Edifício na Rua da Madalena n.º 198 a 202

IPA.00025561
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Edifício residencial multifamiliar e comercial pombalino, integrado nos planos de reconstrução da zona da Baixa, de estrutura em gaiola, com estabelecimentos comerciais no piso térreo e três pisos de habitação e águas-furtadas, desenvolvendo-se a caixa da escada ao centro. Fachada principal seguindo o esquema de uniformidade e simplificação arquitectónica, devido à necessidade de construir rapidamente, rasgada por vãos de verga recta a ritmo regular, os do segundo piso, o nobre, e dos dois últimos pisos, com janelas de sacada, e as restantes de peitoril, todas com bandeira e molduras de cantaria que, no terceiro piso têm a verga abatida e se prolongam inferiormente formando falsos brincos. Fachada posterior vernácula isenta da uniformidade dos planos Pombalinos. Na zona de habitação, desenvolvem-se interiormente dois fogos por andar, de pequena área, com salas de estar voltadas para a fachada principal, e zona de serviços voltados para as traseiras do imóvel.
Número IPA Antigo: PT031106381233
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial multifamiliar  Edifício  Edifício residencial e comercial  

Descrição

Planta rectangular irregular, com caixa das escadas central, com escada de lanços paralelos e patamares intermédios, de acesso a dois fogos por piso. Massa simples, disposta na vertical, com cobertura em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas a branco, de cinco pisos, o último de águas-furtadas, e tendo inferiormente embasamento de cantaria. Fachada principal voltada a O., definida no extremo direito por pilastra colossal, de ordem toscana, e marcada pela abertura, a ritmo regular, de quatro eixos de vãos rectilíneos, moldurados a cantaria, com caixilharia integrando bandeira; no piso térreo, abrem-se quatro portas, a segunda do lado esquerdo de acesso aos pisos superiores, de habitação, de verga trapezoidal e integrando bandeira em ferro, tal como a do extremo do mesmo lado, que juntamente com as do lado direito acedem a estabelecimentos comerciais; no segundo piso, rasgam-se janelas de sacada, com guarda em ferro, assentes no friso separador de pisos; no terceiro, abrem-se janelas de peitoril, de verga abatida e chave relevada, com as molduras prolongando-se inferiormente formando falsos brincos rectos; no quarto piso, sobre cornija de massa, desenvolve-se sacada corrida, com guarda em ferro para onde abrem quatro janelas, terminando igualmente em cornija de massa; nas águas furtadas, dispostas ao centro da fachada, rasgam-se duas janelas de sacada com guarda em ferro, contínua. Remate em cornija recta sobreposta por beirado simples. Fachada posterior, voltada a E., com quatro pisos, cada um deles rasgado por quatro janelas de peitoril, de verga recta, as do piso térreo gradeadas, marcadas a ritmo regular, e terminada em beirado simples. INTERIOR: Piso térreo composto por duas lojas pequenas, a da esquerda com uma sala de planta irregular, com sanitários ao fundo, e a da direita com duas salas longitudinais, arrumos e sanitários. A segunda porta da esquerda dá acesso ao vestíbulo, de planta rectangular e eixo longitudinal, tendo ao fundo um arco de volta perfeita, em cantaria, sobre pilastras, entrecortadas pelas paredes laterais, que o separa da escada; esta tem o primeiro lanço de degraus em cantaria e os restantes em madeira, e guarda em alvenaria com corrimão em madeira. Os vários pisos de habitação têm planta semelhante, o do lado esquerdo de maior área, com várias divisões intercomunicantes, possuindo cada fogo uma divisão maior de planta regular voltada para a R. da Madalena e as restantes, pequenas e irregulares, dispostas em função de corredor perpendicular à fachada principal; cozinha e instalações sanitárias voltadas para a Tv. da Madalena. As águas furtadas têm planta idêntica, mas com redução da área das salas voltadas para a R. da Madalena. Os pavimentos são em soalho e cerâmico nas instalações sanitárias e cozinhas.

Acessos

Rua da Madalena, n.º 198 a 202

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção da Igreja Matriz de São Cristóvão (v. 00006462)

Enquadramento

Urbano, flanqueado, integrado no conjunto da Baixa Pombalina (v. PT031106190103), no vale de aluvião entre as colinas do castelo, a E., e a de São Francisco, a O.. Possui adossado, a S. e a N., edifícios de cércea semelhante, abrindo, a O., para a R. da Madalena e a E. para a Tv. da Madalena, já incluída no tecido urbano anterior ao terramoto. Acompanha o desnível do terreno com orientação N. / S..

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: edifício residencial e comercial

Utilização Actual

Residencial: edifício residencial e comercial

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Eugénio dos Santos (1758); Veríssimo Lopes Avelar (1962), José Afonso (1992). CONSTRUTORES CIVIS: Libertário Martins Vagueiro (1948). EMPREITEIRO. António Henrique Nunes (1948); António Joaquim Ales (1961); José Augusto Gomes (1968). ENGENHEIROS CIVIS: Manuel da Maia (1755); Carlos Mardel (1758); Henrique Nunes (1964); Mário Duarte Barreiros (1973).

Cronologia

1755, 1 Novembro - terramoto arrasa grande parte da zona baixa da cidade; no fim do mês, o Eng. Manuel da Maia foi escolhido para proceder à direcção técnica da reconstrução; 29 Novembro - alvará dando condições para que o Ministro da Inspecção de cada bairro procedesse ao levantamento de todas as ruas, praças e edifícios públicos existentes em 31 de Outubro, para elaborar um cadastro de cada um dos bairros da capital; 1755 / 1758, entre - elaboração do projecto-piloto para a reconstrução da Baixa-Chiado; 1755, 4 Dezembro - entrega da Parte Primeira da Dissertação de Manuel da Maia; 30 Dezembro - Sebastião José de Carvalho e Melo proibiu toda e qualquer construção até à definição de um plano; 1756, 31 Março - Parte Terceira do relatório de Manuel da Maia, onde se introduziu as primeiras quatro hipóteses desenhadas para reflexão sobre a reconstrução da cidade baixa; determinava-se que os prédios deviam ser todos de três pisos, o que viria a ser recusado; 1758, 12 Maio - Lei estabeleceu os direitos públicos da edificação por meio de "um plano decoroso, digno da capital" e determinando que os terrenos em que se deviam levantar os edifícios se começassem a entregar; Junho - estabeleceu-se que os prédios teriam uma cércea de quatro pisos com águas-furtadas; Manuel da Maia, lamentando não ter condições físicas para realizar os desenhos, informa ter designado para apurar a planta final e dirigir as obras os Engs. Eugénio dos Santos e Carlos Mardel, cabendo a Eugénio dos Santos, arquitecto do Senado, o desenvolvimento das peças principais; os projectos tiveram a convergência e cumplicidade de Sebastião José de Carvalho e Melo e os membros do seu gabinete; 1759, 12 Junho - ordem para entrega dos terrenos das ruas antes chamadas dos Ourives do Ouro, dos Douradores e dos Escudeiros, que seriam integradas na nova rua nobre designada de Augusta; o Marquês de Pombal deu instruções sobre a maneira como os proprietários deveriam tomar posse dos seus terrenos, a fim de iniciar a reedificação da Baixa, começando simultaneamente do Terreiro do Paço para o N. e do Rossio para o S., para maior urgência; 1760 / 1769, entre - pertencia, quanto mais não seja o chão onde viria a ser construído o prédio, à Junta do Comércio; 1762 / 1777, entre - data provável da construção do prédio; 1769, 6 Março - entre outras medidas legislativas do Marquês de Pombal para acelerar a construção da R. Augusta, surgiu nesta data um decreto que procurava salvaguardar a edificação desta rua em primeiro lugar; 1773, 21 Junho - resolução do Marquês, alterando as disposições do anterior decreto, e estipulando que a Junta do Comércio deveria assumir a edificação dos prédios ainda não iniciados pelos proprietários dos chãos, gerindo depois as Obras Públicas a sua administração, enquanto as vendas não se verificassem; séc. 19 - propável alteamento do prédio; 1910, Novembro - o prédio pertencia a Ricardo da Silva; 1913, Junho - o prédio pertencia a D. Emília Augusta Laymé Ferreira; 1928 - o prédio pertencia a Alexandre da Silva; 1933, 17 Janeiro - intimidação à proprietária do prédio vizinho (n.º 204), para evitar que as infiltrações decorrentes do seu prédio afectassem o imóvel; 1938, Fevereiro - falecimento de Alexandre da Silva, que doara o prédio à SCML; 1947, 5 Junho - a Mesa deliberou que os serviços administrativos elaborassem cadernos de encargos para as obras de reparação que o prédio exigisse, abrindo-se depois concurso público para adjudicação de cada obra por empreitada; 1952, 1 Setembro - a Direcção-Geral dos Serviços Eléctricos verificou o mau estado da coluna montante da instalação eléctrica, pedindo a sua substituição; 1958, 4 Julho - princípio do incêndio na loja; 1969, Fevereiro - na sequência do sismo que abalou Lisboa, ruiu uma chaminé; 1975 - arrendamento do 1.º Dto., com obrigatoriedade de execução de obras por parte do inquilino; 1990, 20 Julho - a Polícia Municipal da CML intimou a SCML a executar obras de reparação e beneficiação; 1992, 15 Janeiro - o Arq.º José Afonso entregou o Estudo Prévio de Arquitectura ao Engenheiro coordenador do ex-SEPC; 1994, 10 Novembro - a Mesa deliberou mandar elaborar um projecto para obras gerais de beneficiação do edifício no âmbito do programa Recria; 2003, 11 Fevereiro - auto de vistoria da CML impondo obras de reabilitação; 2004, 8 Abril - após o concurso para adjudicação da empreitada, houve dúvidas quanto à idoneidade da empresa vencedora; 12 Abril - a CML determinou tomar posse administrativa do prédio para fazer obras coercivas.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante (de gaiola - estrutura autónoma e modulada de peças de madeira maciça, travadas entre si e capazes de resistir a um abalo sísmico, suportando os pavimentos e cobertura mesmo após a ruína das alvenarias das paredes).

Materiais

Estrutura de gaiola preenchida a alvenaria, rebocada e pintada; pilastras e molduras dos vãos em cantaria calcária; vidros simples; caixilharias de madeira; grades de ferro; pavimento cerâmico e de madeira; cobertura de telha.

Bibliografia

MACEDO, Luís Pastor de, A Baixa Pombalina, Lisboa, 1938; FRANÇA, José-Augusto, A Reconstrução de Lisboa e a Arquitectura Pombalina, Lisboa, 1978; Lisboa e o Marquês de Pombal. Exposição Comemorativa do Bicentenário da Morte do Marquês de Pombal, (Catálogo da Exposição), dir. Irisalva Moita, Lisboa, 1982; FRANÇA, José-Augusto, Lisboa Pombalina e o Iluminismo, Lisboa, 1987; FERNANDES, José Manuel, Alguns apontamentos sobre urbanismo alfacinha (da Baixa ao campo Grande, do século XVIII ao século XX), in Lisboa de Frederico Ressano Garcia, 1847 - 1909, (dir. Raquel Henriques da Silva), Lisboa, 1989; MOURA, Carlos, Lisboa Pombalina, Lisboa, 1991; MADUREIRA, Nuno, Cidade: Espaço e quotidiano. Lisboa 1740 - 1830, Lisboa, 1992; VALE, Teresa Leonor, Do Terreiro do Paço à Praça do Comércio, in Monumentos, n.º 1, Lisboa, 1994; SILVA, Vítor Cóias, Um novo modelo (e uma nova visão) do Edifício Pombalino, in Monumentos, n.º 6, Lisboa, 1997; Monumentos, n.º 21, Lisboa, Setembro 2004.

Documentação Gráfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

SCML: DGIP, proc.º 31; DICO, proc.º 31; CML: Obra n.º 28420

Intervenção Realizada

1926, Maio - reparações e pinturas interiores e exteriores e execução de uma montra na loja; 1929, Abril - obras de limpeza e conservação gerais e reparações do esgotos; Agosto -obras de conservação exteriores e interiores na loja; Outubro - obras de conservação no 3.º dto.; 1939, Abril - obras interiores e exteriores na loja: pintura exterior de cor amarelo torrado, pinturas interiores a têmpera nos tectos, caiação de paredes, pintura de madeiras; 1940, Abril - por vistoria dos bombeiros procedeu-se à estucagem do tecto do vestíbulo da escada de entrada, utilizado como oficina de sapateiro, feita pelo inquilino da loja que subarrendava o espaço; 1945, Janeiro - obras no interior com a demolição de tabiques e demolições gerais; Proprietário: 1948 - obras de limpezas gerais do prédio; Junho - pintura exterior do prédio e a obras de melhoramentos exteriores, por insistência da CML, e pelos técnicos António Henrique Nunes, empreiteiro, e Libertário Martins Vagueiro, construtor civil; 1952, Setembro - pintura da porta da loja e limpeza da respectiva cantaria; 1956, Junho - pintura da fachada da loja; 1953 - reparação do tronco principal da canalização da água existente pela Companhia das Águas; 1958, Julho - pintura da fachada da loja; 1959 - obras de beneficiação das paredes e sobrados no 4º Dto. sem alterar a estrutura do andar; 1961 / 1962 - obras gerais no prédio; 1961, 27 Novembro - adjudicação das obras de conservação e beneficiação à firma António Joaquim Ales; 1963, Agosto - pintura da fachada da loja; 1964 - alterações nos vãos da loja, com substituição dos caixilhos de madeira por caixilhos em ferro e revestimento da fachada do piso térreo a azulejos decorativos de tipo Decormel sob responsabilidade técnica de Henrique Nunes, agente técnico de engenharia; 1965 - obras de adaptação da loja, implicando a demolição da parede divisória, criação de nova parede recuada e nivelamento do piso, sob projecto do Arq.º Veríssimo Lopes Avelar; 1968, 7 Março - adjudicação das obras de conservação e beneficiação do 4.º Dt.o à firma José Augusto Gomes; 1973, Janeiro - demolição da casa de banho existente na loja, demolição do arco de sustentação e sua substituição por vigas de betão armado, construção de novas casas de banho, tudo sob direcção de Mário Duarte Barreiros, engenheiro civil; Inquilino: 1975, Fevereiro -obras de alteração no 1.º andar Dto.; 2004, Julho - obras coercivas a nível das fachadas; Proprietário: 2007 - obras de conservação exterior e interior, pintura das fachadas (em obras).

Observações

Autor e Data

Helena Mantas e João Simões 2007

Actualização

 
 
 
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