Igreja Paroquial de Povoação / Igreja da Mãe de Deus

IPA.00033696
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Povoação, Povoação
 
Igreja paroquial construída em meados do séc. 19, em estilo revivalista neobarroco, seguindo o esquema mais comum das igrejas da ilha, de três naves e cabeceira tripartida, tal coma a fachada. Apresenta planta composta de três naves e cabeceira escalonada, interiormente com ampla iluminação axial e bilateral. A fachada principal termina em tabela, ladeada de aletas e encimada por espaldar em canopo, e tem três panos definidos por pilastras, cada um rasgado por vãos em eixo, composto por portal e janela de verga reta entre pilastras, que sustentam frisos e cornijas e pináculos, abrindo-se ainda na tabela janela semelhante. Entre os vãos existem vieira e motivos vegetalistas em cantaria, típicos da região. Possui batistério à esquerda, com janela semelhante, e torre sineira à direita, de três registos, rasgada por óculos em coração invertido com motivos vegetalistas, e ventanas em arco peraltado, rematando em platibanda vazada. Nas fachadas laterais, os vãos são mais simples, sendo a porta travessa encimada por friso e cornija. No interior, as naves separam-se por arcos de volta perfeita sobre pilares biselados, pintados a marmoreados fingidos, possui coro-alto sobre as três naves, e arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, também pintadas a marmoreados fingidos. A capela-mor, tal como os absidíolos, têm silhar de azulejos figurativos, datados de 1959, e retábulos revivalistas, de linguagem barroquizante.
Número IPA Antigo: PT072104050017
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal composta por três naves, cabeceira tripartida, tendo adossado à esquerda o batistério e vários corpos e à direita a torre sineira quadrangular e anexos. Volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, de cunhais apilastrados e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a sudoeste, percorrida por soco de cantaria, rematada em tabela retangular horizontal, flanqueada por pilastras toscanas, encimadas por pináculos tipo balaústre sobre plintos paralelepipédicos, contendo janela retilínea ladeada por pilastras sobre mísulas, que suportam vários frisos e cornijas, atualmente contendo relógio. A estrutura está ladeada por aletas e encimada por espaldar em canopo, contendo cartelas, coroado por cruz latina em ferro sobre acrotério. A fachada divide-se em três panos, definidos por pilastras toscanas, cada um deles rasgado por duas ordens de vãos retilíneos, correspondendo inferiormente a portais, ladeados por pilastras toscanas que sustentam friso e cornija, encimada por pináculos. Superiormente abrem-se janelas, entre pilastras assentes em mísulas que suportam igualmente friso e cornija. Entre cada um dos vãos surge vieira e motivos vegetalistas em cantaria. À esquerda, ligeiramente recuado, dispõe-se o batistério, rasgado por janela de igual modinatura e à direita, também recuada, a torre sineira, de três registos definidos por friso e cornija, os inferiores rasgados por óculos em coração invertido, com elementos vegetalistas nos topos, e o terceiro, em cada uma das faces, por ventana em arco peraltado, albergando sino e com pano de peito rebocado e pintado. A estrutura remata em friso, cornija e platibanda vazada de cantaria, com pináculos tipo balaústre nos ângulos sobre acrotério. Fachadas laterais rasgadas, na nave, por cinco janelas retangulares e porta travessa, de verga reta encimada por friso e cornija e, na capela-mor, por uma janela. Na lateral esquerda, o batistério é rasgado por janela em arco e, na oposta, o corpo adossado tem porta e janela retilínea encimadas por cornija, a sudoeste, duas janelas semelhantes enquadrando duas frestas. Fachada posterior da capela-mor terminada em empena e rasgada por pequena janela. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco e com painéis de azulejos, azuis e brancos, formando silhar, e coberturas com pinturas. As naves separam-se por arcos de volta perfeita sobre pilares, de ângulos biselados, pintados a marmoreados fingidos. Possui coro-alto sobre as três naves com guarda em balaústres torneados. Cada uma das naves laterais possui duas capelas à face, com retábulos de talha pintada e dourada, de corpo côncavo e um eixo, e, no topo da lateral do Evangelho, existe ainda uma capela profunda. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, pintadas a marmoreados fingidos a bege, encimado por pinturas. A capela-mor tem painéis de azulejos, azuis e brancos, organizados em dois registos, e cobertura em falsa abóbada de berço, com pinturas murais, formando várias cartelas. Sobre supedâneo acedido frontalmente por vários degraus, dispõe-se o retábulo-mor, em talha pintada e dourada, de corpo reto e três eixos, definidos por colunas de fuste liso e terço inferior marcado, sobre plintos paralelepipédicos; ao centro abre-se tribuna em arco de volta perfeita, interiormente pintado de azul e flores e albergando trono. Nos eixos laterais surgem painéis ornados de decoração vegetalista. A estrutura remata em espaldar, adaptado ao perfil da cobertura, ornado de motivos vegetalistas e cartela central.

Acessos

Povoação, Rua Monsenhor José Maurício Amaral Ferreira; Largo Doutor Carlos José Botelho Pai. WGS84 (graus décimais) lat.: 37,748816; long.: -25,243521

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, no núcleo urbano da vila da Povoação (v. IPA.00027986), virada à estrada e ao Hospital Sub-Regional de Povoação (v. IPA.00022001) a sul, tendo como pano de fundo a encosta. Ergue-se numa plataforma sobrelevada relativamente às vias circundantes, formando adro, delimitado por muro encimado por guarda em ferro, e acedido frontal e lateralmente por escadas. Junto à fachada posterior desenvolve-se jardim, com vários canteiros arrelvados.

Descrição Complementar

O remate do pano central da fachada principal tem cartela com a inscrição "N. S. M. D." e numa outra inferior "1848". Os absidíolos possuem nas paredes laterais painéis de azulejos, azuis e branco, de composição figurativa, encimados por pinturas murais, e cobertura em falsa abóbada de berço, também com pinturas. O absidíolo do Evangelho tem retábulo de talha pintada de branco e dourado, de corpo convexo e três eixos, definidos por quatro colunas de fuste inferior canelado, assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, e que se prolongam no remate da estrutura. Ao centro abre-se nicho, em arco, albergando imaginária e, nos eixos laterais dispõem-se mísulas sustendo imaginária. Ladeiam o retábulo duas janelas estreitas. O absidíolo da Epístola, dedicado ao Santíssimo e com porta em talha, possui retábulo de corpo reto e três eixos, definidos por pilastras ornadas de elementos vegetalistas, assentes em dupla ordem de plintos, com o mesmo tipo de decoração, e que se prolongam em duas arquivoltas no remate da estrutura, intercaladas com apainelados de motivos vegetalistas. Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita, sobre colunelos e nos eixos laterais existem apainelados de elementos vegetalistas. Sotobanco com apainelados de igual decoração, tendo ao centro sacrário tipo templete. Os altares de ambos os absidíolos são de tipo urna, pintados a marmoreados.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIROS: Manuel de Melo (1848-1856); Manuel Furtado dos Santos (1848-1856). ENTALHADOR: Augusto de Araújo Lima (séc. 19); Carlos Augusto Lima (1947); Francisco Furtado de Mendonça (1848-1856); Gervásio de Araújo Lima (séc. 19). PEDREIROS: João Bernardo (1848-1856); João da Ponte Espiga (1848-1856). PINTOR: Gilberto Ferreira (1998-2000). PINTOR DE AZULEJOS: Domingos Rebelo (1958).

Cronologia

1847 - avaliação da obra da igreja orçada em 4.090$000, sendo a de pedreiro avaliada em 2.520$00, pelos pedreiros João da Ponte Espiga e João Bernardo, a de carpinteiro e a ferragem em 1.150$000, pelos carpinteiros Manuel Furtado dos Santos e Manuel de Melo; o terreno é avaliado em 420$000; 1848, 22 fevereiro - deposita-se 564$200 para expropriação dos terrenos para a obra; 24 julho - início da construção da igreja, devido ao desejo dos habitantes terem uma igreja maior do que a Igreja da Mãe de Deus, situada à beira-mar e várias vezes vítima da fúria do mar; aplicação de 4.097$500 na obra, que a paróquia possuía; a obra dos retábulos da capela-mor orça em 280$000, o do Santíssimo Sacramento em 80$000 e o da Senhora do Rosário em 75$000, os quais são executados pelo entalhador Francisco Furtado de Mendonça; 1856, 28 setembro - inauguração e bênção da Igreja pelo Prior de Vila Franca do Campo, Mateus de Amaral e Vasconcelos, apesar da continuação das obras das várias dependências; séc. 19, final - os entalhadores Augusto de Araújo Lima e Gervásio de Araújo Lima trabalham no retábulo da capela do Sagrado Coração de Jesus e no do altar de Nossa Senhora do Carmo; séc. 20 - construção da torre sineira; 1910 - compra da imagem de São José; 1914, 10 junho - instalação da luz elétrica, por 200$000, os quais são doados pelo padre António Pacheco Vieira; 1915 - o padre António Pacheco Viera, antigo vigário da igreja e na altura pastor em New Bedford, envia 14 quadros da Via-sacra e 5 dólares; Maria de Lourdes Melo, emigrante na América, manda 27$00 para a ajuda da pintura e douramento da capela do Sagrado Coração de Jesus; 1916, 25 abril - elevação da paróquia de Nossa Senhora Mãe de Deus a sede de Ouvidoria; 1929 - D. Maria Clementina da Silva Medeiros oferece dez contos para pagar paramentos e alfaias que encomendados no Porto e em Braga; 1932, 05 agosto - sismo provoca a queda do gradeamento da torre e abertura de fendas nos ângulos da igreja, nos estuques e alguns arcos; 1946, fevereiro - concessão do subsídio de 107.520$00 pelo Estado para obras; 1947 - o Estado concede 64.900$00 para as obras, subsidiando a Junta Geral do Distrito com 50.000$00; no total as obras de recuperação orçam em 600 contos e têm a duração de 6 anos e quatro meses; 1952 - conclusão das obras; 1958 - execução dos azulejos para a capela-mor e das capelas laterais, em Lisboa, desenhados por Domingos.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra rebocada e caiada; soco, pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos, cruz e elementos decorativos no exterior em cantaria de basalto aparente; portas de madeira; vidros simples; pilares e arcos no interior em cantaria pintada; silhar de azulejos azuis e brancos; retábulos pintados e dourados; cobertura de telha.

Bibliografia

CANTO, E. - «Notícia sobre as Igrejas, Ermidas e Altares da Ilha de S. Miguel». In Insulana. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, vol. LVI, 2000; COSTA, Carreiro da - História das Igrejas e Ermidas dos Açores. Ponta Delgada: Jornal Açores, 1955; DIAS, Urbano de Mendonça - História das Igrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses - II. Vila Franca de Campo: Tipografia "A Crença", 1949; MATOS, António Marinho - Povoação - Evangelização, devoção e património cultural. Povoação: 2006; MEDEIROS, Octávio de - Livro do Tombo da Paróquia de Nossa Senhora Mãe de Deus, 1913 - 1939. Povoação: 2013; MENDES, Hélder Fonseca (dir.) - Igrejas paroquiais dos Açores. Angra do Heroísmo: Boletim Eclesiástico dos Açores, 2011, p. 95; SIMÕES, J. M. dos Santos - Azulejaria Portuguesa nos Açores e na Madeira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1963.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1913 - guarnecimento da parte posterior da igreja e conserto na peanha da capela-mor; 1933 - obras de reparação dos estragos provocados pelo sismo de 1932, sendo estucado o teto da nave central, o teto do sub-coro e guarnecidas com gesso as paredes laterais, a fingir marmoreados, das três capelas do fundo e a de Nossa Senhora do Carmo; modificação do pavimento e dos degraus da capela-mor e repregam-se os altares laterais; 1946, 01 maio - obras de reparação e reconstrução na igreja, ficando com novos retábulos e imagens, forro e pintura do teto e colocação de dois painéis de azulejos de Domingos Rebelo; a capela de Nossa Senhora da Bonança, cuja imagem veio da arruinada ermida da Lomba do Alcaide, é transformada no altar do Senhor dos Passos; 1947 - restauro do altar de Nossa Senhora do Carmo por Carlos Augusto Lima, filho e sobrinho dos entalhadores do retábulo; 1976 - reparação da igreja; 1998 / 1999 / 2000 - grandes obras de restauro na igreja, com feitura de marmoreados fingidos nas colunas, substituição de todas as portas interiores e exteriores, e do chão da capela-mor, com novo sobrado, recuperação total da cobertura da igreja e pintura do teto a imitar marmoreados; recuperação dos altares e capelas laterais e portão do Santíssimo, com nova pintura e douramento, repinte das imagens da Mãe de Deus, Coração de Jesus e São José; reposição da Cruz paroquial, colocação de gradeamento artístico em ferro na janela do arquivo, aquisição dos candelabros que ladeiam o altar-mor.

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

João Faria (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) 2014 / Paula Noé 2015

Actualização

 
 
 
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