Mosteiro de Santo Antão-o-Velho / Colégio de Santo Antão / Convento do Coleginho / Igreja Paroquial do Socorro / Igreja de Nossa Senhora do Socorro

IPA.00021700
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura educativa, manuelina e pombalina. Colégio da Companhia de Jesus composta por igreja à esquerda e edifício residencial, inscrita num rectângulo, de arquitectura simples. Igreja setecentista de tendência rococó de planta longitudinal e nave única. Edifício residencial com um claustro rectangular de três pisos tendo no primeiro arcada de estilo manuelino.
Número IPA Antigo: PT031106530576
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Domingos - Dominicanas

Descrição

Planta rectangular composta pela igreja e zona conventual com claustro centrado. Telhados de duas águas. Fachada principal da igreja orientada a Poente, de corpo único ladeado por pilastras que servem de remate o frontão com óculo. No primeiro registo, pórtico formado por duas colunas jónicas de estilo neo-clássico, sobre as quais assenta o frontão curvilíneo, truncado, que emoldura o espaldar rematado por aletas curvas. No segundo registo três janelas com moldura e tímpano correndo sobre elas a cimalha com friso e cornija. INTERIOR: nave única com tecto abobadado, de estuque branco sem decoração. O coro, com balaustrada de madeira, assenta sobre um grande arco abatido, cujas extremidades se apoiam em consolas de pedra lavrada. No sub-coro, guarda-vento de madeira. Na nave quatro portas laterais adaptadas a confessionários com portas de madeira lavrada e duas capelas laterais (uma por lado), reentrantes, com pilastras, arco, cornija e tímpano, retábulo em madeira dourada e pintada com fingidos (o do lado direito com imagem de Nossa Senhora da Conceição, o da esquerda com imagem de Cristo Crucificado). Capelas colaterais (a do lado do Evangelho possui pintura setecentista representando Nossa Senhora das Dores). A Capela-mor possui arco triunfal de volta perfeita, coroado por frontão triangular de cantaria em estilo neo-clássico sobrepujado por dois óculos e tribuna de madeira imitando cantaria formando caixilho a uma pintura a óleo representando o Ecce Homo. o retábulo-mor setecentista, em madeira, alberga a imagem de Nossa Senhora do Socorro. CLAUSTRO: quinhentista constituído por um rectângulo formando quatro arcadas (duas de seis vãos e duas de quatro) de um total de vinte vãos de arcos de volta perfeita e perfil chanfrado suportados por colunelos com capitéis de corda entrançada representando coroas de espinhos

Acessos

Rua Marquês de Ponte de Lima; Praceta do Colégio. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.715544, long.: -9.133585

Protecção

Enquadramento

Urbano. Incluído na malha urbana do bairro da Mouraria, a fachada principal acompanha o declive da Rua Marquês de Ponte de Lima.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: na parede lateral da capela-mor, inscrição gravada num rectângulo com duas cercaduras, a interna de pedra branca com círculos em pedra compósita de tons vermelhos, castanhos e negros, e losangos em pedra negra embutidos alternadamente e em relevo, a externa em pedra rosa com um círculo negro aos cantos. Tem 10 linhas de caracteres latinos, sendo as oito primeiras gravadas no séc. XVIII e as restantes duas um acrescento feito em 1784; Leitura: " ESTA CAPPELLA E SEPULTURA HE DE DOM IOÃO DA COSTA PA/DROEIRO E FUNDADOR DESTE COLEGIO DE SAMTO AGOSTI/NHO E DE SEUS ERD(EI)ROS PELLOS QUAES HE OBRIGADO A DIZER/TRES MISAS COTIDIANAS COM SEUS RESPONSOS SOBRE A SEPULTURA E POR DONA IOANA DE VASCONSSELLOS SUA ULTIMA/MOLHER UMA MISA COM RESPONSO QUE DOTOU COM/25 R(EI)S DE RENDA E DOM IOÂO DA COSTA SEU NETO HA MANDOU REDE/FICAR E ORNAR NO ANNO DE 1639/D(OM) IOÃO DA COSTA 5º CONDE DE SOURE REEDEFICOU TOTAL/MENTE ESTA CAPELLA NO ANO DE 1784"

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Defesa Nacional

Época Construção

Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Custódio Vieira (atr.); Eugénio dos Santos de Carvalho (1711 - 1760) (atr.); João Antunes (atr.). ENTALHADORES: António da Costa (1704); Francisco Marques (1681).

Cronologia

1496 - D.Manuel I dá, em aforamento, ao Hospital Real de Todos-os-Santos o lugar da antiga mesquita da Mouraria; 1511, 05 setembro - em carta de doação, D. Manuel I entrega os rendimentos dos terrenos às freiras da Ordem Terceira de São Francisco; 1515 - por breve do Papa Leão X as casas da antiga mesquita são transformadas em convento de freiras dominicanas com a invocação da Anunciada; 1519, 12 agosto - dão entrada em clausura, seis freiras provenientes do Convento de Jesus, em Aveiro, e outras da Ordem Terceira de São Francisco ficando como primeira abadessa D. Joana da Silva; 1538, 22 fevereiro - escritura da transferência das freiras dominicanas para o Vale do Andaluz por troca de edifício, passando este para a Ordem de Santo Antão, ficando conhecido por Mosteiro de Santo Antão; 1542, 5 janeiro - após obras de melhoramentos do edifício, o Padre Simão Rodrigues e mais seis companheiros jesuítas passam para a nova residência; 1552 - a horta anexa ao mosteiro é alargada com terrenos cedidos pelo Senado da Câmara e toda a cerca murada; 1553 - foi instituído o Colégio de Santo Antão, sendo o seu primeiro reitor o padre Melchior Carneiro; 1578 - o Cardeal Dom Henrique dota o colégio com uma renda de doze mil cruzados e a terça da Colegiada da Vila de Ourém (que era da Mesa Pontifical); 1593 - transferência dos jesuítas para o Novo Colégio de Santo Antão (actual Hospital de São José) passando o antigo colégio a ser designado como Coléginho; 1594, 28 abril - a Companhia de Jesus vende o edifício, por onze mil cruzados (sendo fiadores D. João da Costa e sua mulher, D. Maria de Aragão), à Ordem dos ermitas de Santo Agostinho e o nome muda para Colégio de Santo Agostinho; 1639 - é instituída, na capela-mor, o panteão dos Condes de Soure; 1681, 02 outubro - feitura do retábulo da Capela de Nossa Senhora do Bom Despacho, por Francisco Marques, contratado pela respetiva Irmandade (FERREIRA, vol. II, pp. 510-511 e 548); séc. 18, inícios - obras na capela-mor, feitas pelo Conde de Soure e a sacristia, mandada executar por Frei António Botado, Bispo de Hipona; 1704, 24 abril - a Irmandade de Santa Luzia contrata o entalhador António da Costa para a feitura do retábulo (COUTINHO: 490); 1755, 01 novembro - o edifício é destruído pelo terramoto, ficando de pé o claustro e o espaço da capela-mor; 1759, 19 julho - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco do Socoro, Manuel Curado Dinis, é referido o convento como sendo do padroado dos Condes de Soure; 1764 - após obras de reconstrução a igreja abre ao culto (com a mesma disposição de quatro capelas laterais e capela-mor); 1784 - obras efetuadas na capela dos Condes de Soure por D. João da Costa, 5º Conde de Soure; 1813, 16 abril - cerimónia de sagração da igreja pelo Bispo de Meliapor; 1829 - restauração da Província de Portugal da Companhia de Jesus e reinstalação dos jesuítas no edifício; 1832 - criação de um noviciado; 1834 - expulsa a Companhia de Jesus, é o edifício ocupado pelo 4º Batalhão da Guarda Nacional e pelo Tribunal do Júri, ficando a igreja entregue à Irmandade de Nossa Senhora do Bom Despacho; 1835 - a cerca, chamada de Quinta do Coleginho (*1) é vendida em hasta pública, sendo arrematada por 1:960$000 por José Joaquim Alves da Cunha; 1840 - a área conventual é ocupada por serviços do Ministério da Guerra, nomeadamente pela Direção da Arma de Infantaria (que permanecerá até 1980) e que transformará a sala da Biblioteca em sala de honra; 1895 - projeto de abertura da rua Marquês de Ponte de Lima; 1910 - está instalado no edifício um posto da Cruz Vermelha (até 1927); 1932 - estão instalados no edifício a Direcção da Arma de Infantaria, serviços de Administração Militar, a sede da "Fraternidade Militar" (extinta em 1943), bem como um recolhimento de viúvas de militares; 1950 - é transferida para a igreja a sede de paróquia do Socorro com a invocação de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro; 1982 - encontra-se instalada no edifício a Comissão para o Estudo das Campanhas de África; 1985 - após obras de restauro, instala-se no edifício a Direcção do Serviço Histórico-Militar (DSHM); 1987 - colocação de uma lápide na parede da entrada recordando ter sido ali "a primeira casa da Companhia de Jesus no mundo inteiro e o primeiro colégio para externos da Companhia, em Portugal"; 1994 - é extinta a DSHM e em seu lugar é criada a Direcção de Documentação e História Militar (DDHM); 2004, 30 junho - é aprovado em Conselho de Ministros a instalação, na parte conventual, do Centro de Estudos de São Francisco Xavier; 2005, fevereiro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2015, 03 março - publicação da Resolução que desafeta o edifício do domínio público militar e o integra no domínio privado do Estado, em Resolução do Conselho de Ministros n.º 9/2015, DR, 2.ª série, n.º 43.

Dados Técnicos

Materiais

Alvenaria, cantaria, madeira, vidro, azulejo e telhas.

Bibliografia

ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, Porto, 1987; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fascículo X, Lisboa, 1955; CAEIRO, Baltazar Matos, Os conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga - Bairros Orientais, Lisboa, CML, 1935; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; LIMA, Duval Pires de (pref. e notas), História dos Mosteiros, conventos e casas religiosas de Lisboa, vol. II, Lisboa, 1972; LOPES, António, Santo Antão-o-Velho, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; MACHADO, Barbosa, História dos Mosteiros, conventos, e casa religiosas de Lisboa, 1950; MARTINS, Dorbalino dos Santos e SEIXAS, Miguel, O Coléginho - breve resenha histórica, Lisboa, 1990; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Primeiro Tomo, Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1973; PEREIRA, Luiz Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1927; PURIFICAÇÃO, Fr. António da, Chronica da Antiquissima Provincia de Portugal da Ordem dos Eremitas de S. Agostinho Bispo de Hipona, & principal doutor da Igreja, Lisboa, 1642; RODRIGUES, Francisco, História da Companhia de Jesus da Assistência de Portugal I, Porto, 1931; SEIXAS, Miguel Metelo de, História do Coléginho ou Mosteiro e Colégio de Santo Antão-o-Velho, Lisboa, 1998; SOUSA, J. M. Cordeiro de, Nota acerca da igreja "do Coléginho", in Olisipo, nº 54, Abril 1954.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; Instituto Geográfico e Cadastral (Planta de 1858)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; DGA/TT: Listas de Bens de arrematação nº 8, Cartas de arrematação nº 119A; Direcção dos Serviços de Engenharia: Tombo da Repartição do Património.

Intervenção Realizada

1910 - demolição de um passadiço de cinco metros que ligava a área do convento a uma propriedade contígua; 1980 a 1983 - obras de reparação e restauro (obras no claustro com a colaboração do Departamento de Espaços Verdes da CML); 1984 - obras de melhoria na área conventual à excepção do terceiro pavimento por se encontrar ocupado por famílias.

Observações

*1 - na planta de 1858 a área da cerca compreendia todos os terrenos até à Costa do Castelo, Rua da Amendoeira e Rua Marquês de Ponte de Lima. Com o seu desmembramento veio dar espaço a edifícios, tais como o Teatro Taborda (v. PT031106380636) que integra no seu edifício a capela consagrada a São Francisco Xavier que fazia parte da cerca..

Autor e Data

João Machado 2005

Actualização

 
 
 
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