Castelo de Vila Viçosa / Castelo e cerca urbana de Vila Viçosa

IPA.00003927
Portugal, Évora, Vila Viçosa, Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu
 
Arquitectura militar, gótica, quinhentista e seiscentista Fortificação composta por três núcleos sobrepostos de épocas diferentes: a cerca da vila gótica, de planta rectangular sensivelmente irregular com o topo SE. curvo, interrompido por castelo artilheiro quinhentista, de nítida influência italiana, de planta quadrada irregular com torres cilíndricas em ângulos opostos e pátio central rectangular, envolvido por fosso e por uma fortificação de traçado tenelhado, reforçada parcialmente por uma cintura igualmente de traçado tenalhado. A cerca é rematada em parapeito ameado, de ameias de corpo estreito, quadrangulares, e abertas simples, rasgado regularmente por frestas rectangulares, interiormente circundada por adarve, acedido por escadas estruturadas na espessura da muralha. É rasgada por cinco portas em arco quebrado, com aduelas de cantaria, assente em impostas salientes, três delas flanqueadas por cubelos ultra-semicirculares e uma, entaipada, por cubelos quadrangulares, mais altos que a muralha, a qual é ainda reforçada nos ângulos por maior espessura e altura, criando zonas torreadas; a quinta porta rasga-se junto a uma torre albarrã, de planta quadrangular, interligada à muralha por passadiço elevado, com parapeito ameado, acedida por portal de arco quebrado e interiormente coberta por abóbada. O castelo artilheiro tem as fachadas parcialmente rebocadas, com sapata, terminadas em parapeito de remate convexo com merlões, rasgadas perpendicularmente por pequenos vãos quadrangulares de tiro mergulhante, e canhoneiras. As torres cilíndricas são rasgadas por canhoneiras, gradeadas, em duas ou três ordens de tiro e as fachadas por vários vãos, alguns moldurados. Na fachada principal abre-se portal em arco de volta perfeita, com aduelas dispostas em cunha e de aparelho rusticado, e postigo em arco de volta perfeita, de aduelas largas assentes nos pés direitos, ambos com porta de madeira chapeada e pregueada a ferro, inseridos em alfiz insculpido, encimados por sulcos verticais para recolher a vara de suporte das pontes levadiças, actualmente existente apenas no postigo, entrecortados por moldura convexa horizontal. Na fachada lateral esquerda abre-se um outro portal semelhante e na posterior um postigo mais simples. Interiormente, a muralha é rasgada em todo o seu perímetro por galeria abobadada a partir do vestíbulo, e as salas dos dois primeiros pisos são inter-comunicantes, através de vãos de diferentes modinaturas, com molduras de cantaria, apresentando pavimento cerâmico ou em xisto e cobertas por abóbadas, algumas cerâmicas, de diferentes perfis. À volta do pátio central; as fachadas têm três pisos, rasgados regularmente por vãos rectilíneos, com molduras de mármore, os do andar nobre de peitoril, encimadas por cornija, e alguns arcos; no centro existe cisterna de duas naves e poço. O castelo é envolvido por fortificação de planta em estrela irregular, composto de sete tenalhas, desiguais, e com pequena cortina de interligação na fachada NO., de que subsiste cerca de dois terços. O reparo apresenta a escarpa exterior em talude, com cunhais de aparelho demarcado, na maioria sem vestígios do parapeito, conservando duas tenalhas guarita circular, em alvenaria de tijolo rebocada e coberta por cupulim, com a escarpa interior completamente coberta de vegetação, tendo ainda no flanco N. porta, em tijolo, de arco abatido, e túnel em abóbada cerâmica de berço abatido de acesso à fachada principal do castelo artilheiro. Uma segunda cortina de traçado tenalhado existe de S. até à cerca da vila, composta por três tenalhas interligadas, muito arruinadas. A cerca da vila denota duas fases construtivas da época medieval, correspondentes possivelmente às intervenções no tempo do rei D. Dinis e D. Fernando; da primeira fase serão os cubelos quadrangulares a NO. e a NE. da muralha, um deles a N. desta última e apeado nas obras de meados do séc. 20, devido ao seu mau estado, bem como a torre albarrã, ainda que a mesma tenha sido reconstruída após 1665. Os cubelos ultra-semicirculares que flanqueiam três portas já serão posteriores, denotando a evolução da pirobalística, uma vez que o seu perfil eliminava o número de cunhais ou das frentes de tiro. O cubelo direito da Porta de Évora foi reconstruído nas obras de restauro, tal como a porta da Torre junto à torre albarrã, a qual desde o século 17, foi erroneamente designada por torre de menagem. A denominação das portas da cerca ao longo dos tempos sofreu algumas alterações, o que levou também a algumas confusões. O castelo artilheiro, construído no local do antigo castelo medieval, de que nada resta, deverá datar de finais do séc. 14, inícios do 15, e apresenta elementos da arquitectura militar de transição, possivelmente resultantes de uma reforma posterior, como as canhoneiras rectangulares rasgadas simultaneamente no corpo das torres, em duas ou três ordens de tiro, e no parapeito, o qual tem ainda os merlões rasgados por vãos de tiro mergulhante. A sua planimetria é bastante invulgar em Portugal, sendo notória a influência da arquitectura militar italiana, mais parecendo um paço acastelado. Se Túlio Espanca o assemelha ao castelo de Rocca Costanza de Pesaro, construído em 1474, pelo arquitecto Luciano Laurana, ainda que este tenha uma torre cilíndrica em cada um dos ângulos, John Bury atribuiu-o ao arquitecto italiano Benedetto da Ravenna, seguindo um desenho de Leonardo da Vinci. A planta quadrada com duas torres circulares em ângulos opostos surge no "castelo de Mascarenhas" em Aguz (Suira-Kedina), construído em 1519, talvez com traçado de um dos Arrudas, ainda que possua características diferentes, nomeadamente no parapeito ameado. No castelo destaca-se ainda a galeria abobada rasgada na grande espessura da muralha servindo de circuito de sentinelas, actualmente interrompido em alguns troços, bem como vários vãos, de modinatura manuelina ou já seiscentista. As salas do piso térreo, correspondentes aos antigos armazéns, alguns conservando chaminés de antigas lareiras, possuem pilares possantes quadrangulares com chanfro, definindo duas naves, enquanto no andar nobre apenas as salas da ala SE. têm duas naves, mas essas marcadas por elegantes colunas de mármore, correspondendo à principal zona residencial dos Duques de Bragança, sendo ainda uma das salas designada de Sala dos Duques. O terceiro piso das alas à volta do pátio foi acrescentado no século 19 e no actual pátio secundário ficavam as antigas cavalariças. O facto de Vila Viçosa ter sido englobada nos planos de defesa do Alentejo como praça de armas no séc. 17, levou ao reforço da defesa com a construção de uma fortificação de traçado tenalhado, igualmente bastante invulgar em Portugal continental, formando uma estrela, reforçada a E. e O. por uma outra cintura tenalhada, a de O. interligada à torre albarrã. As obras de restauro de meados do séc. 20, ao visarem a reintegração do castelo do tipo medieval, levou ao descongestionamento da cerca velha e à demolição de grande parte do sistema tenalhado, como a cintura a O. para a construção da avenida e arranjo urbanístico projectado pelo Eng. Duarte Pacheco, e de grande parte da estrela.
Número IPA Antigo: PT040714030002
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Fortificação composta por três núcleos articulados, cronologicamente díspares: a cerca da antiga vila medieval, o castelo artilheiro implantado a SE. e interrompendo a cerca, envolvido por fosso escavado na rocha, e uma cintura de cortina de traçado tenelhado, reforçada por uma outra, igualmente de traçado tenalhado, estendida sensivelmente de S. até à cerca a E.. A CERCA possui planta rectangular sensivelmente irregular com o topo SE. curvo, rematada em parapeito ameado, de ameias de corpo estreito, quadrangulares, e abertas simples, sendo o parapeito rasgado a ritmo regular por frestas rectangulares a abrir para o interior da cerca. Interiormente, a muralha é circundada por adarve, protegido na maior parte da face interna por parapeito bastante baixo, acedido por escadas estruturadas na espessura da muralha. A cerca é reforçada interiormente por maior espessura da muralha nos cunhais virados a NO., criando zona torreada sobrelevada, o cunhal NO. - SO. curvo e o do lado oposto em ângulo recto, com escadas de acesso ao parapeito, rasgada sob as ameias laterais e na do ângulo, curvo, por seteiras rectangulares. Nesta fachada virada a NO., sensivelmente ao meio, dispõem-se dois cubelos ultra-semicirculares flanqueando a porta principal, a Porta de Estremoz, ladeados por dois outros cubelos quadrangulares, todos eles mais elevados, mas os primeiros com parapeito ameado, igual ao da muralha, e os segundos com parapeito liso, acedidos por escadas a partir do adarve. A porta apresenta arco quebrado, com aduelas de cantaria, assente em imposta saliente inferiormente biselada, e com pés direitos também de cantaria, tal como a zona do intradorso, onde forma abóbada abatida. O parapeito sobre a porta é rasgado por três frestas e as ameias laterais são escalonadas até alcançarem a altura do parapeito dos cubelos. Sensivelmente a meio da muralha virada a SO., implanta-se uma torre albarrã, de planta quadrangular, interligada à muralha por passadiço elevado sobre arco de volta perfeita, ambos rematados por parapeito igual ao da muralha; a torre, com cunhais de cantaria, é rasgada a meio do último piso, virado a O. e a S., por fresta terminada em arco trilobado, encimado por gárgula, e na virada a N., por fresta rectangular. O acesso ao interior é feito através do adarve por porta em arco quebrado, de aduelas assentes em impostas, ladeado, à esquerda, por fresta rectangular, gradeada. Interiormente, é coberta por abóbada de berço quebrado e tem escadas de pedra de acesso ao piso superior e terraço. Na muralha, sob o arco de ligação, que tem ao meio bueiro rectangular, actualmente tapado, rasga-se a Porta da Torre, em arco de volta perfeita de aduelas largas, assentes nos pés-direitos, tendo na face interna aduelas de xisto. Igualmente virada a SO., mas na zona de inflexão da cerca, dispõem-se dois cubelos ultra-semicirculares flanqueando as Portas de Évora, em tudo semelhante às de Estremoz; o troço da muralha que inflecte e é interrompido pelo fosso que envolve o castelo artilheiro, termina em escadas organizadas na própria espessura da muralha e interliga-se ao caminho coberto do fosso. Na face virada a NE., a muralha apresenta sensivelmente a meio dois cubelos quadrangulares, com parapeito simples sobrelevado, acedido pelo adarve, flanqueando a antiga Porta de Elvas ou o Postigo, com marcas de canteiro com as letras B. S. e O., actualmente entaipada. A E., rasga-se na cerca a Porta de Olivença, do Sol ou da Traição, semelhante à de Estremoz, conservando as siglas P.S. Z., e também flanqueada por dois cubelos ultra-semicirculares, acedidos pelo adarve a partir de escadas divergentes que se adossam na face interna da muralha, junto aos mesmos. A pouca distância, a muralha inflecte em ângulo, terminando abruptamente junto ao caminho coberto à volta do fosso do castelo artilheiro, sobre o qual é rasgada por vão em arco abatido. CASTELO ARTILHEIRO de planta quadrada irregular com torres cilíndricas nos ângulos E. e O., desenvolvido à volta de pátio central rectangular e, actualmente, com um pátio secundário rectangular estreito, disposto paralelamente à fachada SO., correspondente às antigas cavalariças, com coberturas articuladas em telhados de quatro águas, e em terraço no adarve e torres, com pavimento cerâmico. Fachadas em alvenaria de pedra miúda mista, argamassada e parcialmente rebocada, com sapata superiormente capeada, terminadas em parapeito de remate convexo com merlões, rasgadas perpendicularmente por pequenos vãos quadrangulares de tiro mergulhante, e canhoneiras a abrir para o exterior, actualmente protegidas com grade de ferro em T, abrindo-se ainda em ritmo irregular no parapeito outros pequenos vãos quadrados para escoamento de águas pluviais. As torres cilíndricas são rasgadas por canhoneiras, gradeadas, na face interna virada ao fosso em três ordens de tiro, e no ângulo exterior, em duas ordens, uma no piso térreo e outra no terceiro, tendo verga abatida e capialço bastante pronunciado. Fachada principal virada a NE. rasgada, sensivelmente à direita, por portal principal, em arco de volta perfeita, com aduelas dispostas em cunha e de aparelho rusticado, com porta de madeira chapeada e pregueada a ferro, integrando "porta de homem", ladeada por postigo, em arco de volta perfeita, de aduelas largas assentes nos pés direitos, e porta igualmente chapeada e pregueada a ferro; ambos os portais, abrem-se em alfiz insculpido e são encimados por sulcos verticais para recolher a vara de suporte das pontes levadiças que os precediam, actualmente existente apenas no postigo, com guarda em corrente de ferro, apoiando-se num maciço avançado na contra escarpa, o qual tem guarda de alvenaria rebocada e capeada a cantaria; os sulcos verticais são ainda cortados por moldura convexa horizontal. Na mesma fachada, à esquerda, rasga-se superiormente, vão rectangular, gradeado. Fachada lateral esquerda rasgada à direita por portal em arco de volta perfeita assente nos pés-direitos, disposto em alfiz insculpido, com moldura côncava horizontal, cortando os sulcos verticais para recolher a vara de suporte da ponte levadiça, actualmente inexistente; é ladeado por vão em arco abatido, gradeado, sobre pequeno vão de defesa; no extremo esquerdo, abre-se um postigo, em arco de volta perfeita, acedido por ponte de alvenaria com guarda do mesmo material, encimado por vão de defesa. Fachada lateral direita rasgada no piso superior, à direita, por dois vãos com capialço sobrepostos e, à esquerda, por duas janelas, de verga abatida e moldura de cantaria, gradeadas. Fachada posterior rasgada apenas no piso superior por canhoneira, gradeada, e por orifício de tiro mergulhante. Actualmente, o acesso ao INTERIOR é feito pelo postigo da fachada principal, que, juntamente com a porta principal, conserva os chumbadouros das antigas duplas portas; segue-se pequeno corredor, a partir do qual se abrem lateralmente os vãos, em arco de volta perfeita, da galeria abobadada ou circuito das sentinelas, rasgada na espessura dos muros, de cerca de 5 m., e que percorre todo o perímetro do castelo artilheiro, actualmente interrompido em alguns troços, tendo pavimento cerâmico, em xisto ou em terra batida, e sendo protegidos por portas gradeadas em ferro; frontalmente, tem amplo arco de volta perfeita, correspondente a um terceiro portal, já sem porta, ladeado por fresta, o qual conduz a vestíbulo; a partir deste, tem-se acesso, em cotovelo, ao pátio principal, por arco, que também teve porta, e às salas do piso térreo do castelo, por porta de verga recta sobre os pés-direitos, ladeada por pequeno nicho, em arco de volta perfeita e interior com abóbada de quarto de esfera, desnudo; no extremo esquerdo fica a actual portaria do castelo, com porta de verga recta, e no oposto, existe ampla chaminé embutida na parede, em tijolo. As fachadas viradas ao pátio principal são rebocadas e caiadas, com três pisos, terminadas em cornija de massa e beiral, e rasgados a ritmo regular por vãos rectilíneos, sobrepostos, com molduras de mármore, abrindo-se no piso térreo janelas rectangulares jacentes, no segundo janelas de peitoril, com caixilharia de duas folhas e bandeira, encimadas por cornija, e no terceiro janelas de peitoril. A fachada NE. possui, sensivelmente ao centro, escalinata de acesso ao segundo piso, com balcão de guarda em alvenaria rebocada e caiada, rasgada no vão por portal de verga recta simples, a que se adossa maciço saliente alto, com as armas da Casa de Bragança afixadas; nos ângulos abrem-se arcos de volta perfeita, o a N. para a porta fortificada e o a S. para a última sala de exposições do piso térreo. Nas fachadas SE. e NO., semelhantes, mas mais estreitas, com ritmo de três janelas por piso, tem ainda na primeira arco de volta perfeita para o corredor da porta fortificada a SE.. Na fachada SO., adossa-se igualmente ao centro escalinata de acesso ao andar nobre, com guarda em alvenaria rebocada e vazada inferiormente por vãos em arco de volta perfeita e enviesado; à esquerda, no ângulo S., abrem-se dois amplos arcos, um biselado para zona alpendrada e o outro para o corredor de ligação ao pátio secundário. Ao centro do pátio fica o poço, com boca quadrangular, com lajes no topo, presas por gatos de ferro, e armação em ferro forjado, decorada com elemento estilizado sustentando uma roldana; na proximidade, fica ainda a boca da cisterna, rente ao chão, a qual é de duas naves definidas por coluna, suportando abóbada, alimentada por aquedutos subterrâneos *1. À volta do pátio secundário, com corpos formando U, as fachadas são rebocadas e pintadas de branco, terminadas em beiral, rasgadas em ritmo irregular por vãos rectilíneos, meios encobertos pela vegetação de grande porte, possuindo arcos de tijolo entre a fachada posterior da ala SO. e o muro de sustentação do adarve, encostado ao qual existe escadas de ligação ao mesmo e às torres; o terceiro piso, disposto ao longo do caminho de ronda, é rasgado por pequenas janelas de peitoril, com molduras de cantaria, algumas biseladas, ou, na fachada virada a SO., sem moldura, por pequenos vãos de iluminação, porta de verga recta ou em arco na ala paralela à fachada SO.. INTERIOR: as salas do piso térreo, com o circuito do Museu Arqueológico organizado a partir da fachada NO. e a terminar na NE., são inter-comunicantes por vãos de diferentes modinaturas, com molduras de cantaria, apresentam pavimento cerâmico ou em xisto, paredes rebocadas e caiadas, à excepção do corredor e torre E., e são cobertas por abobadilhas ou abóbadas de diferentes perfis. As salas do segundo piso são igualmente rebocadas e pintadas de branco, com pavimento cerâmico e cobertas a abóbadas e abobadilhas de diferentes perfis. No terceiro piso, actualmente desactivado, destaca-se a sala paralela à fachada SO., de três naves escalonadas, separadas por arcos de volta perfeita assentes em pilares, de alvenaria rebocada e caiada. O FOSSO, com 7 m. de profundidade e 6 m. de largura, foi escavado na rocha, tendo em alguns troços camisa em tijolo, e possuindo parapeito de alvenaria rebocada ou grade ao longo da fachada NE. e NO. À volta do fosso e do castelo artilheiro, adaptando-se à sua forma, foi construído FORTIFICAÇÃO DE TRAÇADO TENALHADO, formando forte de planta em estrela irregular, composto de sete tenalhas, desiguais, e com pequena cortina de interligação na fachada NO., de que subsiste cerca de dois terços, sensivelmente desde o meio da fachada SO. até ao ângulo N., ainda que muito arruinado e encoberto por vegetação de grande porte e arbustos. O reparo levantado à volta do castelo artilheiro, apresenta a escarpa exterior em talude, com alvenaria argamassada de aparelho incerto, com os ângulos demarcados a alvenaria igualmente de aparelho incerto, mas diferente, não apresentando na sua maioria vestígio do parapeito e tendo a escarpa interior completamente coberta de vegetação; duas tenalhas dispostas a. E., conservam no ângulo flanqueado guarita, de planta circular, em alvenaria de tijolo rebocada, terminada em friso e coberta por cupulim, uma delas tendo ainda ressalto inferior. A fortificação a NO. tinha flancos laterais ligando as tenalhas de ângulo à cortina central, com troço da tenalha e cortina ainda subsistentes, mas cuja altura vai morrendo em direcção às portas de Évora, sem o parapeito e muito encoberto pela vegetação; no flanco N. rasga-se porta, em tijolo, de arco abatido, flanqueado por pilastra, terminando em cornija e possuindo túnel em abóbada cerâmica de berço abatido de acesso à fachada principal do castelo artilheiro. Desde sensivelmente a S. até à zona da cerca da vila que inflecte e ligando-se a ela, existe uma segunda cortina, de traçado tenalhado, composta por três tenalhas interligadas, muito arruinadas e igualmente encobertas pela vegetação. Da cerca nova resta apenas um troço por detrás do Convento da Esperança.

Acessos

Praça Infante Lacerda, Avenida dos Duques de Bragança, Avenida dos Duques

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 249 de 25 outubro 1960 / ZEP Conjunta, Portaria n.º 527/2011, DR, 2.ª Série, n.º 88, de 06 maio 2011

Enquadramento

Urbano, isolado, coroando uma colina de c. de 400 m. de altitude, sobranceiro à vila moderna, que possui no enfiamento das Portas de Évora uma das principais avenidas.No interior da muralha, conserva-se parte da antiga vila, com ruas rectilíneas que se cruzavam ortogonalmente, erguendo-se sensivelmente no cruzamento dos dois eixos principais, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (v. PT040714030007), à volta da qual se desenvolve o cemitério da freguesia, separando-se da cerca virada a NE. por passeio com calçada à Portuguesa, e tendo frontalmente adro com cruzeiro. No ângulo da cerca da vila, entre as fachadas viradas a NO. e SO., fica o poço do concelho, tapado com placa de mármore. A esplanada subsistente encontra-se ajardinada e pontuada de árvores entre as Portas de Évora, viradas à vila moderna e à Av. Bento de Jesus Caraça, as de Estremoz e ao longo da cerca virada a NE., muita dela ocultando completamente panos de muralha cubelos. As obras de fortificação tenalhada encontram-se mais escondidas por vegetação menos cuidada.

Descrição Complementar

No piso térreo do castelo artilheiro, a sala nº 1 tem abóbada de berço abatido e portal de arco quebrado sobre umbreiras, ambos chanfrados, de acesso e de ligação à sala 2, esta com abóbada de nervuras com dois bocetes decorados; a sala 3 possui câmara de ligação ao circuito de sentinelas rasgado nos muros, apresentando superiormente vestígios de antigos vãos e de uma chaminé. A sala 7 tem cobertura em abóbada de arestas, de três tramos, e porta sobrelevada de ligação ao pátio principal. A sala 6, com vão de antiga porta dando para o pátio secundário, tem cobertura em abóbada de aresta, tal como a seguinte, mas essa com nervuras e de três tramos, rasgando-se no topo amplo vão para o pátio secundário; num dos lados possui portal de jambas biseladas e com moldura formando arco canopial, entaipado, e no ângulo oposto parte amplo corredor, coberto por abóbada cerâmica de berço abatida com arcos formeiros, interceptado a meio pelo circuito de sentinelas, de ligação à torre O., coberto por abóbada de nervuras, e com vão entaipado e canhoneira de fogo rasante. Regressado ao circuito museológico, sucede-se a sala 8, o antigo refeitório da guarnição, de duas naves e 4 tramos, separadas por pilares circulares e ábacos duplos, com paredes reforçadas por arcadas, no meio das quais se rasgam janelas com capialço pronunciado, e coberta com abóbada cerâmica de engra. Sucede-lhe espaço coberto por abóbada de aresta, a partir do qual possui corredor para o pátio secundário ao longo da fachada SO., e escadas para o adarve, ligando ainda à sala 12, por portal de arco em volta perfeita. Esta, de pavimento muito rebaixado, tem acesso por escada com guarda plena de alvenaria rebocada, com voluta no arranque, e possui pilar central quadrangular, suportando abódada de arestas. Sucede-lhe a sala 10, semelhante, igualmente com pilar central e a 11, irregular, com abóbada de arestas com nervuras e com ligação ao circuito de sentinelas. A sala 13 tem duas naves e 4 tramos, marcados com pilares quadrangulares, biselados e capitel moldurado, coberta com abóbada cerâmica de engra de arestas, rasgando-se na face virada a NO. janelas jacentes, com capialço pronunciado. Através de portal abatido, esta sala liga ao corredor da porta da fachada lateral virada a SE., também ela chapeada e pregueada a ferro, integrando "porta de homem", coberto por abóbada de aresta e três tramos, interceptado pelo circuito de sentinelas, e com ligação ao corredor da torre E.. Este tem abóbada de aresta com arcos formeiros e a torre abóbada de nervuras, sendo ainda rasgada por canhoneira com orifícios de tiro mergulhante no capialço lateral, e tendo chaminé semi-embebida na parede. Do corredor da torre acede-se ainda à última sala do circuito museológico, a sala 17, coberta por abóbada de aresta de dois tramos, com nervuras, tendo no topo portal de verga recta, com moldura denticulada. No segundo piso, a sala 1 é marcada lateralmente por arcadas, cegas na face virada a NE. e, na oposta, com penetrações na abóbada de berço abatido, onde se rasgam janelas conversadeiras. A sala seguinte tem janela rasgada para a fachada principal, precedida por profundo corredor correspondente à espessura do muro. Da sala 3, coberta com abóbada cerâmica de aresta com nervuras que arrancam junto do pavimento em dois níveis diferentes, parte corredor, coberto com abóbada cerâmica de berço com arcos formeiros, para a torre E., também ela coberta com abóbada cerâmica de aresta com nervuras. À sala 3 sucede a 5, a chamada sala dos Duques, com pavimento rebaixado, acedido por três degraus, de duas naves cobertas por abóbadas cerâmicas de engra com nervuras, de cinco tramos, sustentadas por colunas de capitel dórico, em mármore; na face lateral esquerda, rasgam-se três vãos, em arcos de volta perfeita, envolvidos por moldura, dando para pequenos espaços, gradeados. Sucedem-se duas salas semelhantes, mas mais pequenas, com coluna de capitel dórico marcando as duas naves, cobertas por abóbada cerâmica de engra com nervuras e de dois tramos, tendo a sala 7 uma chaminé e acesso a câmaras rasgadas no interior dos muros. A sala 8 apresenta arcadas laterais, cegas na lateral esquerda e, na oposta, com penetrações na abóbada de berço abatido, onde se rasgam janelas conversadeiras. Um portal de verga recta com moldura ornada de friso relevado, comunica com a sala 9, a qual liga à seguinte, a sala 10, por porta em arco quebrado, moldurado, e lateralmente por janela conversadeira, de arco abatido; no lado oposto, rasga-se janela apresentando longa conversadeira disposta na espessura do muro. A última sala, a 11, tem à entrada, do lado esquerdo, vão entaipado com conversadeiras e, do lado oposto uma lareira, seguida de janela conversadeira dando para o pátio principal; é coberta por tecto de estuque com travejamento de madeira à vista. Saindo desta sala, por portal de arco quebrado decorado com moldura em toro sobre capitel moldurado, depara-se com o patim intermédio das escadas que ligam directamente ao piso térreo e ao pátio principal, ou ao terceiro piso e caminho de ronda, possuindo guarda plena de alvenaria rebocada, e tecto com travejamento de madeira aparente. INSCRIÇÕES: Segundo Túlio Espanca, na verga da porta da primeira dependência da ala E. do castelo artilheiro existia a inscrição: ORTA. EST. VERITAS. DE. TERRA, e na porta do paiol de pólvora a O. tinha "SANCTUS DEUS + SANCTOS FORTIS + SANCTUS IMMORTALIS + MISERERE NOBIS +". 2. Inscrição de homenagem ao castelo gravada num silhar da ombreira da porta O. São visíveis vestígios de linhas auxiliares.Dimensões: 41x65(aproximadas devido à irregularidade do silhar).Tipo de letra: capital do século 20. Leitura: A HISTÓRIA DESTE CASTELO FOI RECORDADA COM GRATIDÃO PELOS PORTUGUESES DE 1940.

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Fundação

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: D. António Ortiz (séc. 17), Benedetto da Ravenna (séc. 16) (atrib.), Francisco de Arruda ou Diogo Arruda (1520) (atrib.), João Pascácio Cosmander (1643). ENGENHEIROS: Afonso Cabral Godinho (1756); José Maria da Silva Carvalho (1843); Miguel Luís Jacob (1755), Nicolau de Langres (séc. 17), Conde de Schomberg (séc. 17). EMPREITEIRO: António Domingues Esteves (1939 / 1940); Francisco Ferreira da Silva (1943); José de Sousa Camarinha (1943); Joaquim Morgadinho (1943); Anselmo Costa (1965). António Serra (1965). EMPRESA DE ELECTRICIDADE: José Augusto Pereira Dias, Ldª (1989). FUNDIDOR DE SINOS: António de Solano Rivas e Pedro de Azevedo Marques (1735), Francisco Pinheiro (1665,1668). MESTRE DE OBRAS: João Rodrigues da Costa (1642). PEDREIROS: António Mendes Gastão, Domingos do Rego, Luís de Matos (1642). SERRALHEIRO: Salvador Gomes (1665,1668).

Cronologia

1258, 22 Dezembro - D. Afonso III criou o concelho de Vila Viçosa; 1270, 5 Junho - doação do primeiro foral a Vila Viçosa por D. Afonso III, na sequência do qual é provável ter-se iniciado a construção do castelo; 1290, cerca - obras no castelo e cerca da vila, durante o reinado de D. Dinis; 1297 - D. Dinis doou Vila Viçosa a D. Brites, filha de D. Fernando IV de Castela, como dote de casamento com D. Afonso IV, o Bravo, e 3:000 libras; sendo alcaide Soeiro Pires, pensa-se estar concluída a cerca da vila, com três portas flanqueadas por cubelos: a do Sol ou da Traição, a de Estremoz e a de Évora; 1308, 5 Junho - foral concedido por D. Afonso III; 1370, 15 Março - D. Fernando I deu o castelo com a alcaidaria a Gonçalo Pires de Azambuja; 1372 - o rei doou Vila Viçosa a D. Leonor Teles de Meneses; 1375, 3 Janeiro - D. Fernando restituiu a vila à Coroa, compensando D. Leonor Teles com a de Vila Real de Trás-os-Montes; obras no castelo *2; 1381, 7 Junho - inicio da guerra com Castela, tornando-se Vila Viçosa quartel-general das operações *3; 20 Agosto - D. João I doa a vila a D. Nuno Álvares Pereira, fronteiro-mor da província; 1389 - início da guerra com Castela; 7 Julho - Gonçalo Vasques de Azevedo, fronteiro-mor de Entre o Tejo e Guadiana, reuniu aqui todos os capitães, alcaides e fronteiros menores da província, devido à iminência de invasão pelos castelhanos; 1411, 31 Outubro - estabelecimento de paz definitiva com Castela; 1422, 4 Abril - Nuno Álvares Pereira doou Vila Viçosa a seu neto o conde de Arraiolos, D. Fernando, posteriormente elevado a Marquês de Vila Viçosa; este, instalou na vila a sua residência oficial e elevou-a à categoria de sede do Ducado de Bragança; 1461, Dezembro - por morte de seu pai no castelo de Chaves, D. Fernando herda o título de 2º Duque de Bragança; 1476 - doação de Vila Viçosa a D. Fernando II, 3º duque de Bragança; 1478, 22 Março - lavrada no paço do castelo uma escritura de doação a favor de D. Fernando; 1483 - D. João II mandou degolar o Duque acusado de traição, levando o seu filho D. Jaime ao exílio por 13 anos; 1496, 21 Junho - D. Manuel doou Vila Viçosa a D. Jaime, 4º Duque de Bragança; 1500, cerca - o Duque D. Jaime inicia a construção do novo paço ducal e terreiro - o paço do reguengo; 1502 - depois do seu casamento com D. Leonor, passou a habitar o novo paço e o castelo a servir de arquivo e depósito de valores; posteriormente, é provável que D. Jaime tenha mandado reformar o castelo *3; 1515 / 1520 - provável construção de um forte no exterior da vila, no outeiro de São Bento; 1537, Maio - aquando da visita do rei D. João III ao casamento do Infante D. Duarte com D. Isabel de Bragança, filha de D. Jaime, o castelo já estava artilhado; séc. 16 - o duque D. Jaime manda construir uma nova cerca envolvendo a antiga e incorporando o paço novo e os principais mosteiros da vila *4; no castelo, procedeu-se ao reforço das canhoneiras; 1532 - estava atrasada a construção da cerca, que foi concluída posteriormente por D. Teodósio I; 1580, 21 Junho - rendição do castelo por meio de suborno ao general D. Sancho de Ávila; séc. 17, 1º terço - provável construção da capela de Nossa Senhora dos Remédios, sob a ponte da torre albarrã, e com o patrocínio do Duque D. Teodósio II, da casa do sacristão ou tesoureiro da mesma e do Arco dos Remédios entre a capela e a cadeia *5; 1618, cerca - construção do campanário do sino do concelho e o da capela de Nossa Senhora dos Remédios sobre a torre albarrã; 1640, depois - transferência da maioria dos objectos de luxo, da armaria e tapeçaria que se guardavam no castelo, para o Paço da Ribeira, em Lisboa, ali ficando um almoxarife que velava pela sala das armas e armazém dos duques; 1641, 19 Abril - criação de imposto de um real de água municipal para se levantarem trincheiras e parapeitos nos pontos fracos da vila e em torno do castelo velho e novo; 19 Agosto - a pedido do capitão-mor Jerónimo Correia, manda-se por fechos nas portas das trincheiras, reparar as ruínas dos muros da vila, derrubar o açougue e as outras casas junto à cerca antiga na distância de 30 pés, desfazer as paredes dos forrageais do chão da Ordem até aos Pelames, terraplanar as estradas e consertar o postigo da porta do sol; 25 Setembro - decide-se fazer estacadas nas bocas das ruas e tapar as portas dos quintais nos extremos da vila; 1642 - o general de artilharia Rui Correia Lucas com o eng. João Pascasio Cosmander e Jean Gillot vistoriaram as fortificações da raia para determinar as obras urgentes a fazer; a Câmara incumbe Domingos do Rego a mandar tapar as portas que davam para o campo, a Luís de Matos derrubar as casas junto ao muro do castelo e reformar o mesmo, a António Mendes Gastão de refazer as trincheiras e paredes caídas e a João Rodrigues da Costa a mandar fazer as estacadas de madeira para as bocas das ruas; 5 Março - acrescento do real de água voluntário, pondo também dois réis no arrátel de peixe vendido a miúdo para se adiantarem as fortificações; 25 Setembro - a Câmara deliberou eleger 2 superintendentes para impulsionarem as obras de fortificação e 1 escrivão para escriturar as suas despesas; 1643, 14 Fevereiro - passou a haver um só superintendente das obras das trincheiras; 24 Outubro - em visita a Vila Viçosa, D João IV determina o aceleramento das obras, encarregando a direcção das cortinas e meias luas a D. António Ortiz e ao Pe. Jesuíta João Pascacio de Cosmandel *6; 1644 - continuação das obras da fortificação; Fevereiro - fortificações da Carreira das Nogueiras (10$000); 10 Setembro - vota-se tirar 80$000 dos vinténs do depósito para pagar as guaritas e outras despesas urgentes nas fortificações, onde as tropas deviam passar o Inverno; 16 Setembro - o procurador do concelho João Rodrigues da Costa requereu ao capitão-mor que mandasse demolir todas as casas encostadas à cerca, desde a torre do relógio de "homenagem" ou do sino até ao sino da Câmara ou de correr, bem como as do açougue do peixe até ao pequeno terreiro; 30 Setembro - eleitos 2 meirinhos para alojarem os mais de 2000 homens que vinham para a praça de guerra; 1645, 12 Setembro - Lourenço Alves Torres passou a superintendente das obras de fortificação; 1647, 3 Agosto - o General das Armas Martim Afonso de Melo mandou gastar 50$000 do real de água voluntário nas fortificações da vila; 7 Agosto - Mateus Serradas é eleito superintendente das fortificações em substituição de Vicente de Matos; decide-se que o jornal dos pedreiros fosse $160; 1648, Fevereiro - Vicente de Matos foi novamente escolhido para superintendente das obras; estava fechado o postigo da porta do Sol; 1661, cerca - estudo da fortificação por Nicolau de Langres; 1662 - Vila Viçosa passou a fronteira militar com Espanha, levando o Marquês de Marialva, governador das Armas, a mandar adiantar as obras exteriores da vila, projectadas pelo general conde Schombert, que lhe ampliou o polígono exterior da estrela abaluartada; pouco depois, o conde de Mesquitela, D. Rodrigo de Castro, substituiu o Marquês de Marialva e dirigiu ofício ao Conselho de Guerra, censurando a má delineação das obras; 1663 / 1665 - trabalhos complementares para reforço da defesa das portas e torres da cerca, redentes em meia lua para os entrincheiramentos, melhoria das escarpas e contra escarpas, estradas cobertas e do forte de São Bento, por Schomberg; 1663 - continuação das obras exteriores; demolição do Forte de São Bento por se julgar nocivo à praça, caso o inimigo o tomasse; 1664 - continuação das obras de ampliação do castelo, por meio da segunda estrela e estradas cobertas; 1665, 9 Junho - início dos conflitos com o exército espanhol; 15 Junho - abertura de brecha no ângulo O. da cerca, junto ao poço do Concelho, demolição da torre do relógio e do arco dos Remédios, derrocada de uma das torres da porta de Évora; atingindo o sino do campanário da Câmara; Caracena entrou no interior da vila, barricando-se na Igreja Matriz, mas acabou sendo derrotado na batalha dos Montes Claros; 1666, 26 Abril - reunião da Câmara com os nobres da vila para resolver a perda do relógio da torre; para conseguir reconstruir o relógio, acordou-se pedir autorização ao rei para a Câmara vender um recanto da coutada do Pinhal e outro junto à tapada de Estêvão Mendes em Vale da Rabaça; 1668, 16 Maio - postura municipal, com pena de 6$000 a quem arrancasse as estacas da estacada ou tirasse pedra das fortificações; 13 Fevereiro - estabelecimento de paz entre Portugal e Castela; 1669 - data de desenhos do castelo artilheiro por Pierre Maria Baldi; Abril - dissenções entre a Câmara e o Governador da praça, António Tavares de Pina, por causa do levantamento das estacas estragadas pelo temporal e que serviam de empecilho ao povo *7; 6 Novembro - licença a Manuel do Freixo para tirar da "barbacã" do terreiro de D. João um pouco de pedra solta para tapar o seu quintal que ficava junto à mesma, com a condição de a repor sendo precisa; 1670 / 1671 - restabelecimento do real de água por carta régia para empregar o seu rendimento na reparação da fortificação; 1673, 27 Janeiro - termo de entrega do relógio a Gabriel Simões, aferidor do concelho, o qual também foi encarregue do badalo do sino antigo do mesmo relógio; 1703, 18 Maio - Câmara decide mudar o relógio do concelho para uma das torres do Colégio, nele se devendo por uma inscrição que declarasse ser da Câmara; séc. 18 - substituição da ponte levadiça da porta principal por uma de alvenaria, sobre abóbada; 1712, 27 Janeiro - Manuel Correia responsabilizava-se a dar 60$000 para a obra de reconstrução da torre do relógio e o que fosse necessário para o pleno conserto do relógio; 1715, 18 Agosto - estabelecimento de paz com Castela; 1735 - quebra do sino do Campanário da Câmara durante as solenidades de Nossa Senhora da Conceição; provável transferência do sino das Portas de Évora para o campanário da Torre da Porta de Nossa Senhora dos Remédios; 1710 / 1711 - durante a Guerra da Sucessão, a guarnição do castelo, sob o comando de Jerónimo Rogado de Carvalhal, travou algumas escaramuças com os espanhóis; 1755 - os engenheiros Miguel Luís Jacob e Luís Afonso Cabral Godinho foram encarregados de levantar plantas e inspeccionar várias fortalezas fronteiriças do Alentejo, incluindo a de Vila Viçosa; 1756 - construção do paiol na face O. do castelo junto à rampa que ligava ao adarve, pelo Eng. Afonso Cabral Godinho, segundo os métodos preconizados pelo eng. Francês Belidor; 1777 - a Casa de Bragança manda demolir o troço da cerca nova no rossio de São Paulo, para aproveitar os materiais na ampliação do Paço Ducal *8; 1801, Maio / Junho - brigada espanhola invadiu e saqueou o castelo; o Ministério da Guerrra considerou a cidadela como praça desmobilizável, determinando-se a recolha da sua artilharia em Campo Maior; 1803 - o Governo decide que fosse para Vila Viçosa o 2º Regimento de Infantaria de Olivença (depois nº 15); 1806, Janeiro / Abril - mudança temporária do quartel-general do governo militar da Província, com sede em Elvas, para prestar honras militares à corte de D. Maria I que durante este período se instalou na vila *9; demolição da porta de Santa Luzia da cerca nova e sua substituída por entrada com paredes laterais coroadas por pináculos piramidais de mármore; 1808 - saque do castelo durante a Guerra Peninsular; séc. 19 - abertura do postigo a NE. do castelo, para serventia da cozinha; 1815 - instalação do Regimento de Cavalaria de Moura (depois nº 2); 1816, 17 Fevereiro - informação sobre a ruína que a praça sofrera no dia 10 *10; 1829, 21 Fevereiro - chega ao castelo grupo de presos políticos; 1832 - por temer um ataque de José das Vacas contra os presos liberais detidos, o governador do castelo mandou demolir a ponte de alvenaria de acesso à porta principal e construir uma de madeira; 1833, 27 Julho - chacina dos presos políticos que, por questões de segurança, haviam sido transferidos para o castelo de Estremoz; 1834 - alojamento do destacamento de Cavalaria nº 4 e Lanceiros I; 1836 - instalação do Batalhão de Infantaria nº 3; 1848 / 1875, entre - aquartelou o Regimento de Cavalaria nº 3; séc. 19, meados - desmoronamento parcial do ângulo meridional e da fachada O.; 1852 - o castelo retomou à Casa de Bragança; 1855 - ofício do administrador-geral da Casa de Bragança responsabilizando os seus empregados na vila por uma tentativa de roubo do castelo; o mesmo passou a ser policiado e conservado por um guarda; licença do administrador-geral da Casa de Bragança para ali se instalar, como caserneiro, o alvaneu António Maria Frausto, cujos descendentes ali viveram muitos anos; 1856 - o Eng. Frederico Perry Vidal propõe plano para o salvar da ruína; 1868 - demolição da casa da guarda da porta de São Sebastião da cerca nova, aquando da inauguração da estrada municipal de São Romão; séc. 19, último terço - construção do resto do terceiro piso à volta do pátio do castelo, para aquartelamento das unidades militares que ocupavam a cidadela enquanto os reis D. Pedro V, D. Luís I e D. Carlos I permaneciam na vila; 1885 - substituição da ponte por outra de alvenaria; 1886 - a construção do cemitério junto à Matriz sacrificou a Porta de Elvas ou o Postigo; 1910 - tomada de posse o castelo pelo Conselho Administrativo da Fundação da Casa de Bragança; 1933 - as três dependências que outrora eram cedidas para casernas do destacamento de Infantaria estavam desocupadas; a Comissão de Iniciativa e Turismo de Vila Viçosa solicita à DGEMN autorização para demolir a pequena torre sineira de alvenaria e cúpula piramidal, na capela de Nossa Senhora dos Remédios, e preencher um buraco aberto na muralha do castelo; 1940 - apeamento da ponte de alvenaria de acesso à porta principal; 1942 - determinação do Ministro das Obras Públicas para a Câmara expropriar um terreno com oliveiras junto das muralhas, a fim de o desafrontar e servir de logradouro público *11; 1946 - Abel Viana, professor e inspector do Ensino Básico e colaborador do Museu Regional de Beja, escreveu ao Presidente do Conselho Administrativo da Fundação da Casa de Bragança, solicitando colaboração para a salvaguarda dos materiais recolhidos; 1950, década - criação do Museu no piso térreo pela Fundação da Casa de Bragança, por proposta de Abel Viana, fazendo parte do conjunto museológico designado Museu-Biblioteca da Casa de Bragança em Vila Viçosa; as primeiras peças que deram entrada no Museu foram entregues por António Dias de Deus, recolhidas nas primeiras explorações científicas efectuadas na região de Elvas; adaptação da sala do andar nobre do corpo O. do castelo a sala de recepções de convidados da Fundação da Casa de Bragança; 1953, 28 Janeiro - carta da DGEMN confirmando que o paço acastelado tinha possibilidade de ser adaptado a pousada, conforme havia sido inquirido pelo Senhor Ministro José Frederico Ulrich; 16 Fevereiro - despacho do Ministro determinando elaboração de um ante-projecto esquemático; 25 Novembro - despacho do Ministro informando ficar sem efeito o despacho anterior, até contra-ordem; 1960, década - reinstalação do conjunto museológico instalado no piso térreo; foi ainda renovado e museograficamente adaptado aos espaços monumentais em que se insere; 1977 - entrega na Câmara de abaixo assinado da população solicitando a reabertura da entrada do castelo, junto à torre albarrã, através de um "arco" que ali existia antes das obras de restauro, e que fora demolida por ser estreita e seguida de degraus, impossibilitando o acesso de veículos; a DGEMN considerou que não se deveria reconstruir a porta, uma vez que já na época das obras de restauro os responsáveis entenderam que deveria ser tapada por prejudicar o conjunto e ainda porque havia uma outra porta com acesso automóvel a O.; 1999, 1 Maio - reabertura do Museu no castelo.

Dados Técnicos

Estruturas mista.

Materiais

Estrutura de xisto, piçarra, rocha da região aparente ou argamassada e rebocada; colunas e molduras de vãos do castelo artilheiro em mármore; grades de ferro; portas exteriores de madeira chapeadas a ferro; portas interiores envidraçadas e de madeira; pavimento cerâmico e em xisto; cobertura de telha.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID, DGEMN/DREMS; Arquivo Militar: 3ª divisão - 9ª secção, Cx. 76/B1 - 77/12

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; Arquivo Militar: 3ª divisão - 9ª secção, Cx. 76/B1 - 77/12; Arquivo da Casa de Bragança: 874, 60.NG.60, Ms. 566, IV-U-4 e Cx. 25, Ms 2511, Cad. 4, nng 1796, Relatório nº 3, pg. 14 e Doc. 10

Intervenção Realizada

1658, 13 Julho - termo de entrega de 50$000 do primeiro real de água do povo para consertar as portas das trincheiras; 1666 - ajuste com Francisco Pinheiro, a fundição dos sinos do concelho, o do relógio e o de correr, que juntos deviam pesar 120 arrobas, obrigando-se a Câmara a dar o bronze mais 12 arrobas para quebras e 100$000; 29 Dezembro - a Câmara mandou revolver os entulhos da torre do relógio, para extrair mais bocados do sino velho; 1667 - reconstrução do campanário do concelho sobre a torre albarrã; 1668, 2 Janeiro - o serralheiro Salvador Gomes fez o engenho do relógio, que passou a chamar-se de Caracena, por 80$000, e Francisco Pinheiro fundiu o sino da Câmara ou de correr; 1677, 31 Março - arrematação da obra do conserto do relógio por Salvador Gomes, por 2$000; 7 Abril - obrigou-se Fiel Gabriel Simões, relojoeiro, a consertar o relógio por sua conta durante 6 anos, dando-lhe a Câmara só as cordas e o ordenado; 1735 - o sino do Campanário foi refundido pelos fundidores António de Solano Rivas, espanhol, e Pedro de Azevedo Marques; 1802 - o Príncipe Regente D. João determinou o início do restauro dos quartéis altos para aquartelamento do Regimento de Infantaria de Olivença, posteriormente nº 15, tendo a população contribuída com vários contos de reis; Casa de Bragança: 1821 / 1822 / 1823 / 1824 / 1825 / 1826 / 1827 - obras e consertos no castelo; 1843, 25 Outubro - memória descritiva com planta e alçado da ponte de alvenaria de acesso ao castelo artilheiro que se precisava renovar, sobre o fosso, com um arco de 23 palmos, assinado pelo capitão Engenheiro de Elvas José Maria da Silva Carvalho *12; 1861 - obras no castelo: portas, madeiramentos e telhas; Ministério da Guerra: séc. 19, meados - restauro do ângulo meridional e parte da fachada O. do paço acastelado, na sequência da derrocada; 1882 - grandes obras de recuperação nos telhados dos quartéis, a expensas do Estado, e para benefício do Batalhão de Caçadores nº 5; 1885 - construção de nova ponte de alvenaria para acesso à porta principal; DGEMN: 1933 - demolição do campanário da torre albarrã, da sineira da torre das portas de Évora e preenchimento de um buraco aberto na muralha do castelo; 1939 / 1940 / 1941 - obras no castelo pelo empreiteiro António Domingues Esteves, consistindo na demolição de paredes de alvenaria, consolidação e regularização da muralha, construção e assentamento de degraus e de ameias, segundo as existentes; construção e assentamento de cantaria aparelhada em cunhais, portas e degraus; construção de paredes de alvenaria em muralhas; demolição da Capela de Nossa Senhora dos Remédios; reconstrução da torre cilíndrica do lado N. da Porta de Évora; entaipamento da porta de Elvas e do cubelo quadrangular na sua proximidade, que descaíra, aproveitando-se os seus materiais; demolição da ponte de alvenaria de acesso à porta principal; demolição das duas tenalhas e da cortina, que de S. corria e se adossava à torre albarrã; reparação geral da armação dos telhados, com substituição de madeiras, e da cobertura; arranjo do acesso ao castelo; apeamento e transferência do pelourinho, da Porta do Nó e da porta do quartel; escavação e remoção da rocha branda; Junta Autónoma das Estradas: 1942 - início da construção da estrada de circunvalação do castelo; Julho - entre o castelo e a Pç. da República ainda existiam 4 parcelas com expropriações acordadas mas com os respectivos contratos ainda não aprovadas; DGEMN: 1942 - reconstrução geral da armação do telhado e da cobertura; demolição de paredes e abóbadas de alvenaria de tijolo e pedra; obras no castelo; 1943 - obras de restauro, por Francisco Ferreira da Silva: reconstrução e consolidação de paredes de alvenaria; cintagem de betão armado; cantaria aparelhada em degraus e cunhais; demolição de paredes de alvenaria; reparação de rebocos; assentamento de tijolo em pavimentos; limpeza de cantarias; alguns trabalhos por José de Sousa Camarinha; vãos de janelas de cantaria de mármore por Joaquim Morgadinho; 1944 - continuação dos trabalhos; 1945 - colocação de cantaria aparelhada em degraus, cunhais, etc; reparação de rebocos; construção e assentamento da armação do telhado; colocação de telha românica, pelo empreiteiro Francisco Ferreira da Silva; 1946 - obras na cobertura, construção de parte da muralha em alvenaria, transformação da empena de um telhado; regularização do pavimento da entrada do castelo, assentamento de degraus e reparação do portão, pelo empreiteiro José de Sousa Camarinha; construção e assentamento de 21 grades de ferro forjado; caiação das paredes do último andar; construção de dois arcos em tijolo e de duas canhoneiras; 1947 - construção de muralha de alvenaria hidráulica, pelo empreiteiro José de Sousa Camarinha; 1948 - obras de conservação; construção da muralha em alvenaria, incluindo a reconstituição das canhoneiras; 1949 - DGEMN concorda com a sugestão camarária de se orlar o passeio junto ao castelo de arbustos de pequeno porte; Fundação da Casa de Bragança: 1952 - arranjo da entrada principal do castelo, da passagem do fosso, e desenho da caixilharia e portas exteriores do 1º e 2º andar, com indicações da DGEMN; estudo de um melhor acesso ao castelo; 1953 - arranjo exterior e ajardinamento dos terrenos do castelo; 1954 - solicitação de apoio da DGEMN para feitura de três portas novas de acesso ao castelo; construção de uma estrada de acesso à porta principal; 1952 / 1954 - impermeabilização do pavimento, a céu aberto, regularizando-os e dando-lhes um perfil que facilitasse o fácil escoamento das águas pluviais; substituição da caixilharia dos vãos exteriores; regularização de algumas janelas exteriores do andar nobre; regularização das fachadas; demolição de duas escadas exteriores das alas do palácio; recuperação das salas do andar térreo; arranjo e consolidação das dependências que ameaçavam ruína; consolidação das abóbadas; adaptação de uma zona do castelo para casa do guarda; adaptação de uma sala de espera e das instalações sanitárias; construção de uma ponte de alvenaria de acesso à porta principal, para permitir a passagem do ramal eléctrico, o de abastecimento de água e o esgoto; 1955 - tapamento de algumas chaminés nas salas do andar térreo; ligação da escada interior à ala O. do andar nobre; remate de elementos no fundo da dependência que parece ter funcionado como cavalariça; arranjo da sala imediata à sala dos Duques; pontes levadiças; arranjo e modificação da passagem do túnel para viaturas; construção de uma porta de acesso da entrada S. e de uma ponte de acesso, tudo com projecto do Eng. Ricardo Amaral; 1963 - reparação da via de acesso às Portas de Estremoz; DGEMN: 1965 - reparação da torre albarrã que ameaçava ruir, pelo empreiteiro Anselmo Costa: reparação das muralhas, com refechamento das juntas e arranque da vegetação, e da cobertura, construção de alvenaria hidráulica, em elevação, nos paramentos e pintura da porta; CMVV: 1975 - calcetamento do acesso às Portas de Estremoz; 1976 - instalação eléctrica do castelo; 1977 - reparação da ponte levadiça do castelo; DGEMN: 1982 - obras de conservação pelo empreiteiro António Serra: escavação e remoção de terras e regularização de pavimentos na zona S.; construção em alvenaria hidráulica para consolidação e tapamento de rombos nos panos de muralha a S. e O.; reparação dos mesmos panos de muralhas e arranque de vegetação; pintura dos suportes de canhões; desbaste de trepadeiras na zona S. e arranque de uma figueira que prejudicava um troço de muralha; 1989 - instalação eléctrica das salas do piso térreo do castelo, pela empresa José Augusto Pereira Dias, Ldª; Casa de Bragança: 1991 - iluminação das salas do castelo onde seria exposto a colecção de caça, com projecto dos técnicos da DGEMN; 1999 - limpeza e restauro de todas as peças expostas no Museu.

Observações

*1 - Segundo Túlio Espanca, a cisterna tinha capacidade para armazenar 80 m3 de água, podendo ser abastecida em caso de necessidade por um poço, com 16 metros de profundidade, ainda existente no princípio da rampa do paiol. *2 - É comum dizer-se que D. Fernando mandou abrir a NE. a porta de Elvas, entre dois cubelos quadrangulares, construir um outro a N. e dois outros flanqueando os da porta de Estremoz, no entanto, esses cubelos quadrangulares são nitidamente anteriores aos ultra-semicirculares. Afirma-se ainda que D. Fernando mandou abrir a SO. da cerca a porta da torre, segundo Túlio Espanca, executada por um pedreiro de nome Machado. *3 - A 8 Junho de 1381 fez-se mercê do castelo a Vasco Porcalho, Comendador-mor de Aviz. Em Outubro de 1383, com a morte de D. Fernando, o castelo, ainda que nas mãos de um partidário de D. Leonor Teles, tomou o lado do Mestre de Avis e, em Dezembro, aquando da sua aclamação, estava na posse de Garcia Pires de Campo, cavaleiro da Ordem de Aviz. A 22 Abril de 1384, D. João I voltou a doar a tenência do castelo, rendas e direitos da vila para sustento dos que serviam na guerra, a Vasco Porcalho, porém, Álvaro Gonçalves e Pedro Rodrigues, alcaide-mor do castelo de Alandroal, desconfiaram que Porcalho se tivesse passado para o lado de Espanha, levando a que ele abandonasse a praça. D. João I devolveu-lhe o governo da praça, de que ele tomou posse, excepto a chamada torre de menagem, que ficou na posse de Álvaro Gonçalves. Porcalho acabou, no entanto, por tomar o partido de Castela. Em 1834, quando Nuno Álvares Pereira tentou tomar posse do castelo, os homens de Porcalho, ao atirarem pedras pelo matacão da ponte entre a cerca e a torre albarrã, mataram Fernão Pereira, seu irmão, e o seu escudeiro, Vicente Esteves. Após a vitória de Portugal na batalha de Aljubarrota, em 1385, Porcalho abandonou o castelo. *3 - A data de construção do castelo artilheiro continua por averiguar e datar. Segundo Túlio Espanca, D. Jaime teria iniciado a sua construção por volta de 1520, o que exigira a demolição de casas no interior da muralha medieval e parte do castelo e da cerca velha, entre as Portas de Évora e as do Sol, e atribui o traçado aos arquitectos Diogo ou Francisco Arruda. Segundo o Padre Espanca, D. Jaime teria mandado reformá-lo depois de regressar de Azamor, mudando-lhe a porta principal de SE. para NE., formando-lhe de novo as torres nos ângulos noroeste e sueste e D. Teodósio teria ainda melhorá-lo, criando a sala das Armas. Segundo a descrição que Cadornega fez do castelo, por volta de 1683, a cerca da vila velha tinha 5 portas: a da torre, junto à qual existia a capela com abóbada de Nossa Senhora dos Remédios, a do sino de correr, a porta do sol, que dava para o convento de Nossa Senhora da Esperança, a do postigo e a do curral. No interior ficava o castelo, semelhante ao de Milão, com cava ou fosso e barbacã com uma porta; a porta do castelo, acedida por ponte fixa, era chapeada a ferro, seguida de uma outra porta, existindo entre ambas um "forte rastilho" por entre a muralha, seguindo depois uma terceira porta; havia ainda um postigo à direita, tendo vão superior por onde se deitavam "artifícios de fogo"; à ilharga havia uma grande boca de fogo; aí havia um vão grande com janelas e troneiras; seguia-se uma outra porta que acedia ao pátio do castelo; na ala direita deste dispunham-se, nos baixos, os armazéns de vinho e azeite e nos altos a morada de quem assistia no castelo, com mulher e família, pessoa nobre e cavaleiro da Ordem de Cristo, possuindo no interior muitas "cabras da Índia" servindo de tapetes e panos lavrados para o serviço no paço; a ala fronteira à porta do pátio servia, no piso térreo, de guarda a grande quantidade de "pelotaria dos calibres de artelharia", munições de mosquete, arcabuzes e pistolas e, no piso superior, às tapeçarias e ricas armações do palácio, em veludos e damascos, com franjas de seda e ouro de diversas cores, cadeiras do mesmo material e muitos outros paramentos e ornatos, que iam para o paço em carroças. As salas dispostas na ala esquerda serviam de celeiros e no piso térreo havia muitas talhas com vinho e azeite. A ala que fechava a quadra tinha nas salas do piso térreo armazéns com picaria sobre postes pequenos e vigas; as salas do segundo piso tinham armações com todo tipo de armas de fogo, espadas e "traçadas"; tinha 2 carreiras de colunas ou postes cobertos de armas brancas, peitos e espaldas, morrões e capacetes, manoplas e saias de malha, e entre as colunas um cavaleiro armado sobre madeira, com rodas. Seis armeiros cuidavam continuamente destas armas sob a orientação do Marquês Brás Soares de Sousa. Todos os armazéns tinham janelas gradeadas viradas à quadra. No pátio havia muitas peças de artilharia e um vão abobadado com escada por onde se subia ao alto do castelo, onde havia 4 salas e quartéis de soldados. Numa estava a pólvora e noutra a mesma era fabricada. Por cima de tudo corriam as plataformas e ameias da artilharia com os seus "4 cubelos". O fosso tinha nos 4 cantos umas lapas que entravam no castelo e que ligavam à cisterna, cujo sistema permitia esvaziar toda a cisterna no fosso. *4 - Segundo o Padre Espanca, na cerca nova, de alvenaria, com 5m de altura e 1 de espessura e guaritas nos cunhais, abriram-se 4 novas portas: a do Nó, a de Santa Luzia, a de São Sebastião e a da Esperança, a primeira deslocada e as outras já desaparecidas. Tinha o seguinte traçado: a NO., em frente de Borba, ficava a porta do Nó, talvez então chamada de Santo Agostinho; a muralha seguia para NE., abrangendo a cerca dos Gracianos e os quintais de várias casas, até ao extremo da R. Carreira das Nogueiras "onde se tolerava um boqueirão em tempo de paz chamado Boqueirão do Corregedor para comunicação com as hortas do ribeiro do Beiçudo e o rossio do Outeiro do Bicalho, onde ficava a porta de São Francisco. Depois, ligava-se à cerca antiga e à estrela, voltando a aparecer a E., onde ficava a porta da Esperança, de arco bastante elevado, sem cantarias, encimada por pequena abóbada, formando uma varanda, com face frontal decorada por duas grosseiras pirâmides de alvenaria laterais. Esta porta dava saída para as hortas do ribeiro do Rossio de São Paulo, Outeiro do Ficalho, Elvas, etc. A muralha prosseguia então para S., por entre os quintais do Convento da Esperança e horta da mesma, e depois ao longo dos quintais do baixo Rossio, onde em 1849 existiam muitos lanços da muralha. A S. da aldeia, ficava a porta de São Sebastião, seguindo a muralha para O.; depois entrava na cerca do Convento de São Paulo e, na esquina do convento, onde começava a estrada moderna para o Alandroal, separava-se o Rossio do Carrascal, estendendo-se o muro para NO. em direcção à R. de Fora, depois a um lagar de azeite e continuava pelos quintais da "faceira do poente da R. de Frei Manuel". A muralha atravessava depois o Colégio Jesuíta, junto ao qual ficava a porta de Santa Luzia, semelhante à da Esperança, cuja casa da guarda foi absorvida na construção do Colégio. Os muros continuavam atravessando o casario e os quintais a O. da R. de Santa Luzia até à R. das Cortes, onde em tempo de paz estava aberto o boqueirão, conhecido como Boqueirão de Luís Jorge. Dali prosseguia pela horta do Convento das Chagas, Reguengo, Palácio Real e Ilha, até se ligar à porta do Nó. *5 - A Capela de Nossa Senhora dos Remédios foi construída para ministrar a missa aos presos na cadeia, integrada nos antigos Paços do Concelho. No séc. 20 tinha fachada terminada em cornija de coroamento, rasgada por portal de verga recta, sobreposto por pequena cornija, janela estreita gradeada e, enquadrada por molduras relevadas de massa, painel de azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, de perfil semicircular com representação de Nossa Senhora da Misericórdia, de meados do séc. 18. Possuía nave rectangular, coberta por abóbada de berço e as paredes revestidas a azulejos historiados alusivos à vida da Virgem (com 2,50 x 9,50) com a figuração do Nascimento da Virgem, Apresentação da Virgem no Templo, Casamento da Virgem, Anunciação da Virgem, Nossa Senhora da Conceição, Visitação, Natividade, Apresentação do Menino no Templo, Fuga para o Egipto e o Menino entre os Doutores. Tinha ainda retábulo de talha dourada e policroma, de estilo rococó, e um quadro com representação do orago. *6 - Neste mesmo ano de 1643, as obras da Capela do Santíssimo e da sacristia geral da Igreja Matriz estiveram embargadas, uma vez que tal ampliação interceptava uma rua que partia do postigo da Porta do Sol. *7 - A Câmara combinara com o Governador repartir as estacas pelos moradores da vila, que ficavam obrigados, juntamente com os seus herdeiros, a apresentá-las caso voltassem a ser necessárias, mas depois o Governador mandou vendê-las a $350 a carretada. *8 - Já na relação do estado dos instrumentos militares, datada de 6 Agosto de 1762, se fazia referência à estacada do castelo, existente à roda do mesmo, estar totalmente arruinada, permitindo a entrada de quem quisesse; no muro antigo da porta dos Remédios, muitas das escadas e caminho de ronda estavam incapazes e o parapeito estava em parte derrubado; a trincheira à volta da vila estava derrubada pelo temporal e pelos moradores que a usavam para saírem para fora, havendo necessidade de consertá-la para não devassar a vila; as grades que serviam em vários buracos por onde entrava a água não aparecem e eram muito necessárias; as 4 portas da vila precisavam de poucos consertos e estavam capazes de servir. *9 - Por ordem do Príncipe Regente, em 1806 trouxe-se para a vila 3 canhões, um de ferro e dois de bronze, calibres 8 e 24, para dar salvas em momentos solenes. *10 - Ao longo do séc. 19 são várias as informações sobre o estado de conservação do castelo. No dia 10 de Fevereiro de 1816 a cortina "do mais alto" para o fosso, do lado do Convento da Esperança, "se agaxou no cumprimento de 30 varas e em altura de 17 varas", não se podendo perceber maiores danos devido ao entulho. Em 1831 sabe-se que era necessário consertar as torres que flanqueavam a cidadela, o seu lajeado achava-se muito arruinado e as águas repassavam as abóbadas. Segundo o Pe. Espanca, por volta de 1845, a cerca velha tinha apenas 3 portas: a de Estremoz, a NO., a do Sol, Olivença ou Traição, a E., e a de Évora a SO., o parapeito antigo subsistia em muitos pontos, noutros estava refeito ao moderno e noutros estava raso ou quase ao adarve; não existia nenhuma ameia nem uma das torres da porta de Évora. Numa informação datada de 7 Junho de 1856, o Eng. Frederico Perry Vidal informa o Administrador Geral que algumas guaritas estarem caídas, duas obras avançadas tinham sido demolidas pela Câmara, os fossos, parte da esplanada e os intervalos da fortificação estavam cultivadas. *11 - Em 1943 compraram-se duas parcelas de terreno e procedeu-se à demolição e regularização de casebres, e construção de muros para formação de zona de protecção do castelo. Considera-se ainda conveniente a aquisição de outros terrenos entre a nova avenida em construção, cerca e castelo, para servirem de alameda pública, cujo projecto era do Engenheiro Duarte Pacheco. *12- A primitiva ponte, também de alvenaria, foi demolida durante a Guerra da Independência, tendo sido posteriormente substituída, por duas vezes, por uma outra de comunicação em madeira. Segundo a memória descritiva de 1843, sobre o local da ponte, existia no fosso o aterro com a altura de 2 palmos, proveniente da demolição da antiga ponte, o qual era preciso então remover e aproveitar para a nova construção

Autor e Data

Castro Nunes 1993 / Paula Noé 2006

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