Edifício Sede da Fábrica José Domingos Barreiro & C., Lda.

IPA.00026915
Portugal, Lisboa, Lisboa, Marvila
 
Arquitectura de armazenamento, oitocentista. Armazém amplo, concentrado num quarteirão irregular, possuindo a zona da sede, com fachada de aparato, profusamente decorada e com a introdução de vários tipos de vãos, dinamizando a zona, a zona dos armazéns, virados a N., o que seria importante para conservar os vinhos, por ser uma zona menos exposta ao sol, com ampla espaço e cobertura em vigamento de madeira, possundo via interna. No lado S., a zona de habitação dos empregados, que ocupava, dois pisos, o segundo e o sótão, com acesso pela zona exterior e para a interior. Mantém a zona da sede incólume e bastante bem conservada, composta por três panos, os laterais formando ilhargas curvas, onde surge uma profusão de colunas, elementos de cantaria, como silharia fendida, e decoração em estuque, com festões e concheados, revelando um gosto eclético por elementos clássicos e barrocos. Na zona posterior, ampla varanda, sobre o pátio de acesso aos armazéns, que permitiria o controle das saídas. A zona residencial mantém-se, igualmente bem conservada, exceptuando a zona inferior, de acesso ao armazém, seccionado em várias oficinas e com alguns vãos adulterados, o mesmo acontecendo ao amplo armazém, que mantém, contudo a cobertura m vigamento de madeira e parte dos seus vãos virados a N..
Número IPA Antigo: PT031106211379
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Armazenamento e logística  Adega    

Descrição

Planta poligonal irregular, criando uma frente linear, correspondente à zona dos edifícios residenciais e oficinas, virada à Rua Fernando Palha, possuindo uma frente estreita e elevada virada à Praça David Leandro da Silva, sendo a zona virada à Rua Zófimo Pedroso, irregular, formando duas frentes angulares, correspondendo à antiga zona de armazéns. Fachada virada a O., de aparato, evoluindo em quatro pisos, flanqueados por dois gigantes, com a zona inferior em silharia fendida, dando falso rústico, sobrepujado pela base ornada por festões e pelo falso fuste com as estrias salientes, ostentando rosetão e elementos volutados, concheados e faces femininas, na zona do possível capitel; sustenta duas pilastras, em cujo pano central se rasga óculo ovalado. No piso inferior, revestido a cantaria, surgem um portal e duas janelas rectilíneas, sublinhados por friso de cantaria em arco abatido, dando origem a uma falsa janela termal; os pisos imediatos, rebocados e pintados de amarelo, têm dois andares de sacada corrida, com barriga central, tendo a bacia assente em cinco mísulas, com o espaço entre elas ornado por elementos fitomórficos em estuque, com guarda metálica, entrecortada por acrotérios de cantaria, capeados; para elas abrem, no segundo piso, três janelas rectilíneas com molduras simples, que se alteiam na zona superior criando um falso frontão triangular, sendo as superiores em arco abatido, com amplas molduras comuns. Todas possuem caixilharias de madeira pintadas de branco e verde e vidros simples. No piso superior, janela termal em arco abatido, as laterais com postigos rectilíneos que abrem e a central marcada por um relógio circular. O conjunto remata em cornija contracurva e espaldar recortado com as iniciais do construtor da fábrica, ladeados por vasos em forma de flor. O corpo central possui duas ilhargas curvas, mais baixas e salientes, com três pisos divididos por friso, o inferior marcado por três janelas de peitoril, a central em arco abatido e as laterais rectilíneas, todas com molduras recortadas e remate em elementos fitomórficos; o segundo e terceiro pisos são tripartidos, pela introdução de amplas colunas de fuste liso e capitéis de inspiração coríntia, assentes em plintos paralelepipédicos e mísulas curvas; no eixo central, duas janelas de sacada sobrepostas, ambas de perfil semicircular, assentes em mísula, com guarda de ferro forjado e o vão em arco abatido, rematado por cornija e folhagem, mais expressiva e com cartela no piso superior; os eixos laterais possuem janelas de peitoril sobrepostas, com molduras salientes que se prolongam em falsos brincos e com remate em folhagem. Fachada virada a N. marcada, no extremo direito, pelo corpo da antiga sede, de três pisos divididos por friso saliente, casa um deles rasgado por quatro janelas rectilíneas com molduras salientes e elemento vegetalista, constituindo janelas de peitoril, e duas de sacada corrida, assente em três mísulas, no centro dos pisos superiores. Segue-se um pequeno pátio, pavimentado a alcatrão e parcialmente coberto com pala de plástico assente em estrutura de ferro, com entradas distintas, a do lado direito para o edifício principal, marcado por ampla varanda de cantaria, com guarda balaustrada, assente em dois pilares e em coluna toscana, para onde abrem janelas e se implanta uma marquise de vidro e ferro. Nos pisos superiores, várias janelas de peitoril e de sacada, rectilíneas e de molduras simples. No lado oposto, a entrada para os antigos armazéns, compostos por dois panos em empena angular, revelando o tipo de cobertura a duas águas individualizadas, rasgado por amplo portão rectilíneo e três janelas em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e molduras de cantaria, protegidas por grades de ferro pintadas de verde. O edifício do armazém forma uma ampla frente, rebocada e pintada de amarelo, possuindo, nos extremos, amplo vão em arco abatido, protegido por portão de ferro, excepto o do lado direito, entaipado, integrando uma pequena porta com o mesmo perfil, também entaipada, sublinhado por cornija, assente em pequenas mísulas laterais, encimado por óculo quadrilobado, envolvido por moldura de estuque circular, de onde emerge mísula que sustenta a cornija do remate e um pequeno espaldar de perfil curvo. O pano central, rematado em cornija, é encimado por doze janelas rectilíneas e jacentes com molduras de cantaria recortada. Na fachada virada a S., integram-se os edifícios residenciais e oficinas *1, constituindo cinco panos distintos, rebocados e pintados de amarelo, excepto o do extremo direito, pintado de branco. Cada um deles possui remate em platibanda e, ao centro, espaldar recortado e curvo, ostentando almofadado e rematado por cornija. Possuem portas de acesso em arco de volta perfeita e moldura simples, portão de acesso ao armazém com o mesmo perfil, nalguns casos ampliado e transformado em amplo portal rectilíneo, e janela de peitoril em arco de volta perfeita; o piso superior é marcado por janela de sacada corrida na zona central, para onde abrem duas portas-janelas, ladeadas por duas sacadas individuais, as centrais assentes em três modilhões, sendo todos os vãos em arco de volta perfeita, com fecho saliente e moldura simples, a maioria com caixilharia de madeira, mas alguns ostentando caixilharia de alumínio, simples ou lacada. Alguns dos portais inferiores possuem bandeira vazada, onde surgem as iniciais "JDB&C 1917" e outros mais simples, com as inciais "JDB" nas folhas e a data "1918" na bandeira. INTERIOR mantém um amplo armazém, com cobertura em vigamento de madeira e actualmente seccionado em várias oficinas.

Acessos

Praça David Leandro da Silva, n.º 28; Rua Fernando Palha, n.º 3-23; Rua Zófimo Pedroso. WGS84: 38º44'33.98''N., 9º06'07.98''O.

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Urbano, isolado, ocupando um amplo quarteirão, situado numa zona edificada com fins industriais no séc. 19. Encontra-se rodeado por vários edifícios de habitação e várias indústrias e armazéns, como os Armazéns Vinícolas Abel Pereira da Fonseca (v. PT031106210383), a Fábrica de Armamento (v. PT031106211403) e o Jardim da Praça David Leandro da Silva (v. PT031106211437). Surge rodeado por vias públicas, pavimentadas a alcatrão ou a calçada de cubos de basalto, separados delas por estreito passeio público, pavimentado a calçada de calcário.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Armazenamento e logística: adega

Utilização Actual

Residencial: edifício / Extração, produção e transformação: oficina / Armazenamento e logística: armazém

Propriedade

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Edmundo Tavares (séc. 20). PINTOR de AZULEJOS: A. Moutinho - Fábrica de Sacavém (1928).

Cronologia

1887 - José Domingos Barreiro implanta uma firma no local, tendo como zonas de abastecimento o Ribatejo, Estremadura e zona Sul, tendo interesses na Europa - Inglaterra, França, Bélgica e Suécia -, no Brasil e Ultramar. 1896 - a expansão leva ao aumento dos armazéns; séc. 20, início - aumento dos armazéns, atingindo cerca de 14000 m2, ocupando parte dos terrenos da antiga firma Cunha Porto, conforme projecto do arquitecto Edmundo Tavares; 1917-1918 - dota-se de meios mecânicos para mobilizar os produtos dentro dos amplos armazéns, com um ramal de caminhos-de-ferro, com cerca de 20 vagões particulares; colocação de bandeiras em ferro em alguns vãos; 1922 - esteve presente na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, com mostra de vinhos tinto, branco, claretes e rosés; 1928 - colocação de azulejos no interior, a representar parras e uvas, fabricados na Fábrica de Sacavém; 1932 - presente na Feira de Amostras de Produtos Portugueses de Angola e Moçambique; 1974, após - construção de um parque infantil pela Câmara Municipal de Lisboa; 1982 - a firma evolui para uma Sociedade Anónima; 2021, 14 setembro - publicação da abertura do procedimento de classificação do edifício sede da Fábrica José Domingos Barreiro, em Anúncio n.º 206/2021, 2.ª série, n.º 179.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de tijolo e betão, rebocada e pintada; colunas, mísulas, guardas balaustradas, modinaturas, varanda, sacadas em cantaria de calcário; elementos decorativos em estuque; portas, caixilharias, cobertura do armazém em madeira; caixilharias de alumínio; portões em ferro forjado; cobertura em telha.

Bibliografia

BUARQUE, Irene e PEREIRA, Nuno Teotónio, Prédios e vilas de Lisboa, Lisboa, Livros Horizonte, 1995; CUSTÓDIO, Jorge e FOLGADO, Deolinda, Caminho do Oriente - Guia do Património Industrial, s.l., Livros Horizonte, 1999; ABEL, Marília e CONSIGLIERI, Carlos, O formoso sítio de Marvila, Lisboa, Junta de Freguesia de Marvila, 2002.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Esta zona tinha 42 fogos com dois pisos o inferior e o sótão, surgindo, na base, os armazéns, tanoarias, serviços comerciais, oficinais e habitação social; o armazém possuía um corredor que abre para os dois lados, com sistema viário interno; no interior, um painel de azulejos, representando a Quinta das Varandas, que lhe pertencia, situada no Cartaxo, onde a firma possuía vários armazéns, encomendados a A.Moutinho da Fábrica de Loiça de Sacavém.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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