Convento de Jesus / Mosteiro de Jesus

IPA.00032388
Portugal, Évora, Viana do Alentejo, Viana do Alentejo
 
Arquitetura religiosa, quinhentista. Mosteiro hieronimita feminino. A fachada da igreja virada à rua do Convento é a de construção mais antiga sendo o dormitório novo e enfermaria construídos em época posterior; o claustro mantém a estrutura quinhentista de traça original.
Número IPA Antigo: PT040713020021
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Jerónimo - Jerónimas

Descrição

Planta retangular, composta por nártex, nave e capela-mor, a que se adossam à esquerda as dependências conventuais, agrupadas em torno de claustro central retangular, cujo lado S. se adossa à igreja. Na fachada principal, sobre o portal, em cantaria de mármore branco, restos de pinturas murais, representando anjos venerando a Santa Partícula explendente. Na parede lateral esquerda um calvário esgrafitado; contiguamente o pavilhão dos coros, rematado por falsa galeria alta, e o campanário-mirante, com cata-vento em ferro; na entrada da portaria, sobre o lintel, vestígios de pinturas murais. A restante ala, formada pelo dormitório novo e enfermaria. INTERIOR: nave com cobertura em abóbada de meio canhão, decorada por caixotaria geométrica, de discos e quadrilóbulos. Arco triunfal redondo, de pedra; capela-mor de planta quadrangular, com cobertura hemisférica assente em trompas e separada, internamente, por arcada lateral; na parede do lado do evangelho porta de acesso à sacristia que apresenta planta retangular e cobertura em abóbada nervurada de três tramos suportada por colunata de mármore branco, de ordem dórica. Claustro, de dois andares com abóbada de caixotaria de nervuras singelas e cinco arcadas em alvenaria rebocada; no centro vestígios da fonte de repuxo; a N. localizam-se algumas salas, com coberturas de três tramos suportadas por colunas de mármore. A O. o refeitório, de planta retangular, com quatro tramos separados por arcadas cegas de pilastras de alvenaria, com abóbada decorada por pinturas murais com elementos vegetalistas; nas paredes subsistem vestígios de decoração sob camadas de cal; púlpito na parede O., de alvenaria, decorado com pintura a óleo com motivos naturalistas e com base em cantaria. Coro baixo, de planta quadrangular com ligação ao claustro O coro alto terá tido teto de madeira do séc. 17 com pintura a óleo. No coro alto a enfermaria e os dormitórios velho e novo, restando ainda alguns vestígios de pintura mural; a O. da igreja, com acesso através do dormitório velho, construção de três pisos, de planta quadrangular, com embasamento em granito, com arcaria a N. e a S., local onde as madres superioras viveriam *1.

Acessos

Rua do Convento

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado no limite urbano N. da povoação, no quarteirão fechado a S. pela Rua do Rossio e a N. pela Azinhaga da Barca. Encontra-se implantado no Terreiro das Freiras, anteriormente denominado Rossio da Fonte Coberta.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Residencial: casa corrente / Devoluto

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1548 - D. Brites da Coluna, com várias senhoras solteiras, viúvas, de bom viver e de idade, constitui na sua moradia, por escritura de doação, um oratório dedicado a Jesus; 1550, 1 fevereiro - obtenção de licença da chancelaria Episcopal do Cardeal D. Henrique, Arcebispo de Évora para construir altar de celebração da santa missa e campanário com sino de tanger; 1553, 21 julho - fundação do mosteiro, com cerimónia de auto, por D. Brites Dias, filha do cavaleiro Diogo Vaz Rodovalho e D. Maria Esteves Cansado, ambos naturais de Viana; 1554, 1 agosto - lançamento da primeira pedra do novo edifício conventual, em terrenos adquiridos para o efeito nas hortas da Fonte Coberta; 1555, 28 julho - a Madre Leonor das Chagas é provida no cargo de prioresa, após a morte da fundadora; 1560 - conclusão das obras para as quais o infante D. Henrique, arcebispo de Évora, contribuiu com avultadas esmolas; Séc. 16, finais - inauguração do convento; Sec. 18, finais - conclusão do corpo do dormitório novo e enfermaria; 1804, maio - visita do arcebispo D. Frei Manuel do Cenáculo, aquando da deslocação a Viana do Alentejo presidindo à sagração do santuário de Nossa Senhora de Aires; 1834 - o convento é extinto; 1858 - elaboração de um inventário parcial dos bens do convento, nomeadamente dos painéis de pintura, ourivesaria e paramentos sagrados; 1901 - o convento é encerrado, após um longo período de decadência, durante o qual recebeu, sem votos, algumas senhoras pensionistas, meninas do coro e pupilas, com parcos meios de subsistência; restava então uma única freira viva, tendo denúncia de que esta consentia na saída clandestina de objetos valiosos, tendo então o Estado tomado providências sendo as peças raras selecionadas, destinadas ao Museu Nacional de Belas Artes e Arqueologia; o convento foi depois vendido em hasta pública; 1901, 20 junho - finalização do segundo inventário dos bens do convento; 1902, 02 janeiro - morre a última prioresa, procedendo-se ao encerramento e selagem do edifício dois dias depois; 1902, 13 abril - durante alguns dias é feita a almoenda dos bens de uso profano existentes no edifício; 1920, década de - até esta época os paramentos da nave eram revestidos de apainelados de azulejo do modelo de tapete de meados do séc. 17 e na cabeceira encontravam-se três altares de talha dourada; os altares colaterais eram consagrados a Nossa Senhora da Conceição e a Santo António.

Dados Técnicos

Paredes portantes.

Materiais

Alvenaria de pedra ordinária, argamassa tradicional, colunas em mármore.

Bibliografia

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Lisboa, A.N.B.A., 1978

Documentação Gráfica

IHRU: DREMSul/DM

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

DGARQ: PT/TT/MF-DGFP/E/002/00033 (Inventário de extinção do Convento do Bom Jesus, de Viana do Alentejo de Évora (1858 - 1930)

Intervenção Realizada

1643 - remodelação do altar de N. Sra. da Conceição; séc. 18 - reforma do portal.

Observações

*1 - na torre sineira existiriam dois sinos de bronze; no coro baixo existiam cinco altares devocionais consagrados a Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora do Carmo, Santa Ana, Senhor das Chagas e Senhor Jesus dos Passos, todos revestidos a talha, com a respetiva imaginária; o coro alto terá tido teto de madeira do séc. 17 com pintura a óleo; o claustro comunicava com a igreja, sacristia, capítulo, refeitório e livraria e no seu piso térreo do claustro existiram duas capelas, de paredes revestidas a azulejos policromos; 2 - com capacidade para mais de 60 monjas, durante a sua existência o Convento obteve grandes esmolas, possuindo várias rendas, tenças, herdades e casas no termo de Viana e terras vizinhas; entre os seus doadores destacam-se o Arcebispo de Évora e D. Isabel de Bragança, mulher do Infante D. Duarte, Duque de Guimarães.

Autor e Data

Rosário Gordalina 2011 / Carlos Marques 2012 / Teresa Ferreira 2012

Actualização

 
 
 
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