Castelo de Lanhoso

IPA.00000298
Portugal, Braga, Póvoa de Lanhoso, Póvoa de Lanhoso (Nossa Senhora do Amparo)
 
Castelo românico com barbacã elíptica, e pequena cerca de planta irregular, com torre de menagem quadrangular, adossada a um extremos, envolvendo pequeno pátio, com adarve e merlões, onde se abre uma única porta em arco quebrado. A inserção da torre de menagem, saliente da cerca, e a organização da porta principal, que apresenta arco quebrado e é ladeada por duas torres, aproximam o castelo das soluções defensivas do período gótico. Segundo Carlos Alberto Ferreira de Almeida, os alicerces da alcáçova, de planta quadrangular, com torres nos ângulos e antemuro na parte de fácil acesso, mostram nítida inspiração nos modelos bizantinos e árabes. Internamente, o seu espaço quadrangular tinha dois alinhamentos de pilares, os quais sugerem uma estrutura tripartida da área. É um dos mais imponentes castelos portugueses, implantado um grande maciço rochoso, albergando dentro das suas muralhas um santuário seiscentista construído com as próprias pedras da muralha. Estudos recentes permitiram identificar os vestígios da sua organização pré e proto-românica, anterior à reforma contemporânea da construção da torre de menagem, o que o singulariza também entre os castelos medievais portugueses. É o primeiro castelo português a ter gravada uma epígrafe. A nível epigráfico destaque para a utilização do ditongo "ae", em nexo, na palavra "aepiscopus" revelando erudição do "ordinator" que elaborou a inscrição, aspecto pouco comum nas inscições medievais portuguesas; e para a organização do texto, com uso de letras em nexo, que é semelhante à assinatura manuscrita do bispo (BARROCA, 2000, p. 108).
Número IPA Antigo: PT010309190002
 
Registo visualizado 4346 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Castelo inscrito no extremo O. do monte, rodeado troços de muralha, sendo ainda visíveis dois cubelos, no extremo oposto e a N., formando uma barbacã elíptica. Cerca de planta irregular, com torre de menagem quadrangular a E.. Volumes articulados e escalonados, com cobertura em telhado de quatro águas na torre de menagem. A cerca, rematada por merlões, é rasgada, a S., junto à torre de menagem, por portal em arco quebrado flanqueada por dois torreões, com acesso por escadaria escavada na própria rocha. A torre de menagem saliente, também rematada por merlões, apresenta cerca de 10 m de altura, com acesso por porta aberta a 3 m acima do solo, em arco quebrado. A linha de muralhas circuita um terreiro de escassa extensão dentro do qual teriam assento a alcáçova do alcaide e onde existe uma vasta cisterna. Os vestígios da antiga alcáçova, mostram que esta teria planta quadrangular, com torres nos ângulos e antemuro na parte de fácil acesso, sendo ainda visíveis relevos pré-românicos. Internamente, o seu espaço quadrangular apresenta dois alinhamentos de pilares.

Acessos

EN 205, a 1 Km a N. da Póvoa de Lanhoso

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Rural, isolado, implantado em esporão de altitude média, com cota máxima 385 m, em maciço montanhoso conhecido por Laje Grande, que divide as bacias do Cávado e do Ave. A parte mais alta do monte é constituída por um imponente afloramento rochoso onde se implanta o castelo medieval sobranceiro à vila de Póvoa de Lanhoso. A meia encosta, no caminho de acesso, encontram-se vestígios de um povoado pré e proto-histórico romanizado (v. PT010309190007). Encontra-se sobranceiro a um pequeno vale fértil e bem irrigado, no qual confluem as ribeiras da Póvoa, Pereira e Pregal, pertencentes à bacia do Ave. No alto do monte, dentro das muralhas do castelo ergue-se o Santuário de Nossa Senhora do Pilar (v. PT010309190039), com uma tortuosa via sacra desde o sopé do monte, pontuada por cinco capelas e um edifício de apoio aos romeiros, com restaurante.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: 1. (CEMP nº 32) Inscrição comemorativa de obras de restauro no castelo gravada num dos silhares que compõem a segunda fiada do aparelho, localizado junto da entrada principal; sem moldura nem decoração; granito; Dimensões: 43,5x103,5; Tipo de letra: Capitular Carolina; Leitura: PETRIS AEPISCOPUS; Tradução: Bispo Pedro.

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: monumento

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 10 / 11 / 12 / 13 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Época calcólitica - Já existia ocupação humana no sopé do monte; séc. 10 / 11 - o castelo encontra-se representado por um aparelho de construção não isódomo com múltiplos cotovelos *1; 1071 / 1091 - o Bispo D. Pedro, cujo episcopado decorreu entre 1070 e 1091, patrocina a reconstrução do castelo sobre os muros da fortaleza pré-românica respeitando o perímetro e a planta primitiva, como revela a inscrição gravada no silhar, para defender a cidade episciopal de Braga; 1121 - D. Teresa refugia-se no castelo, cercada pela sua meia-irmã D. Urraca, rainha de Leão; 1128 - D. Teresa é presa no castelo, a mando do seu filho, D. Afonso Henriques; séc. 12, finais / séc. 13, inícios - reforma românica com a construção da torre de menagem quando a fortaleza já era a cabeça de terra; séc. 13 - o alcaide D. Rui Gonçalves Pereira, tetravô de D. Nuno Álvares Pereira, após a denúncia da infidelidade de sua mulher, manda incendiar a alcáçova, com a mulher e os cúmplices lá dentro; 1264 - o alcaide D. Godinho Fafez, bisneto de Fafez Luz, Senhor de Lanhoso, nomea como seu sucessor Mem Cravo; 1292, 25 Setembro - D. Dinis concede foral à vila de Póvoa do Lanhoso; 1514, 4 Janeiro - D. Manuel concede novo foral; 1680 - André da Silva Machado obtem autorização para desmantelar a velha fortaleza e reaproveitar as pedras para edificar o Santuário de Nossa Senhora do Pilar; 1724 - as obras do santuário ainda se encontravam em curso; 1726 - a descrição do castelo feita por Craesbeeck, nesse ano, prova que as muralhas estavam já arruinadas (CRAESBEECK, 1726, vol. II, p. 73); 1758 - as Memórias Paroquiais referem que do antigo castelo resta apenas a torre de menagem; 1938 - inicio das obras de reconstrução do castelo.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em granito.

Bibliografia

DGEMN, O Castelo de Lanhoso, Boletim nº 29, Lisboa, 1942; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Implantação do Românico. Arquitectura militar e civil in História da Arte em Portugal, vol. 3, Lisboa, 1986, p. 132 - 145; BARROCA, Mário Jorge, Do Castelo da Reconquista ao Castelo Românico (séc. IX a XII), Portugália, Nova série, vol. 11 - 12, 1990 / 1991, pp. 111 - 114; Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726, 2 vols.Ponte de Lima, 1992; Póvoa de Lanhoso. Castelo reabriu ao público, O Primeiro de Janeiro, 26 Dezembro 1996; BARROCA. Mário Jorge, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. II, Porto, 2000, pp.106-109; http//castelosdeportugal.no.sapo.pt, 9 de Setembro 2004.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

DGEMN: DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1938 / 1939 - Escavações em torno do castelo; reconstituição dos dois cubelos da entrada; consolidação e reconstrução dos lanços da muralha; consolidação e reconstituição do arco da porta do castelo; restauro da torre de menagem; reparação e consolidação dos vestígios de antigas construções descobertas pelas escavações no pátio do castelo; reconstituição parcial de trechos das construções descobertas pelas escavações junto da torre de menagem pelo exterior; limpeza e arranjo geral do monte; construção da estrada de acesso ao castelo; escavação dos vestígios castrejos na vertente do monte a NE; arranjos de beneficiação geral na igreja do Santuário de Nossa Senhora do Pilar; 1958 - obras de consolidação da igreja do santuário; 1959 - obras de conservação; 1973 - obras de conservação e construção da escada de acesso à torre; 1975 - reconstrução do telhado da torre; 1976 - reconstrução da porta da muralha, regularização das alvenarias das soleiras das frestas e construção de caixilhos de vidro com rede. CMPL: 1996 - limpeza e consolidação das estruturas exteriores; remodelação dos dois pisos interiores da torre *2.

Observações

*1 - A planta definida por este aparelho concorda em quase toda a extensão com o perímetro do actual castelo; na fachada onde hoje se ergue a torre de menagem encontrava-se existia originalmente três torreões equidistantes que apenas sobrevivem ao nível dos alicerces, podendo observar-se uma larga sapata que acompanhava o contorno dessas construções; *2 - Estas obras foram realizadas em cooperação com a associação "Adere - Lanhoso", com apoio de verbas comunitárias do programa Leader.

Autor e Data

Isabel Sereno / Paulo Dordio 1994 / Joaquim Gonçalves e Filipa Avellar 2005

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login