Núcleo urbano da vila de Penedono

IPA.00023848
Portugal, Viseu, Penedono, União das freguesias de Penedono e Granja
 
Núcleo urbano sede municipal. Vila situada em colina na fronteira da Beira. Vila medieval de jurisdição senhorial com castelo.Traçado urbano de raiz medieval, de tendência concêntrica, polarizado pelo castelo. Dos espaços públicos, a actual praça 25 de Abril destaca-se enquanto centro cívico do núcleo, centralizando os edifícios públicos e o acesso ao castelo. Os edifícios religiosos distribuem-se ao longo dos eixos radiais pincipais, implantados em largos de localizações periféricas em relação ao centro definido pela praça da câmara e pelourinho na actual Praça 25 de Abril. O tecido parcelar é extremamente homogéneo impossibilitando a leitura de uma regra, resultado de uma implantação não planeada, que se estendeu ao longo de muitos séculos, não revelando características de uma pressão urbana significativa, bem como de prováveis intervenções de emparcelamento. Predominam os lotes com forma tendencialmente quadrangular, frequentemente com a frente mais larga voltada á rua. É também frequente a presença de logradouros. A excepção encontra-se por exemplo em alguns lotes estreitos e longos na Rua de São Miguel e na Travessa do Outão. O edificado é maioritariamente composto por casa térreas e por casas de dois pisos, frequentemente com aproveitamento de semi-caves e de sótãos. Do quadro tipológico do núcleo destacam-se os exemplos remanescentes da tipologia tradicional beirã da casa sobradada com loja no piso térreo e habitação no piso com escadas exteriores, de um número significativo de casa com pátio lateral com muro alto e de um conjunto de casas abastadas. Estas representam um conjunto muito heterogéneo do ponto de vista formal, morfológico e cronológico, destacando-se pela dimensão e pelo trabalho mais cuidado de cantaria. A construção em alvenaria de granito tradicionalmente rebocada e caiada apresenta-se actualmente quase sempre aparente. Os telhados de 2 ou 4 águas são revestidos com telha de canudo salvo os casos de substituição desta por telha lusa.
Número IPA Antigo: PT011812060102
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Vila  Vila medieval  Vila medieval  Senhorial

Descrição

Conjunto urbano estruturado em traçado semi-radioconcêntrico, com o castelo como pólo aglomerador mas não como pólo geométrico. O castelo (v. PT1812060001) implantado no ponto mais alto da vila, sobre afloramento rochoso, destaca-se da malha urbana que se estende nas vertentes S. e O. do morro, com quarteirões de tamanhos e formas irregulares. Os eixos estruturantes são a circular ao morro do castelo definido pelas Rua do Castelo/ Rua das Alminhas/ Rua de São Salvador e o alinhamento da rua de São Miguel. Este poderá corresponder à única reminiscência da cerca do núcleo medieval, tal como acontece em Almeida com a Rua Direita. Duarte de Armas, no início do séc. 16 (reinado D. Manuel), representa Almeida sem cerca. Outro eixo fundamental mais recente é a Rua Adriano de Almeida, correspondente a uma fase de expansão do séc. 19. Esta avenida nasce na actual Praça 25 de Abril, onde se encontra implantado o Pelourinho manuelino (v. PT 1812060002). Esta terá sido desde cedo o centro cívico da vila, onde se edificou para além do Pelourinho, a Casa da Câmara e Cadeia (v. PT1812060101) actualmente a funcionar como Biblioteca e Posto de Turismo. Destacam-se ainda do edificado circundante da praça a Casa com varanda alpendrada (v. PT1812060068), a Casa Paroquial (v. PT1812060106) e a antiga Escola Primária (v. PT1812060104). É também por esta praça que se acede ao castelo, através de escadaria. Traço comum a todos os eixos é a ausência de alinhamento das fachadas. As frentes de rua são muito irregulares, sendo comuns os muros de quintal, as reentrâncias provocadas pela existência de escadas exteriores e as casas com implantação recuadas em relação ao alinhamento. Dos espaços públicos destacam-se o Largo de Santa Bárbara e o Largo de São Salvador, ambos associados a capelas com os mesmos nomes. A igreja de São Pedro é a igreja matriz e encontra-se numa localização periférica em relação á área identificada como centro histórico. Houve em Penedono três igrejas paroquiais. A Casa dos Freixos ou Solar dos Coutinhos acolhe actualmente a Câmara Municipal. O edifício aristocrático dos séculos 17 e 18 era o solar de residência 1º da família Coutinho, Condes de Marialva e foi construído fora da malha urbana mais antiga, para S., no eixo hoje definido pela Av. Adriano de Almeida, provavelmente traçado sobre um caminho pré - existente de acesso á vila. Da cerca urbana não restam vestígios. O edificado é composto por edifícios de 1 e 2 pisos predominantemente residenciais. A alvenaria de granito aparente domina a imagem da vila, que a par da eminência do castelo remetem inevitavelmente para a sua identificação com o conjunto das vilas de consolidação do território dos primeiros séculos da nacionalidade.

Acessos

EN229, Rua de Santa Eufémia, Avenida Adriano de Almeida, Rua Dr. José Cabral de Almeida, Rua de São Pedro, Rua da Madalena

Protecção

Inclui Castelo de Penedono (v. PT1812060001) / Pelourinho de Penedono (v. PT1812060002)

Enquadramento

Implantado em colina. Localiza-se na Beira Alta, na sub-região do Douro e pertence à unidade de paisagem do Planalto de Penedono. Vila situada a N. do distrito de Viseu a uma distância de 75 km da capital do distrito. Capital de concelho, possui 7 freguesias: Antas, Beselga, Castainço, Penedono, Penela da Beira, Póvoa da Penela e Souto. O concelho tem uma área total de 125.08 km2 e está implantado no topo de um monte rochoso na Serra de Sirigo, com domínio sobre o vale do rio Medreiro, numa posição estratégica para a defesa e consolidação do território.

Descrição Complementar

A vila e em particular o castelo de Penedono, está ligada segundo a tradição, á figura de Álvaro Gonçalves Coutinho, o "Magriço" passado à imortalidade por Camões no canto VI dos "Lusíadas", que aqui terá vivido parte da sua vida. Este cavaleiro que fez parte do "grupo do 12 de Inglaterra" no séc. 15, ter-se-á tornado o modelo perfeito do cavaleiro medieval.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 12 / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Época neolítica - vestígios na região que informam da presença de primitivos habitantes deste período; 1000 a.C. - provável presença de um antigo castro da idade do bronze e vestígios de construção militar árabe de protecção a um povoado muçulmano implantado na zona envolvente; 960 - primeiro documento conhecido onde é referido o nome de Penedono na sua forma original "Pena de Dono" (testamento de D. Flâmula feito nesse ano); 987 - a fronteira cristã retrocede, passando os terrenos de Penedono a ser propriedade dos Maometanos; 1055 - os terrenos são libertados por Fernando Magno durante uma campanha de 10 anos que culmina com a tomada de Coimbra em 1064; 1059 - é referida a libertação das terras de Penedono no inventário dos bens do cenóbio Vimaranense; séc. 12, finais - as terras de Penedono pertencem à coroa; 1195 - é outorgada à Vila, por D. Sancho I, carta de foral pela qual são concedidos aos moradores privilégios iguais aos moradores de Trancoso; 1217 - o foral é confirmado por D. Afonso II; 1512 - último foral de Penedono, subscrito por Fernão de Pina; séc. 14 - data possível da construção do Castelo de Penedono por D. Vasco Fernandes Coutinho, senhor do Couto de Leomil e vassalo de el-rei; 1527 - consta no Cadastro da População do Reino, mandado elaborar por ordem de D. João III, que haviam 486 moradores ou fogos na vila, o que equivalia a cerca de 1500 habitantes; 1757 - a vila contava com 125 fogos; 1708 - a Vila contava com cerca de 350 vizinhos repartidos por duas paróquias, de S. Salvador e de S. Pedro; 2ª metade do séc. 18 - Penedono deixa a comarca de Pinhel e passa para a de Trancoso; 1873 - por decreto de 23 de Dezembro, é suprimido o julgado de Penedono, ficando apenas a existir o concelho; 1895 - por decreto de 7 de Setembro, é extinto o concelho; 1898 - o concelho de Penedono é de novo restaurado por decreto do dia 13 de Janeiro com todas as freguesias que o constituíam antes da sua extinção; séc. 18 - em Portugal Antigo e Moderno surge a seguinte descrição da vila: "A villa nada tem de notavel, senão a sua historia e tradições, e as ruinas de alguns edificios, que nos revelam a antiga importancia d'esta povoação." E ainda "Tem um castello, que foi muito forte em outro tempo, e está hoje em ruinas. Dentro do Castello existe uma torre, ainda bem conservada, onde está o relógio da villa"; 2013, 28 janeiro - criação da União das Freguesias de Penedono e Granja por agregação das mesmas, pela Lei n.º 11-A/2013, DR, 1.ª série, n.º 19.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante, paredes em cantaria, alvenaria de pedra, reboco de cal e areia, janelas de duas folhas, pavimentos urbanos com paralelipípedos de granito

Materiais

Pedra: granito, cerâmica: telha de canudo, metal: ferro fundido, madeira: carvalho

Bibliografia

LOURENÇO, Mário A. P., Penedono - Forais, Câmara Municipal de Penedono, 1989; BASTOS, Rui Ferreira, Penedono e o seu Concelho, curriculum e modernidade, 1996; ALVES, Alexandre, Penedono: Apontamentos de História e de Arte, Os Coutinhos, Câmara Municipal de Penedono, Viseu, 2000; SOUSA, Júlio Rocha e, Antiga Vila de Penedono, Viseu, 2001; SOUSA, Júlio Rocha e, Castelo de Penedono, Viseu, 2001

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC; DGOTDU: Arquivo Histórico (Anteplano de Urbanização de Penedono - Estudos Preliminares, a.d., 1954; Anteplano de Urbanização do Penedono, Eng. Barata da Rocha, 1957)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH (Anteplano de urbanização de Penedono, DSARH-005-3613/17), DGEMN/DREMC

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Maria Pais, Joana Leão 2005

Actualização

Anouk Costa, Cláudia Morgado, Rita Vale 2010
 
 
 
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