Castelo de Aljezur

IPA.00002813
Portugal, Faro, Aljezur, Aljezur
 
Arquitectura militar, castrense, medieval. Castelo que se pode considerar um exemplo de fortificação destinada a acolher apenas uma guarnição, com torres maciças e terreno da praça d'armas jamais desbastado, indiciando apenas a existência de quarteis adossados à muralha; admite-se que as muralhas e as torres fossem ameadas e o acesso ao alto das torres por escadas de madeira. Cisterna de características árabes. Destaca-se pelo local de implantação, sobranceiro à Vila, priviligiando ao tempo a defesa do rio e do seu importante porto.
Número IPA Antigo: PT050803010001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Planta poligonal, irregular, definida pelos panos de muralha reforçados por duas torres a N. e a S.. A altura da muralha varia, nos panos exteriores, entre 3 e 5m., e a sua espessura é de 1,5 m. Afloramentos da muralha a O. e vestígios a NO. do que se supõe ter sido a barbacã, não ultrapassando 1m de altura; uma única abertura a NE. que dá acesso ao interior agreste e rochoso (xisto), com cotas superiores às da muralha. As torres são maciças, distintas na forma e incompletas; a torre N. de planta circular, com diâmetro máximo 4,99m, e tendo, a partir do exterior, 9m de altura; a torre a S. de base quase quadrada, 4,98 x 4,40m, com sensivelmente a mesma altura e cota de implantação que a N.. Na praça d'armas, escavações de construções; encostada à muralha, a NO., fica o volume cúbico da cisterna, com porta em arco, abobadada, com interior completamente atulhado. Junto à entrada, placa de pedra evocativa das Comemorações dos Centenários e do restauro então realizado.

Acessos

Rua Cerro do Castelo

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 / ZEP, Portaria n.º 220/2010, DR, 2.ª série n.º 55, de 19 de março 2010

Enquadramento

Rural, isolado, no cabeço mais baixo (88m) de dois cerros (o segundo a S., atinge 93m) em cujas encostas, a E., se reparte a vila velha, contornada pela sinuosa ribeira de Aljezur, navegável no período islâmico A parte nova da vila, oriunda do séc. 18, situa-se na planíce além ribeira. À excepção do núcleo planeado da Igreja Nova, a vila apresenta uma urbanização de traçado mourisco - medieval, com a característica invulgar de todas as suas casas, em geral de pouca altura, se disporem em anfiteatro adaptando-se ao acidentado do terreno, e acompanhando as curvas de nível. O acesso ao imóvel é feito por rampa pedonal disposta a E., dando entrada directa no recinto, à qual conduz a estrada que parte da vila. Ampla vista ao redor, constituindo um excelente miradouro natural.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCAlgarve, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 10

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Época romana - o sítio do castelo terá sido ocupado, sucessiva e ininterruptamente por lusitanos, que dele fizeram um castro, e pelos os romanos que nele tiveram um posto vigia *2; Séc. 7 - 8 - os visigodos terão igualmente utilizado o local como posto de vigia; Séc. 10, início - fundação da vila pelos árabes e reformulação das suas defesas, erguendo dentro e fora dos seus muros outras construções das quais apenas chegou até nós a cisterna do castelo; 1242 ou 1246, 24 de Junho - a tradição situa a conquista de Aljezur pelos cavaleiros de D. Paio Peres Correia; segundo a lenda o castelo foi entregue por uma moura que por amor atraiçoou os seus conterrâneos; a ocupação, todavia, não ocasionou a destruição total ou parcial do castelo, mas terá tido alterações posteriores; 1267 - Tratado de Badajoz, em 16 Fevereiro pela qual o Rei de Castela, Afonso X, manda entregar os Castelos do Algarve a D.Afonso III, entre eles o de Aljezur; 1280 - Foral de D. Dinis a 12 Novembro, em Estremoz; 1297, 01 Dezembro - D. Dinis escamba o Castelo de Aljezur e outras terras pela vila de Almada; 1448 - visitação da Ordem de Santiago à Vila de Aljezur na qual se refere o seu estado de abandono e a proibição de retirar qualquer pedra ou cantaria para outras construções; mencionam-se também directrizes para a reconstrução da muralha em ruína e limpeza da cisterna; 1504, 20 de Agosto - Foral de D.Manuel, em Lisboa, no qual o monarca manda que a vila tenha o titulo de "honrada"; 1755 - o terramoto arruina todas as casas da vila, arrasando as altas, o castelo e da matriz só ficando de pé a tribuna e capela-mor; 1940 - 1941 - aquando das Comemorações dos Centenários, reconstrução parcial das muralhas; 1956, 12 de outubro - Parecer da 1.ª Subsecção da 6.ª Secção da Junta Nacional de Educação relativa á classificação do imóvel; 1956, 13 de outubro - Despacho de homologação do Subsecretário de Estado da Educação Nacional relativo à classificação; 1972, 19 de Setembro - parecer da JNE considera que "a aplicação do castelo a uma unidade hoteleira só será de admitir desde que o volume a construir não prejudique o conjunto interior do monumento"; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1996, 21 de Novembro - anúncio pela CMA de concurso público para a elaboração de Projecto de Reconstrução, Conservação, Consolidação e Utilização do Castelo de Aljezur; 1998, 29 de setembro - apresentação pública na CMA do Estudo Prévio do Projecto de Reconstrução, Conservação, Consolidação e Utilização do Castelo de Aljezur; 2007, 05 de dezembro - proposta de ZEP pela DRCAlgarve; 2008, 01 outubro - Parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P., relativo à ZEP; 2009, 29 novembro - Despacho de homologação da ZEP pela Ministra da Cultura.

Dados Técnicos

Materiais

Alvenaria de pedra aparelhada e cunhais em cantaria apicoada.

Bibliografia

Alguns apontamentos sobre o concelho de Aljezur, 2ª ed., Aljezur, 1986; ALMEIDA, J., Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, III, Lisboa, 1947; ANTUNES, L. P, Visitações da Ordem de Santiago à Vila de Aljezur, (1482 e 1490), Espaço Cultural, nº 2, Aljezur, 1987, p. 51 - 70; CATARINO, Helena Maria Gomes, Castelo de Aljezur, Lisboa, 2001; O Algarve Islâmico: roteiro por Faro, Loulé, Silves e Tavira, Faro, 2002; CORREIA, E., Castelo de Aljezur, Espaço Cultural, nº 2, Aljezur, 1987, p. 11 - 13; IDEM, Lenda da tomada do castelo de Aljezur, Concelho de Aljezur, nº 15, 1987, p. 4; IDEM, Castelo de Aljezur - ocupação e cronologia, Concelho de Aljezur, nº 20, 1988, p. 5; MARQUES, J., Castelos Algarvios da Ordem de Santiago no reinado de D. Afonso III, sep. Caminiana, nº 13, Braga, 1986; PERES, Damião, org., A gloriosa história dos mais belos castelos de Portugal, Barcelos, 1969; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74149 [consultado em 11 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1940 - 1941 - reconstrução parcial das muralha; 1973 - elaboração de projecto de iluminação exterior a solicitação da CM; CMA: 1976 / 1977 - execução da estrada de acesso ao castelo e parque de estacionamento; 1981 - execução das iluminações; 1985 - obras urgentes de consolidação e recalçamento e tapamento de rombos na muralha.

Observações

*1 - a cisterna poderá ser utilizada como posto de informação e divulgação sobre o imóvel; *2 - as escavações realizadas revelam a ocupação do local na Idade do Bronze e na Idade do Ferro e, na Praça d'armas , de estruturas habitacionais e dois silos datáveis dos sécs. 12 - 13.

Autor e Data

José Colen 1991 / Rosário Gordalina 2005

Actualização

Margarida Alçada 2005
 
 
 
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