Palácio Palmela / Procuradoria-Geral da República

IPA.00003909
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António
 
Arquitectura residencial, ecléctica. Palácio urbano.
Número IPA Antigo: PT031106460240
 
Registo visualizado 1548 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta retangular

Descrição

Planta rectangular, massa simples, cobertura feita por telhado a 4 águas. No alçado principal, a O., distingue-se um só corpo, organizado em altura em 4 pavimentos, integralmente revestidos de placagem de cantaria de mármore rosa. Ao nível do piso térreo destaca-se, entre 4 janelas de peito com grades de ferro fundido, o portal principal, de verga encurvada ladeado por 2 hermes em forma de pilastras, assentes em estípites, alegorias do Trabalho e da Força Moral. Superiormente um frontão curvo interrompe-se para dar lugar às armas dos duques de Palmela. Após a sobreloja, animada pela abertura de 4 janelas de peito com grades de ferro fundido, distingue-se o andar nobre, no qual se rasgam 9 janelas de sacada, abrindo as 3 centrais para uma mesma varanda. Precedendo a cornija, último piso apresenta 9 janelas de peito. Os alçados N. e S., ritmados pelo rasgamento de 6 janelas de peito em cada andar, viram-se para o jardim. Distingue-se ainda um torreão quadrangular, situado na extremidade N. do muro de suporte do jardim, rasgado por vãos envidraçados em arco de volta inteira. No interior merecem menção o vestíbulo, rectangular, no qual se reconhecem dois grupos escultóricos em mármore branco: A Maternidade e A Dor, da autoria do escultor francês Guillaume. Apresenta-se este espaço introdutório compartimentado por um pano de muro no qual se rasgam 3 arcos de volta inteira separados por pilastras caneladas. A escadaria principal desenvolve-se em sucessivos lanços rectos com pavimento de mármore e guardas de ferro fundido. Algumas das salas do palácio merecem menção, essencialmente pela componente decorativa. No jardim reconhecem-se algumas construções: o antigo atelier de escultura da 3ª duquesa de palmela, um pombal e uma cabana.

Acessos

Rua da Escola Politécnica, n.º 140

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Portaria n.º 1037/2006, DR, 2.ª série, n.º 118 de 21 junho 2006 *1 / Incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) e na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado. O alçado principal do edifício, a O., desenvolve-se no plano da rua, localizando-se o jardim, murado, a N. do palácio, num plano elevado. Na esquina da Rua do Salitre e, voltado ao Largo do Rato, o Chafariz do Rato (v. PT031106460022) encostado ao muro do jardim.

Descrição Complementar

Entre as várias salas devem referenciar-se: a que funciona como gabinete do procurador-geral cujo tecto apresenta pintura ornamental em torno de um medalhão oval de temática clássica; o antigo salão de baile (actual sala do Ministério Público), com sanca e tecto decorados com pintura ao gosto neopompeiano; a denominada sala chinesa, cujos muros ostentam painéis de chinoiseries e o tecto simula a cobertura de um pagode; a antiga sala de jantar (actual sala das sessões), com paredes e tecto apresentando decoração de estuques polícromos e dourados, pinturas nas sobreportas e ainda uma composições pictóricas de temática clássica no centro e nos ângulos do tecto; a denominada sala Pillement, por apresentar pinturas estilisticamente afins com as daquele pintor francês. Pedra de armas cuja leitura heráldica é a seguinte: escudo esquartelado, o 1º e o 4º de prata, com 5 escudetes de azul, postos em cruz, cada escudete carregado de 5 besantes do 1º esmalte, postos em sautor; bordadura de vermelho carregada de 8 castelos de ouro, tendo um filete de negro, posto em barra, atravessante sobre tudo, salvo o escudete do centro; o 2º e o 3º de vermelho, com uma caderna de crescentes de prata. Coroa de duque. Timbre: um castelo de ouro.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Judicial: procuradoria

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: José António Gaspar (1842 - 1909); Luigi Chiari (atr.); Manuel Caetano de Sousa.

Cronologia

1792 - edificação neste local da casa do arquitecto Manuel Caetano de Sousa, a quem a coroa doou o terreno, as sobras da pedra da basílica da Estrela e da água do chafariz do Rato; 1794 - o edifício estava concluído; 1802 - falecimento de Manuel Caetano de Sousa, passando a propriedade para seu filho, o também arquitecto Francisco António de Sousa, que ocupa apenas o andar superior; 1810 - Francisco António de Sousa arrenda a sobreloja do palácio a D. Maria da Piedade Lacerda, que aí reside até 1817; 1820 - o edifício passa para o Estado, por Francisco António de Sousa ter sido condenado ao degredo por implicação numa revolta contra Beresford; 1821 - instalação no edifício da Intendência Geral da Polícia; 1822 - a propriedade é levada à praça e arrematada por Henrique Teixeira de Sampaio, barão de Teixeira e futuro 1º conde da Póvoa (1774 - 1833); 1823 / 1824 - obras de transformação do edifício, provavelmente sob a orientação do italiano Luigi Chiari, que lhe conferem sensivelmente o aspecto que apresenta na actualidade, datam desta campanha a escadaria nobre e a capela, a propósito do casamento do conde com Luísa Maria Rita Baltazar de Noronha (filha dos condes de Peniche), passando o casal a residir no palácio e aí tendo lugar o nascimento dos seus 2 filhos; 1833 - falecimento do 1º conde da Póvoa, passando a propriedade para o seu filho, ainda menor, João Maria de Noronha e Sampaio, 2º conde da Póvoa (1826 - 1837); 1837 - falecimento do 2º conde da Póvoa, caindo sobre sua unica irmã, D. Maria Luísa, cujo casamento estava já tratado, por imposição real, com o filho do duque de Palmela, D. Domingos de Sousa Holstein, 1º marquês do Faial, 2º conde do Calhariz e depois 2º duque de Palmela; 1843 - obras de ampliação, responsáveis designadamente pela construção do andar superior e pela reformulação do átrio; 1842 - D. Maria Luísa, marido e a filha e herdeira de ambos passam a residir no palácio; 1863 - realiza-se no palácio, na presença do rei D. Luís e da rainha D.Maria Pia, o casamento de D. Maria Luísa, 3ª duquesa de Palmela, com António de Sampaio e Pina de Brederode (1834 - 1910), ajudante de campo do monarca; 1865 / 1866 - transformação da escadaria; 1867 - construção de um pavilhão no jardim, normalmente designado Pavilhão Escultórico, onde a duquesa se dedica à escultura sob a orientação de A. Calmels (1822 - 1906); 1886 - campanha de obras sob a orientação do Arq. José António Gaspar, procedendo-se ao revestimento com placagem de mármore das áreas rebocadas do exterior e à reformulação da porta principal, colocando-se sobre ela as armas familiares; 1902 - colocação das 2 estátuas de Calmels (alegorias da Força Moral e do Trabalho) ladeando a porta principal; 1903 - construção do portão de acesso à rampa do jardim; 1909 - falecimento da 3ª duquesa de Palmela, passando a propriedade para sua filha e herdeira, D. Helena Maria, 4ª duquesa de Palmela; 1914 - a 4ª duquesa de Palmela, marido e seus 5 filhos fixam residência no palácio e empreendem obras de ampliação para O. do 4º piso; 1927 - uma revolta republicana faz com que uma granada atinja o edifício, danificando a fachada e algumas salas; c. 1940 / 1969 - o palácio é habitado pelo 5º duque de Palmela, D. Domingos Maria de Sousa Hostein-Beck (1897 - 1969), esposa e 11 filhos; 1977 - a propriedade é adquirida pelo Ministério da Justiça que determina aí instalar a Procuradoria-Geral da República; 1994, 18 fevereiro - Despacho de abertura do processo de classificação; 2004, 21 junho - Despacho de homologação da classificação pelo Ministro da Cultura.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, ferro forjado

Bibliografia

ANACLETO, Regina, (dir. de), Neoclassicismo e Romantismo, in AAVV, História da Arte em Portugal, Vol. 10, Lisboa, 1986; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 9, Lisboa, 1952; FRANÇA, José Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Vol. 1, Lisboa, 1966; LEÃO, Luís Ferros Ponce de, Portas e Brasões de Lisboa, Lisboa, s.d.; MATOS, José Sarmento de, Palácios Lisboetas - de Pombal a D. Maria, in Semanário, Lisboa, 12.12.1987; PEREIRA, Gabriel, A Colecção de Pinturas do Senhor Duque de Palmela, Lisboa, 1903; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do Terramoto - Subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1967; Procuradoria-Geral da República. Palácio Palmela, Lisboa, 1987; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Pº Nº 13.971

Intervenção Realizada

1977 / 1982 - obras de restauro e adaptação do interior a cargo do Arq. Octávio Ferreira Pó (Gabinete de Obras do Ministério da Justiça), com a colaboração das seguintes pessoas e entidades: Arq. Mário João Almeida Rocha, engº. Carlos Ferreira Pó, Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, Instituto José de Figueiredo; 1981 - estando o palácio em obras de restauro e adaptação, um incêndio destrói completamente a capela e danifica parcialmente alguns outros compartimentos.

Observações

*1 - DOF:...Palácio Palmela, incluindo o jardim-terraço na Rua da Escola Politécnica, nº 140, e na Rua do Salitre, nº 201.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1995

Actualização

 
 
 
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