Convento dos Lóios / Convento Novo de Santa Maria da Consolação / Palácio das Cardosas

IPA.00021240
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitetura residencial clássica, do séc. 19. Palacete de planta retangular, com fachadas rebocadas e com cantaria de granito á vista, marcadas pela distribuição simétrica de vãos de verga reta e em arco de volta perfeita, envolvidos por molduras de granito lisas, exceto no último piso do pano central e panos dos extremos, que apresentam decoração na pedra de fecho, rematadas por platibanda balaustrada, coroada por urnas no seguimento das pilastras. Fachada principal marcada por três panos definidos por pilastras em silharia fendida, imitando aparelho rústico, sendo o pano central terminado em frontão triangular, rasgado por óculo e coroado por urna no vértice. Interior com amplo átrio de acesso aos vários pisos pelos vários pisos, ocupados por cento e cinco quartos, incluindo dezasseis suites, um restaurante panorâmico situado num jardim de inverno e um bar com biblioteca incluída, ginásio, spa, sauna e um espaço para congressos.
Número IPA Antigo: PT011312140307
 
Registo visualizado 3193 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Congregação dos Cónegos Seculares de São João Baptista - Frades Lóios

Descrição

Planta retangular, de desenvolvimento horizontal, evoluindo em quatro pisos, com alguns corpos adossados à fachada posterior, a uma cora inferior, como o parque de estacionamento, restaurante e Jardim de inverno. Volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo principal e plana nos corpos adossados à fachada posterior. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, e em cantaria de granito aparente a partir do terceiro pisos do pano central e extremos da fachada principal, enquadradas por cunhais apilastrados em silharia de junta fendida, coroados por urnas, percorridas por embasamento de cantaria que se estende na totalidade do primeiro piso, rematadas por friso e cornija sobreposta por platibanda interrompida pontualmente por composição de balaústres. Fachada principal virada a N., dividida em três panos definidos por pilastras, dispostos simetricamente, a partir do central. Pano central definido por pilastras em silharia fendida, imitando o aparelho rústico, rasgado ao centro, no primeiro piso por portal central em asa de cesto, ladeado por três portas de cada lado, sendo o central e as duas seguintes encimadas por proteção metálica com vidro; segundo e terceiro pisos rasgados por sete janelas de sacada, de verga reta, com molduras de granito, com guarda de ferro forjado; quarto piso em cantaria de granito aparente, rasgado por sete vãos de sacada em arco de volta perfeita, com elemento escultórico em relevo na pedra de fecho, intercaladas por par de pilastras com capitéis jónicos, sustentando falso entablamento. Remata o pano central frontão triangular rasgado por óculo central envolvido por festão de flores, coroado por urna no vértice. Panos intermédios semelhantes, tendo em cada piso oito vãos de verga reta, os inferiores de porta a abrir para o passeio, os do segundo piso de janela simples, de duas folhas e bandeira, e os restantes, janelas de sacada assente em duas consolas, e guarda de ferro forjado formando elementos geométricos. Os panos dos extremos são semelhantes, rasgados no primeiro piso por quatro portas de verga reta; no segundo piso por quatro janelas, também de verga reta; no terceiro piso por quatro janelas de sacada, idênticas às restantes e no quanto piso, em cantaria aparente, idêntico ao ultimo piso do pano central, quatro janelas de sacada em arco de volta perfeita. Fachadas laterais simétricas, rasgadas por quatro vãos de verga reta no primeiro piso, sendo de porta na fachada lateral direita, e quatro janelas de sacada nos restantes pisos. Fachada posterior de construção recente, rasgada por numerosas janelas de verga reta, correspondendo os do corpo central com a caixa de escadas interior. A esta fachada adossa-se parque automóvel, e sobre este, com comunicação com o edifício principal, restaurante e jardim de inverno. INTERIOR: bastante adulterado pelas obras de adaptação às várias funções que foi recebendo. Pela porta principal acede-se a amplo átrio de receção, com pavimentos em mármore e tetos estucados, que comunica com o Café Astória instalado do lado esquerdo e bar instalado do lado direito, com o piso menos um onde se encontram as salas de conferências, ginásio e salas de tratamento SPA, e com os restantes pisos através de escadaria monumental que faz a ligação a amplos corredores que distribuem os cento e cinco quartos pelos vários pisos.

Acessos

Praça da Liberdade, Largo dos Loios

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Conjunto da Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e Praça do General Humberto Delgado (v. PT011312120287)

Enquadramento

Urbano, destacado. Localiza-se em pleno centro da cidade, constituindo o fecho Sul, da Avenida dos Aliados, tendo como confrontante no extremo N., o Edifício dos Paços do Concelho. A sua Fachada Principal integra a totalidade do extremo N. do quarteirão onde se insere, delimitado pelo Largo dos Lóios e Rua de Trindade Coelho a O., pela Rua das Flores a S. e pela Praça de Almeida Garret a E, um dos quarteirões-piloto identificados no plano de intervenção da Porto Vivo, SRU.

Descrição Complementar

A construção de todo o edifício, nunca sendo concluída, fez desaparecer p troço da muralha entre as portas dos Carros e de Santo Elói.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Comercial e turística: hotel de charme

Propriedade

Privada: grupo financeiro

Afectação

InterContinental Hotels Group (IHG) (contrato de 20 anos).

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: D. José de Champalimaud (fachada), Hélder Salvados (remodelação), Manuel Garcez (1593). DESIGNER DE INTERIORES: Alex Kravetz. ENSAMBLADORES: António Coelho (1677); António João Padilha (atr., 1684); Domingos Lopes (1672, 1685); João Carneiro de Couros (atr., 1689). ENTALHADOR: António Coelho (1611). ORGANEIRO: Miguel Hensberg (1684). PINTOR-DOURADOR: Francisco da Rocha (1685, 1695).

Cronologia

1490 - Iniciam os cónegos seculares de São João Evangelista as obras de construção dos espaços conventuais, por ordem do Bispo D. João de Azevedo; 1491, 6 de Novembro - lançamento da primeira pedra para a igreja de Nossa Senhora da Consolação e fundação do convento; 1592 - reedificação e ampliação da igreja e espaços conventuais, por ordem do Capítulo Geral; 1593, 6 de Novembro - lançamento da primeira pedra da capela-mor, pelo reitor, o Padre Pedro da Assunção, estando presente o Bispo do Porto, D. Jerónimo de Menezes, sendo o projeto do arquiteto Manuel Garcez; 1611, junho - contrato para a execução do retábulo-mor e um dos colaterais da igreja, com António Coelho; 1641 - escreveu o Padre Jorge de São Paulo, que pelo desvio do dinheiro, nesta data estavam por acabar o coro, o forro da igreja, a sacristia, a escada , varandas e a torre dos sinos que ameaçava ruir; 1672, 17 fevereiro - contrato para a obra do forro da igreja com Domingos Lopes, por 700$000; 1677, 08 julho - contrato da obra das grades e dois púlpitos por António Coelho, por 350$000; 1668 - extinção da Congregação dos Padres Loios; 1684 - feitura dos arcazes, obra atribúivel a António João Padilha; 1685, 22 janeiro - contrato para a feitura de um novo órgão por Miguel Hensberg, por 626$000, com caixa de cinco castelos; 1685, 02 agosto - contrato para a execução do retábulo-mor por Domingos Lopes, seguindo alguns pormenores dos retábulos de Santo António do Penedo e da Capela de Santa Apolónia da Sé do Porto, pela quantia de 140$000; 1685, 15 maio - contrato da pintura e douramento do retábulo-mor com Francisco da Rocha, por 700$000; 1689 - feitura dos púlpitos da igreja de Santo Elói, atribuível a João Carneiro de Couros; 1695, 22 março - contrato com Francisco da Rocha para o douramento dos retábulos colaterais por 560$000; 1744 - obras no pavimento da igreja, que apresentava muito mau estados de conservação; construção de um aqueduto para condução das águas entretanto postas a descoberto sob o pavimento; 1764, 14 julho - em despacho de João de Almada e Melo, é definida a abertura de uma praça em frente convento e a abertura de uma porta de acesso à mesma; 1790 - modificação da frontaria do convento, voltada para a Rua da Natividade, acrescentando-lhe duas pequenas torres; 1794 - aproveitando a demolição das muralhas que cercavam a cidade a cidade antiga, os frades aproveitaram para pedir autorização para alterar a fachada voltada para a antiga Praça das Hortas, atual Praça da Liberdade; 1798 - foi concedida a autorização e iniciadas as obras de alteração da fachada, não tendo as mesmas sido concluídas pelos religiosos Loios; 1810 - 1822 - ocupação do edifício por tropas portuguesas que aí instalaram um hospital militar; 1832 - durante o cerco do Porto esteve instalada no edifício a casa da moeda; 1834 - após a extinção das Ordens Religiosas o edifício foi vendido em hasta pública por oitenta contos a Manuel Cardoso dos Santos, negociante com fortuna conseguida no Brasil, com a condição de concluir as obras de construção segundo o risco inicial; após a morte do proprietário, o edifício passa por herança para a mulher e filhas, que motivaram a designação porque ficou o edifício conhecido até hoje, Palácio das Cardosas; séc. 19, finais - a ameaça de ruína de uma das torres da igreja, foi o pretexto para a sua demolição e a seguir o resto do convento*1, do qual apenas restou a fachada principal do edifício das cardosas; a pedra foi aproveitada para o encanamento das águas pluviais, por ordem do rei D. Pedro IV; mais tarde o mesmo monarca, ordena que os sinos sejam fundidos e utilizados para fazer moeda; 1980 (década) - obras profundas no interior do edifício; 2006, Janeiro - Aquisição do edifício ao grupo Millennium BCP, pelo fundo imobiliário Prestige, gerido pelo Espírito Santo Activos Financeiros*2; 2011, 7 julho - inauguração do hotel.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, pilastras, molduras dos vãos, friso, cornijas e entablamento em cantaria de granito; vestíbulo principal com revestimento e pavimento em mármore; tetos estucados; portas, caixilharias, pavimentos, mobiliário e outros elementos em madeira; guardas das sacadas e estrutura sobre as portas centrais ferro forjado; escada helicoidal em madeira; cobertura em telha cerâmica de aba e canudo.

Bibliografia

BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, vol. I (séculos XV a XVI), Porto, Diocese do Porto, 1984; PEREIRA, Ana Cristina, Conventos do Porto, descontinuidades, transformação e reutilização, Dissertação de Mestrado. MIPA. FAUP, Outubro 2007; http://porto24.pt/vida/30032011/intercontinental-temos-os-chandeliers-mas-tambem-temos-ipads/; http://www.porto.taf.net/dp/files/presskit-cardosas.pdf, 2 de Agosto de 2011; PACHECO, Hélder, Porto, Lisboa: Presença, 1984, p.161

Documentação Gráfica

AHMP

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

AHMP

Intervenção Realizada

1592 - Reedificação e ampliação dos espaços conventuais e igreja; 1744 - reforma do pavimento da igreja; 1790 - modificação da frontaria do convento, voltada para a Rua da Natividade, acrescentando-lhe duas torres; 1980 - Foi o edifício inteiramente reconstruído no interior; 2007 / 2011 - obras de remodelação e adaptação a hotel*2.

Observações

*1 - O convento era constituído por dois andares baixos, com janelas pequenas voltadas para o largo dos Lóios, surgindo em linha recta, para S. o fronstispício da igreja. Tinha quatro dormitórios, dois de grandes dimensões no corpo S. e outros dois mais pequenos virados a poente para o largo dos Lóios. O claustro era de pequenas dimensões, com um chafariz ao centro. A igreja apresentava coro grande, de abóbada de esteira, com luz vinda de duas janelas, um órgão de grandes dimensões e uma pequena sacristia ricamente decorada. A torre era em cantaria, artisticamente trabalhada e tinha seis sinos. *2 - Esta compra incluiu o palácio e a recuperação do quarteirão composto por 42 parcelas.

Autor e Data

Ana Filipe 2011

Actualização

 
 
 
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