Ponte D. Maria Pia / Ponte Ferroviária D. Maria Pia

IPA.00003903
Portugal, Porto, Porto, Bonfim
 
Arquitectura civil pública, do ferro. Ponte ferroviária metálica de arco de rótula, de um só tabuleiro apoiado em cinco pilares de estrutura reticulada e formato tronco-piramidal, caracterizando-se pelo delicado purismo e com grande inserção e entendimento dos valores paisagísticos. Possui semelhança com o viaduto de Garabit, embora neste o tabuleiro encime o arco em toda a sua extensão, e com a Ponte de St. Louis sobre o Missssipi. Foi a primeira ponte onde se substituíram os apoios intermédios por um arco de tamanha abertura.
Número IPA Antigo: PT011312020052
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Transportes  Ponte / Viaduto  Ponte ferroviária  Tipo arco

Descrição

Constituída por um arco parabólico de grande abertura onde apoia um tabuleiro de 354.375m. Apoia-se em três pilares do lado de Gaia e dois pilares do lado do Porto. Outros dois pilares mais curtos apoiam no próprio arco. Os 5 pilares de apoio de estrutura reticulada e formato tronco-piramidal assentam em alvenaria de granito, tendo o primeiro 14.980m de altura, o segundo e o quinto de 35.980m e o terceiro e o quarto que estão na nascença do arco com 42.980m. Apresenta assim seis vãos, três dos quais de 37.390m do lado de Gaia e dois de 37.400m do lado do Porto, sendo o vão de 167.000m, considerado o de eixo a eixo dos pilares principais.

Acessos

Bonfim, Km 334.561 da Linha do Norte; do lado do Porto entra num túnel com bifurcação para a Estação de Campanhã no sentido E. ou para a Estação de São Bento no sentido O.; do lado de Vila Nova de Gaia e após a passagem do túnel de Quebrantões entra na Ponte

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 28/82, DR, 1ª série, n.º 47, de 26 fevereiro 1982

Enquadramento

Urbano. Lançada sobre o Rio Douro, com as margens em escarpa, ligando o monte do Seminário, no concelho do Porto, à Serra do Pilar, no concelho de Vila Nova de Gaia, sendo estas pouco ocupadas por construções.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Transportes: ponte

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: Estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CONSTRUTOR: Eiffel & Cª. de Paris; ENGENHEIROS: Gustave Eiffel e Seyrig, Manuel Afonso Espergueira e Pedro Inácio Lopes.

Cronologia

1875 - Adjudicação da construção da ponte *1;1876, 5 Janeiro - início da construção; 1877, 28 Outubro - conclusão da montagem do tabuleiro; 1878, 30 Outubro - conclusão da obra; 1878, 31 Outubro - realização de testes regulamentares; 1 Novembro / 2 Novembro - realização de testes regulamentares; 1878, 4 Novembro - inauguração pelo rei D. Luís I e pela rainha D. Maria Pia, que lhe deu o nome; 1897 / 1898 - a integridade da ponte preocupava os técnicos ferroviários, devido à sua largura - 3,10m -, a interrupção das vigas principais no fecho do arco, a sua leveza - 6 ton/m - e à sua grande sensibilidade elástica; 1890 - é criada em Ovar, a Oficina de Obras Metálicas para apoio dos trabalhos de reparação e reforço; 1900 /1906 - a ponte apresentava restrições de carga, 14 ton/eixo, e de velocidade, 10 Km; 1907 - consulta ao engenheiro francês Manet Rabut, especialista em estruturas metálicas, que concluí que o arco estava em estado satisfatório e que os trabalhos de reforços e as restrições impostas, tornavam segura a circulação; 1916 - criação de uma comissão para o estudo de uma segunda via entre Vila Nova de Gaia e o Porto; 1928 - a ponte criava um verdadeiro entrave à circulação; 1950, 1 Novembro - a CP promove obras na ponte para permitirem a passagem de locomotivas da série 070; 1990 - a ponte foi classificada pela American Society of Engineering (ASCE) como Internacional Historic Civil Engineering Landmark; 1991 - fim da circulação ferroviária na ponte, pelo facto de possuir apenas via única e restrições de velocidade de tráfego, não se podendo ultrapassar por condições de segurança a velocidade de 20 km/h, ou de carga por eixo.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Ferro pintado em todos os elementos de suporte e guardas, alvenaria de granito nos suportes dos pilares.

Bibliografia

BORGES, Luís, A Ponte D. Maria Pia; CP Ponte Maria Pia, 1877 - 1977, Lisboa, CP - Caminhos de Ferro Portugueses, 1977; ALMEIDA, Pedro Vieira de, FERNANDES, José Manuel, Episódio Arte Nova e a Arquitectura do ferro in História da Arte em Portugal, vol. 14, Lisboa, 1986, pp. 90 - 103; PRADE, Marcel, Pontes et viaducs au XIXe S., techniques nouvelles et grandes realisations, collection Art & Patrimoine Sélection, Paris, 1988; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, vol. 2, Lisboa, 1993; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal. Cidade do Porto, Lisboa, 1995; REIS, Baía, Ponte Maria Pia com futuro iluminado, Correio da Manhã, 5 Novembro 1997; GUERRA, Francisco Carvalho, O Porto e as suas Pontes in O Tripeiro, 7ª Série , Ano XXII, n.º 1, Porto, Janeiro 2003.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN/DM

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

CP: 1900 - Alterações ao tabuleiro da ponte, segundo o Engenheiro Maurício Koechlin por iniciativa do engenheiro Xavier Cordeiro; 1901 / 1906 - substituição das barras de triangulação das vigas contínuas por pessoal da oficina de Ovar; 1911 - por iniciativa do Professor Vicente Ferreira, modificaram-se as carlingas, por forma, a torná-las acessíveis à pintura e modificaram-se e reforçaram-se os pilares; 1948 - por iniciativa do mesmo Professor, o Engenheiro João de Lemos executou os seguintes estudos: estudo do tabuleiro (longarinas e carlingas), análise das vigas contínuas de rótula e o estudo de beneficiação dos aparelhos de apoio sobre o arco, tendo todos os trabalhos propostos sido realizados; 1963 - Análise das condições de estabilidade da ponte pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC): injecção de cimento e refechamento de juntas nas alvenarias e encontros dos pilares e outras reparações com cuidada vistoria de todos os elementos metálicos; remoção da pintura não aderente e substituídos ou beneficiados todos os elementos com corrosão; pintura geral com mínio (aparelho) e duas demãos de tinta metálica de cobertura; reduzido o peso por metro de guardas e passeios, eliminação de estrados de visita do arco e da linha aérea (telefones) e do circuito registador da velocidade das composições sobre a ponte; 1966 - estudo analítico do tabuleiro e vigas principais considerando novas locomotivas eléctricas (Bò-Bó) que levaria a conclusão da electrificação da linha do Norte; 1969 - Verificação "in loco" da determinação experimental de tensões como complemento do trabalho analítico anteriormente efectuado; 2009 - obras de conservação.

Observações

Alexandre Gustave Eiffel (1832 - 1923) nasceu em Dijon e frequentou a Ecole Central des Arts et Manufactures de Paris de 1852 a 1855, onde se formou em engenharia química. O peso da Ponte D. Maria, incluindo arco, tabuleiro e pilares é de 1500 toneladas, tendo sido executada por 150 operários. Está previsto, já para 1998, a reabilitação e iluminação da ponte. Será atravessada por um comboio puxado por uma máquina antiga para realizar um percurso turístico entre o Museu dos Transportes e a zona das Caves do Vinho do Porto, num percurso de 1,8km, utilizando o túnel sob o Centro Histórico do Porto desactivado há muitos anos. *1 - Quando da aprovação do projecto para a construção da ponte, João Crisóstomo de Abreu e Sousa, membro da Junta Consultiva das Obras Públicas, considerou que o tabuleiro deveria possuir duas vias.

Autor e Data

Isabel Sereno 1994

Actualização

 
 
 
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