Cerca de Coimbra / Cerca urbana de Coimbra

IPA.00002632
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Cerca de origem romana, de traçado condicionado pela topografia do terreno, foi sucessivamente ampliada e alterada consoante as necessidades defensivas, crescimento da cidade e gosto da época. A implantação da Torre de Anto e sua relação com a muralha possuem um carácter particularmente interessante.
Número IPA Antigo: PT020603020012
 
Registo visualizado 7909 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Militar  Cerca urbana    

Descrição

Cintura de muralhas circular irregular, condicionada pelas características da colina, sendo actualmente a sua maior parte imperceptível, incluindo portas e torres, contribuindo para isso a reutilização dos seus materiais em construções, muitas delas instaladas sobre a própria muralha. Actualmente identificadas, seguindo o sentido do ponteiro do relógio: Porta e Torre de Almedina*3, Porta Barbacã (Arco Pequeno de Almedina), Torre da Contenda (Paço de Sub-Ripas v. PT020603020015), Torre do Anto, Porta nova (Colégio Novo v. PT020603020016), duas torres (Laboratório Químico), Porta do Sol flanqueada por duas torres, junto ao castelo (próximo do Colégio de São Jerónimo v. PT020603250042), Porta da Traição (rua do Arco da Traição), Couraça de Lisboa, Torre da "Muralha" (Couraça de Lisboa, adaptada a miradoiro de uma residência), Torre e Porta de Belcouce (Governo Civil v. PT020603030163); Torre de D. Joana e Torre do Trabuquete (R. Fernandes Tomás). TORRE DO ANTO*4, de planta simples, quadrangular, volumetria paralelepipédica, massa no sentido vertical. Cobertura homogénea em telhado de 4 águas em telha de canudo com beiral triplo e chaminé paralelepipédica junto ao ângulo SO.. Fachadas em aparelho isódomo de pedra (sendo ainda visíveis as linhas do antigo coroamento em ameias, fechadas quando foi acrescentado o último piso), remate em friso simples, vãos de distribuição irregular de várias dimensões e formatos, sendo uns em arco apontado, outros rectilíneos. Fachada S. com acesso em escada de cantaria a anteceder o portal em arco apontado. INTERIOR: de quatro pisos, comunicantes entre si através de uma estreita escada. TORRE DE ALMEDINA, sobre o arco que lhe dá a denominação, parcialmente adossada a construções.

Acessos

Rua Ferreira Borges e Quebra Costas

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910, (Cerca de Coimbra designadamente o Arco de Almedina, Arco Pequeno de Almedina) / Decreto nº 2 789, DG, 1ª série, n.º 121 de 16 junho 1921 / Decreto nº 7 552-A, DG n.º 133 de 1 julho 1921 (Arco Pequeno de Almedina) / Decreto nº 26 141, DG, 1ª série, n.º 287 de 10 dezembro 1935 (Torre de Anto) / ZEP, Portaria, DG, 2ª série, nº 153 de 02 julho 1960 (Cerca de Coimbra designadamente o Arco de Almedina, Arco Pequeno de Almedina) / Portaria, DG, 2ª série, n.º 269 de 17 novembro 1961 (Torre de Anto) *1

Enquadramento

Urbano, no casco antigo, com Torre de Almedina no eixo de confluência da Alta com a Baixa da cidade, extende-se pelas freguesias da Sé Nova, São Bartolomeu e Almedina. Excelentes tomadas de pontos de vista panorâmicos da Torre de Almedina, Torre do Anto e Couraça de Lisboa.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: monumento / Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 09 / 11 / 12 (conjectural) / 16 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ESCULTOR: João de Ruão (Porta da Barbacã / Arco Pequeno de Almedina)

Cronologia

137 a.C. - Romanos (Júlio Bruto) constroem acrópole e cintura de muralhas apoiadas em torres, envolvendo Aeminium; 411 - Vândalos destroem parte da fortaleza romana; 412 e 586 - ocupação sucessiva dos Alanos e Visigodos; 712 - invasão muçulmana; 878 - primeira reconquista cristã, séc. 9 - início provável da construção da muralha medieval a seguir à reconquista, onde se inclui a Porta de Almedina que ficaria entre dois cubelos avançados, empregando-se grandes silhares romanos na sua construção; 1108 - reforma da muralha por D. Teresa e, pouco antes um particular teria reconstruído as torres que ladeavam a Porta da Traição que se localizaria próximo do atual Jardim Botânico, existindo atualmente nesta zona uma rua com o nome de Arco da traição; séc. 11 /12 - época a que pertencerão os arcos intermédios da Porta de Almedina; séc. 12 - abertura da porta nova; 1209 /1211 - construção da Torre de Belcouce, por D. Sancho I; séc. 14 / 15 - a Torre de Almedina transforma-se em centro do poder político municipal. Passa a ser a Casa de Audiência da Câmara; séc. 15 / 16 - reforma da Porta de Almedina, na época manuelina; séc. 16 - a Torre da Contenda fica integrada no Paço de Sub-Ripas (v. PT020603020015); a Torre de Almedina ocupada por parte da Câmara, sofre obras de remodelação que alteraram a parte superior e a sua organização interior; 1517 - obras na couraça da Estrela; séc. 16, 2º quartel - sobre a porta da Barbacã fez-se uma adaptação para habitação e ao centro foi colocada uma imagem da Senhora com o Menino; 1541, 28 Dez. - carta sobre a queda do arco de Almedina; 1563 - a Câmara procede a obras de alvenaria e pedraria no castelo devido ao seu mau estado; séc. 16, 2ª metade - a Porta da Barbacã era conhecida por Arco de Nossa Senhora (GONÇALVES 1947); 1590, década - o lanço da muralha desde a Torre do Anto até à Porta Nova foi ocupado pela construção do Colégio Novo (v. PT020603020016), servindo-lhe como embasamento, tendo sido grande parte deste lanço de muralha desmantelado e reutilizados os seus materiais; 1599 - durante o tempo da peste o castelo funcionou como lazarento infantil; séc. 18 - demolida a Porta do Sol (junto do castelo); 1778 - demolida a porta de Belcouce; 1836 - foi demolido o arco da Porta da Traição; mantiveram-se até esta data no a Arco de Almedina as portas medievais da cidade chapeadas e cravadas de ferro; 1857 - instalação do tribunal na Torre de Almedina; 1878, 14 Agosto - por deliberação camarária a Torre de Almedina passa a albergar a sede da Escola Livre das Artes e Desenho (fundada 1 de Julho do mesmo ano), dirigida pelo Mestre António Augusto Gonçalves; 1921 - a Casa Bancária Sotto Maior procede à reconstrução do prédio à esquerda do Arco Pequeno de Almedina, provocando demolição do encontro do arco com a antiga parede ali existente, procedendo depois à sua reconstrução; nesta década terão sido demolidos os 2º e 3º pavimentos (abarracados) que se encontravam sobre o arco, ficando apenas o primeiro piso, construindo-se também um remate em ameado; 1942/1945/1946 - obras de restauro e conservação da Torre de Almedina; 1945 - obras de restauro no Arco de Almedina; 1952, 21 Outubro - a câmara pede autorização à DGEMN, para vir a instalar um museu regional na Torre de Almedina; 1953 - obras de restauro na Torre de Almedina, para instalação do museu; 1954 - inauguração da instalação do Museu Etnográfico na torre de Almedina; 1954, Dezembro - uma informação da DREMC à DGEMN, refere o mau estado do nicho de madeira (propriedade do Banco Pinto e Sotto Mayor) situado na parede exterior do Arco Pequeno de Almedina, sobre a via pública e o perigo que este constitui para os transeuntes; 1955 - o Banco Pinto e Sotto Mayor procede à construção de um novo nicho em substituição do antigo; 1956 - o Museu Municipal instalado na Torre de Almedina pretende integrar no seu espólio os elementos do antigo nicho; 1960 - encontrada ara romana em calcário de Ançã com 58x24,5 cm., quando se procedia a demolições para construção da cidade universitária, em Zona de Protecção da cerca, sendo posteriormente depositada no Museu Machado de Castro; 1970/1971 - o Banco Pinto e Sotto Mayo, faz obras de reabilitação do seu edifício recuando a fachada ligada ao Arco Pequeno de Almedina, deixando este mais desafogado (projecto do Arquitecto Januário Godinho), fazendo também obras no arco com autorização da DGEMN, retirando o remate ameado e o nicho de madeira que ocultava o de pedra; 1988 - A Torre de Almedina passa a integrar o Arquivo Histórico Municipal; 2000, 25 Agosto - concurso público promovido pela Câmara Municipal de Coimbra para reabilitação da Torre de Almedina; com preço base cerca de 45 000 contos visando consolidar e restaurar o imóvel; 2000, 20 Novembro - concurso público promovido pela CMC para recuperação da Torre de Almedina e adaptação da casa anexa (1ª fase) (DR nº 268, III Série; 2004 - junto à Porta da Barbacã, quando se faziam escavações resultantes das obras de reconstrução do edifício da livraria, Coimbra Editora, foram descobertos 4 silos, para armazenamento de cereais, que poderão pertencer aos séc. 8, 9 e 10 (Primeiro de Janeiro, pg. 11, 2004-09-20); 2004 / 2005 - escavações resultantes do projeto de recuperação do Laboratório Químico (v. PT020603250113), põem a descoberto um troço da muralha e duas pequenas construções que poderão corresponder torres; 2006 - iluminação da muralha entre as Torres da Contenda e do Anto; reparação e conservação de paramentos em tramos nas Couraças da Estrela e de Lisboa, (zona da Porta de Belcouce), financiada pela Câmara Municipal, com projecto e apoio técnico da DREMC (Arquiteto Carlos Amaral e Engenheira Mónica Carminé); 2011, 11 de Outubro - aviso de prorrogação de prazo de apresentação de propostas para o concurso de obras de reabilitação da Torre para instalação da Casa Museu da Guitarra de Fado de Coimbra; 2014, 17 março - publicação do lançamento do concurso de reabilitação de Couraça de Lisboa e respetiva iluminação cénica.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma

Materiais

Pedra

Bibliografia

ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Porto, 1949; Fortaleza de Coimbra, Jornal do Exército, Lisboa, Abril, 1973; A Torre de Almedina continua em obras, O Despertar, Coimbra, 14 Março 1945; Coimbra, Porto, s.d.; BORGES, Nelson Correia, Coimbra e Região, Lisboa, 1987; Resto da muralha ameaça ruír, Jornal de Coimbra, Coimbra, 19 Agosto, 1992; CORREIA, Virgílio e NOGUEIRA, Gonçalves, Inventário Artístico de Portugal, Cidade de Coimbra, vol.2, Lisboa, 1947; FIGUEIREDO, A. C. Borges de, Coimbra Antiga e Moderna, Coimbra, 1996; Obras em Almedina prometem revelações, Diário de Coimbra, 3 Janeiro, 1998; Jornal Correio da Manhã, Lisboa, 31 Outubro 2000, p.37; O Que Foram o Castelo e as Muralhas da Cidade, Primeiro de Janeiro, Porto, 4 Julho, 1978; VARANDAS, João, Projectos & Estaleiros, Conservação e Restauro do Arco Pequeno de Almedina, Porta de Barbacã, Revista Pedra & Cal, nº 27, Julho, Agosto, Setembro, 2005, pg. 32; www.regiaocentro.net/lugares/coimbra/monumentos/arco-de-almedina; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/69864 [consultado em 11 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC; CMC: Núcleo Museológico da Cidade Muralhada

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC; CMC: Núcleo Museológico da Cidade Muralhada; IAN/TT: Corpo Cronológico, Parte I, maço 45, doc. 126.

Intervenção Realizada

DGEMN: 1942/1945 - na Torre de Almedina: obras de restauro, consolidação e limpeza de cantarias, aplicação de tectos em madeira de castanho, construção de abobadilha de tijolo e vigamento de ferro, revestimentos com argamassa hidráulica, reboco de paredes aplicação de silhares de cantaria; CMC / DGEMN:1954 - na Torre de Almedina, substituição do pavimento de cimento por tijolo no 1º andar, substituição de parte dos degraus e da guarda da escada exterior de cantaria, construção de uma chaminé para o fogão de sala do segundo piso; DGEMN: 1968 - obras de limpeza e arranque de ervas na muralha; 1970/1971- obras de beneficiação e limpeza na muralha; CMC: 2004 /2005 - Obras de conservação e restauro no Arco Pequeno de Almedina: executadas pela empresa Monumenta, consistiram na aplicação de biocida curativo, escovagem e pulverização de água; limpeza geral da argamassas de reboco e pedra, através da utilização do método de escoamento superficial de água ou um polverizador de água. Tratamento de argamassas onde se encontrava o reboco em mau estado ou fissurado, através de picagem das argamassas da parede, aplicação de um novo reboco. Limpeza de "graffiti" existentes na pedra e argamassa, através de escovagens com água e detergente neutro, solvente "whitespirit" tolueno e um decapante à base de cloreto de metileno. Tratamento de juntas, através do seu rebaixamento e abertura com ferramenta manual, aplicação de argamassa (cal hidráulica e areia com adicionamento de mistura de pigmentos terrosos). Remoção da argamassa que reveste o intradorso do vão e tratamento, através de remoção de argamassas, consolidação de alvenaria, refechamento de juntas, estucadas as fissuras da pedra e aplicação de água de cal para consolidação superficial, colocação de "ecopics" para afugentar as aves. Restauro da janela de sacada, nos elementos metálicos das ombreiras, consistiu na escovagem, aplicação de um catalisador e de um estabilizador de ferrugem, e como acabamento, aplicação de "paraloid B72" diluído em acetona; na grade da varanda procedeu-se ao seu decapamento, colocação de elementos em falta, argolas e fixadores de chumbo, aplicação de primário com trincha, tinta de esmalte verde floresta; na pedra da soleira, retirou-se a argamassa de cimento tipo "portland" que preenchia a fractura e procedeu-se ao seu preenchimento com argamassa de juntas, e no topo da fractura preencheu-se com resina epóxida líquida, reforçada com dois gatos em aço inox, sendo preenchido o restante espaço com argamassas após a secagem da resina, como acabamento todas as fissuras e placas da soleira foram estucadas com argamassa de estucagem. Aplicação de portas e janelas em madeira, baseadas nas antigas. Limpeza de estatuária e Escudo, consistiu na limpeza por aparelho de laser em particular nas zonas enegrecidas (VARANDAS, 2005); CMC / DREMC (apoio técnico): 2006 - obras reparação e conservação de paramentos em tramos nas Couraças da Estrela e de Lisboa, (zona da Porta de Belcouce).

Observações

*1 - DOF: Cerca de Coimbra, designadamente, Arco e Torre de Almedina, Arco Pequeno de Almedina e Torre de Anto. Abrange também a freguesia de São Bartolomeu (Arco pequeno de Almedina); *2 - Heráldica do Brasão de Coimbra: cálice de ouro em campo vermelho, tendo dentro donzela de mãos postas com vestes de prata e coroa ducal, a meio corpo, ladeada por dragão verde à direita e leão de ouro, á esquerda, batalhantes; *3 - O "centro de interpretação do Núcleo da Cidade Muralhada", encontra-se na Torre de Almedina aberta ao público de terça a Sábado; 4 - Designada no séc.16 por Torre do Prior do Ameal; nela viveu António Nobre nos fins do séc.19 quando frequentava a Universidade, tendo escrito ali algumas poesias.

Autor e Data

Horácio Bonifácio 1991 / Margarida Silva 2006

Actualização

Ana Filipe 2011
 
 
 
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