Fonte Monumental / Fonte Luminosa

IPA.00004806
Portugal, Lisboa, Lisboa, Areeiro
 
Arquitectura recreativa, modernista. Fonte ornamental e monumental, compondo uma ampla estrutura de cantaria, com cobertura em terraço, protegido por balaustrada, possuindo espaldar recto, rasgado por três grupos de vãos rectilíneos, de onde sai a água, que cai pelas taças, a que se adossam figuras femininas, para um lago, de perfil recortado, ao qual se anexa um segundo lago, de bordo curvo, contendo, no interior, figuras escultóricas, figurando alegorias ao Tejo. Lateralmente, dois maciços, que constituem o acesso aos mecanismos, duas escadaria de acesso ao terraço e duas alas, de perfis curvos, correspondendo a local de armazenamento e instalações sanitárias. Fonte ampla, a maior que se construiu em Lisboa, para comemorar a construção do Canal do Tejo e o abastecimento regular e sem problemas de água à cidade. O espaldar possui uma interessante forma, dando a ideia de um paredão de barragem, rasgado por olhos de água rectilíneos, que caem para taças duplas, com uma invulgar forma de um papiro. Possui dois tanques, o exterior com um tipo de jogos de água em repuxo, onde surgem alegorias ao Tejo, com a figura equestre do mesmo, rodeado por várias Tágides, integradas em pequenos tanques individualizados. Nos maciços, surgem placas cerâmicas, de pasta branca, a imitar a pedra, constituindo alegorias à água, à sua abundância e à Cidade de Lisboa. Constituiu uma fonte moderna, com vários jogos de água, com caudais distintos, acompanhados de iluminação, que lhe viria a dar o nome de Fonte Luminosa.
Número IPA Antigo: PT031106030282
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Cultural e recreativo  Estrutura de lazer  Fonte ornamental  

Descrição

Estrutura em betão armado, revestido a placas de cantaria de calcário, de planta rectangular, flanqueada por dois maciços, entre os quais se desenvolve um enorme tanque trilobulado, com cobertura em terraço pavimentado a lajeado de cantaria, formando um miradouro sobre a Alameda, protegido por guarda balaustrada do mesmo material, ritmada por acrotérios. Fachada principal, virada a O., com espaldar rectilíneo, marcado por três conjuntos de saída de água, os "olhos de água", rectilíneos, os laterais em número de três e o central com sete; a água verte para três taças duplas, papiriformes, a central de maior dimensões e todas elas rodeadas por figuras femininas desnudas, sete na central e três nas laterais. Esta água verte para tanque de perfil recortado, a que se adossa um segundo tanque trilobulado, de bordo curvo, surgindo, no interior, a figura equestre do Rio Tejo, flanqueado por várias Tágides, também elas desnudas e individualizadas em pequenos tanques rectangulares, de ângulos curvos. O espaldar é flanqueado por dois maciços semelhantes, em cantaria, rasgados por porta de verga recta na zona inferior, encimada por inscrições, flanqueadas pelo escudo português e pelo municipal, e por painéis cerâmicos, a imitar pedra, figurando dois conjuntos alegóricos, que descrevem o ciclo de Vida da Água, actividades agrícolas e as imagens da "Abundância" e da "Cidade de Lisboa". O conjunto é ladeado por escadas de cantaria, que acedem à zona superior da Alameda e ao terraço, as quais se prolongam por dois braços dispostos de forma côncava, constituindo um local de armazenamento e acesso à maquinaria subterrânea e as instalações sanitárias, o primeiro rasgado por três portas de verga recta e seis janelas jacentes e o segundo por sete janelas jacentes e duas portas de verga recta. A Fonte permite em cada uma das zonas dois efeitos cénicos, em cascata, a partir das taças e dos olhos de água, os quais são alimentados por dois canais, o primeiro situado na zona superior e o segundo na zona inferior das taças, ambos saindo sob pressão, através da acção de duas bombas eléctricas. Na zona do tanque, surge o efeito de pulverização ou repuxo, garantido por duas bombas existentes no corpo da taça central e numa cabine subterrânea existente na zona frontal ao lago. Ambos os efeitos *1 são acompanhados por jogos de iluminação.

Acessos

Alameda D. Afonso Henriques. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,737321, long.: -9,130469

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, adossado, constituindo o suporte de terras a que se encosta e que se encontram a um nível superior, destacando-se num dos topo da Alameda em que se enquadra, tendo, no topo oposto e ligeiramente mais elevado, o Instituto Superior Técnico (v. PT031106430168). A Alameda é ampla, formada por dois planos inclinados, com vasto terreiro central ajardinado, pontuado por bancos de madeira e candeeiros de iluminação, cortada, sensivelmente a meio pela Avenida Almirante Reis. É envolvida por edifícios de habitação, dispostos ao longo do declive.

Descrição Complementar

Sobre a porta do lado esquerdo surge a seguinte inscrição: "NO DIA VINTE E OITO DE MAIO DE MIL NOVECENTOS E QUARENTA E OITO VIGESIMO SEGUNDO ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO NACIONAL ABERTA A PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DE OBRAS PUBLICAS FOI INAUGURADA ESTA FONTE MONUMENTAL E ENTREGUE À CÂMARA DE LISBOA". Na porta do lado direito, a inscrição: "PRESIDENTE DA REPUBLICA ANTONIO OSCAR DE FRAGOSO CARMONA PRESIDENTE DO CONSELHO ANTONIO DE OLIVEIRA SALAZAR MINISTRO DAS OBRAS PUBLICAS E COMUNICAÇÕES DUARTE PACHECO NO ANO DE 1940 ERIGIU-SE ESTA FONTE MONUMENTAL PARA COMEMORAR A ENTRADA DAS ÁGUAS DO VALE DO TEJO NA CIDADE".

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: fonte ornamental

Utilização Actual

Cultural e recreativa: fonte ornamental

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Carlos Rebelo de Andrade (1887 - 1971) e Guilherme Rebelo de Andrade (1891 - 1969). CERAMISTA: Jorge Barradas (1894 - 1971). EMPREITEIRO: Sanfer Lda.; ENGENHEIRO: Carlos Buigas (1943). ESCULTORES: Diogo de Macedo (1889 - 1959); Maximiniano Alves (1888 - 1954).

Cronologia

1938 - idealização do projecto de uma fonte que comemorasse a feitura do Canal do Tejo, como meio de abastecimento de água à cidade de Lisboa; 1939 - 1940 - execução do projecto, da autoria dos arquitectos Carlos e Guillherme Rebelo de Andrade; feitura das esculturas centrais do tanque por Diogo de Macedo, tendo Maximiniano Alves executado as figuras femininas das taças; nos maciços, surgem baixos-relevos cerâmicos da autoria de Jorge Barradas; a empreitada foi da firma Sanfer Lda.; 1943 - vinda do engenheiro espanhol Carlos Buigas para estudar os jogos de água; 1943 - inauguração do monumento; 30 Maio - auto de entrega da fonte à Câmara de Lisboa.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Estrutura em betão armado, revestido a cantaria de calcário de Sintra e Pêro Pinheiro, azul e branca; baixos-relevos em cerâmica vidrada; portas em metal.

Bibliografia

Boletim da Fiscalização de água de Lisboa, n.º 16, n.º 20-23 e n.º 29, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1940, 1942-1943, 1948; Revista Municipal, Lisboa, n.º especial, Janeiro 1944; Obras de Abastecimento de água à cidade de Lisboa - inauguração da Estação Elevatória dos Olivais, Lisboa, Companhia das Águas de Lisboa, Maio 1948; CHAVES, Luís, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, s.d.; FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, Lisboa, 1984; FERREIRA, Rafael Laborde, VIEIRA, Victor Manuel Lopes, Estatuária de Lisboa, Lisboa, Amigos do Livro, Lda., 1985; AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; MOREIRA, Maria Assunção Júdice, (dir. de), Evocar Duarte Pacheco no Cinquentenário da Sua Morte : 1943 - 1993, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1993/1994; Hartmann, Jakob, "Visual politics of the estado novo realized on the Alameda Dom Afonso Henriques in Lisbon – the construction of ideal citizenship?", in Revista de História da Arte, n.º 11 (2014), pp. 291-303.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID; MC: Espólio Duarte Pacheco

Documentação Administrativa

EPAL

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década 80 - limpeza da estrutura; 2012 - trabalhos de conservação.

Observações

*1 - os jogos de água foram estudados pelo engenheiro espanhol Carlos Buigas, tendo quatro composições hidráulicas possíveis. A primeira com pleno caudal e todos os efeitos; a segunda, também com todos os efeitos, mas só com metade do caudal das cascatas; a terceira, com todos os efeitos, mas só utilizando o caudal superior; cascata alimentada com baixo caudal da alimentação inferior; o caudal podia variar, nos vários efeitos, entre 8800 a 1100 m3 por hora.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1996 / Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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