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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta retangular
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Descrição
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Planta rectangular, massa simples, cobertura feita por telhado a 4 águas. No alçado principal, a O., distingue-se um só corpo, organizado em altura em 4 pavimentos, integralmente revestidos de placagem de cantaria de mármore rosa. Ao nível do piso térreo destaca-se, entre 4 janelas de peito com grades de ferro fundido, o portal principal, de verga encurvada ladeado por 2 hermes em forma de pilastras, assentes em estípites, alegorias do Trabalho e da Força Moral. Superiormente um frontão curvo interrompe-se para dar lugar às armas dos duques de Palmela. Após a sobreloja, animada pela abertura de 4 janelas de peito com grades de ferro fundido, distingue-se o andar nobre, no qual se rasgam 9 janelas de sacada, abrindo as 3 centrais para uma mesma varanda. Precedendo a cornija, último piso apresenta 9 janelas de peito. Os alçados N. e S., ritmados pelo rasgamento de 6 janelas de peito em cada andar, viram-se para o jardim. Distingue-se ainda um torreão quadrangular, situado na extremidade N. do muro de suporte do jardim, rasgado por vãos envidraçados em arco de volta inteira. No interior merecem menção o vestíbulo, rectangular, no qual se reconhecem dois grupos escultóricos em mármore branco: A Maternidade e A Dor, da autoria do escultor francês Guillaume. Apresenta-se este espaço introdutório compartimentado por um pano de muro no qual se rasgam 3 arcos de volta inteira separados por pilastras caneladas. A escadaria principal desenvolve-se em sucessivos lanços rectos com pavimento de mármore e guardas de ferro fundido. Algumas das salas do palácio merecem menção, essencialmente pela componente decorativa. No jardim reconhecem-se algumas construções: o antigo atelier de escultura da 3ª duquesa de palmela, um pombal e uma cabana. |
Acessos
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Rua da Escola Politécnica, n.º 140 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Portaria n.º 1037/2006, DR, 2.ª série, n.º 118 de 21 junho 2006 *1 / Incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) e na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado. O alçado principal do edifício, a O., desenvolve-se no plano da rua, localizando-se o jardim, murado, a N. do palácio, num plano elevado. Na esquina da Rua do Salitre e, voltado ao Largo do Rato, o Chafariz do Rato (v. PT031106460022) encostado ao muro do jardim. |
Descrição Complementar
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Entre as várias salas devem referenciar-se: a que funciona como gabinete do procurador-geral cujo tecto apresenta pintura ornamental em torno de um medalhão oval de temática clássica; o antigo salão de baile (actual sala do Ministério Público), com sanca e tecto decorados com pintura ao gosto neopompeiano; a denominada sala chinesa, cujos muros ostentam painéis de chinoiseries e o tecto simula a cobertura de um pagode; a antiga sala de jantar (actual sala das sessões), com paredes e tecto apresentando decoração de estuques polícromos e dourados, pinturas nas sobreportas e ainda uma composições pictóricas de temática clássica no centro e nos ângulos do tecto; a denominada sala Pillement, por apresentar pinturas estilisticamente afins com as daquele pintor francês. Pedra de armas cuja leitura heráldica é a seguinte: escudo esquartelado, o 1º e o 4º de prata, com 5 escudetes de azul, postos em cruz, cada escudete carregado de 5 besantes do 1º esmalte, postos em sautor; bordadura de vermelho carregada de 8 castelos de ouro, tendo um filete de negro, posto em barra, atravessante sobre tudo, salvo o escudete do centro; o 2º e o 3º de vermelho, com uma caderna de crescentes de prata. Coroa de duque. Timbre: um castelo de ouro. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Judicial: procuradoria |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: José António Gaspar (1842 - 1909); Luigi Chiari (atr.); Manuel Caetano de Sousa. |
Cronologia
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1792 - edificação neste local da casa do arquitecto Manuel Caetano de Sousa, a quem a coroa doou o terreno, as sobras da pedra da basílica da Estrela e da água do chafariz do Rato; 1794 - o edifício estava concluído; 1802 - falecimento de Manuel Caetano de Sousa, passando a propriedade para seu filho, o também arquitecto Francisco António de Sousa, que ocupa apenas o andar superior; 1810 - Francisco António de Sousa arrenda a sobreloja do palácio a D. Maria da Piedade Lacerda, que aí reside até 1817; 1820 - o edifício passa para o Estado, por Francisco António de Sousa ter sido condenado ao degredo por implicação numa revolta contra Beresford; 1821 - instalação no edifício da Intendência Geral da Polícia; 1822 - a propriedade é levada à praça e arrematada por Henrique Teixeira de Sampaio, barão de Teixeira e futuro 1º conde da Póvoa (1774 - 1833); 1823 / 1824 - obras de transformação do edifício, provavelmente sob a orientação do italiano Luigi Chiari, que lhe conferem sensivelmente o aspecto que apresenta na actualidade, datam desta campanha a escadaria nobre e a capela, a propósito do casamento do conde com Luísa Maria Rita Baltazar de Noronha (filha dos condes de Peniche), passando o casal a residir no palácio e aí tendo lugar o nascimento dos seus 2 filhos; 1833 - falecimento do 1º conde da Póvoa, passando a propriedade para o seu filho, ainda menor, João Maria de Noronha e Sampaio, 2º conde da Póvoa (1826 - 1837); 1837 - falecimento do 2º conde da Póvoa, caindo sobre sua unica irmã, D. Maria Luísa, cujo casamento estava já tratado, por imposição real, com o filho do duque de Palmela, D. Domingos de Sousa Holstein, 1º marquês do Faial, 2º conde do Calhariz e depois 2º duque de Palmela; 1843 - obras de ampliação, responsáveis designadamente pela construção do andar superior e pela reformulação do átrio; 1842 - D. Maria Luísa, marido e a filha e herdeira de ambos passam a residir no palácio; 1863 - realiza-se no palácio, na presença do rei D. Luís e da rainha D.Maria Pia, o casamento de D. Maria Luísa, 3ª duquesa de Palmela, com António de Sampaio e Pina de Brederode (1834 - 1910), ajudante de campo do monarca; 1865 / 1866 - transformação da escadaria; 1867 - construção de um pavilhão no jardim, normalmente designado Pavilhão Escultórico, onde a duquesa se dedica à escultura sob a orientação de A. Calmels (1822 - 1906); 1886 - campanha de obras sob a orientação do Arq. José António Gaspar, procedendo-se ao revestimento com placagem de mármore das áreas rebocadas do exterior e à reformulação da porta principal, colocando-se sobre ela as armas familiares; 1902 - colocação das 2 estátuas de Calmels (alegorias da Força Moral e do Trabalho) ladeando a porta principal; 1903 - construção do portão de acesso à rampa do jardim; 1909 - falecimento da 3ª duquesa de Palmela, passando a propriedade para sua filha e herdeira, D. Helena Maria, 4ª duquesa de Palmela; 1914 - a 4ª duquesa de Palmela, marido e seus 5 filhos fixam residência no palácio e empreendem obras de ampliação para O. do 4º piso; 1927 - uma revolta republicana faz com que uma granada atinja o edifício, danificando a fachada e algumas salas; c. 1940 / 1969 - o palácio é habitado pelo 5º duque de Palmela, D. Domingos Maria de Sousa Hostein-Beck (1897 - 1969), esposa e 11 filhos; 1977 - a propriedade é adquirida pelo Ministério da Justiça que determina aí instalar a Procuradoria-Geral da República; 1994, 18 fevereiro - Despacho de abertura do processo de classificação; 2004, 21 junho - Despacho de homologação da classificação pelo Ministro da Cultura. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, ferro forjado |
Bibliografia
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ANACLETO, Regina, (dir. de), Neoclassicismo e Romantismo, in AAVV, História da Arte em Portugal, Vol. 10, Lisboa, 1986; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 9, Lisboa, 1952; FRANÇA, José Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Vol. 1, Lisboa, 1966; LEÃO, Luís Ferros Ponce de, Portas e Brasões de Lisboa, Lisboa, s.d.; MATOS, José Sarmento de, Palácios Lisboetas - de Pombal a D. Maria, in Semanário, Lisboa, 12.12.1987; PEREIRA, Gabriel, A Colecção de Pinturas do Senhor Duque de Palmela, Lisboa, 1903; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do Terramoto - Subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1967; Procuradoria-Geral da República. Palácio Palmela, Lisboa, 1987; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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CML: Arquivo de Obras, Pº Nº 13.971 |
Intervenção Realizada
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1977 / 1982 - obras de restauro e adaptação do interior a cargo do Arq. Octávio Ferreira Pó (Gabinete de Obras do Ministério da Justiça), com a colaboração das seguintes pessoas e entidades: Arq. Mário João Almeida Rocha, engº. Carlos Ferreira Pó, Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, Instituto José de Figueiredo; 1981 - estando o palácio em obras de restauro e adaptação, um incêndio destrói completamente a capela e danifica parcialmente alguns outros compartimentos. |
Observações
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*1 - DOF:...Palácio Palmela, incluindo o jardim-terraço na Rua da Escola Politécnica, nº 140, e na Rua do Salitre, nº 201. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 |
Actualização
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