Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso / Igreja de São Salvador

IPA.00000309
Portugal, Braga, Vila Nova de Famalicão, União das freguesias de Arnoso (Santa Maria e Santa Eulália) e Sezures
 
Arquitectura religiosa, românica. Igreja de Mosteiro beneditino de planta longitudinal, nave única e capela-mor rectangular. O portal ocidental, muito simples e com tímpano com cruz e laçaria, inspira-se na arte bracarense dos finais do séc. 12. Constitui um dos mais elucidativos exemplos de redução do programa construtivo inicial. A sua concepção denota disparidade de proporções entre a escala da nave e a pequena ábside da capela-mor. Assim uma certa desproporção entre os elementos internos e desigualdades na silharia exterior denotam um plano grandioso que falhou durante a sua execução.
Número IPA Antigo: PT010312370002
 
Registo visualizado 3251 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor rectangulares. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado de duas águas. Orientada a poente, a fachada principal possui um portal de tímpano vazado em cruz com três arquivoltas de arco redondo, das quais a do meio assenta em colunas, e capitéis decorados com quadrúpedes de dois corpos e uma só cabeça. O arco intermédio é decorado com motivos geométricos, lanceolados e entrelaçados. O arco interno é profusamente decorado , com lavores biletados na esquina das aduelas, onde se destacam quadrúpedes, aves, um cavalo, uma cabeça humana, uma ave com um peixe no bico. As fachadas laterais são percorridas por cachorros. Os portais com tímpanos vazados em cruz, possuem no lado N. um par de cabeças de animais e no lado S., modilhões lisos, outros com temas geométricos, zoomórficos e antropomórficos. Na fresta da capela-mor, os temas dos capitéis das finas colunas que a definem são vegetais. A capela-mor é de dois tramos e é coberta por uma abóbada cilíndrica. A decorar o espaço interior salientem-se os arcos cegos adossados ás paredes laterais, cujos capitéis são lavrados de lanceolados, acantos e volutas. O arco toral é original e o triunfal foi muito modificado durante as obras de reconstrução. De cada lado percorre as paredes uma falsa arcaria de volta perfeita, assente em capitéis decorados com motivos antropomórficos, zoomórficos, volutas e folhagens. A flanquear o arco triunfal pinturas a fresco quinhentistas com episódios da vida de N. Senhora.

Acessos

Lugar do Mosteiro, desvio da EN 14

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 28 536, DG, 1.ª série, nº 66 de 22 março 1938 / ZEP, Portaria DG 2.ª série, n.º 89 de 16 abril 1971

Enquadramento

Rural, isolado, destacando-se no local envolvido por campos de cultivo. Implanta-se no sentido Poente - Nascente num pequeno adro de forma elipsoidal, definido por muros baixos em granito. No adro encontram-se sepulturas medievais cavadas em blocos de granito. Nas proximidades a S. corre o Ribeiro do Regalo.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

642 - Fazia parte de mosteiro beneditino, fundado por São Frutuoso; 1067 - é destruído pelos mouros; Séc. 12 - é reconstruído por D. Garcia, rei da Galiza; 1156 - data inscrita no tímpano do portal S.; 1495 - D. Jorge da Costa, arcebispo de Braga, incorporou-o no mosteiro beneditino de Pombeiro; Séc. 17 - dele tomaram conta os frades Jerónimos de Belém que o entregaram ao Dr. Miguel Pinheiro Figueira com direito de apresentação de abade; é referido por Frei Leão de S. Tomás, monge Beneditino Prof. da Universidade de Coimbra; alteração da cimalha da fachada; 1930, 14 Ago. - auto de entrega feito pela Direcção-Geral da Fazenda Pública à Comissão Fabriqueira; 1933 - pedido de obras de reparação urgente feito à DGEMN; 1941 - apeamento de três altares de talha (um deles destinado à Capela do novo Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Alijó); 1943 - pedido de substituição do altar da capela-mor pelo Pároco Baltazar da Silva Castro da Igreja de Paço de Sousa; 1944 - cedência de um altar de Arnoso para a Igreja de Paço de Sousa; cedência de telha das obras de restauro para a Igreja de Santa Eulália; cedência de capitel românico para a colecção do Museu Soares dos Reis; 1945 - suspensão das obras de restauro iniciadas em 1941; 1945 - assentamento de azulejos decorativos; foi prescindida a transferência do pequeno altar de Arnoso para o Hospital de Alijó; 1947 - pedido do Ministério das Finanças para conclusão das obras suspensas; 1949 - pedido para conclusão das obras suspensas (C. M. de Vila Nova de Famalicão); 1990 - limpeza e plantação de árvores no adro (C. M. de Vila Nova de Famalicão); 1994 - pedido ao IPPAR de realização das obras previstas em 1983 e alerta para o mau estado de conservação dos granitos e dos frescos quinhentistas.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes de granito (nave) e estrutura mista ( capela-mor).

Materiais

Paredes em alvenaria de granito aparente; Cobertura em telha "aba e canudo" de barro; Caixilharias de madeira por pintar.

Bibliografia

DGEMN, Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso, Boletim nº 94, Lisboa, 1958; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, geografia da Arquitectura Românica in História da Arte em Portugal, vol. 3, Lisboa, 1986, p. 50 - 131; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; PASSOS, José Manuel Silva, Zonas Especiais de Protecção, Lisboa, 1989; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, vol. I, Lisboa, 1993; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, O edifício do Convento do Salvador - De mosteiro de freiras ao Lar Conde de Agrolongo, Braga, 1994; Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso, Direcção Geral dos Monumentos restaurou a igreja nos anos 40, in Diário do Minho, 24 Março 2005, p. 27.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

DGEMN: 1941 - Diversas obras no Mosteiro de Arnoso; 1942 - Obras de Restauro; 1943 - Obras de Restauro; 1944 - Obras de Restauro; cedência de um retábulo de Arnoso para a Igreja de Paço de Sousa (v. PT011311220003) e de um outro para o Hospital novo da Misericórdia de Alijó (v. PT011701010081); cedência da telha das obras de Restauro para a Igreja de Arnoso (St. Eulália); cedência de capitel românico para a Colecção do Museu Soares dos Reis no Porto; 1945 - Obras de Restauro; Enceramento do Tecto da nave; 12 de Novembro de 1945 - Suspensão das obras de Restauro; 1947 - Pedido para conclusão das obras suspensas (Ministério das Finanças); CMVNF: 1949 - Pedido para conclusão das obras suspensas; DGEMN: 1957 - Assentamento do murete do adro e lajedo em torno da Igreja; 1958 - Consolidação da fachada principal e assentamento de vitrais; Levantamento e desenho da planta topográfica de Stª. Eulália; 1973- Trabalhos de conservação 1978 - Trabalhos de conservação para a preservação dos frescos; 1979 - Trabalhos de conservação; CMVNF: 1990 - Limpeza e plantação de àrvores no adro; 1994 - Pedido ao IPPAR para realização das obras previstas em 1983 e alerta para o mau estado de conservação do granito e dos frescos quinhentistas.

Observações

Não foram executadas as obras previstas em 1983 que incluíam: dreno envolvido em cascalho, caixas, impermeabilização e tratamento do paramento soterrado das fundações e ligações ao ribeiro a 4500 metros, além de colocação de ventiladores nas portas e no tecto. O facto de ter sido construída de acordo com a escala de uma grande igreja conventual, a obra ter-se-á iniciado pela nave que deu lugar à capela-mor por razões desconhecidas. Tiveram portanto de abrir o arco-triunfal na parede que seria a fundeira da capela-mor original. Quando nos anos quarenta durante as obras de restauro foram apeados três altares em talha descobriram-se nos dois colaterais pinturas a fresco quinhentistas. No tímpano do portal da fachada S. lê-se a inscrição "A.D. 1156" que atribui a sua construção ao Séc. 12.

Autor e Data

Isabel Sereno 1994

Actualização

 
 
 
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