Residência da Companhia de Jesus / Igreja de Nossa Senhora de Fátima

IPA.00023013
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitectura residencial oitocentista e religiosa moderna e contemporânea. Planta em U composta por três corpos, correspondentes a residência, igreja, e entre estas o centro de catequese. A residência da Companhia de Jesus resulta da adaptação de um edifício residencial oitocentista, em cujo projecto se incluiu uma igreja moderna. Residência de planta trapezoidal com fachadas de dois registos, a que foi recentemente acrescentado um terceiro. São ritmadas por vãos de verga recta e arco abatido com molduras de granito rematadas por cornija. Igreja de planta rectangular de desenvolvimento longitudinal com nave ritmada por sete tramos, o primeiro preenchido por endonártex suportando coro-alto; capela-mor mais estreita em eixo e duas sacristias adossadas, apresentando coberturas planas. A fachada principal apresenta influências do expressionismo alemão, ao nível do tratamento dos elementos centrais. Portal encimado por vão com vitral, com subversão das formas tradicionais, sendo que o elemento que se destaca é o superior, pela sua dimensão e pelo recurso a elementos longitudinais que o ritmam e lhe imprimem movimento. As longas frestas que ladeiam quer o portal quer o vitral inspirar-se-ão num revivalismo medieval. Interiormente, o esqueleto da estrutura, com o recurso ao arco tudor, marca os tramos que ritmam a nave. O arco tudor é usado quer como elemento decorativo revivalista quer como um elemento estrutural ideal da arquitectura do betão. Apresenta elementos característicos da arquitectura jesuítas com um tratamento moderno das formas, visível nas paredes laterais, simétricas, com sequência de três ordens, capelas laterais marcadas por arcos parabólicos, encimadas por galerias de circulação abertas para a nave por tribunas e sobre estas janelas de iluminação em arco tudor. O último tramo é marcado, também nestas paredes, por vão alto e estreito, criando quase como a ilusão de marcação de um transepto inscrito.
Número IPA Antigo: PT011312040365
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Planta sensivelmente em U composta pela justaposição de três corpos; o corpo E. correspondente à igreja, o oposto à residência, faceando a Rua Oliveira Monteiro e a Rua de Nossa Senhora de Fátima, e entre estes, recuado, o Centro de Catequese. IGREJA: Planta longitudinal com endonártex, de nave única com três capelas laterais, de cada lado, e capela-mor mais estreita a que se adossam lateralmente, a E. e O., sacristias rectangulares. Volumes articulados de dominante horizontal, com capelas laterais e capela-mor mais baixas. Coberturas planas diferenciadas, em fibrocimento. Fachadas rebocadas e pintadas de amarelo. Fachada principal de dois registos, com falso embasamento em mármore e remate em empena ao centro. Portal principal em arco agudo, com porta em ferro e vidro, inserido em falso alfiz ligeiramente angular de mármore, policromo, com enjuntas decoradas em relevo com anjos. Sobre este, janelão em arco quebrado com vitral policromo, percorrido verticalmente por elementos rectilíneos decorativos, em mármore, que se prolongam acima da fachada, em diferentes alturas, sendo o central mais elevado e terminado em cruz. Lateralmente, duas grandes frestas em arco agudo, uma de cada lado, interrompidas no terço inferior por dois frisos de mármore que se prolongam até aos extremos da fachada. Fachadas laterais a O. e E., simétricas, com escalonamento dos vários corpos. Um estreito pano, que se eleva acima da fachada, é rasgado por janelão mainelado que se prolonga em cruz latina. Panos das capelas laterais, em empena, separados por pilastras, rasgados inferiormente por janelas de verga recta e superiormente por janelas em arco quebrado. Na fachada posterior *1, rasga-se janelão em arco quebrado com vitral, com cruz e várias frestas estreitas de iluminação de dois lanços de escadas interiores. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco e lambril de mármore branco com friso superior em mármore preto. Pavimento em soalho envernizado e nave com tecto marcado por arcos tudor ressaltados. Endonártex com portal axial ladeado por pias de água benta. Nas paredes laterais, escadas de acesso ao coro-alto e tribunas. Abre-se para a nave por arco tudor ladeado por vãos de verga recta, fechados por portas de madeira e vidro. Sobre o endonártex encontra-se o coro-alto, protegido por guarda de ferro e vidro. Nave com paredes laterais ritmadas por pilastras de suporte dos arcos da cobertura, com elementos confrontantes. Junto à parede fundeira, rasga-se arquivolta tudor com confessionário. Seguido de três capelas profundas marcadas por arquivoltas plenas, com vitrais nas elipses, e albergando altares de mármore com o símbolo iconográfico do orago, sendo encimados por imaginária. As do lado do Evangelho dedicadas a São José com o Menino, São João de Brito e ao Sagrado Coração de Jesus e as do lado oposto a Santo Inácio de Loyola, e São Luís Gonzaga, apresentando a central um confessionário. Cada um das capelas é encimada por tribunas com guarda de ferro e sobre estas, três janelas em arco tudor com vitral com motivos zoomórficos. Lateralmente, vão de verga recta, albergando confessionário, encimado, ao nível das tribunas, por grande vão com remate em arco quebrado ornamentado ao centro por cruz latina. Arco triunfal com arquivoltas tudor, apresentando no lado do Evangelho, púlpito, em mármore e do lado da Epístola, na arquivolta interior penha de madeira com imaginária protegida por baldaquino rectangular com estrias, também de madeira. Capela-mor com cobertura de perfil em arco tudor. Paredes laterais, com portas de verga recta de acesso às sacristias, junto ao arco triunfal e superiormente três janelas idênticas às da nave, com vitrais grafitados com representação de santos com os seus atributos e inferiormente legenda. Os do lado do Evangelho representando São João Berchmans, São Francisco Xavier e Santo Inácio de Loyola e os do lado oposto São João de Brito, São Luís Gonzaga e São Belarmino. Parede testeira rasgada por nicho longilíneo em arco apontado, com fundo revestido a mármore escuro com inscrições grafitadas (cruzes latinas, cruzes poténteas, e outros símbolos e emblemas da Paixão e da pessoa de Cristo). Alberga sacrário rectangular de mármore com porta de latão dourado, com cruz ao centro, assente em pilar rematado por capitel cúbico de pedra picada.Sobre o nicho, uma tela, com pintura a óleo, representando a Aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos. Ao centro, altar-mor paralelepipédico. Posteriormente à capela-mor desenvolvem-se lanços de escadas. CENTRO DE CATEQUESE: Planta rectangular, possuindo no interior dois pisos, com várias salas, três das quais destinadas à instrução de catequese. RESIDÊNCIA: Planta trapezoidal, de volumetria horizontalizante. Cobertura em telhado de quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. Fachadas, principal S., lateral O. e pano do ângulo SO., com embasamento e marcação dos cunhais em granito. Apresentam três registos, o último correspondente a acrescento, com remate em cornija recta. Registos separados por friso e por cornja sobre beiral. Registos rasgados por vãos de verga recta e arco abatido, com molduras de granito, as do primeiro e segundo registo rematadas por estreita cornija, com bandeiras. Interiormente, apresenta várias divisões. CREUL-IL: Planta rectangular com fachadas de vidro e betão. Fachada principal voltada a S.. Interiormente, apresenta dois pisos, com várias divisões.

Acessos

Rua Oliveira Monteiro, n.º 562, Rua Nossa Senhora de Fátima, n.º 174 e n.º 186

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, em terreno com ligeiro declive para O. O espaço, formando gaveto, é delimitado por muros altos forrados a azulejo de padrão, em tons de castanho, a S., O. e E.. A igreja apresenta adro definido também por muro e fronteiramente com gradeamento entre pilares de secção quadrangular, com acesso ao centro por portão, seguido de escadaria. Lateralmente à igreja e envolvido pelo corpo correspondente ao Centro de Catequese de Nossa Senhora de Fátima e o da residência, encontra-se pequeno jardim arborizado. Posteriormente, ao centro de catequese desenvolve-se espaço ajardinado, com diversas árvores de fruto, onde se implanta o edifício do Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loyola (CREU-IL). A E. da igreja localiza-se o Edifício da Delegação do Porto da Cruz Vermelha Portuguesa, datado do início do séc. 20, e fronteiro a esta, separado pela Rua de Nossa Senhora de Fátima, localiza-se o Lar de Nossa Senhora de Fátima.

Descrição Complementar

INSCRIÇÃO: Na capela dedicada a São João de Brito, placa de mármore com letras capitais douradas; leitura: JOANNI DE BRITO INCLYTO MARTYRI AC SUMMO HODIE COELITUM HONORE AUCTO PORTUCALENSIS EXIMIA PIETATE VIR HOC GRATI ANIMI MONUMENTUM DICAT X KAL IVL A CHR MCMXLVII.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: convento masculino

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: José Emílio da Silva Moreira (1934, 1935), Fernando da Cunha Leão (projeto), Mário Cândido de Morais Soares (1966 / 1969) e António Fortunato de Matos Cabral; EMPRESA: Oficinas ARS - Arquitetos (1934). ENTALHADOR: Altino Maia; ESCULTORES: Barata Feyo (1947), Carlos Escobar (1967); OFICINAS DE RESTAURO: Guilherme Thedim; PINTORES: Henrique Franco de Sousa (tela da capela-mor); VITRALISTA: Adalberto Sampaio (vitral da fachada principal).

Cronologia

Séc. 19, final / Séc. 20, início - Construção do edifício onde se encontra hoje a residência da Companhia de Jesus; 1933, 26 Março - O padre Évariste Simoen Léon, morador na Rua das Valas n.º 186, actual Rua de Nossa Senhora de Fátima pede para demolir um pequeno prédio em ruína bem como parte do muro da frente, situado na mesma rua, pretendendo aí erigir uma pequena igreja, junto à sua casa de habitação; 1934, 29 Setembro - o Arquitecto José Emílio da Silva Moreira, assina o termo de responsabilidade, para a execução do projecto da igreja; 1934, 18 Outubro - num documento datado, referente ao projecto e às "Figuras relativas ao cálculo e principais detalhes de cimento" surge a sigla ARS-Arquitectos; 1935, 14 Fevereiro - é concedida a licença ao Padre Évariste Simoen Léon para executar as obras da igreja, sob a direcção do técnico José Emílio da Silva Moreira, com a condição imposta das obras serem concluídas no prazo de dois anos; 1936, 11 Fevereiro - inauguração da igreja; 1947 - colocação da imagem de São João de Brito, da autoria de Barata Feyo; 1967 - execução da escultura de Nossa Senhora de Fátima da autoria de Carlos Escobar; 1966 / 1969 - a capela-mor sofreu profundas alterações, sobretudo no presbitério tendo sido as obras orientadas pelo arquitecto Mário Cândido de Morais Soares, da Oficina ARS; a remodelação processou-se a nível do altar-mor e do sacrário que foram substituídos por outros de menor valia; inclusão do edifício do Centro de Catequese.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em betão armado rebocada e pintada; granito em muros exteriores; ferro fundido no gradeamento dos muros exteriores; embasamento, portal, lambril, altares laterais e capela-mor em mármore; vitral; ornamentos e peças de arte em alumínio, chumbo, latão e cobre; bancos em madeiras exóticas; porta principal em ferro forjado; cobertura em fibrocimento.

Bibliografia

AZEVEDO, Ercílio de, Memória do Anos 30 in O Tripeiro n.º 2, vol. V, Fevereiro de 1986; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário dos Arquitectos activos em Portugal do século I à actualidade, 1994; SILVA, Germano, Cedofeita, Junta de Freguesia de Cedofeita; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal, Cidade do Porto, vol. II, Lisboa, 2000; Roteiro Religioso - Porto e Vila Nova de Gaia. Diocese do Porto, 2000; PAMPLONA, Fernando- Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses, vol. I, p. 172 e vol. II, p. 346, 2000; www.cm-porto.pt, 14 Junho 2005; www.ppcj.pt, 14 Junho 2005; http://paginas.fe.up.pt/pu/movimentos.html/, 6 Julho 2005.

Documentação Gráfica

AHMP: Licença de Obras - 1933-1935

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1966 / 1969 - Restauros das esculturas; 1999 - restauro dos vitrais pela firma "Difusão" de António Miranda.

Observações

1 - A acumulação de vegetação, junto à fachada posterior da igreja não permite fazer uma leitura pormenorizada da fachada.

Autor e Data

Sónia Duarte e Patrícia Costa 2005

Actualização

 
 
 
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