Jardim da Casa de Santa Maria

IPA.00030557
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril
 
Arquitectura recreativa do séc.20: jardim que apresenta duas tipologias diferentes, consoante as zonas: na zona defronte da fachada posterior e da fachada lateral direita encontramos jardins formais, com espaços de planta aproximadamente rectangular, modelados em patamares, com percursos bens definidos, que se podem supor ser contemporâneos à construção da casa, na zona defronte da fachada principal e a NO. desta existe um arranjo paisagístico de um pinhal cujas linhas inscritas no solo, são curvas, resultando estas formas orgânicas de um desenho que resulta em grande parte do ajuste à topografia natural do terreno. A situação privilegiada da casa que possibilita uma vista deslumbrante a partir das zonas de estadia do jardim: o patamar junto ao extremo S. da fachada posterior da casa e o terraço com namoradeiras sobre o muro limítrofe E., frente à zona N. desta mesma fachada; muretes que ladeiam lateralmente as escadas capeados a três faixas cerâmicas monócromas, sendo as duas exteriores de cor amarelo ocre e a interna a branco.
Número IPA Antigo: PT031105030400
 
Registo visualizado 2310 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Jardim        

Descrição

Jardim de planta aproximadamente triangular, com vértices orientados a O., S. e N., sendo a face definida pelos dois últimos pontos extremos a que constitui a frente costeira da propriedade. Excepto nesta frente, a propriedade é vedada por um muro com cerca de um metro de altura, construído em alvenaria de pedra. Apresenta dois portões, nos extremos do CAMINHO PRINCIPAL, alcatroado, apresentando cada um deles, 1m. de altura, sendo construídos em ripas de madeira, um orientado a SO. e outro a NO. O jardim divide-se em três zonas com características muito diferentes: o PINHAL a O. da casa; o JARDIM EM SOCALCOS a N. desta e uma zona de TERRAÇOS, a E. A primeira zona é separada das segunda por o troço de caminho principal que liga a casa à estrada limítrofe, a NO. da propriedade e é separada da terceira por parte da casa. O segundo e terceiro espaços são modelados em patamares, orientados a E., e separados por um pequeno terraço, sobrelevado, saliente em relação à fachada posterior da casa. Este pequeno terraço é delimitado por guarda em metal, coberto por pérgula vegetalizada com estrutura em madeira apoiada sobre pilares em pedra. Para N., no seguimento deste terraço sobrelevado, a uma cota cerca de 2,5m. inferior, segue-se um outro terraço rectangular, ao longo do restante desta fachada da casa. Tal como no terraço anterior existe um muro limítrofe deste terraço ao qual se encontram adossadas uma série de sete pares de namoradeiras, equidistantes entre as quais existem sete alegretes que constituem o encosto de cada par de bancos, orientados inversamente. O solo dos alegretes encontra-se revestido com gazânea (Gazania splendens). Sob o terraço sobrelevado, existe uma passagem que liga as diferentes zonas existentes de cada lado deste terraço. Esta passagem existente na base do terraço é interrompida por dois portões, constituídos por setas em ferro. A S. desta passagem existe a zona dos TERRAÇOS. Aqui o espaço encontra-se modelado em três pequenos terraços, separados entre si por dois muretes, o primeiro em alvenaria de pedra e o segundo, em alvenaria. O patamar superior, junto à casa, é totalmente pavimentado por várias fiadas de lajetas rectangulares de vários comprimentos, segue-se, pós um murete de sustentação e a uma cota inferior, um talude intermédio completamente coberto por relva, por fim, e separado também por murete de suporte um talude também arrelvado, que termina num caminho com cerca de 1,5 m. de largura, pavimentado com calhau rolado embutido em massa. Esse caminho, limita a E, esta zona, inflectindo para S, ligando, através de escadas seguidas de patamar, a um pequeno portão que liga o extremo S. da propriedade. A N. da casa e até ao extremo da propriedade situa-se o JARDIM EM SOCALCOS cuja cota, tal como todo o terreno da propriedade, vai diminuindo à medida que nos aproximamos da faixa costeira. Neste jardim, de planta rectangular, cujo maior eixo tem uma orientação NO. - SE., estão inseridos três canteiros longitudinais, paralelamente a este eixo. Um dos canteiros acompanha o caminho principal, inserindo-se a SE. do mesmo. Este canteiro que contem árvores como a Palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), o Dragoeiro (Dracaena draco) e o Pinheiro-manso (Pinus pinea) e como herbáceas, além dos asteres (Aster sp), agapantos (Agapanthus praecox) e lavandula (Lavandula dentata). Este canteiro é separado do referido caminho por um murete em alvenaria de pedra e contido a poente por um muro de suporte de pedra cerca com cerca de 0.8m. de altura. É ainda separado do canteiro que lhe fica defronte por um caminho de 3m. de largura, em macadame. O acesso a este caminho a partir do caminho principal é feito através de uma escada com sete degraus, pavimentada a calçada portuguesa, existente junto à casa, ladeada bilateralmente por três fiadas de azulejos. Estas escadas conduzem também a um outro caminho com o mesmo pavimento que, contornando a casa liga ao terraço rectangular com namoradeiras e alegretes, já mencionado. Paralelamente ao caminho de 3 m., em direcção ao mar, seguem-se dois canteiros separados por um murete com cerca de 0.40 m. em pedra seca, que acompanham o talude. Nestes canteiros encontramos herbáceas como asteres (Aster sp) e bambu (Arundinaria falconeri). Do lado oposto do caminho encontra-se um muro de suporte que assenta directamente na pequena falésia existente, parcialmente revestido por vinha virgem (Parthenocissus quinquefolia). No lado simétrico e em direcção ao limite N. da propriedade, o solo está ocupado, não por canteiros mas por vegetação rústica como o aloé (Aloé vera) e o pitosporo (Pittosporum tobira). A O. do caminho principal, até ao extremo da propriedade, situa-se um grande espaço de relevo suavemente ondulado, sobrelevado em relação a este caminho, onde está implantado o PINHAL. Este espaço, de cerca de 800 m2 apresenta uma planta aproximadamente quadrangular, em que dois dos seus lados são definidos pelas ruas exteriores, mais precisamente delimitado pelo muro limítrofe da propriedade, e os outros dois lados pelo caminho principal que atravessa o jardim da casa. Esta zona apresenta afloramentos rochosos de natureza calcária, localizados em zona de relvado, que reveste grande parte da área, ou uma mancha de contornos irregulares em gravilha de cor bege, inscrita no relvado, junto ao limite SE. do pinhal. Como espécies arbóreas plantadas no pinhal, encontram-se alguns pinheiros mansos (Pinus pinea) e Pinheiros-bravos (Pinus pinaster) dispersos, num povoamento heterogéneo, também quanto ao porte, e alguns zambujeiros (olea europaea var. sylvestris), grosseiramente alinhados ao longo troço médio, do limite definido pelo caminho principal. como arbustos dispersos em manchas, encontramos um núcleo central, junto à mancha de gravilha, de Cupressus semprevirens var. horizontalis e outros núcleos, em posição mais periférica de: aloes (Aloe arborescens), euonimos (Euonymus japonica), talhados em bola, loendros (Nerium oleander), pitosporo (Pittosporum tobira) e de lantana (Lantana camara). Como herbáceas, encontramos também em mancha, realizando a transição entre zonas de diferente natureza, como bordaduras do relvado, afloramentos rochosos, gravilha ou caminho principal. Encontram-se plantadas em manchas de: petúnias (Petunia grandiflora), ophiopogon (Ophiopogon japonicus), amores perfeitos (Viola tricolor), agapantos (Agapantus praecox), clorofitos (Chlorophytum comosum), asteres (Aster sp), Pervinca-maior (Vinca major L.) e gazania (Gazania splendens). Ao longo da fachada principal existe um canteiro com cerca de 30 cm de largura inteiramente revestido a ophiopogon (Ophiopogon japonicus).#

Acessos

Avenida rei Humberto II de Itália; Estrada da Boca do Inferno

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740 - FB/2012, DR, 2.ª série, n.º 252 de 31 dezembro 2012 *1 / incluído na Zona de protecção da Cidadela de Cascais (v. PT031105030006, do Palácio do Conde de Castro Guimarães (v. PT031105030024) e do Forte de Santa Marta / Forte e Museu de Santa Marta (v. PT031105030012); Incluído na Área Protegida de Sintra - Cascais (v. PT031111050264)

Enquadramento

Urbano, na orla marítima, sobre enseada rochosa. O terreno envolvente apresenta uma topografia plana a O. da casa mas de declive acentuado entre E., N. e NO. da mesma, precisamente na zona localizada sobre a enseada, que termina nas rochas que a separam das águas da frente costeira.

Descrição Complementar

Murete do caminho principal, com cerca de 70 cm, em alvenaria, seca na sua face virada ao caminho e com argamassa na face virada ao canteiro. Integra canal para escoamento de águas, em cantaria. Coroamento plano capeado a cantaria, com seis acrotérios semi-esféricos, equidistantes.

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO Raúl Lino (atr. séc. 20).

Cronologia

Séc. 19, final - o aristocrata Jorge O'Neill, comprou alguns terrenos, onde mandou construir em primeiro lugar a Torre de São Sebastião, actual museu Conde de Castro Guimarães; 1902 - Jorge O'Neill manda construir a casa ao Arquitecto Raúl Lino (1879-1974), então recém-formado, possível autor dos jardins virados ao mar; 1917 - a casa é comprada pelo irmão mais velho do seu autor, Engenheiro José Lino, grande coleccionador de arte, que adquiriu também para o seu interior um conjunto de azulejos do séc. XVII e um tecto de madeira pintado a óleo, da autoria de António de Oliveira Bernardes, espólio proveniente de uma antiga capela, da Quinta da Ramada, em Frielas; 1925 - A casa foi comprada pela família Espírito Santo; 2004 - a casa foi adquirida pela Camâra Municipal de Cascais que a converteu em museu, que albergou a exposição "A Casa de Santa Maria, Raul Lino e Cascais", sobre a vida e obra do arquitecto, seu autor; séc. 21 - ajardinamento do pinhal; 2003, 15 maio - por despacho do Presidente do IPPAR foi determinada a classificação do imóvel como Imóvel de Interesse Público; 2004, Outubro - passa para a posse da Câmara Municipal de Cascais, vendida pela família Espírito Santo; 2005, 03 fevereiro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPAR; 2011, 24 maio - proposta da DRCLVTejo de classificação como Monumento de Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção Conjunta da Casa de Santa Maria, Palácio dos Condes de Castro Guimarães, do Forte de Santa Marta, da Cidadela de Cascais e respectivos imóveis e o Marégrafo; 10 outubro - parecer da Comissão Nacional de Cultura a propor que sejam fixadas Zonas Especiais de Proteção para cada um dos imóveis; 2013, 31 outubro - publicação do projeto de decisão de fixação da Zona Especial de Proteção conjunta da Cidadela de Cascais (v. IPA.00006052), da Fortaleza de Nossa Senhora da Luz (v. IPA.00006026), do Marégrafo de Cascais (v. IPA.00006055), do Palácio do Conde de Castro Guimarães (v. IPA.00006066), da Casa de Santa Maria (v. IPA.00022905), do Jardim da Casa de Santa Maria (v. IPA.00030557) e do Forte de Santa Marta (v. IPA.00006053), em Anúncio n.º 340/2013, DR, 2.ª série, n.º 211.

Dados Técnicos

Modelação do terreno em patamares, nas zonas exteriores orientadas a E.; canal para escoamento de águas, atravessando o murete, que acompanha o caminho principal a NE.; murete em pedra seca.

Materiais

Inertes: muros e pavimentos em pedra calcária, pavimentos em terra batida e alcatrão, bancos revestidos a tijoleira, portões em madeira. Vegetais: árvores: o Dragoeiro (Dracaena draco), Palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), Pinheiro-bravo (Pinus pinaster), Pinheiro-manso (Pinus pinea) e zambujeiro (olea europaea var. sylvestris); arbustos: aloé (Aloe arborescens), bambu (Arundinaria falconeri), Cupressus semprevirens var. horizontalis, euonimos (Euonymus japonica), lantana (Lantana camara), loendros (Nerium oleander) e pitosporo (Pittosporum tobira); herbáceas: agapantos (Agapanthus praecox), amores perfeitos (Viola tricolor), asteres (Aster sp), clorofitos (Chlorophytum comosum), gazânea (Gazania splendens) e lavandula (Lavandula dentata), ophiopogon (Ophiopogon japonicus), petúnias (Petunia grandiflora), , asteres (Aster sp), Pervinca-maior (Vinca major L.) e gazania (Gazania splendens); trepadeiras: vinha virgem (Parthenocissus quinquefolia).

Bibliografia

ALMEIDA, Pedro Vieira de, Raul Lino, Exposição Retrospectiva da sua obra (catálogo), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1970; ARCHER, Maria, COLAÇO, Branca de Gonta, Memórias da Linha de Cascais, Cascais/ Oeiras, Câmara Municipal de Cascais / Câmara Municipal de Oeiras, 1999 [ed. Fac-similada da de 1943]; Cidadela de Cascais (pedras, homens e armas), Lisboa, Estado-Maior do Exército Direcção de documentação e História Militar, 2003; COSTA, António José Pereira da, Cidadela de Cascais (pedras, homens e armas), Lisboa, Estado-Maior do Exército Direcção de documentação e História Militar, 2003; ENCARNAÇÃO, José de, Cascais - Guia para uma visita, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1983; JUSTINO, Ana Clara, Cascais, um centro histórico vocacionado para o turismo cultural, in II Fórum Ibérico sobre Centros Históricos, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005, pp., 133-149; MECO, José, Azulejaria de Cascais com temática ou utilização religiosa, in Um olhar sobre Cascais através do seu património, vol. II, Cascais, Câmara Municipal de Cascais / Associação Cultural de Cascais, 1989, pp. 87-117; MECO, José, Raúl Lino e as duas Casas de Santa Maria, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 19 a 20 Setembro 2003; SERRÃO, Vítor, A História da Arte em Portugal novas perspectivas teóricas e metodológicas. O panorama de estudos do património cascalense, in Património, Território e Sociedade - X Cursos Internacionais de Verão de Cascais, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2004, pp. 75-89; SILVA, Raquel Henriques da, Cascais, 1.º ed., Editorial Presença, Lisboa, 1988; SOUSA, Maria José Pinto Barreira Rego, Cascais 1900, Lisboa Medialivros, 2003; Câmara Municipal de Cascais, Casa de Santa Maria, http://www.cm cascais.pt/Cascais/Cascais/Equipam_Espacos_Culturais/Museus/casa_de_santa_maria.htm, 28/12/2010.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Séc. XXI - ajardinamento do pinhal.

Observações

*1 - DOF:..incluindo o Jardim. *2 - encomenda a construção de outras duas, neste concelho, a Torre de São Patrício / Casa-Museu Verdades de Faria (v. PT031105040050) e o Palácio do Conde de Castro de Guimarães / Torre de São Sebastião (v. PT031105030024).

Autor e Data

Teresa Camara 2010

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