Torre do Carvalhal / Paço do Carvalhal / Quinta da Torre

IPA.00004453
Portugal, Évora, Montemor-o-Novo, Santiago do Escoural
 
Arquitectura residencial, tardo-medieval. Casa-torre de planta quadrangular, com três pisos parcialmente abobadados. Integra apontamentos da arte manuelina de influência mudéjar, frequente no Alentejo. Enquadrada no grupo de construções senhoriais que constituem símbolo de apropriação do território (domus-fortis), conjugando a função residencial temporária ou permanente com características formais associadas à arquitectura militar (torre). Faz ainda parte do grupo de construções tardo-góticas que testemunharam a passagem da utilização do paço fortificado para a torre residencial, no decorrer da renovação da importância política do Alentejo durante a 1ª dinastia (Silva, 1989), seguindo muito provavelmente o modelo da Torre das Águias (PT040707010002). Como a maioria das suas contemporâneas, esta torre apresenta edifícios mais recentes a ela adossados, com os quais tem ligação através de dois pisos. A torre possui cerca de 17m de altura. Como é observável na sua estrutura, terá existido uma torre inicial mais estreita, à qual foi adossado um novo corpo que cobria completamente uma fachada, duplicando assim o tamanho da torre para que esta pudesse receber atributos de residência, como lareiras, vãos de porta e janela e dependências mais amplas. Duas das fachadas apresentam uma espécie de entaipamentos rectangulares salientes, correspondentes no interior a compartimentos estreitos cuja função se desconhece.
Número IPA Antigo: PT040706050026
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo torre

Descrição

Edifício dividido em duas partes distintas: torre primitiva de planta quadrangular e residência dos morgados fundadores; e corpo posterior, de planta rectangular, contíguo à face NE. Torre com cunhais em cantaria, constituída por dois registos e nível do terraço, desprovido de cobertura. Fachadas com vãos de janela e seteiras. Fachada SE. com uma fresta no piso térreo, um vão de janela em arco carena quadrilobado no segundo piso e janela de lintel recto biselado no segundo piso, ambos com pedras de assento laterais no lado interno. Apresenta pano murário já incompleto desde o nível do primeiro piso até ao remate. A fachada NE. apresenta uma porta de vão recto de acesso ao piso térreo da torre e o adossamento parcial de um edifício mais baixo, com dois pisos, onde se rasga a nível térreo uma porta semelhante, de acesso ao corpo posterior da torre. Fachada SO. com duas frestas e duas janelas de lintel recto. A fachada NO. encontra-se totalmente adossada ao corpo vertical posterior. Integra três gárgulas tubulares em cantaria e dois merlões chanfrados em alvenaria de tijolo. Torre ultrasemicircular adossada ao ângulo S. rematada por friso em alvenaria de tijolo e integrando escada em caracol, com estrutura em cantaria, até aos pisos superiores, e algumas frestas com enxalço profundo. Interior: piso térreo com vestígios de abobadamento disposto em dois tramos e vestígios de mísulas graníticas com decoração vegetalista e geométrica. Inexistência de divisões internas horizontais, encontrando-se apenas os orifícios das fundações. Vestígios de gárgulas. Chaminés antigas tradicionais da região. Corpo contíguo constituído por acrescento lateral na altura total da torre original, a que se adossa pelo lado NO. A entrada era feita pela fachada SE., com cocheiras no piso térreo com acesso em vão de arco recto e escadaria nobre para o primeiro piso com acesso em vão de arco de volta perfeita. A nível do primeiro e último piso encontram-se a descoberto os vãos de comunicação entre as câmaras: um em arco abatido e outro em arco recto. Fachada NO. com três vãos de janela de lintel recto alinhados, tendo o primeiro vestígios de sacada, e friso no remate, debaixo do qual se projectam três gárgulas de canhão. Piso térreo do volume vertical com cobertura em dois tramos de abóbada de aresta, com dois arcos de volta perfeita, suportados por uma coluna cilíndrica colocada ao centro da câmara. Este compartimento apresenta a SO. um vão em lintel recto de acesso à torre do cunhal S.

Acessos

EN2, direcção Montemor-o-Novo, a 5 Km de São Brissos; a 7,5 Km de Montemor-o-Novo vira-se para Caeiras, por estrada vicinal. VWGS84 38º34'33.63''N 8º11'6.15''O

Protecção

Incluído no Plano Sectorial da Rede Natura 2000: Sítio de Interesse Comunitário Monfurado (PTCON0031)

Enquadramento

Rural; localiza-se na falda da Serra de Monfurado, a 321m de altitude, perto da capela de São Cristóvão, a cerca de 5 km da povoação de Santiago do Escoural, isolada por altos muros com portão e rodeada por vasta área florestal da Quinta do Carvalhal (v. PT040706050026).

Descrição Complementar

A grande fenda existente na parede SE. poderá ter correspondido a lareira e chaminé.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

PEDREIRO: Diogo Velho.

Cronologia

Séc.16, primeira metade - construção da torre e capela; no reinado de D. Manuel era senhor deste morgado o fidalgo André de Vilalobos e Vasconcelos, cavaleiro da Ordem de Avis, cuja família (capitães-mor de Montemor-o-Novo) detinha o morgadio da herdade, prolongando-se pelas gerações seguintes; André de Vilalobos terá sido uma figura importante, já que exercia poder através da Santa Casa da Misericórdia, da qual foi escrivão, provedor e irmão mesário, respondendo directamente ao rei, o que poderá justificar o seu desejo em expor a marca do seu poder no território através da construção de uma casa-forte; séc. 16, reinado de D. João III - Serafim de Goios, neto de André de Vilalobos, herdou a Torre do Carvalhal; 1569, 01 Abril - Nicolau de Castro Cunha celebrou contrato com o pedreiro Diogo Velho, para construção do novo corpo adossado à torre, duplicando o seu volume inicial, com introdução de latrinas, chaminés e a divisão de cada um dos pisos em várias salas; segundo a minuta notarial, a obra duraria cinco meses e estaria terminada em Agosto; Diogo Velho terá recebido pelos trabalhos 400 cruzados, um moio e meio de trigo e 15300 réis (SILVA, 1995); 1707 - José de Vilalobos era titular do morgado da Torre do Carvalhal, que servia de aposento aos reis; 1763 - Manuel de Vilalobos era titular do morgado; a quinta estava arrendada a António Viegas pela anuidade de 80000 réis e a herdade da Torre ao lavrador Manuel Vidigal pela renda de 40000 réis; séc. 18 - era conhecida como Torre dos Monges; séc. 19 - aumento do jardim e da horta, construção de dependências para caseiros e arrumos; 1934 - data no portão de entrada, assinalando provavelmente a adaptação das dependências agrícolas a residência de férias; 1980, finais da década de - aquisição pelo Visconde de Salreu; 1990, década de - aquisição por DOVA - Empreendimentos Agrícolas, propriedade do Visconde de Salréu; 1994, 19 Fevereiro - incluído no PDM de Montemor-o-Novo ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 8/94; 1997, 05 de Março - despacho de homologação do processo de classificação; projecto de recuperação da torre; 2006, 16 de Novembro - alteração do PDM ratificada pela Resolução do Conselho de Ministros nº2/2007, publicada no DR, 1ª série, nº4, de 5 Janeiro; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante e mista

Materiais

Granito, alvenaria de tijolo.

Bibliografia

CORREIA, José Hilário de Brito e ÁLVARES, J. Manuel - Estudos Históricos, Jurídicos e Económicos sobre o Município de Montemor-o-Novo. Coimbra: Coimbra Editora, 2001; ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal - Concelho de Évora. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1975, vol. VIII; FONSECA, Jorge - Montemor-o-Novo Quinhentista e o foral manuelino. Montemor-o-Novo: Câmara Municipal, 2003; SILVA, José Custódio - Paços Medievais Portugueses. Lisboa: IPPAR, 1995; Idem, "A Torre ou Casa Forte Medieval". Pontevedra. Museo de Pontevedra, 1999.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Margarida Contreiras 2013

Actualização

 
 
 
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