Hospital Militar de Elvas / Hospital de São João de Deus e Vedoria Geral de Elvas / Hotel São João de Deus

IPA.00026795
Portugal, Portalegre, Elvas, Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso
 
Hospital militar de campanha, construído na segunda metade do séc. 17, por determinação régia e administrado pela Ordem de São João de Deus, integrado na rede hospitalar e assistencial criada ao longo da raia, durante as Guerras da Aclamação, tendo sido adaptado a hotel, no séc. 21, mas respeitando e conservando as antigas estruturas. À semelhança do que acontece com a maioria desta tipologia construtiva, implanta-se no interior da praça de guerra, na periferia do espaço edificado, mais precisamente na gola do cavaleiro de um baluarte, para melhor garantir a sua defesa, tal como acontece em Olivença e Miranda do Douro, e na proximidade de poternas, que facilitavam o rápido acesso a partir do exterior e maior comodidade no transporte dos feridos de guerra. O próprio baluarte, tal como em Olivença, veio a adquirir a denominação do patrono do hospital. É composto por um núcleo fundacional, fechando a gola do cavaleiro, construído entre 1641 e 1643, entre a muralha Fernandina e a antiga barbacã, junto às portas de Évora, aproveitando as estruturas pré-existentes, explicando-se assim a grande espessura dos muros virados a nordeste e de toda a nave da capela, a sua planimetria retangular de eixo interior longitudinal, a altura do corpo da mesma, que integra uma das torres da porta, e a própria ondulação da fachada principal, e por um corpo mais regular, disposto perpendicularmente, correspondente às enfermarias, construídas sobre a nova Vedoria Geral, resultante da ampliação, também por determinação régia, realizada a partir de 1656 e concluída entre 1683-1706, já durante o reinado de D. Pedro II. Apesar dos hospitais se implantarem frequentemente na proximidade das Vedorias, esta conciliação, com uma ala do hospital sobre a Vedoria, é inédita nas praça de guerra nacionais. O núcleo fundacional tem planta poligonal irregular e é formado pela área de culto e o centro orgânico e funcional do hospital. A capela tem nave e capela-mor, interiormente cobertas em falsa abóbada de berço e cúpula, respetivamente, à semelhança do que acontece nos hospitais de Olivença, Chaves e outros, e com iluminação bilateral na capela-mor. Possui fachada principal de grande simplicidade, com o pano da nave bastante elevado, devido à sobreposição de dependências sobre a mesma, com portal de verga reta simples, de acesso direto à nave e à capela-mor, a primeira encimada por nicho, em arco deprimido, de modinatura posterior, com imagem do orago, em terracota, e a capela-mor com janela retangular e cobertura em domo telhado com lanternim. No interior da nave, que em 1758 era revestido a azulejos até à cobertura e esta tinha pinturas murais, conserva, no lado do Evangelho, púlpito maneirista, em cantaria, com bacia retangular e guarda em balaustrada e acrotérios, ornados de losangos, acedido por porta de verga reta, e silhar de azulejos policromos de padrão vegetalista, também maneiristas. A decoração do arco triunfal, em marmoreados fingidos, os retábulos laterais, confrontantes, no topo da nave, e o retábulo-mor, todos de corpo côncavo, também em marmoreados fingidos e com decoração relevada em estuque, com um eixo e mísulas ou nichos para imaginária nas ilhargas, revelam uma reforma no templo, no final do séc. 18, ou já no séc. 19. Na capela-mor conservam-se vãos retangulares, com molduras de talha a formar nichos para relíquias, na ante-sacristia um nicho, em massa, desnudo, e na sacristia, que em 1758 era toda pintada, lavabo maneirista e azulejos de figura avulsa, reaproveitados. A sacristia comunica com pátio murado, tendo, entre dois nichos, fonte tipo nicho, talvez da segunda metade do séc. 18, com arco sobre colunas torsas, remate em frontão interrompido com iconografia da Ordem Hospitaleira no tímpano, e tanque curvo com vieiras relevadas. A fachada principal do hospital, com remate moderno em platibanda com grelhagem de tijolo, que se prolonga pelo corpo da nave, é igualmente sóbria, com portal de verga reta encimado por janela de varandim, rematada em cornija, mas possui galeria alpendrada, com acrotérios iguais aos do púlpito, interiormente coberta por falsa abóbada de berço, de quatro tramos, tendo no topo oratório, com nicho e cobertura em falsa abóbada de aresta, conservando vestígios de pintura mural. A porta de acesso apresenta um trabalho de ferragens semelhante às portas exteriores dos vestíbulos e às laterais do disposto a poente do edifício do Trem (v. IPA.00026791), indiciando a sua feitura pelo mesmo mestre. Apesar do interior ter sofrido intervenções sucessivas, conserva os antigos espaços funcionais, alguns seccionados por arcos e com coberturas em falsas abóbadas de berço, como a cozinha, com grande lareira, e dependências adjacentes, uma delas com sineira. A escada tem os espelhos dos degraus com azulejos em roxo manganês, pombalinos, e silhares de azulejos vegetalistas, do séc. 19, que surgem também noutras dependências. A ala que se prolonga para sudeste, mais estreita e regular, era igualmente seccionada, nos dois pisos, por amplos arcos diafragmas, que hoje marcam os corredores laterais e se prolongam pelos quartos. A ala ampliada tem planta retangular, com coberturas em tesoura, sobre travejamento de madeira, revelando a divisão espacial interior das enfermarias, e fachadas evoluindo em dois pisos, integrando no ângulo interno do térreo, túnel de circulação. A fachada principal, de linhas simples e clássicas, tem o primeiro piso rasgado por portal de verga reta, inicialmente centrado, encimado por falso frontão, com brasão real, entre altas janelas de peitoril, e o segundo por janelas de varandim, encimadas por cornijas, friso e óculos circulares. Na fachada posterior, avança da estrutura uma arcada, assente em pilares, encimada, ao nível do segundo piso, por galeria de convalescença, possivelmente construída no séc. 19, fechada por janelas de arco abatido, mas atualmente secionadas de acordo com os quartos. O piso térreo, que era ocupado pela Vedoria, apresenta grande elegância, relativamente aos armazéns militares da praça, devido à natureza dos serviços ali instalados, e possuía cinco naves, tendo uma delas sido transformada, na década de 1960, em túnel de circulação, paralelo ao já existente, e onde se abria portal lateral, em arco. As naves separarem-se por arcos abatidos, sobre colunas toscanas, de cinco tramos cada, cobertas em falsa abóbada de aresta. Na parede norte, integrada no edifício da botica, desenvolve-se a escada para o segundo piso, também acedido pela ala fundacional, sobre o túnel. É formado por seis naves, correspondentes a amplas enfermarias, separadas por arcos, de volta perfeita, sob os quais foram construídas recentemente, estruturas, criando quatro alas de quartos. A antiga cerca do hospital, correspondendo a uma área aberta privada, utilizada para fins terapêuticos e de cultivo, e hoje o jardim do hotel, foi determinada pelo espaço do cavaleiro do baluarte, tendo acesso direto ao exterior. A botica, inicialmente de dois pisos, apresenta grande simplicidade, comunica diretamente com o exterior e no interior conserva nicho com vestígios de pintura mural.
Número IPA Antigo: PT041207030156
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Hospital  Hospital militar  

Descrição

Planta poligonal composta por núcleo fundacional irregular, fechando a gola do cavaleiro do baluarte, e núcleo seiscentista retangular, disposto perpendicularmente, com corpo da antiga farmácia adossado a norte. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, desenvolvidas em dois ou três pisos, com faixa e algumas molduras de vãos pintados a ocre. ALA FUNDACIONAL de planta irregular, formada por conjunto de dependências que avançam no cavaleiro, onde se inclui a capela, composta por nave e capela-mor, de eixo interior longitudinal, ante-sacristia, sacristia, pátio descoberto, vestíbulo, cozinha e outras dependências anexas, bem como corpos da antiga casa mortuária, e um corpo retangular regular para sudeste. Os volumes são escalonados, com coberturas diferenciadas, em telhados de uma, duas ou quatro águas e em terraço sobre a capela e corpos da antiga casa mortuária. Fachada principal virada a nordeste, de perfil ondulado e de três panos correspondentes, sensivelmente, à capela e à antiga zona hospitalar. A capela tem, à direita, a capela-mor, mais baixa e coberta por domo telhado, encimado por lanternim circular, cego, com pilastras coroadas por pináculos tipo bola e remate piramidal com bola. A capela termina em friso e cornija de massa, e é rasgada por portal de verga reta, encimado por lápide inscrita, e janela retilínea, gradeada, de moldura sublinhada a ocre. O corpo da nave e parte do hotel termina em guarda plena, com grelhagem de tijolo, e é rasgado por portal de verga reta, moldurado, encimado por nicho, em arco deprimido, albergando imagem, em terracota, de São João de Deus, tendo frontalmente, sobre cornija, pequeno balcão com guarda em ferro. Superiormente abrem-se ainda dois vãos retangulares, desiguais, sem moldura. À esquerda, abre-se o portal de acesso ao hotel, de verga reta, moldurado, encimado por janela de varandim, com guarda em ferro e sobreposta por cornija reta. Para a esquerda desenvolve-se pano convexo, terminado em guarda plena com grelhagem de tijolo, e, num plano recuado, um terceiro piso, junto ao qual existe corredor e escadas de acesso ao terraço sobre o corpo da capela, protegido por guarda plena a recriar ameias desiguais. Esse pano é rasgado por portal de verga reta moldurada, e, superiormente, por galeria, de quatro arcos, de volta perfeita, sublinhados a ocre, sobre colunas toscanas, assentes em guarda plena com plintos paralelepipédicos de cantaria, decorados por duplos losangos relevados, interligados por friso e sobre falsas mísulas. A galeria, com quatro tramos, cada um coberto por falsa abóbada de berço, com arranque ao nível dos capitéis das colunas, para onde dão porta e janela, tem, no topo, oratório, com nicho em arco de volta perfeita, e cobertura em falsa abóbada de aresta, sobre mísulas, conservando vestígios de pintura mural, figurando uma cabeça antropomórfica. Na fachada lateral noroeste, rasga-se no baluarte, junto à capela-mor, portal em arco de volta perfeita, entre pilastras, inferiormente com talude. A fachada posterior, virada ao jardim, possui a ala sudeste reforçada por três contrafortes, um de esbarro, um escalonado e outro mais baixo, e três pisos, os inferiores rasgados por vãos retilíneos, moldurados a cantaria e alguns gradeados, e o terceiro recuado, rasgado por portas-janelas geminadas, acedendo a varandas, separadas por murete de perfil curvo, com arranque coroado por urna, e com guarda em ferro. O núcleo a noroeste é mais irregular, e formado por vários corpos de diferente volumetria, sendo igualmente rasgado por vãos retilíneos, alguns gradeados. Sobre a cozinha, eleva-se grande chaminé e na guarda do terraço da nave integra-se sineira, de dupla ventana, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, albergando pequenos sinos, intercaladas por pilastras, que sustentam entablamento coroado por pináculos e aletas, formando espaldares recortados; lateralmente existem ainda aletas sobre a guarda. INTERIOR: a CAPELA tem a nave com pavimento em tijoleira, integrando duas lápides inscritas, paredes com silhar de azulejos de padrão, policromo, reaproveitados, e cobertura em falsa abóbada de berço, sobre cornija de massa. No lado do Evangelho tem púlpito de cantaria, com bacia retangular e guarda em balaustrada e acrotérios nos ângulos, ornados de losangos, acedido por porta de verga reta. No topo da nave possui duas capelas laterais, confrontantes, de corpo côncavo e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras de alvenaria, almofadadas, e com teia de madeira a separar a capela-mor. Esta tem pavimento em cantaria, tal como o supedâneo, e é coberta por cúpula sobre trompas de ângulo, decorados com motivos lanceolados e vegetalistas em estuque relevado. Retábulo-mor de corpo côncavo e um eixo, com arco de volta perfeita sobre pilastras almofadadas, decoradas com motivos vegetalistas e lanceolados relevados e com acantos no fecho. Ao centro, abre-se tribuna, atualmente fechada, em arco, com moldura ornada de folhas e friso dourado. É flanqueada por dois nichos, dispostos nas ilhargas, em arco de volta perfeita, com mísulas ornadas de acantos, encimado por flores. Nas paredes laterais possui armários embutidos e, superiormente, dois vãos retangulares, com moldura encimada de acanto, interiormente seccionado por molduras de talha em vários nichos para relíquias. Uma porta no lado do Evangelho dá acesso à ante-sacristia, coberta por falsa abóbada de berço, possuindo no topo nicho, em arco, de volta perfeita e moldura recortada, ladeada de almofadados. A sacristia possui silhar de azulejos de figura avulsa reaproveitados, cobertura em falsa abóbada de berço abatido, lavabo de espaldar recortado, com bacia retangular, pouco profunda, para onde vertem duas bicas com torneira, encimadas por reservatório convexo; tem ainda armário embutido e três nichos, em arco, o central maior. A sacristia comunica com o PÁTIO, retangular, delimitado por fachadas mais altas e com pavimento cerâmico. Na parede de fundo possui, ao centro, fonte, tipo nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, sublinhadas a ocre, ladeado por duas colunas torsas, de capitéis coríntios e sobre plintos paralelepipédicos, sustentando entablamento e frontão interrompido, tendo no tímpano, delimitado por friso em ocre, elementos vegetalistas e uma romã, alusiva à Ordem de São João de Deus. Entre os plintos das colunas, desenvolve-se tanque, de perfil curvo, frontalmente decorado com três vieiras relevadas, pintadas de ocre. Lateralmente dispõem-se de ângulo, dois nichos, em arco de volta perfeita, encimado por cornija, sublinhados a ocre. HOTEL com as paredes pintadas de ocre ou branco, coberturas planas, em falsas caneluras ou falsas abóbadas de berço, com as portas dos quartos molduradas a madeira, de jambas estriadas. Vestíbulo com silhar de azulejos, azuis e brancos, de patrão vegetalista, sobre friso em roxo manganês, e teto de madeira, sobre travejamento. À esquerda, porta de verga reta comunica com a zona a partir do qual se faz a distribuição espacial, para a ala sudeste, para os espaços comuns e para o segundo piso, estes últimos, sob dois arcos deprimidos assentes em pilastras e pilar de cantaria. As zonas comuns, algumas com cobertura em falsa abóbada de berço, comunicam por vãos em arco ou portas de verga reta molduradas. A cozinha, bem como as salas contíguas, utilizadas para os pequenos almoços, possuem pavimento cerâmico, branco e preto, formando losangos, a primeira conservando grande lareira, em arco abatido, e uma das salas contíguas, seccionada por arcos sobre pilar e com a antiga sineta. A ala sudeste desenvolve-se numa cota rebaixada, com vários quartos e corredor lateral, marcado por seis arcos diafragmas, de intradorso pintado a laranja. O acesso ao segundo piso faz-se por escadas com silhar de azulejos policromos, de padrão vegetalista e patim revestido a azulejos em roxo manganês, cobertas por falsa abóbada de berço, assente em cornija e friso de madeira, conservando na face interna do arranque, duas serpentes afrontadas, relevadas. Ao nível do segundo piso, o vestíbulo retangular, com silhar de azulejos azuis e brancos, de padrão vegetalista, tem igualmente dois arcos, mas de volta perfeita, sobre pilastras e pilar central, no término das escadas e na ligação à ala sudeste; lateralmente, uma porta de verga reta encimada por óculo helicoidal acede ao salão D. João IV, a antiga biblioteca do hospital, que integra lateralmente um arco abatido, e, no topo, um arco de volta perfeita sobre pilastras, comunica com corredor de acesso a vários quartos e ao terraço do terrapleno do cavaleiro. A ala sudeste, precedida por pequena sala de estar, organiza-se em quartos e corredor lateral, marcado por seis arcos diafragmas, sobre mísulas, com os seguintes pintados com triângulo, prolongando-se os arcos no interior dos quartos, que têm janelas viradas ao jardim. No quinto tramo do corredor, existe escada de cantaria para o segundo piso da ala seiscentista e, na sala de estar que antecede esta ala, porta para a galeria exterior, e escada, mais estreita, para a parte poente do terceiro piso. Aí, um corredor de ligação a vários quartos, contorna o grosso paramento sobre a capela, em alvenaria de pedra aparente, e termina no denominado hall Gil Vicente, uma pequena sala com lareira, a partir do qual se acede ao sótão. ALA SEISCENTISTA composta por corpo principal, de planta retangular, e o da antiga farmácia, também retangular, mas menos profundo. Volumes articulados com coberturas em tesoura no edifício principal, revelando a divisão espacial interior, com quatro águas integrando grandes claraboias retangulares envidraçadas, e de duas águas diferenciadas nos corpos adossados a norte. Fachada principal virada a noroeste, de dois pisos separados por friso, cunhal exterior apilastrado e remate em cornija de massa, pintada de ocre, ritmada por falsas mísulas, integrando canos para escoamento das águas pluviais. O primeiro piso é rasgado por portal de verga reta, com chave relevada, encimado por espaldar volutado, contendo brasão com as armas nacionais, rematado em cornija curva, criando falso frontão, e por três janelas de peitoril, molduradas, de caixilharia com bandeira. No segundo piso, abrem-se seis janelas de varandim, encimadas por dupla cornija e friso, com guarda em ferro, sobrepostas por óculos circulares, com a moldura pintada de ocre. No extremo direito da ala, rasgam-se, no piso térreo, dois túneis de circulação, com arco de volta perfeita sobre pilares; o do topo é coberto por abóbada de berço, com quatro arcos diafragmas, apoiados em pilares, na parede sul, onde se abrem duas janelas de verga deprimida e porta de ligação ao interior, de verga reta. O segundo túnel, que correspondia a uma das alas da sala térrea, possui a cobertura em falsas abóbadas de aresta abatida e de cinco tramos, marcados por arcos diafragmas, assentes em colunas, semi-embebidas na parede, conservando num dos lados o arco do antigo portal lateral, de volta perfeita sobre pilastras. O corpo da antiga farmácia, mais baixo e estreito, tem três pisos, o primeiro rasgado por duas portas intercaladas por janelas de peitoril, molduradas a cantaria, o segundo com janela central de peitoril, também moldurada, e o último, separado do anterior por cornija, com duas janelas de peitoril, de moldura pintada a ocre. A fachada posterior, com faixa, molduras dos vãos e capitéis sublinhados a ocre, avança no piso térreo em arcada, de seis arcos, assentes em pilares, encimada, no piso superior, por galeria fechada, iluminada por 12 amplas janelas, de verga abatida; nos arcos abrem-se porta e janela de modinatura moderna, no topo esquerdo, os dois túneis de circulação, três janelas de peitoril e porta de verga reta, num ritmo semelhante aos vãos da frontaria. A galeria é enquadrada, à esquerda, por pano torreado, coberto por telhado piramidal mais elevado e rasgado por óculo circular, e, à direita, por pano mais estreito e mais baixo, com pequena janela. INTERIOR: o piso térreo constitui ampla sala, denominado salão Vasco da Gama, de quatro naves, cada uma de cinco tramos, separadas por arcos abatidos, sobre colunas toscanas em cantaria de granito, as dos topos semi-embebidas nas paredes, cobertas por falsas abóbadas de arestas. Pavimento de mármore, com guias formando quadrícula interligando as colunas. Na nave norte, no segundo tramo, abre-se arco, de volta perfeita, moldurado a cantaria, a partir do qual se desenvolve escada de ligação ao segundo piso; existe ainda vão, de ligação a instalações sanitárias e de apoio. O segundo piso, conserva a estrutura das antigas enfermarias, orientadas no sentido noroeste -sudeste, de seis amplas naves, separadas por arcos abatidos, cobertas por estrutura de madeira, com travejamento e forro aparente. Contudo, foram seccionadas em quatro eixos de quartos, com estruturas de alvenaria, rebocada e pintada, separados por dois corredores laterais e espaço central, mais largo, utilizado como zona comum e de estar. No topo sul existe vão de acesso a partir do corredor do segundo piso da ala fundacional, desenvolvido numa cota mais baixa, encimado por sobrejanela, em arco, escadas de acesso ao terceiro piso daquela ala e ainda outras escadas de ligação ao espaço existente sobre os quartos implantados nas enfermarias, com balcões de madeira avançados e guarda tipo reixa.

Acessos

Assunção, Largo de São João de Deus, n.º 1; Rua Nova da Vedoria; Avenida Garcia da Horta. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,878349; long.: -7,166043

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da cidade de Elvas / Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas (v. IPA.00001839) e na Zona de Proteção da Fortaleza de Elvas (v. IPA.00035956)

Enquadramento

Urbano, adossado, na zona sul da cidade, no interior da praça de Elvas, fechando a gola do cavaleiro do baluarte de São João de Deus e prolongando-se, em L, para norte, onde se adossa a vários edifícios, nomeadamente ao palheiro do Assento de Elvas (v. IPA.00035919). Sob o edifício seiscentista, existem dois túneis abobadados, com circulação automóvel, de dois sentidos. O cavaleiro do baluarte é circundado por vias alcatroadas, em parte utilizadas atualmente como estacionamento automóvel do hotel, e a frente virada a poente no seguimento do viaduto, inaugurado em 1951, sobre o fosso da praça, aquando da abertura do baluarte, para criar nova entrada na cidade. Nas imediações, implanta-se um dos Passos da Via Sacra de Elvas (v. IPA.00001676) e a Fonte da Misericórdia (v. IPA.00023851).

Descrição Complementar

Sobre o portal da capela existe lápide com a inscrição "NOS... SENHORA / FOI CONCEBIDA / SEM PECADO / ORIGINAL". As capelas laterais apresentam corpo côncavo e um eixo, com arco de volta perfeita, de acanto no fecho, sobre pilastras almofadadas, tendo nicho central e, nas ilhargas, mísulas para sustentação de imaginária. O jardim, calcetado a paralelos, possui laranjeiras e várias trepadeiras. Sob o terrapleno interior do cavaleiro, foram construídas, várias instalações técnicas e de apoio, tendo a sudeste escadas de ligação a espaço de estar alpendrado e ao antigo terrapleno, onde existem duas piscinas, envolvidas por pavimento cerâmico, e enquadradas na face interna dos merlões, por dois painéis de azulejos figurativos. O restante terrapleno é arrelvado ou forma terraço sobre outras construções de apoio, a sudoeste. Numa das faces do cavaleiro, abrem-se dois nichos, em alvenaria de tijolo, albergando imagens femininas, em mármore, com cestas.

Utilização Inicial

Saúde: hospital de ordem militar / Política e administrativa: vedoria

Utilização Actual

Comercial e turística: hotel (tel.: 268 639229 , fax. 268 621880, e-mail info@hotelsaojoaodeus.com)

Propriedade

Privada: pessoa singular (hotel) / Pública: estatal (capela)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIROS: Anselmo Costa (1959), Darvin José Fandiga (1958), José Alfredo Trabuco (1945-1947, 1949), José Joaquim da Encarnação (1948), José Roldão (1956, 1958), Luiz Farinha (1949-1950), Sabino Pereira Canário 1959 -1961).

Cronologia

1641, 04 maio - alvará de D. João IV pedindo aos Irmãos Hospitalários que, devido à experiência da "caridade e assistência" com que acodem aos doentes, assistissem os feridos de guerra no Alentejo, em Elvas, Campo Maior e Olivença *1; a administração destes hospitais, que passam a ter o estatuto de Hospitais Reais, é entregue a frei Bento Pais, devendo o vedor geral do Exército, André Almeida da Fonseca, entregar tudo o que neles havia, e de facultar os necessários meios de administração, na dependência direta do Governador das Armas da Província do Alentejo, na época, o Conde de Castelo Melhor, do Conselho de Guerra; 18 outubro - D. João IV cria em Elvas o cargo de Vedor geral com a finalidade "de ser o olheiro e superintendente de todo o dinheiro e fazenda do exército" *2, desconhecendo-se ao certo onde, inicialmente, seria instalada a Vedoria Geral; 23 dezembro - por Patente, confia-se a administração do hospital de Elvas a Frei Mateus, Administrador Geral e capelão do Exército do Alentejo; 1642, 25 fevereiro - criação do Regimento da Vedoria, responsável pela administração económica do Exército; 28 fevereiro - criação do Regimento dos Tribunais da Vedoria e Contadoria gerais; 26 maio - data do primeiro Regulamento dos Hospitais do Alentejo, compreendendo um médico e um ajudante, um cirurgião e um ajudante, um sangrador e ajudante, um administrador, um síndico e um escrivão *3; 1643 - data apontada para a construção do hospital nas Memórias Paroquiais da Sé; 1645 - criação da Contadoria Geral e de uma Pagadoria Geral; 04 maio - alvará régio encarrega a administração dos hospitais de Elvas, Campo Maior e de Olivença, à Ordem de São João de Deus, na pessoa do seu provincial, Frei Bento Pais *4; 1653 - D. João IV manda comprar umas moradas de casas, pegadas ao hospital, para ampliação das duas instalações; 1656, cerca - início das obras de ampliação do hospital, com construção de um corpo perpendicular, deixando a sala do piso térreo para a Vedoria Geral; 1658 - publicação do Regimento dos Hospitais Reais da Província do Alentejo; depois de um malogrado cerco a Badajoz, comandado por Joane Mendes de Vasconcelos, o exército português regressa a Elvas com grande número de mortos; numa carta à rainha regente, D. Sancho Manuel diz que "porque nem já há donde recolher os enfermos por serem infinitos nem quem lhe possa assistir por se haverem morto só serventes dos hospitais duzentos e tantos; 1668 - assinatura de tratado de paz com Espanha, trabalhando até aí na Vedoria numerosa equipa; 1669 - alvará de D Pedro II à Vedoria Geral de Elvas com instruções para a drástica contenção de gastos, acabando por implicar o despedimento de muito pessoal; acabada a guerra, ficava reduzida à atividade da Vedoria Geral do exército da Província do Alentejo; 1670 - Provisão indicando que 2% do consulado da Casa da Índia seria para a manutenção dos Reais Hospitais Militares de Elvas, Moura e Campo Maior; 1671 - ereção da Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira de São João de Deus; 1674 - o juiz de fora de Elvas acumula as funções de auditor geral da província; 1683 - 1706 - conclusão das obras de ampliação do hospital, durante o reinado de D. Pedro II; 1690 - transferência da Vedoria da Repartição de Artilharia, que aqui também está instalada, juntamente com o seu Tribunal, para o Edifício do Conselho de Guerra (v. IPA.00026790); 1695 - aquando da Batalha das Linhas de Elvas, o hospital tem 10 religiosos, número que o Conde de Atouguia, governador militar da Província do Alentejo, considera insuficientes para as necessidades do mesmo; assim, pede ao rei o aumento substancial do número de religiosos; carta de oficial referindo que "visitei o hospital desta praça que me pareceu mal em todo o sentido - péssima situação por ficar contíguo ao baluarte mais exposto e, portanto, mais sujeito ao fogo inimigo; e muito incomodado logo que haja necessidade de fazer fogo com a artilharia do mesmo baluarte"; refere ainda que o hospital poderia acolher, no máximo, 350 doentes, o que era pouco para uma praça como Elvas; 1704 - 1706- alvará retira a administração dos Reais Hospitais Militares em Portugal aos Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus, os quais mantêm apenas a atividade de enfermagem; 1716 - o hospital tem 14 religiosos e 12 camas; 1728 - 1783 - por falta de condições de higiene e à inexistência de uma enfermaria para doenças infetocontagiosas, o hospital da Misericórdia recebe doentes militares; 1741 - a aprendizagem dos Irmãos da Ordem é feita no Hospital de Elvas, sendo a formação pluridisciplinar; publicação do primeiro livro de enfermagem para os Hospitais Militares "Postilla Religiosa e Arte de Enfermeiro guarnecida com eruditos conceitos de diversos autores, pelo P. Fr. Diogo de Santiago, religioso de S. João de Deus, com que educou e praticou os seus noviços, sendo Mestre delles no convento de Elvas para perfeição da vida Religiosa e votos de hospitalidade,..."; 1757 - planta da fortificação de Elvas, do capitão de engenharia Miguel Luiz Jacob representando o edifício com planta em L fechando a gola do baluarte de São João de Deus; séc. 18, 2.ª metade - na planta da praça de Elvas com seus fortes adjacentes, de Francisco D'Allincourt, já é representada rua de circulação entre o núcleo primitivo do hospital e o corpo resultante da ampliação, com a Vedoria e enfermarias; 1758, 30 maio - descrição do edifício do Hospital e da Vedoria nas Memórias Paroquiais da freguesia da Sé *5; 1763 - extinção da Vedoria Geral, Contadoria Geral e a Pagadoria Geral, sendo substituídas pela Tesouraria-Geral da Guerra, com três tesoureiros sediadas no Porto, em Lisboa e em Elvas; 1783 - é criada a Aula de Anatomia de Elvas, pelo marechal de campo Manuel Bernardo de Melo e Castro, governador da praça e das Armas da Província do Alentejo, que funcionará por 34 anos; inicialmente destinada aos estudantes de cirurgia dos Corpos da Província, é depois aberta a estudantes voluntários, a quem se exigia saber ler, escrever, contar, gramática portuguesa e francês; o curso é constituído por 4 estudos, com 4 dias de aulas por semana; 1797, 07 agosto - "Regulamento para os hospitais militares tanto em tempo de paz, como em tempo de guerra", de António de Araújo de Azevedo, ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra; o regulamento procura organizar os hospitais militares de campanha, definindo alguns aspetos construtivos, alguns deles fundamentando novos princípios de higiene; segundo relatório do Físico-mor do Exército, João Francisco de Oliveira, o hospital pode receber 350 doentes; 1803 - por reforma geral, a Ordem de São João de Deus deixa as funções hospitalares; 1807 - 1814 - aquando da Guerra Peninsular, devido a uma epidemia de cólera, o edifício da Vedoria é utilizado como enfermaria; 1815 - Relatório militar refere que, "no tempo da guerra não pode servir de Hospital por senão poder acautelar, e estar exposto á parte do Sul a mais respeitável da Campanha"; localiza a Vedoria "na rectaguarda da golla do Baluarte de S. João de Deos (…) cuja construção e grandeza merece atenção, pois consta de huma só caza cuberta de abobedas, sustentandas por colunas", funcionando a "tesouraria Geral das Tropas da Província" no piso térreo e o Hospital Militar no superior; 1824 - publicação da Ordem do Dia n.º 62 "Alvará em que subsistem os Hospitais Regimentais e são abolidos os Hospitais Militares"; 1825 - Relatório militar propõe que a capela do hospital tenha "sacramento e hum capelão dos Corpos para administrar os Sacramentos aos Enfermos Militares"; 1834, 28 maio - extinção das Ordens Religiosas, sendo os seus bens incorporados na Fazenda Nacional e os Irmãos Hospitalários deixado as atividades de enfermagem nos Reais Hospitais Militares; 1874 - segundo o diretor do hospital, este pode receber 100 doentes sem os"inconvenientes maus resultados da acumulação"; 1875 - criação dos Conselhos de Guerra territoriais junto dos comandos das Divisões Militares (Évora), deixando de funcionar no edifício o de Elvas; Relatório militar refere que "nos baixos d'este edifício fica a casa denominada Vedoria que pela sua extensão serve de armazém de reparos de artilharia e para formatura da parada da guarda nos dias chuvosos; podendo, em casos extraordinários em tempos de guerra, ser destinada para enfermarias de moléstias e epidémicas ou de ferimentos em tempos de guerra, bastando para isso assoalhar o pavimento de madeira"; refere a "botica" localizada "a pequena distância do hospital; a sua armação e guarnição apesar de antigos, são majestosos e de grande custo (...) consta de 2 pavimentos servindo o superior de residência do respectivo pharmaceutico"; e "defronte desta casa (da botica) "existe a denominada - dos mortos - por que n'ella se depositavam as praças falecidas no hospital, e que serve hoje de prisão, e outra destinada para cosinha de botica e dormitório dos serventes"; séc. 19, 2ª metade - no edifício primitivo funciona então a portaria, a casa da guarda, a secretaria (com a casa da autópsia por cima), a enfermaria dos sargentos, os quartos dos oficiais, a cozinha, a capela, a casa dos banhos e o armazém da lenha; a enfermaria dos soldados fica no andar superior do novo edifício da Vedoria; 1901, 05 julho - Secretário da Guerra manda o governador da Praça de Elvas entregar à Manutenção Militar o armazém da Vedoria, para servir de depósito de ferragens; 20 julho - auto de entrega do armazém da Vedoria à Manutenção Militar, encontrando-se em bom estado e as obras de carpintaria em estado regular; 1909 - entrega da nave norte do armazém da Vedoria ao Hospital, para ser utilizada como arrecadação, construindo-se uma parede divisória, para isolar a nave do lado leste (e a norte), sendo a comunicação feita por uma escada interior existente; as obras são orçadas em 260$000 *6; 18 agosto - auto de entrega da nave norte do armazém da Vedoria ao Conselho Administrativa do Hospital Militar; 1910 - a capela serve de arrecadação hospitalar; 1930, 14 abril - auto de entrega do baluarte de São João de Deus ao Hospital Auxiliar de Elvas; 1936 - não existindo no Tombo da propriedade militar registada a ocupação pela Manutenção Militar, do pavimento térreo do "Edifício de São João de Deus", e convindo harmonizar a situação, o Ministério da Guerra determina que o Governo Militar de Elvas nomeie uma comissão para lavrar o auto; 17 julho - já havia sido entregue por auto o pavimento térreo do PM 64 à Manutenção Militar, tornando-se necessário celebrar novo auto; 1940, 31 dezembro - o valor patrimonial do imóvel é de 672.000$00; 1946, 22 janeiro - uma nota do Hospital Militar Auxiliar de Elvas informa que as obras de isolamento da capela, de 17.280$00, constavam apenas em fechar, com um pano de tijolo, duas portas que comunicavam, respetivamente, com o posto de socorros e a cozinha; os pavimentos, paramentos de paredes e caixilharia da capela estão então em mau estado; o hospital tem uma enfermaria de emergência utilizada em invasão epidêmicas, com 32,70m x 5,25m, no mesmo plano do celeiro da Manutenção e com entrada pelas enfermarias do 2.º piso; 1946, 17 maio - auto de devolução da capela ao Ministério das Finanças, cedida a título precário à Paróquia de Nossa Senhora da Assunção; 1947, 05 abril - com base no Decreto-Lei n.º 36.209, relativo à assistência religiosa nos hospitais militares, a direção do Hospital de Elvas tenta a restituição da capela; 03 outubro - Despacho do Ministério da Guerra, aceitando a proposta do Arcebispo de Évora, no sentido da capela ficar inteiramente ao serviço do hospital, "mas conservando-se adstrita à Paróquia da freguesia de Nossa Senhora da Assunção"; 22 outubro - cedência da capela por esse Ministério, a título precário, ao benefício Paroquial de Nossa Senhora da Assunção, continuando, no entanto, a ser utilizada pelo Exército; 1948 - reabertura da porta de ligação entre a capela e o hospital, com demolição de um pano de tijolo; 23 março - Despacho do Ministro da Guerra determina a entrega provisória ao Regimento de Cavalaria n.º 1 do armazém sob o hospital, até ali utilizado pela Manutenção Militar como depósito de palha; 16 abril - auto de entrega do armazém da Delegação da Manutenção Militar de Elvas denominado "Depósito de Forragens n.º 1" *7; 1962, maio - o edifício está totalmente ocupado pelos serviços hospitalares, e em bom estado; 1964, 01 setembro - tendo em vista estabelecer o trânsito em dois sentidos, a Câmara de Elvas solicita ao Comando da Região Militar a cedência do arco sob o hospital *8; 1968, 15 maio - auto de devolução e de cessão ao Ministério das Finanças, feita pelo Exército, à Câmara de Elvas, mediante a compensação de 500$00 anuais, do arco do hospital para estabelecimento de um arruamento, cujo projeto foi aprovado pelo Ministério de Educação Nacional; 1970, década - parte das instalações do imóvel são utilizadas, a título precário, pela Associação de Bombeiros, enquanto decorriam obras de conclusão do seu novo quartel; na capela e casa anexa realiza-se o serviço funerário; 1976 - data do encerramento do hospital; 1977, 17 setembro - Cruz Vermelha solicita ao Gabinete do Ministério da Defesa Nacional a cedência de parte das instalações do hospital; 04 novembro - Despacho do General Chefe de Estado-Maior do Exército autoriza a cedência das instalações à Cruz Vermelha, a título precário e por dois anos; 1978, 03 janeiro - auto de entrega de parte das instalações do hospital à Cruz Vermelha Portuguesa, para alojamento de refugiados e desalojados; outra parte do edifício é ocupado pelo Regimento de Infantaria de Elvas (2º piso), nomeadamente a capela sacristia e outros; 24 novembro - o edifício é ocupado pelo RIE, Cruz Vermelha Portuguesa e uma área do r/c está cedido aos Bombeiros Voluntários de Elvas *9; 1979 - decide-se ceder, a título precário, o PM 15/Elvas - Casa das Barcas (v. IPA.00026777), para os Bombeiros Voluntários libertarem a parte do hospital que ocupam; 03 maio - Câmara solicita a cedência do antigo hospital para instalação de gabinetes técnicos, Delegação Escolar e outros serviços públicos; 1980, 03 janeiro - caduca a cedência de parte do edifício à Cruz Vermelha Portuguesa; 1981, 22 setembro - solicita-se à Região Militar Sul a definição do programa preliminar para a possível adaptação do edifício a apartamentos de oficiais e sargentos; 1982, 13 novembro - Liga dos Deficientes Invisuais Senhor Jesus da Piedade solicita a cedência do imóvel para instalar um centro de recuperação de deficientes, jardim de recreio, hotel de terceira idade, oficinas de artesanato, escola de música e serviços de assistência sanitária e socorrismo, em colaboração com os Bombeiros Voluntários de Elvas e a Cruz Vermelha Portuguesa; 1983, fevereiro - parecer negativo à cedência do imóvel; 28 outubro - Património do Estado avalia o edifício em 62.500.000$00, encontrando-se em regular estado da conservação; 1991, 16 janeiro - carta do pároco de Nossa Senhora da Assunção, Joaquim José Carneiro de Mello, informando que a Paróquia tem muito interesse na utilização da capela, agradecendo a devolução da posse legítima; 01 outubro - constituição em propriedade horizontal denominado Hospital Militar; 20 novembro - ofício da Associação dos Bombeiros Voluntários a informar que, logo que concluídas as obras do novo quartel, previstas para 1992, desocupa as instalações cedidas; 1992, 30 abril - arrematação do PM 64/Elvas - Convento de São João, exceto a casa do Estado, a capela de São João Deus e o arco do Hospital Militar, por Francisco Martinez Trinidad, por 104.000.000$00; 1997 - a Liga dos Deficientes Invisuais, Jesus da Piedade, solicita a entrega da capela de São João de Deus à Paroquia da Sé ou com o acordo desta, diretamente àquela Liga; 2003, 22 dezembro - arrematação em hasta pública da casa do Estado anexa ao Hospital Militar, na Rua Nova da Vedoria, n.º 7-7A, pelo termo n.º 38, lavrado a 15 julho 1993, por 8.166.000$00; 2004 - data da feitura dos painéis de azulejos junto à piscina; 2007, 04 setembro - proposta de classificação do edifício pelo proprietário; 2008, 20 junho - parecer da DRCAlentejo contra a classificação como de Imóvel de Interesse Público e sugerindo a classificação como de Imóvel de Interesse Municipal; 17 julho - encerramento do processo de classificação por despacho da sub-diretora do IGESPAR.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada ou em alvenaria mista aparente; molduras dos vãos e brasão em cantaria; colunas em cantaria de granito; silhar de azulejos azuis e brancos e policromos; pavimentos em mármore, em cantaria, cerâmico de diferentes tipos, de madeira e em paralelos; portas, portadas e molduras das portas dos quartos de madeira; vidros simples ou martelado; pintura mural; arco triunfal e retábulos de estuque, pintado e relevado; púlpito e lavabo em mármore; fonte em maça; cobertura de telha e claraboias de vidro.

Bibliografia

AA.VV - Elvas Duas Décadas de Poder Local. Elvas: Câmara Municipal de Elvas, 2013; AA.VV - Fortificações de Elvas. Proposta para a sua inscrição na lista do Património Mundial. Elvas (Portugal): texto policopiado, 2008; BOLÉO-TOMÉ, José - «A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus e os progressos da assistência». In O serviço de saúde militar na comemoração do VI centenário dos Irmãos Hospitaleiros de S. João de Deus em Portugal. Actas do XVI Colóquio de História Militar. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2007, vol. 1 pp. 77-83; BORGES, Augusto Moutinho - Os Reais Hospitais Militares em Portugal, administrados e fundados pelos Irmãos Hospitaleiros de S. João de Deus, 1640-1834. Lisboa: Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, 2007; BORGES, Augusto Moutinho - «Os Reais Hospitais Militares de S. João de Deus na Beira da Restauração ao Liberalismo». In O serviço de saúde militar na comemoração do VI centenário dos Irmãos Hospitaleiros de S. João de Deus em Portugal. Actas do XVI Colóquio de História Militar. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2007, vol. 2, pp. 561-583; BUCHO, Domingos - Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Elvas, 2013; GAMA, Eurico - Roteiro Turístico de Elas. Elvas: MCMXLVIII; MORGADO, Amílcar F. - Elvas: Praça de Guerra, Arquitectura Militar. Elvas: Câmara Municipal de Elvas; Grupo de Apoio e Dinamização Cultural de Elvas (G.A.D.I.C.E.), 1993; PACHECO, Álvaro Gomes - «Contributos para a história das instituições de saúde em Elvas». In Elvas Caia, Revista Internacional da cultura e ciência da Câmara Municipal de Elvas. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Elvas, 2003, n.º 1, pp. 268-299; Regulamento para os Hospitais Militares de Sua Alteza Real o Príncipe Regente Nosso Senhor, tanto em tempo de paz, como em tempo de guerra. Lisboa: Impressão Régia, M.D. CCC.V.; RODRIGUES, Luís Alexandre - Bragança no século XVIII. Urbanismo e Arquitectura. Bragança: Junta de Freguesia da Sé, 1997, vol. 1; VALLA, Margarida - «A praça-forte de Elvas: a cidade e o território». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, dezembro 2008, n.º 28, pp. 34-43.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMSul/DE, DGEMN:DRELisboa/DEM; Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM 64/Elvas - Convento São João de Deus (Processo n.º 1, 2, 5, 7, 8)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Arquivo Histórico Militar: 3.ª Divisão, 9.ª Secção, cx. 67, n.º 33 ("Informação do Estado em que se acha a Praça de Elvas, em o mez de Mayo de 1815, relativamente as Obras de Fortificação, Edifícios Militares, e outros objectos, pelo Coronel Engenheiro Raymundo Valeriano da Costa Correa"), cx. 73, n.º 11 (Relatório sobre a defesa da Praça de Elvas feito pelo seu actual governador, o General de Brigada Francisco Xavier Lopes, 1875); Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM 64/Elvas - Convento São João de Deus; DGEMN: DGEMN:DSARH (PT DGEMN:DSARH-006/087-0312/01, PT DGEMN:DSARH-006/087-0312/02, PT DGEMN:DSARH-006/087-0312/03, PT DGEMN:DSARH-006/087-0312/05, PT DGEMN:DSARH-006/087-0312/06, PT DGEMN:DSARH-006/087-0312/07, PT DGEMN:DSARH-006/087-0312/08, PT DGEMN:DSARH-006/087-0312/09, PT DGEMN:DSARH-006/087-0313/06, PT DGEMN:DSARH-006/087-0259/07, DGEMN:DSARH-010/087-0129); DGALB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 13, n.º (E) 14, p. 71 a 106 (Sé); Matriz Predial sob Art.º 1932; Conservatória do Registo Predial de Elvas, n.º 01014/4-1 e livro N/26, sob o n. 195 *10

Intervenção Realizada

DGEMN: 1944 - trabalhos de pequena conservação ou reparação e arranjo da casa destinada à recolha da ambulância do hospital; 1945 - obras de pequena conservação ou reparação e simples arranjo, por José Alfredo Trabuco; 1946 - pequena conservação ou reparação, incluindo derrubar, rebocar, estucar e caiar os tetos danificados de 8 enfermarias, incluindo o arranjo do corredor central; 1947 - trabalhos de pequena conservação, reparação e simples arranjo, das paredes exteriores, de janelas, portas e grades de ferro, pelo empreiteiro José Alfredo Trabuco; 1948 - obras de pequena conservação ou reparação e simples arranjo do edifício, por José Joaquim da Encarnação; 1949 - reparação geral da cobertura, incluindo a substituição de três vigas e do barrotame em mau estado, por José Alfredo Trabuco; obras de pequena conservação ou reparação e simples arranjo do edifício por Luiz Farinha; 1950 - pequenas obras de conservação nas paredes exteriores e pequenas reparações nos esgotos por Luiz Farinha; 1952 - pequena conservação ou reparação do edifício por António Angelino Ferreira, incluindo caiação de toda a fachada principal, caiação dos corredores do 1º e 2º pavimento, limpeza dos telhados, arranjo na pintura do gabinete de consulta externa, quarto de oficiais e câmara escura do serviço de radiologia, arranjo, pintura da porta principal e da capela; 1956 - diversas obras de reparação por José Roldão, incluindo levantar cobertura de telha de canudo, fornecer e assentar ripado, assentar telha de canudo, construir beirado sobre cimalha, reparação de algerozes, construir betonilha esquartelada, fornecer e assentar portões iguais aos existentes, bem como de caixilhos em vãos de peito, porta em madeira de casquinha, reparação dos tetos fasquiados pinturas e caiações, limpeza de cantarias, reparação da instalação elétrica; 1958 - obras de conservação e reparação, por Darvin José Fandiga e José Roldão, das enfermarias-prisões e instalações sanitárias, substituindo o pavimento de betonilha em mau estado por mosaico hidráulico e assentamento de lambris de azulejo branco; reparação e beneficiação de refeitório, substituindo igualmente o pavimento de betonilha por mosaico hidráulico e assentamento de lambris de azulejo branco; arranjo da escada em cimento armado com revestimento a mármore; demolição de paredes, picagem de paredes, alvenaria hidráulica de tijolos em paredes, revestimentos, caixilharias, pinturas e caiações, águas e esgotos, reparação da instalação elétrica, pequena reparação da fachada principal; 1959 - conclusão das obras de reparação por Anselmo Costa e Sabino Pereira Canário, incluindo demolição para abertura de vãos, picagem de rebocos existentes, execução de alvenarias em divisórias e regularização de vãos, execução de novos rebocos e lambris de azulejos brancos nas enfermarias, corredores e instalações sanitárias, regularização de pavimentos com massames, revestimento a mosaico, corticite, modificação de lanternim, beneficiação em instalações sanitárias e reparação da instalação elétrica; 1960 - obras de consolidação de abóbadas e diversas obras de reparação e beneficiação, pelo empreiteiro Sabino Pereira Canário; 1961 - obras de reparação das fachadas e das galerias, por Sabino Pereira Canário; 1970 - obras de reparação dos telhados; 2004 - início das obras de reabilitação e adaptação a hotel.

Observações

*1 - No alvará declara-se especificamente "desejando Eu que os soldados doentes e feridos dos três que há no exército da Província do Alentejo que sõ Elvas, Campo Maior e Olivença sejam curados com toda a piedade e zelo que convém". *2 - Durante a Guerra da Restauração, cada província tinha um vedor geral, oficial não militar, que superintendia na administração militar, coadjuvado por outros oficiais administrativos civis, como o contador geral, responsável pela verificação de todas as contas, o pagador geral, que pagava os soldos das tropas, os comissários de mostras, os oficiais de pena ou escrivães. Para além do vedor geral poderiam existir outros vedores não gerais, como, por exemplo, o da artilharia. Para além destes funcionários administrativos, existia também o almoxarife, responsável por receber os impostos e outros direitos reais ou zelarem por áreas militares muito específicas, como os hospitais; o sobrestante, responsável pelas mulas ao serviço do exército, e outros. *3 - Para a administração do hospital é nomeado um síndico, que devia ser cristão velho, de bom procedimento e sã consciência, com o respetivo escrivão, que se deveria encarregar da escrituração de todas as receitas e despesas. O regulamento refere a obrigatoriedade de descontar, a cada soldado doente, 2 vinténs mais $010, dos $030 que recebia mensalmente, para ajudar a custear as despesas de tratamento. Inicialmente havia para cuidar dos enfermos, dois médicos, cirurgiões e sangradores. *4 - No Alvará refere-se que, "pela experiencia que se tem da caridades assistência com que acodem aos doentes os religiosos da Ordem de São João de Deus, por ser este o principal instituto da dita religião, que costumam exercitar nos hospitais que têm à sua conta, e desejando eu que os soldados doentes e feridos sejam curados com toda a piedade e zelo que merecem, houve por bem encarregar a administração dos três hospitais que há na Província do Alentejo, Elvas, Campo Maior e Olivença, ao Provincial da dita Ordem, Frei Bento Pais, para que com os religiosos dela, que ele para isso eleger, vão assistir nos ditos hospitais". *5 - Nas Memórias Paroquias da freguesia da Sé, o Hospital e Vedoria são assim descritos: "O Hospital Real principiado pelos annos de 1643 por ordem de D. João o 4.º depois de sua feliz acclamação. Foi fundado entre o muro e barbacãm antigos Com boas enfermarias, e pequena, mas suficiente igreja. No ano de 1645 se entregou este hospital ao Provincial de S. João de Deus q n'elle, tem 13 Religiosos, a cada hum dos quais (além do seu sustento) dâ dua Magestade 10$000 Reis, cada anno, para seu vestuário; para cuidarem dos soldados enfermos, a cujo curativo assistem dous Médicos, ham Chirurgião, dous sangradores e 2 moços das enfermarias, todos com ordenados competentes. Como também hum almoxarife, com seu scrivão e despenseiros criados no ano de 1708. Tem os Religiosos casa de noviciado n'este hospital, onde tem hua pequena cerca que fica no baluarte de Sancto Antão chamado hoje de São João de Deus. A igreja hé de azulejo athe à abobeda q hé pintada de excelente pintura. Tem 3 Capellas; na maior sta em huã tribûna, hum quadro de N. Srª de Bellem com sua Irmandade: no mesmo altar stão as imagens de São João de Deos, e Sancto António; e nas paredes colaterais da Capella há dous santuários Com 26 Reliquias de diversos santos, 5 Agnus Dei, e no vão do altar huã imagem do Senhor morto. A capela da parte do Evangelho hé dedicado ao Senhor JESUS Crucificado, e nela se achão Collocadas as imagens de N Srª da Conceição e São Joseph. A Capella da parte da Epístola hé dedicada a Nª Srª da Oliveira, n'ella se achão tambem as imagens de Sancto Agostinho e São Carlos. Na Capellinha q sta no logar por onde se faz ingresso para a sacristia se acha hua imagem do Senhor dos passos, e outra de São João de Deos advogado contra a praga da lagosta. A sacristia hé toda pintada, n'esta stão as imagens do sacto Christo, são Pedro, e São Jerónimo. Sobre a porta pequena da igreja sta gravado em huã pedra o Letreiro seguinte Nossa Senhora / foi Concebida / sem peccado original. Contigua a este hospital sta a Casa da vedoria principiada no anno de 1656 e hé a mais formosa Casa de que tenho notícia, toda de abobeda firmada sobre 36 Colunnas de pedra, com duas grande portas, e muitas janelas que a fazem clara. N'ella stão os dois tribunais da Vedoria e Contadoria gerais eretos no ano de 1641 (?) [na margem acrescenta deu-se-lhe Regimento em 28 de fevereiro de 1642 - Cartório da Vedoria] o primeiro se compõe, de hum Presidente, que hé o Vedor geral do Exto, hum official maior; 8 Cómissarios de mostras, 9 officiais de penna, hum resistante, e hum guarda Livros Com seu ajudante. O segundo tribunal se Compoem de hum Presidente, que hé o Contador geral, hum official entretido, 9. Officiais de penna, 4 praticantes, hum resistante, e dous Guarda Livros. Há mais n'esta Caza hum scrivão dos mantimentos, hum meirinho do Vedor, e hum Chaveiro. Em hum Canto d'esta Casa se fez a do thezouro, onde se guarda o dinheiro debazo da Chave do Pagador geral, Criado no anno de 1641 (?) [na margem acrescenta Deu-se-lhe Regimento em 25 fevereiro de 1642 Cartório da Vedora] Com seu official Maior, e 4 officiaes que Levão o dinheiro pelas praças da província, quando se faz o pagamento à gente de guerra". *6 - Antes de se realizar a obra de vedação da nave tornava-se indispensável: 1) invalidar o auto de entrega de 20 julho 1901, celebrando-se outro auto, respeitante à entrega à Manutenção Militar, da parte do armazém constituída pelas quatro naves do lado oeste, para continuar a ser utilizada como depósito de forragens; 2) a entrega ao Hospital Militar reunido de Elvas da nave do lado leste do mesmo armazém para, depois de executada a obra da parede divisória, e servir de arrecadação do referido hospital. *7 - No auto de entrega, assinado por João José Francisco Xavier Freire de Menezes, tenente-coronel, 2.º Comandante do Regimento de Cavalaria n.º 1, o armazém é descrito como sendo um amplo recinto abobadado, orientado na sua maior extensão no sentido leste-oeste, provido de três amplas portas e seis janelas com vidros, gradeadas exteriormente. A frontaria surge virada para oeste e confronta, por este lado, com o Largo do Hospital e Rua Nova da Vedoria, pelo sul com a Avenida Garcia da Horta, por nascente com o Largo da Manutenção Militar e pelo norte com edificações desta e do H.M.P.E.. Tem 31,5m x 20,9m de largura na sua face oeste e 18,36m na face leste; no interior tem pavimento de tijoleira e tijolos na sua maior superfície, tem a parte correspondente ao enfiamento das duas portas nascente e poente, cimentada; a terceira porta, virada a sul, deita para o arco que liga a Avenida Garcia da Horta com o largo do Hospital e tem, no exterior, duas tabuletas de esmalte azul com letras brancas, já com algumas mutilações, nas quais se lê: "Manutenção Militar" e "Depósito de Forragens n.º 1". O teto é abobadado e suportado por 30 colunas de granito, das quais as 12 laterais se encontram mais ou menos parcialmente cobertas por um pano de parede. Carece de reparações no pavimento (cerca de 100 tijoleiras), as paredes (caiações e esboços), abóbadas (que apresentam fendas, tanto no sentido longitudinal como no transversal) e as portas nascente e sul e as janelas que deitam para oeste, com as respetivas grades, que carecem de pintura. A frontaria, bem como a porta e janelas que deitam para oeste, estão reparadas e pintadas de fresco; a porta e as madeiras interiores das janelas, de cor castanha, e os caixilhos, de cor branca. Ainda que carecendo de reparações, este armazém pode ser imediatamente utilizado com o fim a que se destina. *8 - O pedido do arco, que fazia parte de uma sala abobadada, com 24 colunas, no primeiro piso do edifício do hospital, pela Câmara Municipal teve parecer positivo do coronel Engenheiro João de Magalhães Figueiredo, a 10 de novembro. O Delegado da DSFOM não viu inconveniente na cedência, visto o hospital não ter os seus serviços instalados ali e nada fazendo prever que seja necessário a sua ocupação a curto prazo. Pelas plantas e esboços apresentados, verifica-se que se pretendia traçar um arruamento aproveitando o alinhamento das colunas para construir as paredes da nova rua; o alargamento do arco já estava previsto nos estudos pelo Ministério do Exército (CEOME) em 1949, quando foi acordado romper uma nova estrada na muralha. Para que a sala cortada no piso térreo não seja muito afetada na sua traça, propõe-se então que os muros da futura rua sejam construídos de forma a manterem-se as colunas, ficando a sala com as meias colunas à vista; deviam também abrir-se janelas, pelo menos duas, para iluminação da sala. Passado um mês, a 10 de dezembro, o Ministério dá despacho de concordância à cedência do arco. A 26 de maio de 1965, o Ministério das Finanças envia ofício transmitindo um despacho do Subsecretário de Estado do Tesouro, segundo o qual, o arco do Hospital Militar era cedido à Câmara Municipal de Elvas, a título precário e mediante a renda anual de compensação de 500$00. No ano seguinte, a 6 de maio, a Câmara remete ao Ministério da Educação Nacional o projeto para apreciação pela Direção Geral de Ensino Superior e das Belas Artes. No dia 21 de maio, a Câmara recebeu da Direção-Geral dos Melhoramentos Urbanos a indicação de que o Ministro das Obras Públicas havia mandado incluir a obra no futuro "Plano de Melhoramentos Urbanos". *9 - Nestas data o edifício do Hospital Militar é descrito como sendo composto por: 1) edifício do hospital, com dois pavimentos; 2) edifício da Vedoria, com dois pavimentos, dispondo-se no pavimento superior as enfermarias; 3) uma casa de dois pavimentos e um terraço, onde está a farmácia e mais uma casa térrea com duas dependências, que também serve de farmácia e lhe fica fronteira; 4) a igreja de São João de Deus e uma casa térrea contígua e a oeste da igreja e ainda uma pequena casa no pavimento térreo do edifício do hospital com entrada pelo vestíbulo; 5) cerca anexa ao hospital e com passos. A área de cada pavimento do hospital é de 1.051,75m2; a área do edifício da Vedoria é 1.186m2; a área dos dois pavimentos e terraço (casa) é de 156,50 m2; a cerca tem a área de 2.855m2. *10 - Na Conservatória o edifício é descrito como "Prédio urbano - Largo de S. João de Deus, n.º 1, 1-A, 1-B, 1-C e 1-D e Rua Nova da Vedoria, n.º 7 e 7-A - capela, composta por igreja, altar-mor, casa mortuária com duas divisões, hall, sacristia, sala, pátio com área de 32m2. Convento composto de rés-do-chão com átrio, corredor, 10 divisões, cozinha, anexo, sanitários, casa de banho, casa de PBX, balneário, pavilhão de desinfeção e esterilização e casa das caldeiras, 1.º andar com hall, dois corredores, 17 divisões, três casas de banho, terraço com área coberta de 701 m2, uma varanda (galeria). 2.º andar com hall, corredor, 12 enfermarias, uma sala sanitários, barbearia e varanda (galeria) e sótão com uma divisão, uma divisão em duplex e sanitários - destinou-se a hospital militar - desativado. Convento composto por uma divisão destinada a aquartelamento dos Bombeiros Voluntários - Arco - túnel de passagem destina-se a via pública. Casa afeta ao Exército - composta de rés-do-chão com cinco divisões e primeiro andar, com hall, 7 divisões, vestiário, sanitários, varanda, 2.º andar com três quartos e hall, destina-se a arrecadação - valor 118.928.000$00. O valor isolado da igreja e casa mortuária é de 14.984.928$00.

Autor e Data

Paula Noé 2017

Actualização

 
 
 
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