Igreja da Santa Casa da Misericórdia da Batalha

IPA.00003329
Portugal, Leiria, Batalha, Batalha
 
Igreja da Misericórdia maneirista e rococó, de nave única e presbitério, de volume simples, interiormente com tecto de madeira, tendo adossado à fachada lateral direita a casa do despacho. Fachada principal terminada em empena, de cornija, rasgada por portal de verga abatida encimado por janela de varandim, com moldura do mesmo perfil, sobrepujado por decoração fitomórfica tardo-barroca e brasão nacional, coroado. É sensivelmente mais larga que a posterior, isto certamente devido às transformações e ampliações realizadas após a sua instituição em Misericórdia e à extinção do hospital. Isso mesmo nos revelam alguns elementos materiais, como o arco de volta perfeita em tijolo sobre o maciço da capela lateral e os vãos entaipados, quer da nave quer das dependências anexas. Casa do despacho de dois pisos, rasgados por janelas de peitoril. Exteriormente caracteriza-se pela grande sobriedade, a que foge apenas à regra a decoração do portal e janela da fachada principal, com elementos tardo-barrocos, a última delas possuindo vestígios de antigas grades de ferro. No interior, apresenta coro-alto, de madeira, capela lateral no lado do Evangelho e púlpito revivalista no da Epístola, e retábulo-mor rococó de planta convexa e três eixos. frontalmente com ampla concha e no tecto com cartela de concheados recortados, e maneirista na zona posterior do retábulo, onde recria mármores embrechados; o brasão do tecto da nave é igualmente rococó. Na sacristia, lavabo maneirista. O cruzeiro do adro apresenta base quinhentista, mas a restante estrutura possivelmente é oitocentista.
Número IPA Antigo: PT021004010006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta retangular, de nave única e presbitério, tendo adossado à fachada lateral esquerda corpo estreito de dois pisos, integrando no primeiro sacristia e anexos, e à lateral direita corpo rectangular formando nártex lateral e, mais recuado e sensivelmente quadrangular, casa do despacho. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de quatro na casa do despacho. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a igreja com cunhais apilastrados, e terminadas em beiral duplo. Fachada principal virada a NO., terminada em empena, com cornija, sobrepujada por cruz pétrea sobre pequeno plinto, e com fogaréus no alinhamento dos cunhais. Ao centro, rasga-se portal de arco abatido, com fecho saliente, assente em falsas pilastras sobre plintos de faces decoradas com motivos geométricos, sendo superiormente ladeado por brincos vegetalistas; interligada por friso de cantaria, surge, encimando o portal, janela de varindim, com o mesmo tipo de moldura, superiormente ladeado por brincos de concheados, sobrepujada por frontão de volutas interrompido por brasão nacional, com coroa, envolvido por concheados e festões; apresenta guarda de cantaria, com balaústres e pilar intermédio, frontalmente decorado com motivos fitomórficos. Ladeia o portal duas janelas quadrangulares, molduradas e gradeadas, e, nos extremos, correspondentes aos corpos que se adossam à igreja, duas janelas de peitoril sobrepostas, também molduradas, as do segundo piso com caixilharia de guilhotina. Fachada lateral direita de dois pisos rasgada por oito vãos, sobrepostos, correspondentes a janelas de peitoril, molduradas, com caixilharia de guilhotina, e a uma porta de verga recta simples. Fachada lateral direita com corpo adossado, formando nártex no primeiro piso, com acesso por dois vãos, mainelados, e assentes em pilastra toscana, e possuindo no segundo piso janela de peitoril; o corpo da casa do despacho, apresenta igualmente dois pisos, e é rasgada frontalmente por duas janelas rectangulares jacentes, gradeadas, e, no segundo piso, frontal e lateralmente, por duas janelas e na posterior por uma, de peitoril e caixilharia de guilhotina; sobre o cunhal, surge sineira, em cantaria, de arco de volta perfeita, albergando sino, e terminada em empena; no topo da capela-mor, abre-se porta de verga recta de acesso à tribuna do retábulo. Fachada posterior da capela terminada em empena e cega. INTERIOR de paramentos rebocados e pintados de branco, com pavimento em lajes de cantaria e tecto de madeira, em masseira, pintado de branco e formando caixotões, tendo no central o brasão nacional, em talha policroma, com coroa. Coro-alto de madeira com guarda de madeira em balaústres planos, pintados a marmoreados fingidos, sendo acedido de ambos os lados por porta de verga recta, a do lado da Epístola moldurada; sub-coro com guarda-vento de madeira, encostando-se à parede fundeira duas amplas arcas de madeira. Lateralmente dispõem-se, frontalmente, duas pias de água benta circulares, gomadas. No lado do Evangelho abre-se porta de acesso à sacristia de verga curva, alteada ao centro, integrando na porta confessionário, e capela lateral, de arco abatido, delimitado por moldura curva assente em colunelo com capitel vegetalista; o intradorso é integralmente em cantaria e possui altar, também de cantaria, com frontal esculpido imitando brocado, demarcando quatro panos, com monograma "AM" central e sanefa franjada; banco igualmente de cantaria com moldura central ornada de motivos fitomórficos relevados; ladeia a capela mísula circular plana de cantaria. No lado da Epístola surge púlpito semicircular, com base em cantaria formando pingente, decorado por motivos vegetalistas vários, volutas, friso denticulado e molduras, com guarda de balaústres torneados de madeira, tendo ao centro falsa pilastra decorada com festão; é acedido por porta de verga curva alteada ao centro a partir da sala do despacho; segue-se vão rectangular, moldurado, entaipado. À parede testeira e assente em supedâneo de cantaria de dois degraus, encosta-se o retábulo-mor, de talha policromada a vermelho, verde, bege e dourado, de planta convexa e três eixos, definidos por quatro colunas coríntias assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, os inferiores mais altos, decorados com concheados de acantos e cartelas, e, interiormente, por duas pilastras decoradas igualmente por concheados e cartelas. No eixo central, abre-se a tribuna de perfil curvo, com ângulos e chave sobreposta por concheados, interiormente pintada de vermelho e zona superior decorada com ampla concha e tecto com grande cartela recortada com concheados; alberga trono de três degraus, decorados com almofadas delimitadas por filete dourado com cantos recortados, sobrepostas por cartela recortada e motivos fitomórficos, possuindo lateralmente volutas; nos eixos laterais, surgem painéis delimitados por filete dourado de cantos recortados, ornados com florões e concheados. Ático composto por fragmentos de frontão e duplo espaldar curvo rematados por cornija e ao centro resplendor. Banco com apainelados ornados com almofada sobreposta por cartela e concheados e altar tipo urna, enquadrado por aletas concheadas, possuindo o frontal concheados laterais nos ângulos e cartela central de igual motivo. Ladeiam o retábulo, duas portas de acesso à tribuna, de verga recta encimada por sanefa de talha recortada, igualmente em marmoreados fingidos a rosa, verde e bege e dourado, ornado de concheados e remate em palmeta. Na zona posterior do retábulo, existe vão rectangular com ilhargas possuindo pintura mural a imitar mármores embrechados. A sacristia, com pavimento de lajes e tecto de madeira, tem na parede virada a NO. lavabo, com espaldar rectangular, de almofada côncava tendo ao centro florão com bica, encimado por depósito rectangular, com moldura formando lateralmente falsas pilastras coroadas por bolas e ao centro remate curvo com cruz e possuindo bacia rectangular de bordo curvo; arcaz, pintado a marmoreados fingidos. Segue-se-lhe outro anexo com escada de ligação ao segundo piso, ambos pavimentados a tijoleiro, existindo no paramento lateral da igreja, nesse piso, a marcação de amplo arco de volta perfeita em tijolo e, inferiormente, maciço saliente em cantaria de perfil curvo. A partir do portal do nártex, acede-se à casa do despacho, desenvolvendo-se no primeiro piso vestíbulo com portas de vidro, e sala do Arquivo, com pavimento em tijoleira; frontalmente, uma escada conduz ao segundo piso, com ampla sala, pavimentada a tijoleira e tecto de madeira envernizada em gamela.

Acessos

EN. 356, km. 13,5, Rua da Misericórdia

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982 / Incluído na Zona Especial de Protecção do Mosteiro da Batalha (v. PT021004010001)

Enquadramento

Urbano, isolado. Ergue-se no centro histórico, num largo adaptado ao desnível do terreno, parcialmente vedado por muro, encimado por gradeamento e intercalado por pilares terminados em pináculos, acedido frontalmente por portão de ferro, e com pavimento em calçada à portuguesa e em lajes formando corredor envolvendo a igreja; junto à fachada lateral direita possui canteiro de flores e bancos de pedra, surgindo dois outros bancos encostados à fachada principal, flanqueando o portal. No mesmo adro implanta-se transversalmente a Igreja Matriz da Batalha, erguendo-se entre ambos os imóveis um cruzeiro; este tem soco de planta octogonal, formado por dois degraus escalonados, base prismática de cantos chanfrados, coluna de fuste liso com astrágalo, coroado por cruz, assente em elemento procurando recriar o Monte Gólgata, e tendo frontalmente no topo do braço cartela com a inscrição "INRI". Nas imediações, ergue-se o edifício da casa mortuária e sala de reuniões (v. PT021004010028).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: Diogo Rodrigues. MESTRE DE OBRA: António Carreira. PEDREIRO: Pero Neto. PINTOR: António Taca.

Cronologia

1427, 19 Outubro - Data do Compromisso da Confraria do Hospital de Santa Maria da Vitória, assinalando a sua fundação, por oficiais da construção do Mosteiro da Batalha e funcionários administrativos e judiciais do concelho, sob o controlo jurisdicional e pastoral do Mosteiro de Santa Cruz, de Coimbra; tiveram um papel importante nesta fundação o Dr. Martim Vasques, ouvidor, João Lourenço, escrivão, e as testemunhas Gonçalo Vasques, João Domingues, Afonso Lopes, Rodrigo Eanes e outros; a Confraria tinha por objectivo a acção caritativa entre confrades e assistência a enfermos, órfãos enjeitados, peregrinos necessitados ou pobres envergonhados; 1428 - referência documental à existência do hospital junto ao núcleo da vila, num local designado de "Mouraria", fronteiro aos principais caminhos de entrada ou saída da zona oriental da Batalha; 18 Fevereiro - data do codicilo ao Compromisso; reunindo-se a maioria dos confrades à frente do portal do Mosteiro, acordaram e outorgaram que quando finasse ou morresse algum mancebo ou manceba de algum confrade, lhes fizessem seu ofício como sendo seu filho; 1449, 23 Janeiro - Pêro Eanes Maqueijo doa ao Hospital e Confraria de Nossa Senhora da Vitória os bens que possuía na Anderinha e noutros locais do reino; 1485, 30 Maio - Rui Vasques, clérigo de missa e beneficiado em Santa Maria de Leiria, doa duas herdades ao Hospital em pagamento da dívida que com ele contraíra pela exploração do Casal dos Arteiros; 1493, 13 Dezembro - Lourenço Pires e Catarina Martins, sua mulher, de A-de-Barbas (Maceira, Leiria), com Pêro Álvares vendem ao Hospital uma terra na Batalha, junto a uma horta da Capela de São João; 1506, 19 Dezembro - os "regedores e governadores" da Canónica incubem o bacharel D. Fernando de Oliveira, prioral do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, de dar ao cónego D. Fernão de Paiva, vigário geral de Leiria, a comissão de visitar todas as instituições do priorado; séc. 16 - parte das camas do hospital eram reservados aos clérigos; 1507, 20 Agosto - data do Livro do Tombo dos Bens do Hospital da Confraria de Santa Maria da Vitória, elaborado por Manuel Álvares, notário eclesiástico; 1518 - na Visitação, o cónego D. Diogo Dias, vigário de Leiria e provedor dos hospitais do priorado crúzio, insiste na obrigação do juiz visitar, pelo menos uma vez por semana, o hospital da Confraria, senão, aos domingos e festas, para informarem do tratamento dos pobres; o edifício do hospital era constituído por casas com várias divisões, alpendres e terras de quintal, cerradas ao redor, tendo 22 m. de comprimento e 8,8 m. de largura, numa área construída de 193,6 m2, fora a alpendrada; a cobertura era de madeira e telha, de onde sobressaía a chaminé; possuía aposentos para o hospitaleiro, câmara com leitos dos pobres e espaço próprio para a roupa; tinha uma "casa de cima", mandando-se fazer uma escada de madeira para acesso, tirando-se as tábuas que não eram boas e colocando-se um mainel forrado de tabuado da parte do altar; o visitador determinava ainda obras no oratório ou capela do hospital, que tinha uma imagem de pedra de Nossa Senhora; mandava levantar o altar "bem feito", da altura que então tinha, mas 4 dedos ou mão travessa mais larga, de maneira a que, quando se levantasse a imagem do Senhor, ele ficasse sempre coberto pelo arco; devia-se fazer um degrau "de longo a longo" por debaixo do assento da imagem de Nossa Senhora, não devendo os cantos do altar chegar à parede do arco de modo a poderem cair as toalhas; deveria ser forrado de azulejos e seu degrau dos que deu o mestre Boitaca de esmola e que estava na sua casa; mandava-se ainda assentar uma cortina de linho tinto de cores diante do altar de Nossa Senhora que cobrisse todo "o arco de fundo acyma" e fazer umas grades com sua porta e fechadura; à volta do edifício do hospital havia um serrado, explorado pelo hospitaleiro, com 1346 m2; 1519 - data do auto de abertura do Livro do Tombo da Confraria, Hospital e Albergaria, escrito por Henrique Álvares; 14 Agosto - D. Diogo Dias referia-se ao juiz da Confraria, o arquitecto Boitaca, como alguém que "tinha muito carrego e desejos de acrescentar as cousas" da mesma; 1530 - pagamento a Diogo Rodrigues, de Cela (Batalha) pela obra do novo forro da capela; 1537 - o Vigário de Santa Cruz de Coimbra, em Leiria, tenta transformar a Confraria e Hospital em Casa da Misericórdia; 23 Setembro - o Pe. Simão Pires, cónego crúzio e cura da Batalha, informa que, até que se fizesse a Misericórdia que havia sido ordenada, continuar-se-ia a eleger os corpos dirigentes da Confraria segundo o costume; 28 Dezembro - deliberação da Confraria sobre o financiamento da obra que Fernam Pires Pardo havia de fazer e que tinha feito, devendo-se-lhe 2$355 reais; 1595 / 1605, entre - registos de pagamentos feitos pela Confraria ao pintor António Taca pela obra do retábulo de Nossa Senhora; recebeu por o pintar 7$000 reais; 1604 / 1605 - pagamento de 160 reais de se trazer o retábulo para o altar de Nossa Senhora, o qual estave em Leiria; 1615 / 1616 - pagamento ao mestre de obras António Carreira, ao pedreiro Pero Neto aos carpinteiros e vários servidores, pela obra que traziam no alpendre do hospital; séc. 17 - segundo o manuscrito do Couseiro, o Hospital tinha de rendimento, mais ou menos, 30$000 rs, e a obrigação de agasalhar pobres necessitados, nele se exercendo as obras de misericórdia com os peregrinos e enfermos, e se provendo cartas de guia, como se fazia nas Casas de Misericórdia; tinha tumba e confrades, um provedor, que acompanhava os defuntos, com veste de misericórdia e vara preta, um escrivão, um mordomo, um andador e coveiro; a capela do hospital tinha um retábulo, pintado, com a imagem da Senhora, de vulto, numa pequena peanha; 1627 / 1636, entre - o bispo D. Dinis de Melo e Castro mostrou a intenção de transformar o Hospital em Misericórdia, mas talvez por falta de apoio dos moradores da vila, conforme refere o Couseiro, tal não chegou a acontecer; 1714, 2 Agosto - carta de D. João V reformando a Confraria, transformando-a em Casa da Misericórdia, passando a seguir os estatutos da Misericórdia de Lisboa; séc. 18, 2ª metade - feitura do retábulo-mor e das sanefas das portas que o flanqueiam; 1814 - data de novo Compromisso; 1821, 3 Maio - o hospital tinha de rendimento anual de 600$00 para 700$00; socorria cerca de 6 doentes e, quando necessário, admitia todos os que precisavam de socorro, como em situações de epidemia, no trânsito para as Caldas da Rainha, socorrendo-os com esmolas e cavalgaduras, e militares que se deslocavam na estrada que ficava próximo; o médico tinha o partido anual de 30$000 rs, o cirurgião, 9$600 rs, o sangrador 9$500 rs, o capelão tinha de côngrua 50$000 rs, e o sacristão o ordenado de 36 alqueires de trigo; ao enfermeiro dava-se anualmente 24 alqueires de trigo e 18$000 rs, a um procurador letrado 4$800 rs, a um agente 28$800 rs; o rendimento restante aplicava-se no asseio e "guisamento" da igreja, no curativo dos enfermos, provimento de cartas de guia e esmolas aos pobres necessitados e particulares da vila e vizinhanças; 1880, 10 Janeiro - data do testamento de António Cândido da Encarnação, próspero industrial e comerciante de Lisboa, casado em segundas núpcias com Matilde Pereira Moniz, de uma freguesia do concelho da Batalha e grande devota de Maria Mãe da Misericórdia; no testamento, legou à Misericórdia da Batalha o imóvel na R. dos Correeiros, nº 86 - 96, e Tv. da Vitória, nº 25 - 31, com o encargo de edificar uma casa própria para aula dos dois sexos, deixando para o professor o ordenado anual de 200$000 rs e para o da professora 150$000 rs, mais 90$000 rs para as despesas anuais; legou 60 esmolas de 4$500 rs anualmente para pobres mais necessitados da freguesia da Exaltação de Santa Cruz da Batalha, sendo a distribuição feita pelo páraco e Junta da Paróquia; os remanescentes do rendimento pertenciam à Misericórdia para poder aplicar nos seus objectivos; se estes legados não fossem cumpridos fielmente, passariam para a Misericórdia de Lisboa, com os mesmos encargos; 1897 - a Misericórdia tinha 1:025$000 rs de rendimento, 1:400$000 rs de capital nominal e 13:871$000 rs de capital mutuado; séc. 19 - época provável de algumas reformas, nomeadamente nos vãos de acesso à sacristia e ao púlpito, na base desta e talvez da própria capela lateral, entre outras; 1920, década - extinção do hospital da Confraria, na sequência do qual se devem ter procedido a obras no edifício e capela; 1993 - feitura de novo frontal do altar da capela lateral, substituindo o antigo muito danificado.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria de pedra rebocada e pintada; alguns elementos de betão; elementos estruturais, pilastras, molduras dos vãos, sineira, cruz da empena e fogaréus dos cunhais, pias de água benta, base do púlpito, capela lateral, lavabo da sacristia e outrois elementos em cantaria calcária; vãos em tijolo; caixilharias e portas de madeira; vidros simples; pavimento em lajes, tijoleira e madeira; tectos de madeira, envernizada ou pintada; guarda do púlpito e coro-alto em madeira pintada; retábulo de talha policroma; pintura mural no vão posterior do retábulo-mor; cobertura em telha cerâmica; grades de ferro.

Bibliografia

Notícias várias para a história ecclesiástica do bispado de Leiria, BNL, Cód. 153; O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, Braga, 1868; GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, 1897; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955; SANTOS, José Travaços, Hospital e Misericórdia da Batalha, Cadernos da Vila Heróica, nº 4, Novembro 1980, p. 51 - 53; SOUSA, Acácio Fernando dos Santos Lopes de (Coordenação), Recenseamento dos Arquivos Locais, Câmaras Municipais e Misericórdias, vol. 8, s.l., 1987; GOMES, Saul António, Oficinas Artísticas no Bispado de Leiria nos séculos XV a XVIII, Separata das Actas do VI Simpósio Luso-Espanhol de História de Arte, Viseu, 1991; RAMOS, Dr. Ruy de Moura, António Cândido da Encarnação, um Mecenas da Batalha in Cadernos da Vila Heróica. Arquivos Históricos, Etnográficos, Artísticos e Literários da Batalha, nº 6, Leiria, 2001, p. 121 - 132; SANTOS, José Travanços, Dezassete Anos de História da Batalha in Cadernos da Vila Heróica. Arquivos Históricos, Etnográficos, Artísticos e Literários da Batalha, nº 6, Leiria, 2001, p. 19 - 29; GOMES, Saul António, Fontes Históricas e Artísticas do Mosteiro e Vila da Batalha (Século XIV a XVII), vol. 1 e 2, s.l., 2001; GOMES, Saul António, O Livro do Compromisso da Confraria e Hospital de Santa Maria da Vitória da Batalha (1427 - 1544). Estudo Histórico e Transcrição Documental, Leiria, 2002; TOJAL, Alexandre Arménio, PINTO, Paulo Campos, Bandeiras das Misericórdias, Lisboa, 2002; Comissão de Arte e Património e Região de Turismo (Coordenação), Leiria - Fátima. Caminhos do Espírito. Percursos da Arte, s.l., 2004.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREMC, DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DREMC, DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMC, DGEMN/DSID; Santa Casa da Misericórdia da Batalha (datas extremas: séc. 16 - 20)

Intervenção Realizada

Proprietário: 1969 - orçamento de obras de beneficiação no valor de 199.500$00, consistindo em reparação dos telhados, arranjo exterior com substituição total de rebocos, reparação e substituição de portas e janelas, levantamento de soalhos e forros e pintura de portas, janelas, vedação de ferro e retoques no altar-mor; DGEMN: 1980 / 1981 - reconstrução da cobertura em material pré-esforçado; 1982 - construção de um beiral duplo, reparação da estrutura do telhado (parede em tijolo, reforço da estrutura em madeira do tecto da capela); 1988 - execução do tecto sobre a sala do 1º piso; 1989 - consolidação da parede da fachada principal (utilização de pilares e cintas em betão), conclusão dos toscos dos interiores, execução de rebocos exteriores, colocação de caixilhos nas janelas do 1º andar; 1993 / 1994 - conclusão das obras de beneficiação; 1997 - calcetamento do adro e reparação do gradeamento.

Observações

O Hospital e mais tarde a Santa Casa da Misericórdia da Batalha, para além de prestar assistência social aos pobres, albergava os peregrinos a caminho dos Santuários de Nossa Senhora do Fetal, Nossa Senhora da Encarnação, em Leiria e da Igreja de Nossa Senhora da Nazaré. O hospital não tinha roda, mas o Irmão Mordomo dos Expostos, tinha o cuidado de lhes prestar os primeiros socorros, apresentando-lhes amas e o necessário para serem conduzidos à roda mais próxima. Foi o primeiro hospital posto em exercício na província, fora das linhas de defesa, quando se evacuou o exército francês inimigo. Durante as obras de restauro realizadas durante os anos oitenta, fecharam-se as portas do corpo da casa do despacho, uma existente no primeiro piso da fachada principal e outra na fachada lateral direita de acesso directo à Sala do Despacho, precedida por um lanço de escada com guarda metálica; a primeira foi transformada em janela rectangular jacente e a última em janela de peitoril. O nártex possuía a marcação de um antigo arco de volta perfeita, em tijolo, virado para a fachada principal, o qual foi posteriormente entaipado, rasgando-se depois uma janela de peitoril.

Autor e Data

Isabel Mendonça 1991 / Paula Noé 2005

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