Estação Ferroviária de Óbidos

IPA.00025862
Portugal, Leiria, Óbidos, Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa
 
Estação ferroviária da Linha do Oeste, construída no séc. 19, composta por edifício de passageiros, instalações sanitárias, cais coberto servido por cais descoberto e duas plataformas. O edifício de passageiros, do tipo 3.ª classe, e com tipologia igual ao das Estações do Ramalhal IPA.00036253, de Runa (v. IPA.00036252) e da Malveira (v. IPA.00036251), ainda que estas do tipo 4.ª classe, possui planta retangular e fachadas evoluindo em dois pisos, de esquema simétrico e regular, rasgadas por vãos em arco, a principal e posterior de três panos, o central terminado em empena, e tendo na posterior pala ou marquise metálica sobre a plataforma. Já no séc. 20, o edifício foi valorizado, na fachada virada à linha, por silhar de azulejos com painéis figurativos, de pendor historicista e temas tipo "bilhetes postais" regionais, representando monumentos e motivos locais, com molduras a azul, branco e dourado, invocando a época do regresso à cor setecentista, da autoria de José Estêvão Cancela de Victória Pereira e executados na Fábrica Viúva Lamego. No interior, a zona pública tem silhares de azulejos, destacando-se o de enxaquetado verde e branco, formando um esquema geométrico original. Destaca-se, no conjunto, o cais coberto, com as fachadas de madeira e grandes abas corridas, com gabarito de carga pendurado na aba sudeste. Todo o recinto da estação era delimitado por vedação em cimento armado, muito trabalhada, com desenho da Divisão de Via e Obras da CP, e o jardim funcionava como elemento aglutinador dos vários elementos funcionais que a compunham.
Número IPA Antigo: PT031012040064
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Conjunto composto por edifício de passageiros (EP), as instalações sanitárias públicas (WC), com lampistaria (arrecadação), a nordeste, o cais coberto (armazém) (CC) e cais descoberto, a sudoeste do edifício de passageiros, as plataformas de embarque e as linhas férreas, e, na restante área, um jardim e outros elementos caraterísticos da paisagem ferroviária. O EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS, disposto paralelamente à linha férrea e do seu lado esquerdo (sentido ascendente), tem planta retangular, de volume simples e massa disposta na horizontal com cobertura em telhado homogéneo de duas águas, revestido a telha cerâmica e rematadas em beirada simples; o telhado é sobreposto por duas chaminés na água virada à via. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, de dois pisos separados por friso, com socos, cunhais e remates de cantaria, o último formado por frisos e cornijas, e rasgadas por vãos de volta perfeita, emoldurados a cantaria, protegidos por caixilharias de madeira, as fixas pintadas de azul e as móveis de branco. A fachada principal surge virada a noroeste, com três panos, definidos por falsas pilastras, criando um composição simétrica, o central rematado em empena angular, rasgado por porta, janela e óculo circular. Cada um dos panos laterais tem duas janelas em cada piso. As fachadas laterais, semelhantes, rematam em frontão vazado por pequeno óculo circular, tendo uma janela de peitoril em cada um dos pisos. A fachada posterior é semelhante à principal, mas o piso inferior é rasgado por cinco portas, apresenta painéis de azulejos figurativos e é percorrida por pala ou marquise, avançada sobre a plataforma, com estrutura em ferro fundido, pintada a tinta de esmalte cinzento-escuro, constituída por perfis transversais e longitudinais, viga treliçada, assentes em quatro pilares, de base oitavada, ornamentados com folhas de acanto nos capitéis e mísulas. A estrutura adossa-se ao nível da cornija inferior, com caleira de drenagem de águas pluviais na união das duas águas de diferente dimensão e tem revestimento a chapa metálica. Nesta fachada existe um relógio de dupla face, bancos e candeeiros de iluminação pública. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo enxaquetado, formando desenho geométrico em ziguezague, sobre rodapé em azulejos azuis. No piso térreo dispõe-se, ao centro, o vestíbulo, ladeado por salas de espera, bilheteira, outros serviços públicos e a escada de ligação ao segundo piso que, estando atualmente devoluto, se destinava às instalações sociais, tendo quartos, cozinhas, casas de jantar e instalações sanitárias, estruturadas por corredor central. As duas plataformas da estação têm fiadas de lajetas em betão liso com bordadura em pedra bujardada. O EDIFÍCIO DAS INSTALAÇÕES SANITÁRIAS tem planta retangular, de corpo único, com cobertura em telhado de duas águas, revestido a telha cerâmica, e rematado em beirada simples. Tem as fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria e cunhais do mesmo material. As fachadas viradas a nordeste e a sudoeste são semelhantes, rematando em empena elevada relativamente à cobertura, rasgadas por pequenos óculos; possuem três portas encimadas por fresta de arejamento, duas de acesso aos cubículos sanitários e a outra de acesso à lampistaria, do lado do setor das senhoras, e aos urinóis, no lado dos homens. O CAIS COBERTO é de planta retangular simples, com cobertura em telhado de duas águas, com grandes abas corridas, lançadas sobre as plataformas, sustentada por asnas de madeira e com revestimento em telha cerâmica. Possui as fachadas revestidas a réguas de madeira sobre estrutura também de madeira, as viradas a nordeste e a sudoeste rematadas em empena, todas elas com portas de madeira tendo o principal acesso por linhas de topo a sudeste.

Acessos

Santa Maria, Senhora do Carmo, Estrada da Estação; Linha do Oeste - Ponto quilométrico 99,597 (PK). WGS84 (graus decimais): lat.: 39,364967; long.: -9,159145

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Castelo de Óbidos (v. IPA.00003324)

Enquadramento

Rural, isolado, fora da vila muralhada, implantado numa zona plana, junto ao acesso norte a Óbidos, sendo o largo da estação e os arruamentos de acesso pavimentados a alcatrão. A estação tem uma zona ajardinada, com floreiras, canteiros e buxos. A vedação de delimitação do domínio ferroviário é em cimento armado.

Descrição Complementar

Na fachada posterior do edifício de passageiros, surgem painéis de azulejos figurativos retangulares, a azul e branco, com moldura retilínea mas com o centro alteado e recortado, a azul, branco e dourado. Representam as Igrejas de Santa Maria e de São Martinho de Óbidos, a Vila de Óbidos, a Rua Direita, o Arco da Rua da Cadeia, a Porta da Cerca, Memória e o Castelo. Nas instalações sanitárias, a fachada virada à plataforma, possui painéis de azulejo a identificar: "Senhoras" e "Homens".

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

FÁBRICA CERÂMICA: Fábrica Viúva Lamego (1943). PINTOR DE AZULEJOS: José Estêvão Cancela de Victória Pereira (1943). PROJETISTA: Divisão de Via e Obras da CP (séc. 20). RELOJOEIRO: Paul Garnier (séc. 20).

Cronologia

1887, 01 agosto - abertura à exploração do troço de Linha do Oeste entre Torres Vedras e Leiria, onde se integra a Estação de Óbidos; 1943 - colocação de silhar com oito painéis de azulejos, pintados com temas locais, de autoria de José Vitória Pereira, e executados na Fábrica Viúva Lamego; 24 novembro - projeto desta data marca a abertura de janela central no segundo piso, mais estreita que as já existentes, o que não se chegou a concretizar; plantas provável colocação do relógio na estação, de Paul Garnier; 1947, 31 julho - diagrama da estação, composta por edifício de passageiros, jardim com lago central, horta, instalações sanitárias públicas, cais coberto servido por cais descoberto, casa tipo A, báscula de 50 T, gabarit na linha IV e outros elementos; 1996 - a estação passa à categoria de apeadeiro; 1999 - cedência do edifício de passageiros à Câmara Municipal de Óbidos, que aí instala o Gabinete Técnico Florestal (GTF); 2007 - funciona no edifício de passageiros o Gabinete Técnico Florestal e um núcleo da Apas Floresta; posteriormente, passa ao abandono; 2013 - colocação de placa dissuasora de furto e vandalismo do património azulejar; 2015, final - o edifício regressa à gestão ferroviária.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; modinaturas, socos, pilastras, cunhais e degraus em cantaria de calcário; portas e caixilharias de madeira pintada; vidro simples; silhares de azulejo; marquise em ferro; pavimento em mosaico; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Bibliografia

ALVES, Rui Manuel Vaz - Arquitectura, Cidade e Caminho de Ferro. Tese de doutoramento em Arquitetura apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Coimbra: texto policopiado, 2015, vol. 1 e 2; CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de - Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses, EP, 2001; FINO, Gaspar Correia - Legislação e disposições regulamentares sobre caminhos de ferro. Lisboa: Imprensa Nacional, 1903; FRAILE, Eduardo Gonzalez - Las primeras estaciones de ferrocarril: su tipologia; Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 janeiro 1958, n.º 1682; HUMBERT, Georges-Charles - Traité Complet des Chemins de Fer. PARIS: Georges Charles Humbert, 1908; LOPEZ GARCIA, Mercedes Lopez - MZA, Historia de sus estaciones. Madrid: Ediciones Turner, S.A., 1986 (Coleccion de ciências, humanis y enginieria, nº 2); MATOS, Venerando António Aspra de - O caminho de ferro em Torres Vedras - impacto da sua chegada. Torres Vedras: Ed. Colibri, 2007; PEVSNER, Nicolaus - Historia de las tipologias arquitectónicas. Barcelona: Gustavo Gili S.A. Ediciones, 1980.

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Azevedo 2016 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)

Actualização

 
 
 
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