Palácio Valenças / Arquivo Municipal

IPA.00004811
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim)
 
Arquitectura residencial, revivalista, ecléctica. Palácio de planta longitudinal, composta por um corpo principal rectangular, com torre adossada. Fachadas de dois, três e quatro registos, adaptando-se ao desnível do terreno. Plano decorativo neomanuelino, patente essencialmente nas decorações e morfologia dos vãos e pináculos. No andar superior da fachada principal surge uma loggia assente em arcos quebrados, de feição neogótica, com cobertura interior de inspiração mudéjar, no segundo piso, As fachadas voltadas à vila são as que apresentam uma decoração mais exoberante. Interior com amplo vestíbulo, com arcada serliana e diversas depêndências com tectos de estuque e madeira. Palacete com implantação cenográfica, na entrada da vila velha de Sintra, sobre o Parque da Liberdade e voltado para o Palácio Nacional de Sintra, desenvolvendo uma linguagem eclética na sua decoração. O painel de azulejos da fachada principal simula um guarda porta.
Número IPA Antigo: PT031111110072
 
Registo visualizado 1906 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta longitudinal, composta por corpo principal rectangular, a que se adossa a N., ao centro, corpo quadrangular, simulando uma torre, e a E. anexo rectangular. Volumes escalonados, de dominante vertical. Coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, com chaminés decoradas, no edifício principal e em terraço no anexo. Edifício principal de dois e três registos, devido ao declive do terreno, com friso a separa o último, torre de quatro e anexo de um. Fachadas rebocas e pintadas de cor de rosa, delimitadas por cunhais de cantaria apilastrados, coroados por pináculos cónicos espiralados, com largo embasamento proeminente em cantaria e remate superior em banda lombarda encimada por cornija. Vãos em arco conopial pouco pronunciado, e de volta perteita, com alfiz de terminais em cogulhos. Fachada principal virada a S., com soco em cantaria a definir piso parcialmente enterrado, onde se abrem vãos rectangulares, organizando-se em dois panos separados por pilastra colossal coroada por pináculo. O pano maior, a O., apresenta janelas de peito alinhadas nos dois registos. Sensivelmente a meio do pano de muro, observa-se grande painel azulejar de disposição vertical, polícromo, delimitado até à altura do friso horizontal, por emolduramento idêntico ao das janelas. O segundo pano, apresenta loggia no ângulo da fachada, ao nível dos dois registos, em arcos quebrados de cantaria, geminados, no lado E., com guarda de cantaria vazada no segundo registo e cobertura interior, também no registo superior em tecto estucado e pintado, simulando azulejos hispano-mouriscos. Fachada lateral E. de dois panos, separados por pilastra encimada por pináculo, apresentando no primeiro a loggia e no segundo, anexo adossado ao nível térreo e no registo superior, duas janelas. Fachada lateral O. de três registos e três panos delimitados por pilastras. O térreo é rasgado, ao centro por arco de volta perfeita, com guarda vazada de cantaria, formando uma varanda embebida na caixa murária, e laeralmente por duas janelas. Segundo e terceiro registos com panos laterais recuados, formando varanda ao nível do segundo. Pano central, rasgado por varandas embebidas na caixa murária, sendo a do segundo registo em arco quebrado, com arquivolta, e a do terceiro em tripa arcaria de volta perfeita. Panos laterais rasgados por janela de sacada, encimada por janela de peito. Fachada posterior a N., de três panos, correspondendo o central à torre. Panos laterais de três registos, rasgados regularmente por janelas de sacada e de peito. Balcão suportado por alta arcaria de volta perfeita, com guarda plena, no pano lateral O. Torre de quatro registos, com janelas de sacada ao nível dos registos superiores, com larga varanda no segundo, desenvolvida sobre o primeiro, e à face nos restantes. INTERIOR com acesso principal pela loggia, a amplo vestíbulo com cobertura de estuque e pavimento de mármore, que comunica com a escadaria de lanços rectos com guarda vazada de madeira, separada por arcaria de mármore serliana, de acesso ao piso superior. Piso térreo com salas usadas pelos serviços administrativos, sala de leitura, sala do bar, e sala da assembleia municipal, com tecto curvo de madeira, de travejamento à vista, paredes forradas também de madeira, com traves recortadas, excepto, a testeira, com pintura mural de paisagem, e palco ao centro. Pisos superiores com salas de leitura e depósitos de livros.

Acessos

Rua Visconde de Monserrate. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,796391, long.: -9,388905

Protecção

Incluído na Área Protegida de Sintra - Cascais (v. PT031111050264)

Enquadramento

Urbano, no centro da Vila Velha, isolado, destacado, em terreno de acentuado declive, em quota elevada. Acesso principal por terreiro ligeiramente irregular, com fonte central de tanque octogonal. Este terreiro tem acesso no lado E. ao Parque da Liberdade, antigo jardim do palácio, tendo em quota mais baixa, pátio fechado por gradeamento, com comunicação com o palácio e com a rua, usado como esplanada. Junto à fachada lateral O., voltada à Vila, pátio gradeado utilizado como parque infantil. Na proximidade, em quota mais elevada, a Casa dos Penedos (v. PT031111110097), a SE., a Villa Nogueiras (v. PT031111110042), a O., e em quota mais baixa, o Museu do Brinquedo (v. PT031111110113), a SO. e o Palácio Nacional de Sintra (v. PT031111110006), a NO..

Descrição Complementar

AZULEJOS: Painel da fachada principal, a sugerir um guarda porta, com as armas do concelho de Sintra, ao centro, sobre fundo padronado. É delimitado por cercadura de enrolamentos vegetalistas e animais dispersos, e rematado inferiormente por franjas.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: arquivo / Politica e administrativa: assembleia municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Giuseppe Luigi Cinatti (1860-1870). PINTOR de AZULEJOS: Mestre Carlos Vizeu (1959).

Cronologia

1860 / 1870 - construção de um palacete, no local do antigo matadouro da vila, destinado a residência sasonal do abastado Conde de Valenças, Luís Leite Pereira Jardim (1844 - 1910), casado com a herdeira da família Anjos, D. Guilhermina Anjos (1853 - 1919); o projecto foi executado por Giuseppe Luigi Cinatti (1808-1879); 1910 - pela morte do conde de Valenças a propriedade passa para o seu filho, o 2º conde de Valenças, Ricardo Anjos Jardim (1877 - 1952); séc. 20 - encontra-se instalado no palácio a sede da Sociedade União Sintrense, fundada em 1877; 1936 - compra do Palácio e jardins pela Câmara Municipal de Sintra; 1937 - abertura ao público dos jardins do palácio, com a designação de Parque Doutor Oliveira Salazar; 1939 - instalação no palácio da Biblioteca e Arquivo Municipal; 1959 - colocação na fachada principal de painel de azulejos, da autoria do mestre Carlos Vizeu; 1974 - após o 25 de Abril, o parque passa a denominar-se Parque da Liberdade; 2002 - devido ao mau estado do painel de azulejos da fachada principal é colocado um novo, réplica do anterior, apenas alterado na cor e com colocação de franjas; 2003 - mudança da biblioteca para a Casa Mantero.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutra de alvenaria mista rebocada; cantaria de calcário, nos cunhais, embasamento, pilastras, pináculos, molduras do vãos, guardas das varandas, e lóggia; arco e pavimento do vestíbulo e escadaria em mármore; madeira nas portas, janelas, guarda das escadas, pavimentos interiores, forro das paredes e tecto da sala da assembleia; estuque nos tecto; azulejos no painel da fachada principal; cobertura em telha marselha.

Bibliografia

FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Vol. I, Lisboa, 1996; RAMALHO, Robélia de Sousa Lôbo, Sintra - Guia de Portugal Artistico, Vol XII, Lisboa, 1945; AZEVEDO, José Alfredo da Costa, A Vila Velha. Ronda pelo Passado, Sintra, 1978; AAVV, História da Arte em Portugal, Vol. 10, Lisboa, 1986; AZEVEDO, José Alfredo da Costa, Velharias de Sintra, Vol. VI, Sintra, 1988; AZEVEDO, Carlos, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 2ª ed., Vol. 2, Lisboa, 1990; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, Relatórios da intervenção no tecto de estuque do bengaleiro; 4 vol., Cacém, 1993; LEAL, Joana da Cunha, Giuseppe Cinatti (1808-1879) Percurso e obra, Dissertação de Mestrado em História de Arte, vol.I, Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1996; MONTOITO, Eugénio "A Quinta e o Palácio Valenças" in Vária Escrita, cadernos de Estudos Arquivísticos, Históricos e Documentais n.º 7, Sintra, 2000.

Documentação Gráfica

Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra

Documentação Administrativa

Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra

Intervenção Realizada

CMS: 1939 - remodelação do interior, para instalação dos serviços da Biblioteca Municipal, Arquivo Histórico e Museu Municipal; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra: 1958 / 1959 / 1960 - intervenção arquitectónica no exterior e no interior e nova instalação da Biblioteca Municipal e do Arquivo Histórico; 1993 - intervenção no tecto de estuque do bengaleiro, com consolidação do suporte, preenchimento de lacunas, colocação de elementos em falta e reintegração cromática.

Observações

Autor e Data

Teresa Vale, Carlos Gomes e João Ferreira 1996 / Joaquim Gonçalves e Patrícia Costa 2003

Actualização

 
 
 
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