Estação Ferroviária da Lousã

IPA.00026693
Portugal, Coimbra, Lousã, União das freguesias de Lousã e Vilarinho
 
Estação ferroviária do Ramal da Lousã, construída no início do séc. 20, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, de que subsiste apenas o edifício de passageiros. Este foi construído como estação de "3.ª classe", seguindo o tipo das estações da Beira Baixa, com linhas depuradas e utilizando cantaria no soco, cunhais e nas molduras dos vãos, mas recorrendo a motivos eruditos nos frisos e cornijas, em massa, do remate. Apresenta planta retangular, composta por três corpos, regularmente dispostos, o central de dois pisos e os laterais de apenas um, rasgadas regularmente por vãos em arco abatido, possuindo na fachada virada ao cais de embarque pala metálica ou marquise sobre colunas de ferro. Esta fachada foi valorizada, em 1935, por silhar de azulejos, com painéis figurativos, azuis e brancos, de pendor historicista, tipo "bilhetes postais" regionais, representando monumentos, paisagens e motivos etnográficos, e molduras policromas, da autoria de Jorge Colaço e executados na Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia. A toponímia da estação surge também em painéis de azulejos, com molduras vegetalistas policromas. Interiormente organizava-se em vestíbulo central, ladeado por áreas de serviço e um quarto em cada um dos topos do piso térreo, e, ao nível do segundo piso, a habitação do chefe da estação, formada por três quartos, sala de jantar, cozinha e instalações sanitárias. O Edifício das onstalações sanitárias públicas albergava um cubículo sanitário por seco, uma lampistaria e urinóis, com acessos em fachadas opostas, protegidos por anteparo em L.
Número IPA Antigo: PT020607030042
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Do conjunto subsiste apenas o edifício de passageiros (EP), disposto paralela e regularmente à antiga linha férrea e do seu lado direito (sentido ascendente), de planta retangular, composta por três corpos, o central sensivelmente mais avançado e de dois pisos, e os laterais de apenas um. Volumes escalonados, com massas dispostas na horizontal e coberturas diferenciadas, em telhados de quatro águas, no corpo central, e de três, nos corpos laterais, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria, com cunhais apilastrados, rematadas em friso denticulado e cornija também decorada com motivo geométrico, ambos de massa, e rasgadas por vãos de arco abatido, moldurados a cantaria. Na fachada principal, virada a sudeste, abre-se no corpo central três eixos de vãos, correspondendo, no piso térreo, a portas, a do centro encimada por toponímia num painel de azulejos, e, no segundo, a janelas de peitoril; nos panos laterais abre-se apenas uma porta. As fachadas laterais terminam em empena reta e são cegas, possuindo nos corpos de um piso toponímia da estação, também em painel de azulejos. A fachada posterior, virada às linhas, é semelhante à principal, mas possui silhar de azulejos, com painéis de composição figurativa azul e branco e molduras policromas, e é percorrida por pala metálica ou marquise, avançada sobre a plataforma, de duas águas, com estrutura treliçada assente em colunas de ferro fundido.

Acessos

Lousã, Largo do Povo; Rua 28 de Setembro; Rua Professor João Ramos; Avenida do Brasil; Ramal da Lousã - Ponto quilométrico 194,500 (PK). WGS84 (graus decimais) lat.: 40,118332; long.: -8,247694

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, no limite norte da vila, com vias de acesso que confinam na fachada principal, formando um largo, onde existe parque de estacionamento.

Descrição Complementar

Em cada uma das fachadas surge painel de azulejos brancos, com moldura contendo motivos florais policromos, friso azul e letras também a azul da toponímia da estação "LOUSÃ". Na fachada principal, ladeando a porta central, existe lápide em mármore, com a inscrição: "COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO / DA INAUGURAÇÃO DA LINHA / DO CAMINHO DE FERRO / COIMBRA - LOUSÃ / 16 DE DEZEMBRO DE 2006 / CÂMARA MUNICIPAL DA LOUSÃ". Na fachada posterior, o silhar de azulejos é constituído por oito painéis figurativos, representando, da esquerda para a direita: Parque Carlos Reis, Palácio dos Salazares, Lousã, Paisagem do Rio Ceira, Santuário de Nossa Senhora da Piedade, Lousã, Vista panorâmica da Lousã, com mulheres e burro em primeiro plano, Capela da Misericórdia, Lousã, Fábrica de Papel do Prado e o Castelo de Arouce / Lousã. Os painéis possuem moldura policroma de flores, que superiormente, forma cartela com flores e festões laterais.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR DE AZULEJOS: Jorge Colaço (1935). FÁBRICA DE CERÂMICA: Companhia das Fábrica Cerâmicas Lusitânia (1935).

Cronologia

1887, 10 setembro - alvará concede direitos à exploração da Linha Coimbra - Arganil, pela Companhia do Caminho de Ferro do Mondego; 1888 - o projeto para o edifício de passageiros da Estação da Lousã propõe a utilização do tipo "E.P. de 3ª classe", com planta retangular, tendo 15 m de comprimento por 7 m de largura, e fachadas de dois pisos; no piso térreo dispunha-se vestíbulo central, em ligação direta com a bilheteira, à esquerda, e com as salas de espera, à direita, subdivididas em sala de 3.ª classe, sala de 1.ª e 2.ª classe"; na zona central, em frente do vestíbulo, ficava ainda a área de entrega ou receção de bagagens, ligada diretamente ao cais, no lado oposto à entrada; no topo esquerdo, dispunha-se o gabinete do chefe de estação e o telégrafo, com acesso direto pela empena e pelo cais, o qual comunicava com uma arrecadação, entre as bagagens e a bilheteira, às quais poderia aceder diretamente; a comunicação entre os pisos fazia-se por escada existente no canto frontal esquerdo do edifício; no segundo piso, ficava a habitação do chefe de estação, composta por corredor central de comunicação aos vários compartimentos: sala de estar, sala de jantar, cozinha e quatro quartos; 1904 - introdução de alterações ao projeto inicial do edifício de passageiros, mantendo a classificação anterior, mas optando por um outro tipo construtivo, adaptado das "estações de 3.ª classe" da linha da Beira Baixa; 1906, 16 dezembro - abertura à exploração pública do troço do Ramal da Lousã entre Coimbra e Lousã; 1911 - alargamento do espaço frontal da estação; 1912 - projeto de um desvio particular para serviço dos armazéns do Senhor Francisco José de Figueiredo Júnior. a estabelecer na estação da Lousã; 1926 - construção de apeadeiro, junto ao entroncamento da linha com a estrada de Miranda, e mais próximo do núcleo urbano mais antigo, denominado de "Lousã-A"; 1935 - data de colocação dos oito painéis de azulejos, da autoria de Jorge Colaço, produzidos na Companhia das Fábrica Cerâmicas Lusitânia; 1939, 30 janeiro - diagrama da estação, que é composta por edifício central, jardim e instalações sanitárias, cais coberto servido por cais descoberto e, do lado oposto da linha, um tanque e torre em alvenaria com poço e bomba manual; 2006, 16 dezembro - colocação de lápide comemorativa do centenário da inauguração da linha de caminho de ferro de Coimbra a Lousã, pela Câmara Municipal da Lousã; 2009, 01 dezembro - encerramento do serviço ferroviário entre Miranda do Corvo e Serpins, troço onde se integra a estação de Lousã; 2016 - colocação da placa SOS Azulejo no edifício de passageiros.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; soco, cunhais e molduras dos vãos em cantaria calcária; caixilharia de madeira pintada; vidros simples; silhar de azulejos policromos; lápide de mármore; frisos e cornijas de massa; marquise em ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

A Arte Nova nos Azulejos em Portugal (http://cfcul.fc.ul.pt/premios/catalogo-artenova.pdf), [consultado em junho 2020]; ALVES, Rui Manuel Vaz - Arquitectura, Cidade e Caminho de Ferro. Tese de doutoramento em Arquitetura apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Coimbra: texto policopiado, 2015, vol. 1 e 2; CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de - Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa. [Lisboa]: Caminhos de Ferro Portugueses, EP, 2001; FINO, Gaspar Correia - Legislação e disposições regulamentares sobre caminhos de ferro. Lisboa: Imprensa Nacional, 1903; 1908; FRAILE, Eduardo Gonzalez - Las primeras estaciones de ferrocarril: su tipologia; GOMES, Gilberto, Gomes, Rosa - Os caminhos de Ferro em Portugal 1856-2006. CP, 2006; HUMBERT, Georges-Charles - Traité Complet des Chemins de Fer. Paris: Baudry, 1891; IP - Infraestruturas de Portugal, IP Património - Rotas dos Azulejos. Rota Autoria / Jorge Colaço. 06 maio 2020 (https://www.infraestruturasdeportugal.pt/sites/default/files/flipbook/RotaJorgeColaco/index.html), [consultado em junho 2020]; LOPEZ GARCIA, Mercedes Lopez, MZA - Historia de sus estaciones. Coleccion de ciências, humanis y enginieria, n.º 2). Madrid: Ediciones Turner, S.A., 1986; LOURENÇO, Tiago Borges - Postais Azulejados. Decoração Azulejar Figurativa das Estações Ferroviárias Portuguesas. Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea. Lisboa: texto policopiado, vol. I e II, outubro 2014; PEREIRA, Hugo Silveira - As viagens ferroviárias em Portugal (1845-1896); PEVSNER, Nicolaus - Historia de las tipologias arquitectónicas; PIMENTEL, Frederico Augusto - Apontamentos para a historia dos caminhos de ferro portuguezes. Lisboa: Tipografia Universal, 1892.

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt); Arquivo Histórico da CP-Comboios de Portugal

Intervenção Realizada

Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1934 - obras de reparação nas instalações da estação; CP: 1982 - remodelação do piso térreo do edifício de passageiros.

Observações

Autor e Data

Paula Azevedo e Ana Sousa 2020 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)

Actualização

 
 
 
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