Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume

IPA.00000333
Portugal, Braga, Braga, União das freguesias de Real, Dume e Semelhe
 
Sítio arqueológico constituído por "villa romana" com edifício balnear, basílica paleocristã e necrópole altomedieval. A sequência de ocupação registada, ocupando um espaço de tempo longo de cerca de 2.000 anos; o registo de uma " villa" romana com um edifício balnear; a identificação do primitivo templo cristão sagrado por São Martinho de Dume como sede do bispado de Dume; a singularidade desse templo com filiação em modelos de igrejas tipicamente orientais que entre os séculos 6 e 8 se difundem pelo Ocidente Europeu. A sequência de ocupação registada, ocupando um espaço de tempo longo de cerca de 2.000 anos; o registo de uma " villa" romana com um edifício balnear; a identificação do primitivo templo cristão sagrado por São Martinho de Dume como sede do bispado de Dume; a singularidade desse templo com filiação em modelos de igrejas tipicamente orientais que entre os séculos 6 e 8 se difundem pelo Ocidente Europeu.
Número IPA Antigo: PT010303100045
 
Registo visualizado 3572 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Villa    

Descrição

Ruínas arqueológicas que integram uma complexidade de estruturas destacando-se, no conjunto: grande "villa" romana com parte da zona habitacional e edifício balnear; basílica de planta em forma de cruz latina, com orientação E. - O., de nave única e cabeceira trilobada, com aparelho cuidado composto por blocos paralelepipédicos de granito, dispostos em fiadas regularmente horizontais unidas com argamassa e pavimento que integra mosaicos policromáticos; necrópole constituída por doze sepulturas implantadas na arena de alteração granítica, de forma rectangular, definidas por caixa composta por lajes de granito e / ou tijolo e cobertura semelhante.

Acessos

Dume, Lugar da Igreja; Lugar do Assento. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,567551, long.: -8,435667

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 45/93, DR, 1ª Série-B, nº 280 de 30 novembro 1993 / ZEP, Portaria n.º 227/97, DR 110, 2ª série, de 13 de maio 1997 / Zona "non aedificandi", Portaria n.º 1133/2009, DR, 2.ª Série, n.º 210, de 29 outubro 2009

Enquadramento

Rural, distribuídas por uma área, ampla, que abarca toda a envolvente próxima da Igreja Matriz de São Martinho de Dume (v. PT010303100145), que constitui o seu núcleo central, e que integra o adro, a Capela de Nossa Senhora do Rosário e uma parte do quintal da Casa do Assento (v. PT010303100064), no limite esquerdo, junto ao muro do cemitério paroquial.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: villa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal / Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 01 / 03 / 06

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 01 - assentamento no local de uma "villa" romana; séc. 03 - construção de um balneário; séc. 06, 1.ª metade - construção da primitiva basílica de Dume a mando do rei suevo Carrarico, em agradecimento pela cura do seu filho; 558 - O Bispo São Martinho sagrou o edifício sede da diocese de Dume; 877 - doação de Dume ao Bispo de Mondonhedo, São Rosendo; séc. 10 - 11 - ampliação da basílica; 911 - delimitação do termo de Dume e confirmação da doação ao Bispo de Mondonhedo; 1103 - devolução de Dume à diocese de Braga; 1608 - referências à ermida da Senhora do Rosário junto das casas do Assento; séc. 17 - provável edificação da actual Igreja Matriz; séc. 18, 1ª metade - obras de ampliação na igreja matriz; 1747 - o Contador de Argote relata o aparecimento de diversos vestígios arqueológicos em Dume, descobertos casualmente, durante os trabalhos agrícolas *1; 1987 - identificação de uma "villa" romana sob a capela de Nossa Senhora do Rosário, sendo os trabalhos dirigidos por Luís O. Fontes, da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho; 1992 - escavação da necrópole altomedieval de Dume; 1993, Maio - durante os trabalhos de escavação arqueológica foi descoberto o edifício balnear da "villa" romana de Dume; 2006, 06 agosto - transladação do túmulo de São Martinho de Dume para um subterrâneo construído junto às ruínas, por debaixo do adro da igreja matriz; 2017, 26 agosto - inauguração do núcleo museológico de São Martinho de Dume, existente sob a Igreja e nas zonas envolventes; 2018, maio - inauguração do espaço museológico sem barreiras, podendo ser visitado por cegos e utilizadores de cadeiras de rodas, ao mesmo tempo que os conteúdos históricos podem ser lidos em braile ou descarregados no telemóvel, em formato de texto ou audiovisual.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estruturas de granito; pavimentos que integram mosaicos; paredes e tampas das sepulturas integrando tijolos.

Bibliografia

FONTES, Luís Oliveira, Salvamento Arqueológico de Dume - 1987: Primeiros Resultados, in Cadernos de Arqueologia, Série II, nº. 4, Braga, 1987, pp. 111 - 148; FONTES, Luis F. de O., Dume: Devolução do Túmulo do Bispo de S. Martinho, a Ampliação da Igreja Paroquial e o Salvamento Arqueológico, in Forum, nº 4, 1988, pp. 75 - 89; FONTES, Luis F. de Oliveira, Salvamento Arqueológico de Dume (Braga). Resultados das Campanhas de 1989 - 90 e 1991 - 92, in Cadernos de Arqueologia, Série II, vol. 8 / 9, Braga, 1991 / 92, pp. 199 - 230; FONTES, Luis Fernando de Oliveira, Inventário de Sítios Arqueológicos do Concelho de Braga, in Mínia, 3ª série, nº 1, 1993, pp. 39 - 43; Vv.Aa., Braga - Freguesias 97, Braga, 1997, p. 22; DIAS, ENCARNAÇÃO, Marta, Arqueólogos redescobrem basílica de São Martinho, in Diário do Minho, 5 Julho 2006, p. 4; Tiago, Basílica do século VI posta a descoberto em Braga, in Público, 10 Julho 2006, p. 34; PEREIRA, Pedro Antunes, São Martinho volta à freguesia de Dume, in Jornal de Notícias, 6 Agosto 2006, p. 66.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN; UM: Unidade de Arqueologia

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DREMN, DSID; UM: Unidade de Arqueologia

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DREMN; UM: Unidade de Arqueologia

Intervenção Realizada

Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho: 1987 - Início das escavações arqueológicas na Capela de Nossa Senhora do Rosário, para onde se projectava a devolução do túmulo do Bispo São Martinho, após as necessárias obras de restauro e adaptação do espaço às suas novas funções; preservação dos vestígios arqueológicos exumados no interior da igreja, com a colocação do pavimento interior cerca de 1.80 m acima das ruínas; Junta de Freguesia: 1997 - vedação com rede da área escavada no quintal da Casa do Assento, cujas estruturas arqueológicas correspondendo ao edifício balnear da "villa" romana de Dume ficaram a descoberto; 2005, Julho - início de escavações arqueológicas pondo a descoberto a basílica paleocristã; 2017 - conclusão dos trabalhos no Núcleo Museológico de São Martinho de Dume, 2.ª fase, projeto promovido pela União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe e Câmara de Braga, com musealização das ruínas da antiga basílica, localizados sob a Igreja Paroquial de Dume e dos seus espaços circundantes; o projeto teve o acompanhamento da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho.

Observações

O espólio desta estação arqueológica, reunido nas escavações e depositado no Museu Dom Diogo de Sousa, de Braga, testemunhando uma continuada ocupação desde o séc. I até aos nossos dias, é constituído maioritariamente por fragmentos de cerâmica comum de fabrico romano e medieval. Presente, também, alguma cerâmica romana de importação, basicamente composta por ânfora, e fragmentos de vidro. As moedas, muito corroídas, são posteriores à nacionalidade. De entre os elementos arquitectónicos há a salientar fragmentos de mosaico de tipologia romana, com temática decorativa geométrica, e de tipologia altomedieval, com dezenas de "tesserae" tipo "ravennate" que comporiam mosaicos policromáticos, parte de uma tampa de sepultura com mosaico, bases de colunas, fragmentos de fustes, aduelas de arcos e impostas, uma decorada com motivos em espinha e roseta, placas de calcário e mármore em que se destaca um fragmento com vestígios de epígrafe e um fragmento de grelha de gelosia.*1 - é conhecido, já desde o século XVIII, pela abundância de vestígios arqueológicos de época romana e altomedieval, dos quais se destaca um conjunto de seis epígrafes romanas e troços soterrados da primitiva Igreja de Dume. Inúmeras fontes documentais referenciam para o local uma intensa ocupação pós-romana, associada sobretudo ao Bispado de Dume e ao seu primeiro titular o Bispo São Martinho.

Autor e Data

António Dinis 1999

Actualização

 
 
 
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