Casa Nobre na Travessa do Cordovil, n.º 17

IPA.00004456
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Arquitectura residencial, seiscentista, barroca, rococó. Casa nobre que segue uma tipologia característica do séc. 17, de casa com loggia, pequena capela privada e com jardim - pátio barroco, de alguma forma influenciada pela orgânica de casas conventuais e pela tradição habitacional mediterrânica e islâmica, marcada pela existência dum jardim e de áreas de lazer requintadas, ocultas por uma frontaria discreta. No interior azulejos seiscentistas e pinturas murais dos salões de concheados, típicas do gosto rococó, características da época de D. José I; pinturas murais da abóbada da nave da capela de sabor muito ingénuo. A sua perfeita integração dentro da imbricada malha urbana de raiz medieval em que se insere, a articulação dos volumes arquitectónicos com o jardim, e a estrutura barroca deste último, própria dos grandes palácios contemporâneos mas adaptada a um espaço mais limitado. Destaque ainda para os azulejos da capela de muito boa qualidade, provavelmente da autoria de um dos irmãos Oliveira Bernardes, e para as pinturas murais rococó.
Número IPA Antigo: PT040705210073
 
Registo visualizado 544 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

Casa apalaçada, de planta irregular em L, massa composta por dois volumes articulados, dispostos horizontalmente. Coberturas em telhado de quatro águas. Frontaria virada a N., distribuindo-se por dois pisos, pátio e jardim; no piso térreo localiza-se a cozinha e dependências afins, com acesso ao pátio de serviço e ao jardim, que confina, a sul, com a Tv. da Amêndoa, e que se pode disfrutar através do alpendre longitudinal suportado por arcos de volta perfeita; no primeiro piso situam-se os quartos, salas, uma capela e uma varanda coberta correspondente ao alpendre do piso térreo. A frontaria, discreta, oculta uma moradia requintada, que assume maior riqueza na fachada virada a S. O portal principal, simples, com frontão de alvenaria e portão de ferro trabalhado, comunica com o pátio de serviço, empedrado, e este, por sua vez, com o elegante jardim barroco, de planta quadrangular, centrado em volta duma fonte em mármore, setecentista, e delimitado por cercaduras geométricas de buxo, onde convivem espécies exóticas e autóctones. INTERIOR: espaço diferenciado; no 1º piso dois salões, um de planta rectangular com cobertura em tecto de masseira profusamente decorado com pinturas murais; o outro salão, contíguo, é de planta quadrada, com cobertura em abóbada, decorada por pinturas murais nos cantos dos arranques; este salão comunica com sala contígua que dá acesso a pequena capela, de planta rectangular, organizando-se em nave e capela-mor; apresenta coberturas em abóbadas de aresta, de volta perfeita, decoradas por pinturas murais; paredes revestidas de azulejos azuis e brancos, cronografados de 1748, que representam episódios da vida de São Bernardo.

Acessos

Travessa do Cordovil, n.º 17

Protecção

Incluído no Centro Histórico da cidade de Évora (v. PT040705050070)

Enquadramento

Urbano, em plena zona intra muros, com a frontaria definindo a Tv. do Cordovil e o alçado posterior e jardim acompanhando a Tv. da Amêndoa, insere-se num quarteirão que se prolonga até ao Largo dos Colegiais, numa das áreas de expansão quinhentista da cidade.

Descrição Complementar

PINTURAS MURAIS: No tecto do salão de planta rectangular: molduras de cor ocre, concheados e pilastras em tons de cinzento imitando marmoreados, sobre um fundo rosado manchado, também ele com intenções ilusionistas de marmoreados; em cada um dos lados maiores, por detrás de uma balaustrada fingida de cor ocre onde assentam dois vasos com flores, rasga-se uma janela, também fingida, com verga curva e ombreiras de marmoreados cinzentos; no centro, envolvido por moldura dupla em composição engrinaldada por paquife e timbre de Lobos do escudo, o armorial esquartelado dos fidalgos Lobos, Valadares, Machados ou Segurados (de bastardia) e Cordovis. Na sala contígua conserva-se apenas a decoração nos cantos de arranque da abóbada onde dois putti se apoiam e sustentam um elemento arquitectónico onde assenta um vaso com flores; deste vaso sai uma grinalda que se vai enrolar, para cada um dos lados do canto, numa voluta do elemento arquitectónico; no centro da abóbada pomposo brasão em pala das famílias Figueiredos e Lobos; predominam os verdes, ocres e cinzentos em tons pastel. Na capela as abóbadas estão decoradas com pequenos elementos florais de cor ocre dispersos num fundo branco; na abóbada da nave as arestas são sublinhadas por elementos florais dispostos em forma de moldura que convergem para o centro onde se abre um óculo fingido de onde pendem flores que envolvem os atributos de São Brás, um livro, um báculo e uma mitra; no pano vertical no arranque da abóbada, por cima da porta de entrada está representado um pano roxo suspenso por dois anjinhos que, por sua vez tem pintado um jarrão com flores. Na abóbada da capela-mor figura um cálice emoldurado por um círculo de flores.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR DE AZULEJO: António ou Policarpo de Oliveira Bernardes (atr.)

Cronologia

1591 - o edifício é referido como pertença de D. Francisco de Mascarenhas, conde da Horta; sécs. 17 / 18 - reformulação completa da casa, execução dos principais elementos arquitectónicos e decorativos e definição do jardim barroco; 1748 - execução dos azulejos da capela; 1780, c. de - execução das pinturas murais; séc.20; inícios - o imóvel é ocupado pela Direcção das Obras Públicas; 1950, década de - aquisição por Custódio Alves Alfacinha; 1958 - execução das principais obras de recuperação do imóvel; 1966, após - provável execução das pinturas murais da abóbada da capela-mor, uma vez que Túlio Espanca refere, nesta data, que a cobertura é em alvenaria escaiolada; 1994, 20 de outubro despacho abertura do processo de classificação pelo Presidente do IPPAR; 2008, 14 março - Despacho de encerramento da classificação pela a Subdiretora do IGESPAR.

Dados Técnicos

Paredes portantes, descarregando parcialmente em zona alpendrada, cobertura em telhado de dupla pendente; pinturas murais a seco.

Materiais

Alvenaria de pedra e tijolo rebocada e caiada, alisares de vãos em cantaria ou em argamassa pintada em cinzento; pavimentos interiores em tijoleira ou madeira (sobrado), mármore na fonte e nas colunas, azulejos e talha dourada e policromada, caixilharias e portadas em madeira.

Bibliografia

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Vol. VI, Lisboa, ANBA, 1966.

Documentação Gráfica

IPPAR: DRE; CME

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR: DRE

Documentação Administrativa

IPPAR:DRE; CME; Biblioteca Pública de Évora: Visitação dos oratórios de Évora em 1591, n.° 61 da Biblioteca da Manisola, fls. 37 - 37v.

Intervenção Realizada

1958 - obras de recuperação que intoduziram alguns elementos novos (grelhas de tijolo de ventilação / luz das dependências para arrumos anexas à cozinha); redistribuição funcional das áreas; aumento alpendre do piso térreo; reparações de coberturas e paramentos; rebocos e caiações.

Observações

Foi residência pertencente a Inês de Brito Cordovil e Bernardo Lobo de Figueiredo Homem; depois sede da Direcção de Obras Públicas e de novo residencial, após aquisição por Custódio Alves Alfacinha.

Autor e Data

Paula Amendoeira 1998 / Joaquim Caetano 2005

Actualização

 
 
 
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