Conjunto Habitacional de Santa Isabel / Aldeia de Santa Isabel

IPA.00023202
Portugal, Lisboa, Sintra, Rio de Mouro
 
Conjunto arquitetónico assistencial. Conjunto habitacional e assistencial (centro de acolhimento infantil) de promoção privada. Planta poligonal irregular, formada por um conjunto uniforme de casas rectangulares, de um ou dois pisos, rebocadas e pintadas a branco com embasamento a azul, rasgadas por vãos rectilíneos, com molduras de cantaria superiores ou no topo inferior e superior, encimadas por cornijas telhadas, e cobertas por telhados de duas ou quatro águas com beirais. Integram registos de azulejos pintados a azul cobalto sobre fundo branco, com cercaduras com concheados e volutas ao gosto setecentistas com inscrição ou figuração identificativa da função inicial dos edifícios.
Número IPA Antigo: PT031111080149
 
Registo visualizado 4136 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício  Assistencial  Centro de acolhimento infantil  Promoção privada  

Descrição

Conjunto ou aldeamento de planta poligonal irregular, com malha urbana ordenada em função de um eixo O. / E., constituído pela Av. Padre Agostinho Motta, correspondente ao lado maior do polígono, e ao seu limite a S., marcado por dois elementos polizadores, a Igreja, a O., junto à entrada principal, que acaba por formar um eixo longitudinal dominante, e o jardim dos Provérbios, a E.. Apresenta eixos secundários dispostos paralela e perpendicularmente ao eixo ordenador; no centro da aldeia uma praça (Praça da Alegria), a O. do jardim, de planta rectangular, com um coreto no ângulo SE, pátio do Galo a SE., de planta rectangular, com pavimento em "calçada à portuguesa", banco circular, ao centro, em alvenaria rebocada a branco, com canteiro e um galo, uma pocilga desactivada a E., arrumos, antiga casa do guardador de porcos, e forno a S.. A NE., campo de jogos. Os edifícios são de planta predominantemente rectangular, de massa simples, disposta na horizontal, com coberturas em telhados de duas ou quatro águas. Fachadas em alvenaria rebocada pintada de branco e embasamento a azul, com um, dois ou, menos frequentes, três pisos, terminados em beiral, rasgados por vãos rectilíneos, com verga de cantaria, sobreposta por friso moldurado e cornija telhada; nos edifícios um pouco maiores, a fachada é alteada sobre o portal, formando falso frontão, telhado, por vezes integra pequeno alpendre sobre o portal, ou então concilia as duas vertentes, como na enfermaria. Algumas apresentam ainda tapa-sóis de madeira, pintados de azul ou de materiais modernos. As construções integram registos de azulejos, monocromos sobre fundo branco, identificando com legenda ou cena figurativa a utilização inicial do edifício. Frontalmente possuem passeios em calçada à portuguesa, separadores dos caminhos em terra ou ruas alcatroadas. Ao longo da avenida principal, destacam-se, no sentido O. / E., e do lado esquerdo, a igreja, o auditório, antigo Teatro e Ginásio Luís Nobre, e o Lar Infantil, originalmente uma das camaratas do orfanato; do lado oposto, o edifíco das aulas de confecção e atelier, antiga Escola Primária de alunos externos (de Albarraque), o edifício do curso de restauração, antiga barbearia, nas traseiras do qual se encontra uma mesa em pedra, hoje sem função específica, onde era distribuída a sopa dos pobres, e um carro em ferro para essa distribuição, e a torre do poço. Os edifícios do lado direito da avenida abrem para o exterior da aldeia*1. A igreja tem planta de cruz latina, composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita tendo adossado à fachada lateral esquerda torre campanário e ladeando a capela-mor corpos rectangulares; coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachada principal terminada em empena, rasgada por portal de arco de volta perfeita assente em duas colunas, encimado por janela mainelada em arco de volta perfeita. Campanário de duas sineiras sobrepostas e remate escalonado. Fachadas ritmadas por contrafortes e rasgadas por frestas na nave e janelas de peitoril nos anexos. No interior, coro-alto de betão assente em dois pilares e duas pilastras, com guarda metálica, acedido pela torre e tendo no sub-coro, do lado da Epístola baptistério com arco de volta perfeita, albergando pia baptismal gomada sobre coluna estriada. Lateralmente, as paredes são superiormente percorridas por arcos avançados em alvenaria sobre as janelas, assentes em cachorros; marcação de transepto por arco de volta perfeita formando motivo serliano, e tendo em cada um dos topos, capela com arco de volta perfeita. Um arco com a mesma modinatura acede à capela-mor, com parede testeira pintada de azul. Em torno do jardim distribuem-se alguns dos principais edifícios da aldeia: a N., edifício da Direcção, Secretaria, de planta em U aberto, e cabeleireiro, antigo Quartel dos Bombeiros de Mem-Martins, e uma torre quadrada, bastante alta, com uma imagem da "Rainha Santa Isabel", inserida num nicho, e um painel de azulejo em homenagem ao fundador da aldeia; a E., o Lar de Idosos de São João de Deus, antiga enfermaria de acamados, e a enfermaria da Rainha Santa Isabel. A E. situam-se os blocos de aulas e as oficinas. O Jardim dos Provérbios tem planta rectangular e é atravessado por um canal de água, de traçado geométrico, com canteiros de relva, flores e árvores, ladeados de caminhos térreos. Nas zonas limítrofes (O. e N.) da aldeia, de expansão, duas construções de linhas arquitectónicas mais recentes, um polidesportivo e um bloco de aulas.

Acessos

EN294-2

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Peri-urbano, situado numa colina, a uma altitude média de 160 m, junto à localidade de Albarraque, que lhe fica a S, sendo rodeada por muros, de alvenaria rebocada, e recorte ondulado, ou gradeamento metálico, circundados por estradas. Possui duas entradas de serviço a N. e um portão de acesso do pessoal e viaturas, a O.

Descrição Complementar

AZULEJOS - Alguns edifícios possuem registos de azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, com motivos alusivos à função inicial do imóvel, como o da secretaria, o do cabeleireiro, e o do quartel de bombeiros, onde são representados dois bombeiros a apagar um incêndio e um carro de bombeiros, com cercadura com concheados, volutas e querubim; num outro edifício da Av. Principal, surge um registo estilisticamente idêntico aos anteriores, com a representação de um grupo de figuras populares a tocar música e a dançar em frente a uma casa e com uma legenda na cercadura: "COMEDIANTES". No registo da torre ao lado do edifício da Secretaria, surge a inscrição: "AO NOSSO / GRANDE AMIGO / DOUTOR JOSÉ RIBEIRO ESPIRITO SANTO SILVA". Existem ainda seis placas de mármore, com inscrições douradas, em homenagem a artistas: no Teatro Luís Nobre: João de Castro J.or (26-9-1963); J. Marques Vidal (25-4-1964); Bobby Delglané, Joselito, Sophie e Francisco Egídio ( 25-4-1964); Mireille Mathieu e Johnny Stark (19-3-1967); Ângela Maria ( 21-4-1968); Alberto Cortez ( 25-12-1964).

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Azulejos da Fábrica de Santa Ana.

Cronologia

1931 - fundação e início da construção da aldeia-orfanato por iniciativa de José Ribeiro Espírito Santo Silva, pela mão de mestres-pedreiros da região; o financiamento foi obtido, em parte, através de uma condição colocada pelo Banco Espírito Santo aos seus clientes quando estes recorriam a crédito, que previa o financiamento da construção de um dos edifícios da aldeia, é o caso do Teatro e Ginásio Luís Nobre mandado construir por um sucateiro do bairro de Alcântara, em Lisboa, que deu o nome ao edifício; a aldeia dispunha de equipamento diferenciado para as crianças internas e para a comunidade local de Albarraque, o segundo situado na Av. Padre Agostinho da Motta, do lado direito, no sentido O. / E., com portas para o exterior, de forma a que a população local não se cruzasse com os órfãos; 1946 - feitura de um painel de azulejos para um edifício da rua principal; 1950 - feitura dos painéis de azulejos para os Bombeiros, edifício da secretaria e cabeleireiro na Fábrica de Santa Ana; 1960, década - rodagem, na aldeia, do filme "O Rapaz e o Cão", realizado pela RTP; 1982 - aprovação do projecto do Decreto-Lei que integrava na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa o orfanato-escola de Santa Isabel; 1983, 22 Junho - publicação do Decreto-Lei 289/83 integrando o Orfanato de Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que passa a ser usado como colónia de férias; 1986 - criação do Lar de São João de Deus e da Escola Profissional; 1989 - deliberação de Mesa substitui a antiga designação de orfanato pela de Aldeia de Santa Isabel; execução do busto do Padre Agostinho Motta, por António Duarte.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada; molduras dos vãos e outros elementos estruturais em cantaria calcária; registos de azulejos; caixilharias de madeira ou alumínios; vidros simples ou martelados e policromos na igreja; bronze e mármore na escultura do Padre Agostinho Motta cobertura e beirais de telha; pavimentos em calçada à portuguesa, terra batida ou alcatrão; muros em alvenaria rebocada e pintada ou grades de ferro.

Bibliografia

Documentação Gráfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

SCML:DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

SCML: DGIP

Intervenção Realizada

SCML: 1986 - obras de conservação e restauro; 2000 - construção do polidespotivo e do novo bloco de aulas, obras de saneamento (rede de águas), instalação subterrânea de fios telefónicos, e de electricidade e instalação de gás natural; 2004 - obras de conservação e restauro de pavimentos; criação de acesso a deficientes na Praça da Alegria (rampas).

Observações

Autor e Data

Helena Mantas 2004

Actualização

 
 
 
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