria do engenheiro Pedro José Pezarat, Chefe do Serviço de Obras; 1864 - a doença do engenheiro Pezarat, que viria a falecer em 1872, e a constatação de alguns erros no mesmo, leva ao abandono do projecto; 1867, 3 janeiro - aprovação do novo projecto para o edifício, da responsabilidade do arquitecto Domingos Parente da Silva (1836 - 1901) *6; março - iniciam-se as obras; 1869 - o Banco de Portugal e a Câmara reconhecem que o edifício é pequeno para as necessidades de ambas as instituições e o Banco de Portugal acaba por abandonar o edifício, ocupado, então, apenas pela Câmara e que obrigou a remodelações e à demolição das arcadas e abóbadas que já se encontravam construídas no primeiro piso, sucedendo-se a reforma do projecto; 1872, 26 setembro - a Comissão que fiscalizava as obras solicita ao arquitecto a reforma do remate do edifício; 1874, 3 Julho - Parente da Silva envia novo desenho da fachada principal, com novo remate, mas frisando que seguia as linhas previamente aprovadas, introduzindo esculturas sobre as colunas e uma cúpula em ferro e madeira, coberta de zinco, estucada interiormente, a substituir a cúpula de ferro e cristal inicialmente planeada; 1874, 14 julho - Ressano Garcia dá o parecer da Câmara, que não concordava com a altura da cúpula e que desejava para as colunas um remate em frontão; 5 Setembro - o arquitecto é notificado para apresentar rapidamente o projecto final, o que fez pouco depois, integrando um desenho do frontão, cujo modelo foi executado pelo escultor Anatole Calmels; 1875, 31 maio - Anselmo Ferreira Pinto pede uma alteração ao desenho da escadaria, solicitando uma solução mais modesta; alteração do patim da escada com projecto de Ferreira Pinto Bastos e feito pelo mestre António dos Santos; construção da cúpula deve-se a João Burnay; 30 junho - primeira reunião formal da Câmara no edifício; 1876 - o arquitecto. Domingos Parente da Silva pede a sua exoneração; 1878 - processa-se, por concurso, a substituição do arquitecto Domingos Parente da Silva por José Luís Monteiro; 1878 - 1880 - realização da pintura da cúpula da escadaria principal, assinada por Columbano Bordalo Pinheiro e José Maria Pereira Júnior; pintura da galeria da escada por Pierre Bordes, por 2:000$000 réis, com tímpanos de Columbano Bordalo Pinheiro; 1880 - aumento de um piso ao edifício; autorização para a colocação do frontão que remata a fachada principal; 1882, 21 Setembro - colocação do frontão que remata o alçado principal, com composição escultórica da autoria de Anatole Celestin Calmels; 1883 - prosseguem os trabalhos de decoração dos interiores, datando deste ano a alegoria de Lisboa no tecto do Salão Nobre, da autoria do pintor José Rodrigues, concluída em 1886, sendo o restante tecto da concepção de Pierre Bordes, executado por Eugénio Cotrim e José Procópio; pintura da sanca da mesma dependência com onze medalhões da autoria de José Malhoa e cinco por Nunes Júnior, num total de 400$000 réis; execução das colunas em escaiola do Salão Nobre, por Cesare Formille, por 4:000$000 réis; 1888 - pintura da Sala da Beneficência por Columbano Bordalo Pinheiro, por 800$000 réis, com sanca de José Malhoa, Pereira Junior e José Procópio, segundo desenho de Pierre Bordes; os medalhões alusivos aos Lusíadas foram executados por José Malhoa, importando em 1:124$000, sendo as flores de Pereira Júnior e Fonseca; pintura de um quadro para o Gabinete do Presidente, por José Malhoa; 1888-1889 - pintura de um quadro para o mesmo gabinete por Miguel Ângelo Lupi; execução de um busto feminino por Teixeira Lopes; 1889 - pintura dos medalhões dos arcos do Salão Nobre por José Malhoa, importando com a obra anterior na mesma dependência em 990$000 réis; pintura do Gabinete do Presidente, da autoria de Pierre Bordes e Eugénio Cotrim, com medalhões de José Maria Ferreira Chaves e Próspero Pierre Lasserne; pintura de dois quadros para o Gabinete do Presidente, por Luciano Freire; 1890 - o arquitecto José Luís Monteiro desenhou o mobiliário da Sala de Sessões, Sala de Arquivo, Gabinete do Presidente, portões de ferro forjado do átrio, executados pela Empresa Industrial Portuguesa, fogões do salão nobre, cujas estátuas foram executadas por José Moreira Rato e José Pereira Lima Santos, importando, cada uma, em 3:747$500 réis; feitura de um relógio de bronze para o Salão nobre, importando em 90$000 réis; a mobília foi executada por Victor de Alcântara Knotz, importando em 2:500$000 réis; porta do Salão Nobre de Leandro Braga, custando 1:000$000 réis; estuques de Manuel Joaquim Rodrigues e Rodrigues Pita; 1910, 5 Outubro - a proclamação da Républica efectua-se da varanda dos Paços do Concelho; 1911, 5 Outubro - inauguração de uma placa comemorativa da República, em baixo-relevo, colocada no patim da escadaria, da autoria de Simões de Almeida, Sobrinho; 1922 - execução de bustos por Simões de Almeida, Sobrinho; 1943 - o Salão Nobre funciona como câmara ardente do engenheiro Duarte Pacheco; séc. 20, meados - construção de uma mansarda sobre a cobertura; 1996, 7 novembro - um incêndio causa danos profundos no edifício, destruindo a cobertura e o último piso, ficando os demais danificados pelos jatos de água utilizados, dando azo a uma campanha de obras de restauro, sob a direcção dos arquitectos Francisco Silva Dias, responsável pela direcção do projecto, João de Almeida, Manuel Tainha, Nuno Teotónio Pereira e Daciano da Costa; receção com autoria de Daciano da Costa, pintado por António Charrua e mobiliário a cargo do arquiteto Pedro Silva Dias; o arquiteto fez, ainda, a Sala de Exposições e a Sala das Sessões Públicas, estas com pinturas de Sá Nogueira e Maria Velez; execução do Busto da República para a Sala das Sessões, idealizado por Fernando Conduto; execução, no gabinete do presidente de uma tapeçaria, com desenho de Julião Sarmento, com mobiliário de Daciano da Costa e quadro de Manuel Amado; no terceiro piso, construção do arquiteto Silva Dias; Sala de refeições do terceiro piso, da autoria de João de Almeida, pintado por Jorge Martins e com peças decorativas de KuKas; a sala de reuniões, articulado com a galeria que circunda a cúpula é da autoria de Manuel Tainha, sendo o corredor de Nuno Teotónio Pereira e escultura de Irene Buarque, que recriou, no pavimento, com calcário negro de Mem Martins e amarelo de Negrais, elementos ovalados que condizem com os óculos da galeria; os estofos e cortinados são da autoria de Ana Silva Dias; galeria do terceiro piso da autoria de Nuno Teotónio Pereira, desenvolve-se em U; escada N., denominada Escada dos Poetas, foi concebida por João de Almeida e Jorge Martins, em ferro e madeira, com início no piso 2 e que liga à cobertura, sendo a oposta de Silva Dias, com teto de Pedro Calapez e escultura de Irene Buarque; parte dos serviços transitam para o edifício do Campo Grande, ficando as vereações e os actos públicos no antigo edifício, que necessitou de um projecto de remodelação; acompanhamento da obra pela arquiteta da Câmara, Ana Silva Dias; 1996, 18 novembro - relatório do LNEC, relativo às demolições a realizar, aconselhando-se ao abandono do piso superior; tratamento dos pisos danificados, procedendo à substituição de alguns vigamentos; levantamento das dependências do piso 3, relativas às do segundo piso; reforço das paredes e colocação de torres de escoramento; obras da SOCONSTRÓI, Sociedade de Construções, S.A. e Teixeira Duarte - Engenharia e Construções, S.A..

Dados Técnicos

Estrutura autónoma de cantaria e betão.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada, cantaria de calcário liós, betão no piso superior e ferro na cúpula; embasamento, fachada, escadaria, fogões de sala em cantaria de calcário e mármore; lambris, pavimentos, portas, caixilharas e escadas de madeira; tectos em pinturas murais e estuque; guarda das escadas em ferro forjado; janelas e cúpula com vidro simples.

Bibliografia

AA.VV. - Guia da Arquitetura de Lisboa, 1948-2013. Lisboa: A+A Books, 2013, p. 49; ANACLETO, Regina, Neoclassicismo e Romantismo, in AAVV, História da Arte em Portugal, Vol. 10, Lisboa, 1986; CARNEIRO, Luís Miguel, ILHARCO, Simões, Paços do Concelho, Lisboa, 2001; DIAS, Francisco da Silva, A Recuperação do Edifício dos Paços do Concelho de Lisboa, in Monumentos, n.º 9, Lisboa, DGEMN, 1998, pp. 94-97; FALCÃO, Picotas, O Município de Lisboa e as Casas da sua câmara, Lisboa, 1902; MACEDO, Luís Pastor de, ARAÚJO, Noberto de, Casas da Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 1951; RIBEIRO, Maria Helena Fonseca Marques, A intervenção no edifício dos Paços do Concelho de Lisboa após o incêndio de 1996, [dissertação de mestrado em Reabilitação de Arquitectura e Núcleos Urbanos da Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, Junho 2001; RIO-CARVALHO, Manuel, in Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - Tomo I, Junta Distrital de Lisboa, Lisboa, 1973; ROSA, Francisco Xavier da, Memória dos Paços do Concelho, Lisboa, 1871 (manuscrito); SALVADO, Salete, Paços do Concelho (actuais), in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; SILVA, Domingos Parenteda, A Obra dos Paços do Concelho - Defesa do Arquitecto da Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 1874; TOSTÕES, Ana e GRANDE, Nuno - Nuno Teotónio Pereira. Nuno Portas. Aveleda: Verso da História, 2013; VASCONCELOS, Luís, Paços do Concelho, Lisboa,1997.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo Histórico, Este Livro Ha de Servir de Conta de Despesa com a Construção dos Paços do Concelho no Largo do Pelourinho, Lisboa, 3 de Dezembro 1866 (1866 - 1880), Arquivo de Obras (Proc.º n.º 38.276)

Intervenção Realizada

CML: 1947 - restauro da Sala das Dinastias; c. 1952 - obras de conservação e beneficiação geral; séc. 20, década de 60 - acrescento de um piso ao refeitório; década de 70 - substituição da iluminação a gás por electricidade, instalação de ar condicionado, substituição das canalizações, reforço dos pavimentos com vigas de aço, instalação e substituição de elevadores; década de 80 - substituição dos forros de vários compartimentos; 1996 / 1997 - construção de lajes de pavimento em algumas salas do primeiro piso; construção de um depósito de água sob uma destas lajes; construção de uma laje de piso intermédio, para área técnica, no primeiro piso; construção de uma laje de pavimento junto à caixa dos elevadores; substituição do revestimento de madeira do piso 3 e edificação de uma estrutura metálica para suporte das paredes divisórias; construção da laje do pavimento do último piso; construção de um lintel a contornar todo o edifício; reforço das paredes de alvenaria do terraço, construção da cobertura e da laje do terraço; reforço das paredes da caixa de escada, construção de escadas a N. e a S.; instalação de redes de água, esgotos domésticos, de drenagens pluviais, instalação de elevadores, um deles hidráulico; instalação de sistemas de detecção de incêndio e de intrusão; modernização das redes telefónicas e da rede eléctrica; colocação de ar condicionado.

Observações

*1 - primitivamente, o acesso ao edifício processava-se directamente por duas portas de madeira, situadas no lado N. e no lado S., de que subsiste uma no vestíbulo, de duas folhas e mainel central composto por coluna coríntia, com anel no terço inferior, que é torso, formando apainelados e ornado por frisos entrelaçados, formando uma bandeira de decoração concêntrica. *2 - estas sobreportas eram, inicialmente, lisas. *3 - no séc. 19, estes medalhões encontravam-se por pintar, destinados à representação de figuras femininas célebres, tendo sido alterado esse fim. *4 - no séc. 19, o Gabinete do Presidente tinha dois quadros, executados por Luciano Freire, a representar a "Educação de D. Sebastião" e "Martim de Freitas junto ao túmulo de D. Sancho", datados de 1889, um de José Malhoa, a representar a "Partida de Vasco da Gama", de 1888, um Marquês de Pombal, de Lupi, um retrato de D. Luís I e uma figura de mulher, da autoria de Teixeira Lopes. *5 - este edifício, que albergava outros serviços públicos, era de quatro pisos, o quarto constituindo uma mansarda, integrando-se no esquema dos edifícios pombalinos, com a zona central semelhante ao Arco da Bandeira, cópia do portão do Palácio da Inquisição, que se situava no Rossio, rematada por frontão triangular, tendo, no topo, uma esfera armilar e as armas da cidade. O interior era composto, no andar nobre, por um corredor que acedia a várias salas intercomunicantes, destacando-se, num dos ângulos, a de maiores dimensões, a Sala das Sessões; tinha panos de Arras, com cenas da vida do Imperador Constantino, que haviam custado 16000 cruzados e os quadros de D. João VI, D. Maria II e de D. Pedro V; no topo da Sala de Sessões, uma pintura de Nossa Senhora da Conceição. *6 - este edifício possuía, no piso térreo, salas do Banco de Portugal, como o vestíbulo, tesouraria, quarto do porteiro, gabinete de expediente, gabinete do tesoureiro, caixas fortes; a Câmara tinha o arquivo e as suas dependências, a polícia municipal; o piso imediato tinha para o Banco de Portugal, uma sala de reuniões, sala da direcção, arquivo, sala de repartição de expediente, ficando a Câmara com gabinete dos impostos municipais, uma sala de espera e uma arrecadação; o terceiro piso era exclusivo da Câmara, com a sala de sessões, sala de vereação, gabinetes, contadoria, tesouraria, casa forte; o último piso pertencia à Câmara e tinha a repartição técnica, recenseamento eleitoral, sala para reuniões, sala para grémios

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2002 / Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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