Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz

IPA.00004506
Portugal, Faro, Faro, União das freguesias de Faro (Sé e São Pedro)
 
Arquitectura religiosa seiscentista, barroca e rococó. Ermida de estilo chão, de planta longitudinal, nave única e capela-mor coberta por domo, ornamentação interior seiscentista, caso dos azulejos de padrão da capela-mor; retábulo, talha do arco triunfal, telas da nave e dos painéis de azulejos figurativos da capela-mor de tipologia barroca; fachada principal de tipologia base maneirista (portal recto sobreposto de janelão e ladeado por janelas rectangulares) com reformulações rococó, como o frontão constracurvado e as decorações do janelão; Passo monumental, adossado à fachada tardoz, de planta quadrada e abóbada de aresta, com nichos decorado por trabalhos de massa rococó e painel de azulejos recortados, azuis e brancos, com a figuração do Calvário. O contraste entre a sobriedade exterior e ornamentação interior. Os trabalhos em massa da fachada principal, do nicho do Passo e do lanternim, este com características semelhantes ao do domo da Ermida de São Luís (v. IPA.00004505). O painel de azulejos recortados figurando o Calvário tendo na base da Cruz medalhão com o busto de Cristo. A ermida foi sede da Confraria de Nossa Senhora do Pé da Cruz, de grande devoção popular.
Número IPA Antigo: PT050805050062
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor rectangulares, escalonadas, tendo adossados a S. casa do ermitão, anexo e sacristia a S. e a E. Passo monumental. Volumes articulados, massas dispostas na horizontal com cobertura diferenciada em telhados de duas águas ( de abas curvas ) na nave, em dois telhados de tesoura na sacristia, de 4 águas no Passo e em domo telhado na capela-mor com lanternim octogonal envidraçado com cobertura em cúpula rematada por cruz. Fachada principal orientada, de dois corpos correspondentes à nave e casa do ermitão; o alçado do corpo da nave dispõe-se em dois registos e pano único delimitado por cunhais de cantaria, com aparelho à vista até c. de 2/3 da sua altura, rematados por mísulas coroadas por estatuetas cerâmicas representando a Esperança ( à direita ) e a Caridade ( à esquerda ); no 1º registo rasga-se, ao centro, portal de cantaria, de verga recta arquitravada, e pilastras sobre bases molduradas, tendo na verga a inscrição em caratéres a negro "MDCXL"; o portal é ladeado por duas janelasde cantaria, arquitravadas, com ombreiras e peitoris recortados, munidas de grades e portadas de madeira pintada a cor verde; sobre as vergas cruzes marmóreas, flordelizadas assinalando a Via Sacra; no 2º registo, axial, rasga-se janelão de verga recortada em frontão contracurvado encimado por vieira, e com avental recortado decorado por vieira; remate em frontão contracurvado, decorado por ornatos em massa de enrolamentos e folhagem híbrida e no vértice vieira da qual nasce querubim; cruz de ferro, flordelizada, no remate. Adossado a S., ligeiramente recuado, o corpo da casa do ermitão, de dois registos e pano único delimitado por cunhais e cornija moldurada; inferiormente rasgam-se duas janelas de cantaria, de peito, com portadas de madeira pintada a verde; no 2º registo, axiais, duas janelas semelhantes mas com vergas arquitravadas; entre elas pequeno silhar de azulejos ( 4 x 2 ) com a inscrição "JUNTA DIOCESANA / DA A.C."; remate em platibanda. Fachada S. de 3 corpos, correspondentes à casa do ermitão, anexo e Sacristia, adossados à nave e cabeceira; alçado S. da casa do ermitão semelhante ao O. mas com porta à direita no lugar da janela e superiormente com janelas idênticas às do 1º registo; segue-se corpo mais baixo de pequeno anexo de pano único, rasgado à esquerda por janela idêntica às da casa do ermitão, com remate recto em cornija moldurada e chaminé piramidal; Sacristia de dois panos, o 2º inflectindo para NE., formando ângulo com aresta marcada por aparelho de cantaria à vista; 1º pano rasgado por porta de cantaria e 2º por duas janelas quadrangulares, gradeadas; nos extremos deste pano duas cruzes de via sacra; remates rectos em beirado saliente, duplo; alçados correspondentes à nave e capela-mor com remates, respectivamente, simples, recto e em cornija envolvente, interrompida por campanário, rematado por aletas e cruz, com trabalhos em massa e sino de bronze. Fachada N. de dois corpos correspondentes à nave e capela-mor, ambos de pano único, o 1º cego, o 2º rasgado à direita por pequena janela quadrada com molduras de cantaria; ao centro do corpo da nave nicho com verga curva recortada, contendo 3 cruzes da via sacra, a central mais alta; no extremo esquerdo deste pano uma outra cruz da via sacra; remates rectos em cornija e beirado. Fachada E. de dois corpos correspondentes à sacristia e capela-mor, este mais elevado com remate recto em cornija e beirado. PASSO: adossado ao corpo da capela-mor, em quase toda a sua largura e de altura ligeiramente superior; de planta quadrada, rasgado nas suas três faces por arcos de volta perfeita entre cunhais de cantaria, munidos de bases e capitéis; os arcos, com molduras de cantaria, descarregam em pilastras, também de cantaria, adossadas aos cunhais; a c. de 1/3 de altura da flecha dos arcos gradeamento em ferro com cancela de acesso no virado a E.; remate em cornija arquitravada; interior do Passo com cobertura em abóbada de aresta e pavimento de cantaria; na parede fundeira nicho de alvenaria de verga contracurvada sobre pilastras e remate em ático, tudo revestido com trabalhos de massa, pintados a cor azul, figurando acantos, enrolamentos, volutas, medalhões, rendilhados, fogaréus etc.; ao centro do nicho, a figuração do Calvário em painel de azulejos, azuis e brancos, recortados modelando a figura do Crucificado, tendo na base da cruz medalhão com o busto de Cristo e a inscrição " P.N. A.M. ". No lanternim trabalhos de massa decorando as pilastras definidoras dos seus 8 panos, rematadas pináculos decorados de acantos. Cruzes da Via Sacra: o precurso dos 14 passos é feito a partir do lado direito da fachada principal, no sentido contrário aos ponteiros do relógio: assim na fachda principal temos o 2º e 14º Passos, na fachada S. o 5º e o 6º; na fachada N. 0 11º, 12º e 13º. INTERIOR: nave com coro-alto, doze painéis emoldurados com telas do Antigo Testamento nas paredes laterais, abóbada de berço com pinturas murais. Arco triunfal interior e exteriormente decorado com talha dourada. Capela-mor com lambril de azulejos de padrão, retábulo de talha dourada, dois painéis de azulejos figurativos e cúpula sobre trompas.

Acessos

Largo do Pé da Cruz; Rua da Trindade

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º n.º 337/2015, DR, 2.ª série, n.º 109 de 05 junho 2015

Enquadramento

Urbano, isolado, harmónico; edifício de gaveto com fachada principal abrindo para largo, em parte arborizado e nó de circulação automóvel; fachadas laterais abrindo para ruas estreitas abertas ao tráfego com estreito passeio delimitador; fachada posterior abrindo para pequena praceta. Ergue-se no Centro Histórico, nas imediações de um dos baluartes que envolveu a cidade a partir de 1659. Pequeno adro lageado diante fachada principal.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: ermida

Utilização Actual

Funerária: capela mortuária

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Algarve)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1644 - presumível data de construção do templo, segundo data inscrita no primitivo sino do campanário, provavelmente sobre uma antiga capela ou sinagoga situada no limite do núcleo urbano; 1659, a partir de - com a construção da cerca seiscentista, o templo é incluido no seu interior atestando a sua importância; séc. 17, finais - colocação de azulejos de padrão na capela-mor; séc. 18, 1º quartel - feitura do retábulo da capela-mor; séc. 18, 2º quartel - feitura do portal principal, da talha do arco triunfal e das pinturas da nave e colocação dos painéis de azulejo junto ao altar mor; 1779 - construção do Passo nas traseiras do templo, feitura do janelão e do frontão da fachada principal e execução dos trabalhos de massa no laternim da cúpula da capela-mor; 1877 - construção da nova sacristia e da casa do ermitão; 1884 - colocação de soalho no pavimento; 1886 - colocação da porta de madeira na fachada principal; 1899 - colocação das representações escultóricas da Caridade e da Esperança sobre os cunhais da fachada principal; 1995, 21 de Julho - proposta de classificação; 2012, 23 novembro - Anúncio n.º 13740/2012, publicado no DR, 2.ª série, n.º 227, relativo ao Arquivamento do procedimento de classificação baseado no facto de se encontrarem "destruídos ou parcialmente adulterados, alguns dos valores patrimoniais"; 2013, 20 setembro - publicado no DR, 2.ª série, n.º 182, o Anúncio n.º 313/2013 relativo à abertura de novo procedimento de classificação da Ermida; 2014, 17 abril - publicado no DR, 2.ª série, n.º 76, Anúncio n.º 93/2014, o projeto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público da Ermida.

Dados Técnicos

Paredes autorportantes

Materiais

Alvenaria, cantaria, madeira, talha, trabalhos de massa, azulejaria e telha de canudo.

Bibliografia

LAMEIRA, Francisco Ildefonso C., Faro-Edificações Notáveis, Faro, 1995; IDEM, Inventário Artístico do Algarve A Talha e a Imaginária, Vol. 12, 2ª Parte, Faro, 1995; MELLO, Magno Moraes, Pintura doConcelho de Faro: Inventário, CMF, GGRP, Faro, 2000; PAULA, Rui M. e PAULA, Frederico, Faro Evolução Urbana e Património, Faro, 1993; ROSA, J. A. Pinheiro e, Monumentos e Edifícios Notáveis do Concelho de Faro, Faro, 1984.

Documentação Gráfica

CMF

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Francisco Lameira 1996 / Rosário Gordalina 2002

Actualização

 
 
 
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