Creche Victor Manuel / Centro de Acolhimento Infantil Victor Manuel / Unidade Local de Saúde da Tapada

IPA.00023492
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alcântara
 
Creche modernista, de planta rectangular resultante da ampliação na década de 30 de um edifício anterior, datado de finais do séc. 19, com características modernistas. Fachadas regularmente rasgadas com janelas de peitoril, a principal terminada em cornija e platibanda plena, formada por sete panos, o central de dois pisos e mais saliente, rasgada por portal em arco de volta perfeita encimado por pala semicircular e janela, no segundo piso, e corpos laterais com portais de verga recta igualmente encimados por pala.
Número IPA Antigo: PT031106021133
 
Registo visualizado 3681 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Creche    

Descrição

Planta rectangular composta por vários corpos, formando dois pátios laterais abertos, de volumes articulados. Disposição de massas acentuadamente horizontal, definida pela fachada principal que se desenvolve no sentido O. / E. e cobertura diferenciada, em telhado de três e quatro águas e em terraço. Fachadas rebocadas e pintadas a beije, com faixa pintada de branco, rasgadas a ritmo regular por vãos, predominantemente rectilíneos. Fachada principal voltada a S., terminada em cornija pintada a branco e platibanda plena; formando sete panos; o central, mais elevado, de dois pisos, marca um eixo de simetria, sendo rasgado, ao nível térreo, por portal em arco de volta perfeita, com porta de dois batentes, coberto por pala semicircular apoiada em duas colunas laterais adossadas, e com bandeira gradeada; o portal é encimado pela inscrição em relevo CRECHE VICTOR MANUEL, encaixada sob o recorte da cornija separadora de pisos, e ladeado, num pano mais estreito e recuado, por duas janelas de peitoril, tipo frestas; no piso superior, surgem três corpos escalonados, o central, mais elevado, rasgado por janela de peitoril central, moldurada, encimada por inscrição em relevo SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA. Seguem-se, de cada lado, três panos, sendo os intermédios rasgados por três janelas de peitoril, encimadas por ampla moldura reentrante, pintada de branco, tendo inferiormente floreiras assentes em mísulas estilizadas e frestas de arejamento, os dos extremos com o mesmo esquema de vãos, mas com um módulo mais apertado e sendo as laterais mais estreitas, e o central, mais recuado, rasgado por portal secundário de acesso ao edifício, de verga recta encimado por pala semicircular apoiada nos cunhais do pano que sob a pala têm perfil curvo. Fachadas laterais de um pano e um piso, a da esquerda, voltada a E., rasgada por quatro janelas de peitoril e a lateral direita, voltada a O., por três janelas semelhantes. Fachada posterior, voltada a N., de dois corpos, o da esquerda ligeiramente avançado, com um piso rasgado por cinco janelas e um janelão; e o da direita, parcialmente com dois pisos, rasgando-se no piso térreo seis janelas e em janelão e no piso superior um janelão; duas escadas, colocadas paralelamente à fachada, a da direita prolonga-se por rampa, acedem ao terraço que cobre o edifício. INTERIOR: Piso térreo com planta estruturada em torno de eixo central, com orientação N. / S., constituído por átrio de entrada, vestíbulo, zona das escadas de acesso ao piso superior, dois corredores longitudinais de ligação às alas laterais e refeitório. As alas laterais têm planta quadrangular, estruturadas em torno de pátio interno descoberto, de planta rectangular e pavimentado a tijoleira, à volta do qual se distribuem as salas da creche (abaixo de 1 ano e 2 anos), instalações sanitárias (das crianças e de adultos), cozinha, gabinetes de trabalho, salas do pessoal e outras dependências de apoio. O extremo O.da ala direita do edifício encontra-se isolado da creche, sendo ocupado por uma unidade local de saúde, com gabinetes ao longo de corredor. O átrio tem alto silhar de mármore beije, pavimento em mármore preto e beije a formar xadrez e, a S., porta de verga recta, com moldura em mármore negro, de acesso ao vestíbulo, o qual tem duas portas, a S., de acesso a pequeno gabinete e a sala de arrumos, outras duas a O. e E. de acesso, respectivamente, a um salão polivalente e a uma sala da creche (1 ano) e a N. uma porta de ligação à zona das escadas de acesso ao piso superior. As várias salas e corredores têm pavimentos em tijoleira e silhar de azulejos lisos, com friso de cor diferenciada e de cantos arredondados. O piso superior, de menor área, tem planta em cruz, em cujos braços se distribuem quatro salas da creche (infantário), e, ao centro da cruz, onde desembocam as escadas, instalações sanitárias de crianças e de adultos; as salas dos braços N., O. e E. abrem para terraço.

Acessos

Calçada da Tapada, nº 92 - 94. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,706864, long.: -9,177853

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, meia-encosta, isolado, próximo dos pilares da Ponte 25 de Abril, antecedido por pequeno pátio, com canteiros e pavimento em cimento, vedado por muro, de alvenaria rebocada e capeada a cantaria, sobreposto por gradeamento em ferro, rasgado por três portões em ferro, ladeados por colunas com esfera no topo. Este pátio liga-se a corredores exteriores de circulação que envolvem o edifício lateral e posteriormente. Os portais da fachada principal são antecedidos por escada de um lance delimitada por floreiras. Nas traseiras, existem pequenas construções de apoio à creche e à unidade local de saúde, salas de arrumos e lavandaria.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: jardim de infância / creche / Assistencial: centro de acolhimento infantil / Saúde: centro de saúde

Utilização Actual

Educativa: jardim de infância / creche / Assistencial: centro de acolhimento infantil / Saúde: centro de saúde

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ALARMES: Grupo 8 - Vigilância e Prevenção Electrónica, Lda (1982). ARQUITECTO: Luís Caetano Pedro d'Avila (1877); João Peixoto (1991). CONSERVAÇÃO E REABILITAÇÃO: Certar - Sociedade de Construção Lda.; Conspronel - Construção civil e Projectos, Lda.; Ezequiel Santos Silva, Lda.; Globo - Isolamentos e Pinturas (1990) Réplica Lda.. EMPREITEIROS: Companhia de Crédito Edificadora Portuguesa (1877 / 1878); Consturb - Comércio e Distribuição de Materiais de Construção Civil; Lda. (1987); Preza Lda. - Construções Civis (1982); Odilom Martins Garcia (1964); Tilva - construções Trigo & Silva, Lda. (1985). ENGENHEIROS: Óscar Manuel Vaz Máximo (1979). FORNECEDOR DE MATERIAIS: Celeno - construções electromecânicas e inoxidáveis, Lda. (1994); Sociedade de Importação Enrique Thumann, S.A.R.L. (mosaicos plásticos de vinil-amianto da marca D.L.W. - Deliflex); Vaporel - Sociedade Industrial Metalo-Mecânica, Lda. (1988).

Cronologia

1877 - Fundação da Creche Vítor Manuel pela Rainha D. Maria Pia em memória de seu pai, o Rei da Itália, com apoio da Condessa de Paraty e de D. Maria do Patrocínio de Barros Lima de Almeida; 1877 / 1878 - construção do edifício, térreo com mansarda e pequeno jardim à volta, tendo as obras decorrido a cargo da Companhia de Crédito Edificadora Portuguesa, sob projecto do Arquitecto Luís Caetano Pedro d'Avila; 1878, 1 Dezembro - inauguração da creche em terrenos da Tapada da Ajuda; 1910 - remoção do brasão da Itália existente na fachada e sua substituição pelo emblema da República, por intimação do Governo Civil à directora da creche, D.ª Maria do Patrocínio de Barros Lima de Almeida; 1920 - perante o perigo de encerramento, a directora D.ª Maria Isabel da Silva e Brito conseguiu o patrocínio de D.ª Isabel de Melo, filha dos condes de Sabugosa, que angariou um subsídio anual de 1.000$00 da Provedoria da Assistência e 300$00 da Câmara Municipal; 1927 - a creche estava sob a gestão da "Associação de Creches e Asilos de Lisboa"; 1928 - a receita era composta por 3.000$00 de juros de inscrições nos Títulos da Dívida Pública, pelas cotas dos sócios e subsídios da Assistência Pública e do Governo Civil; 1930, 14 Dezembro - a instituição foi legada à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; 1931, 2 Janeiro - Decreto nº 19186 de doação do imóvel à Santa Casa; 13 Março - escritura pública da doação; pouco depois foi acrescentado um lactário e um dispensário médico e farmacêutico, o que implicou grande ampliação e reforma das fachadas; 1934 - a população do Bairro da Ajuda reclamou a construção de um edifício similar para a Escola Maternal da Ajuda; 1948, Dezembro - o desnível do terreno onde o imóvel se implanta provoca inundações nas casas dos funcionários do Instituto Superior de Agronomia; 1964 - uma infestação de térmites assolou o imóvel; Outubro - o Gabinete da Ponte sobre o Tejo informou que o ramo rodoviário que ia estabelecer a ligação entre a zona de Alcântara e o acesso principal à Ponte ocuparia parte do logradouro do edifício; 1967, Fevereiro - em troca dos 24m2 cedidos à obra da ponte, o imóvel recebeu em permuta 266m2 e a obra de um muro; 1979, Novembro - no seguimento de um pedido da directora da creche foi efectuada uma vistoria ao imóvel; tendo-se verificado a necessidade de um estudo de remodelação da cozinha, incumbiu-se desse projecto o engenheiro Óscar Manuel Vaz Máximo; 1987, 30 Junho - por ocasião da comemoração dos 110 anos da Creche, decidem-se várias iniciativas, entre as quais obras de beneficiação; 1991, 20 Dezembro - o Arquitecto João Peixoto elaborou um programa base para a realização de uma campanha de obras profundas; 1995 - devido às infiltrações ruíram os tectos na copa e no salão polivalente; 2001, 11 Abril - aprovação do Regulamento interno do Centro de Acolhimento Infantil Vítor Manuel.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada; portas de madeira; caixilharia de madeira e com vidros simples; grades de ferro; pavimentos interiores cerâmicos e em mármore; silhar de azulejos e em mármore; tijolo de vidro; cobertura em telha e terraços, com pavimento em tijoleira.

Bibliografia

A Creche Vítor Manuel, ABC: revista portuguesa, Lisboa, Ano 1, n.º 44, 12 Maio 1921; FREIRE, João Paulo, Apontamentos para uma monografia, Coimbra, 1929; Melhoramento que se impõe, O Comércio da Ajuda, Lisboa, Ano 3, n.º 72, 21 Julho 1934; SOUTO, Maria Helena, Um goês em Lisboa: a obra do engenheiro e arquitecto Luís Caetano Pedro d'Avila, 1832?-1904 in Arte teoria: revista do mestrado em teorias da arte, Lisboa, n.º 7, 2005, pp. 140-158.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREL, DGEMN/DRC

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo Fotográfico, B 096182, A 25482, A 25483, A 25890

Documentação Administrativa

SCML: DGIP, proc.º 68B; Obras, proc.º 110; AICML: Obras, Obra n.º 10358

Intervenção Realizada

1927, Junho - Limpeza das fachadas; 1942 - limpeza das fachadas; 1957 - obras de remodelação; 1964, 24 Junho - concurso público para a substituição dos pavimentos em madeira, infestados com térmites, por laje de betão; 7 Julho - adjudicação à firma Odilom Martins Garcia da mesma empreitada; o empreiteiro utilizou mosaicos plásticos de vinil-amianto da marca D.L.W. - Deliflex; 1964 / 1965 - construção de acessos à Ponte 25 de Abril no logradouro; 1969, 1 Maio - adjudicação à firma Figueira, Simões & Silva, Lda. de uma divisória envidraçada na sala dos lactantes; 1972, 28 Julho - abertura do concurso para a adjudicação da empreitada de reparação das fachadas; 1982, 19 Agosto - adjudicação à firma Preza Lda., Construções Civis da reparação das fachadas; 26 Outubro - concurso para a adjudicação de um sistema de detecção e alarme contra intrusos e roubo; 23 Novembro - adjudicação à firma Grupo 8 - Vigilância e Prevenção Electrónica, Lda. da empreitada dos alarmes; 1985, 27 Março - concurso para a adjudicação da construção de vedações e impermeabilização de terraços; 10 Novembro - Despacho ministerial adjudicando à empresa Tilva - construções Trigo & Silva, Lda. Dessa empreitada; 1986, 11 Março - a Mesa deliberou suspender a empreitada porque os trabalhos não se haviam iniciado; 19 Março - suspensão dos trabalhos; 1987, 4 Setembro - abertura do concurso das obras de beneficiação do imóvel, nomeadamente pinturas exteriores; 29 Outubro - adjudicação à firma Consturb - Comércio e Distribuição de Materiais de Construção Civil; Lda. das obras de beneficiação; 1988, 5 Maio - abertura de novo concurso para a realização de obras de beneficiação das coberturas e terraços; 15 Junho - adjudicação à firma Consturb - Comércio e Distribuição de Materiais de Construção Civil; Lda. dessa empreitada; 26 Agosto - concurso da empreitada do fornecimento e montagem de uma caldeira; 2 Setembro - adjudicação à firma Vaporel - Sociedade Industrial Metalo-Mecânica, Lda. do fornecimento e montagem da caldeira; 1990, 5 Novembro - abertura do concurso de obras de conservação; 27 Novembro - adjudicação à firma Globo - Isolamento e Pinturas das várias obras de conservação; 1993, 19 Março - adjudicação à firma Vaporel da reparação do sistema de aquecimento central; 1994, 20 Setembro - adjudicação da construção de uma nova chaminé para a caldeira à firma Celeno - construções electromecânicas e inoxidáveis, Lda.; 1994 - substituição dos revestimentos de pisos degradados e reparação dos azulejos do salão polivalente; 1996 - reparação e impermeabilização dos terraços; obras de beneficiação, conservação e remodelação dos espaços interiores; 2004 - tratamento da cornija do imóvel.

Observações

*1 - Depois da sua iniciação na Índia, o arquitecto Luís Caetano Pedro d'Avila, de origem indiana, formou-se na École Impériale de Beaux-Arts de Paris, que formava arquitectos de alto nível especializados em campanhas de grandes obras públicas de iniciativa estatal. Em França, discutia-se na época a questão do ferro aplicado às estruturas e como arquitectos e engenheiros se tendiam a fundir num só profissional. Apesar desta formação, o arquitecto nunca foi um arquitecto de regime tendo apenas conseguido pequenas obras junto da elite da época. É da sua autoria o Palacete Loulé, em Cascais, o Chalé do Comendador Dantas, no Porto, o Palácio da Condessa Geraz de Lima, em Lisboa, e a Fábrica Lisbonense de Móveis de Ferro, na Rua Nova da Palma, em Lisboa. São consideradas obras primas deste arquitecto o Pavilhão de Exposições da Tapada da Ajuda (v. PT031106020251) e a Escola Industrial Marquês de Pombal, em Alcântara, pois são considerados exemplos pioneiros do melhor que se produziu no domínio das estruturas metálicas e das construções escolares (SOUTO). *2 - Corresponde ao prédio urbano nº 110 da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Autor e Data

Helena Mantas e João Simões 2006

Actualização

 
 
 
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