Edifício na Avenida Almirante Reis, n.º 60 / Lar de Nossa Senhora do Anjos

IPA.00025545
Portugal, Lisboa, Lisboa, Arroios
 
Edifício residencial multifamiliar eclético com revivalismos vários. É de planta em L pouco pronunciado e invertido, implantado em lote quadrangular e formando gaveto, construído no início do século 20. Fachadas principal e lateral direita simétricas, apresentando cinco pisos separados por friso, rasgadas por vãos regulares de verga recta ou curva, de peitoril ou de sacada, com guardas em ferro, e molduras em cantaria, num jogo alternando, tendo o eixo central da fachada principal tríforas e as do gaveto bíforas, terminando em friso e platibanda plena, interrompida, ao centro da fachada principal e no ângulo das fachadas, por falso frontão semicircular, sobreposto por segmentos e decorado com carranca e motivos vegetalistas e volutados em massa. Interior estruturado em função de escada de dois lanços, com patamares intermédios e iluminada por clarabóia, a partir da qual se acede a dois apartamentos por piso, de grande área, com as dependências distribuídas ao longo de corredores, um longitudinal e outro transversal, tendo as dependências voltadas para a fachada principal tectos decorados com estuques neobarrocos e revivalistas neoclássicos.
Número IPA Antigo: PT031106060792
 
Registo visualizado 3208 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial multifamiliar  Edifício  Edifício residencial  

Descrição

Planta em L pouco pronunciado e invertido, implantado num lote quadrado, com pequeno pátio nas traseiras e corpo de um piso adossado. Massa simples, disposta na vertical, com cobertura em telhado de quatro águas, integrando clarabóia quadrada em ferro e vidro, e terraço sobre o corpo adossado. Fachadas de cinco pisos, separados por friso, rebocadas e pintadas a azul, a principal e a lateral direita com alto embasamento de cantaria, pilastras de silharia fendida nos cunhais e a definir o ângulo do gaveto, com vãos de verga curva e recta de molduras em lioz e terminadas em cornija de massa e platibanda plena, excepto a meio da fachada principal e no ângulo das fachadas, onde forma falso frontão semicircular, ornado por segmentos, ladeado por ameia decorativa sobre mísulas denteadas e com carranca envolta por motivos fitomórficos e volutados no tímpano. Fachada principal voltada a E., simétrica, rasgada por cinco eixos de vãos sobrepostos, num ritmo alternado; o eixo central é mais largo, constituído por uma janela trífora, de moldura curvilínea, com vão central de arco em asa de cesto e os laterais em volta perfeita, assentes em falsas mísulas, enquadrando bandeira, sendo as do piso térreo de peitoril, com cornija assente em quatro falsas mísulas, e as dos pisos superiores de sacada, sobre quatro consolas e com guarda de ferro em cole de cisne, com elementos vegetalistas. Os eixos dos extremos apresentam janelas semelhantes, em arco de asa de cesto, sendo no primeiro piso de peitoril e nos restantes de sacada igual às centrais. Nos eixos intermédios, abrem-se janelas de peitoril, rectilíneas, com moldura formando ligeiro recorte no início da bandeira e tendo inferiormente cornija sobre duas falsas mísulas; ao nível do primeiro piso, a janela é substituída por portal de acesso ao interior, com arco em asa de cesto, enquadrando bandeira em vidro com elementos curvos, sobre pilastras almofadadas, contendo porta de duas folhas, trabalhada, com almofadas e grelha em ferro com elementos vegetalistas. O ângulo que une as fachadas principal e a lateral direita, curvo, é rasgado por uma bífora, com as duas janela de moldura curva, sendo as do piso térreo igualmente de peitoril e as superiores de sacada, iguais às da fachada principal. A fachada lateral direita, voltada a N., apresenta esquema semelhante, sendo rasgada por quatro eixos de vãos sobrepostos, os dos extremos com moldura em asa de cesto e de sacada, excepto no piso térreo, e os interiores constituídos por janelas de peitoril, de moldura recta. Fachada posterior rasgada, à direita, por vãos rectangulares que facultam o acesso a varandas, parcialmente fechadas com estruturas em ferro e vidro que, por sua vez, facultam o acesso a uma escada exterior em ferro e a um elevador, também exterior. Possui adossado corpo de um piso, ocupado por estabelecimento comercial, rebocado e pintado a branco, rasgado por duas portas e três janelas, rectilíneas, a porta do extremo direito de acesso ao pátio do edifício. INTERIOR de planta em L, com dois apartamentos de rendimento por piso, aos quais se acede por escada de dois lanços, iluminada por clarabóia, em madeira, com patamares intermédios e guarda em ferro, com motivos volutados estilizados, que se desenvolve na sequência de vestíbulo. Este, tem planta rectangular, de eixo longitudinal, implantado à direita do eixo central da fachada principal, com um lanço de escadas em mármore, com uma plataforma de acesso a deficientes, no topo do qual se abre um arco de volta perfeita em madeira que o separa da escada; o tecto e as paredes laterais do vestíbulo apresentam motivos decorativos em estuque; o primeiro formando apainelados rectangulares definidos por molduras de frutos e flores, com pontas de diamante nos ângulos, e as paredes com painéis de perfil curvo e chave saliente, enquadrados por pilastras estreadas e de capitéis coríntios; entre o vestíbulo e a escada, surge patamar de acesso aos apartamentos do piso térreo. O andar do lado direito de planta rectangular, estruturada em torno de corredor longitudinal, que se desenvolve no sentido E. / O., perpendicularmente à fachada principal, a partir do qual se acede às dependências do imóvel, distribuídas de ambos os lados do corredor, iluminadas por vãos que se rasgam na fachada principal e lateral direita. O andar do lado esquerdo de planta quadrada, estruturada em torno de corredor paralelo à fachada principal, que atravessa o apartamento no sentido N. / S., a partir do qual se acede às dependências do imóvel, distribuídas dos dois lados do corredor, sendo as dependências do lado esquerdo iluminadas por vãos que se abrem na fachada principal, e as do lado direito interiores e ligadas a outras que abrem para as traseiras. Os pisos 0, 1 e 2.º direito, ocupados pelo Lar, estão ligados entre si. Os pavimentos dos apartamentos são em madeira nos corredores e quartos, cerâmico nas instalações sanitárias, cozinhas e outras zonas de serviços. As dependências voltadas para a Av. Almirante Reis apresentam estuques decorativos. Tectos falsos em algumas zonas do Lar.

Acessos

Avenida Almirante Reis, n.º 60. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,726505, long.: -9,134686

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, implantado de gaveto na Av. Almirante Reis, eixo da cidade planeado no início do séc. 20, que se desenvolve no sentido N. / S., com fachada lateral direita paralela à R. de Angola e a posterior à R. da Guiné, duas ruas do Bairro das Colónias, construído na década de 1930, a E. da referida avenida. Nas traseiras, forma pequeno pátio, pavimentado a calçada à portuguesa, tendo uma escada exterior metálica, encostada à fachada, de acesso aos vários pisos do imóvel e um elevador exterior; ao nível do 1.º andar, surge um terraço, que se desenvolve a partir da varanda do piso, com pavimento cerâmico, ligado por umas escadas à R. da Guiné. Nas imediações, ergue-se a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos (v. PT031106060191), o Refeitório dos Anjos (v. PT031106061215), entre outros imóveis com interesse histórico e arquitectónico, nomeadamente um prédio Arte Nova com a fachada revestida de azulejos (v. PT031106060109) e um prédio eclético com azulejos arte nova na fachada (v. PT031106060123).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: edifício residencial

Utilização Actual

Assistencial: lar (pisos 0, 1.º e 2.º direito) / Residencial: edifício residencial (pisos 2.º esquerdo, 3.º e 4.º)

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: VF arquitectos (2004). CONSTRUTORES: Artur José Nobre (1915/ 1916); Manuel dos Santos Oliveira; Pedro Nunes (1932); José Lopes dos Santos Júnior (1936); José dos Santos Ouro (1948); José de Sousa (1955); Fonseca & Irmão Lda. (1976); HCI Construções, Lda. (1988); Diamantino Francisco Tojal, Sucessores Lda. (1997). EMPREITEIRO: Jovino António Rodrigues Fidalgo (1977). ENGENHEIRO CIVIL: Manuel Pinheiro Torres de Meireles (1986); Albase, Sociedade de Engenharia, Lda. (1997). ÁGUAS E ESGOTOS: DUCTOS, Sociedade de Projectos de Engenharia (1999).

Cronologia

1915, 20 Julho - apresentação à CML do primeiro projecto do imóvel pelo proprietário, Bernardino Formigão; 30 Julho - recusa do projecto por não ter valor arquitectónico; 26 Agosto - aprovação do novo projecto em sessão camarária; 1915 / 1916 - construção do prédio por Artur José Nobre; 1932 - projecção do Bairro das Colónias; 1973, 21 Abril - falecimento de D.ª Maria Helena Alves de Carvalho Dias que deixou o imóvel à SCML; 1972 - queixas dos inquilinos devido a infiltrações; 1974 / 1975 - os inquilinos queixam-se do mau estado do edifício; 1985, 23 Agosto - assinatura de protocolo entre a Junta de Freguesia dos Anjos e a SCML para a primeira ceder à segunda instalações para por em funcionamento o Centro de Dia dos Anjos; 1990, 12 Dezembro - os inquilinos fazem um abaixo-assinado queixando-se da degradação do prédio; 1993 - a CML toma posse administrativa do prédio; 28 Fevereiro - inauguração do Centro de Dia dos Anjos no 1º andar Esq.; 1 Abril - instalação de um lar de idosos no r/c direito e esquerdo; 1994 - o lar ocupou o 2º andar direito; 1997, 18 Setembro - a Mesa deliberou aumentar a capacidade do Lar dos Anjos para rentabilizar os recursos; 1998, 15 Maio - assinatura do Protocolo de Cooperação Pilar - Programa de Idosos em Lar entre a SCML e a CRSS de Lisboa e Vale do Tejo, em que o Estado se comprometia a financiar as obras de recuperação; 2002, 11 Abril - aprovado pela Mesa o Regulamento do Centro de Dia dos Anjos; 24 Outubro - suspensão da posse administrativa; 2003, 13 Novembro - a CML arrendou à SCML o 4º andar direito para habitação social.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada; pilastras e molduras dos vãos em cantaria de lioz; grades em ferro; portas e caixilharia em madeira; vidros simples; pavimentos em madeira, cerâmicos e "calçada à portuguesa"; tectos em pladour; estuques decorativos no exterior e em tectos e paredes; cobertura de telha.

Bibliografia

Documentação Gráfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo de Obras, obra 5951

Documentação Fotográfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

SCML: DGIP, procº n.º 170 e 129B; CML: Arquivo de obras, obra 5951

Intervenção Realizada

1916 - alterações na escada de serviço que continuou até ao 4º andar; proprietário Marcolino Alves Filipe: 1932 - construção de um terraço; decoração da empena do prédio devido à construção do Bairro das Colónias; construção de um prédio de piso térreo para estabelecimento comercial na R. A do Bairro das Colónias pelo construtor civil Pedro Nunes; inquilino José Orge Oitavem: 1936 - alterações no estabelecimento para o transformar em carvoaria feitas pelo construtor José Lopes dos Santos Júnior; 1940 - introdução de instalações sanitárias no estabelecimento da R. da Guiné; proprietária Maria Helena Carvalho Dias: 1944 - mandou colocar alguns azulejos que tinham caído da fachada; 1948 - limpeza geral do prédio sob direcção de José dos Anjos Ouro, construtor civil; 1955 - limpeza geral do prédio sob direcção de José de Sousa, construtor civil; herdeiros de José Orges Oitavem: 1956 - alterações no estabelecimento que passa a servir bebidas a copo e combustíveis domésticos; 1963, 8 Março - queda de alguns azulejos na via pública obrigando o Batalhão de Sapadores Bombeiros a vedar a rua; 1966 / 1967 - obras de conservação; 1975 - obras de conservação e beneficiação do 4º andar direito; 1976 - obras de beneficiações gerais das canalizações do prédio; reparações exteriores feitas pela empresa Fonseca & Irmão Lda.; 1977 - queda de parte da chaminé; obras de conservação e beneficiação interiores feitas pelo empreiteiro Jovino António Rodrigues Fidalgo; 1986 - obras no estabelecimento na R. da Guiné, n.º 1, para o converter em restaurante, sob direcção de Manuel Pinheiro Torres de Meireles, engenheiro civil; 1987 / 1991 - legalização de obras clandestinas; CML: 1993 - obras coercivas de beneficiação geral; 1997, 1 Abril - abertura do concurso da empreitada da obra de beneficiação e conservação do edifício; 16 Maio - o IGAPHE aprovou o financiamento da obra no âmbito do RECRIA; 28 Maio - adjudicação da obra à Albase, Sociedade de Engenharia, Lda.; 23 Julho - assinatura do contrato para a execução da empreitada; Outubro - início das obras no âmbito do RECRIA projectadas pela empresa Albase, Sociedade de Engenharia, Lda. e concretizadas pela empresa Diamantino Francisco Tojal, Sucessores Lda., obrigando ao realojamento dos inquilinos; Dezembro - a firma Albase entrou em crise financeira ficando sem dinheiro para arrancar com a obra; 1998, 15 Janeiro - a Mesa aprovou a cessão da posição da Albase para a HCI Construções, Lda.; a HCI Construções, Lda. recusou o trespasse da obra; 28 Janeiro - a Albase cedeu a sua posição à Diamantino Francisco Tojal, Sucessores, Lda.; 4 Junho - a Diamantino Francisco Tojal, Sucessores, Lda. não consegue avançar com a obra porque muitos apartamentos ainda estavam ocupados pelos inquilinos, ameaçando assim parar totalmente os trabalhos; 23 Outubro - a SCML demonstra a sua preocupação relativamente ao andamento dos trabalhos que estavam parados por falta de mão-de-obra qualificada; Novembro - os trabalhos pararam porque o sub-empreiteiro não cumpriu; 1999, 19 Março - a DUCTOS, Sociedade de Projectos de Engenharia apresentou o projecto de águas e esgotos; Junho - instalação do gás e de marquises novas; 2000, 19 Janeiro - a Diamantino Francisco Tojal solicitou uma indemnização à SCML por prolongamento do prazo de execução da obra motivado por atrasos atribuídos à SCML; 2002, Outubro - conclusão das obras; 2004, Novembro - reabilitação do imóvel cito na R. da Guiné, n.º 1, tendo-se procedido a demolições e construções de paredes, obra projectada pela firma VF Arquitectos.

Observações

Autor e Data

Helena Mantas e João Simões 2006

Actualização

 
 
 
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