Palácio do Conde de Óbidos / Cruz Vermelha Portuguesa

IPA.00004901
Portugal, Lisboa, Lisboa, Estrela
 
Arquitectura residencial, barroca e novecentista. Palácio de planta rectangular simples, formando um pequeno U sobre o Rio Tejo e ao nível do andar superior, com acesso por amplo vestíbulo central, que liga, através de corredores, às alas laterais e, através de escadas, implantadas em ambos os lados, ao piso superior, onde as salas são intercomunicantes. Fachada principal rectilínea e simétrica, flanqueada por pilastras toscanas colossais, rasgada por vãos rectilíneos, a partir de um eixo central, composto pelo portal, encimado por frontão interrompido pelas armas da família. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados colossais, rasgadas uniformemente por janelas rectilíneas. Interior composto por um corredor estreito que liga às salas viradas à fachada principal, sendo as opostas mais amplas e intercomunicantes, abertas para o Rio Tejo. Possuem tectos e pavimentos em madeira, com coberturas planas ou em gamela, algumas ostentando decoração. Os salões possuem silhares de azulejo, alguns setecentistas, outros reformados no séc. 20. A capela é de planta longitudinal, composta por nártex, nave, capela-mor, tendo adossados sacristia e baptistério, com coberturas em falsas abóbadas de berço pintadas e revestidas a azulejo de padrão seiscentista, no templo, e neoclássico e figurativo no baptistério. Edifício com uma situação geográfica excepcional, em destaque sobre morro calcário, com todos os salões nobres virados a S. e vista sobre o Rio Tejo. O edifício foi, na zona de acesso, muito alterada, pela construção de uma série de anexos, onde estão instalados os serviços centrais da Cruz Vermelha, com garagens, serviços administrativos, bar, refeitório e cozinha, dispostos em U, em torno de um terreiro desnivelado, possuindo fachadas simples, rasgadas por vãos rectilíneos, sem interferência na leitura geral do antigo palácio. Este adapta-se ao desnível do terreno e, na fachada principal, contrariando a tendência normal, tem as janelas do piso superior de menor dimensão, uma vez que o declive do terreno obriga a que o portal da entrada esteja ao nível do andar nobre. Na fachada principal, distinguem-se várias figuras de convite novecentistas, em azulejo azul e branco, com inscrições de boas-vindas, tendo de mais notável o pórtico setecentista, de moldura saliente e ladeado por pilastras, com frontão concheado, interrompido pela pedra de armas, ladeada por anjos tenentes. Na fachada oposta, surge interessante painel de azulejo, de figuração épica e histórica, com molduras neomanuelinas e alusivo à Descoberta do Brasil, constituindo um falso tríptico. O interior, apesar de restaurado profundamente no século XX, possui a estrutura dos salões intacta, onde se destacam alguns tectos pintados, silhares de azulejo, de composição figurativa, em várias salas do andar nobre, os dedicados a Diana, repintados no séc. 20, reflectindo a obra de Nuno de Montemor, sobre a deusa grega; surgem, ainda, painéis que reproduzem as tapeçarias de D. João de Castro, pertencentes à Áustria, e outros com cenas galantes, com referências do azulejo holandês; várias das salas possuem fogões de sala, em cantaria. De todo o conjunto, distingue-se a biblioteca, com dois pisos de estantes em talha pintada e dourada, divididos por pilastras e com o varandim sustentado por consolas; o tecto desta possui uma alusão à tradicional Batalha do Campo Grande, que não se chegou a concretizar pela interferência da Rainha Santa Isabel, que aplacou as tropas do rei D. Dinis e as do infante D. Afonso. A capela é um interessante exemplar, possuindo várias inscrições alusivas à sua construção, ao seu orago e à Cruz Vermelha, possuindo tectos pintados e paredes com azulejo de tapete, algum original, tendo interessante baptistério, com cobertura em falsa cúpula, onde esvoaça a pomba do Espírito Santo, revestido a azulejo neoclássico, com temas figurativos religiosos e alguns elementos decorativos lineares, típicos do período. Na Sala de Jantar, possui quatro pinturas, representando o Palácio em vários séculos, permitindo verificar a sua evolução arquitectónica, na fachada virada ao Tejo.
Número IPA Antigo: PT031106260170
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Núcleo construído, composto pelo edifício principal, na zona mais baixa e vários anexos fronteiros, de volumes articulados e disposição horizontalista das massas, situados em cotas distintas do terreno, vencidas por escadaria de um lanço, criando três pátios, um fronteiro ao edifício principal, com pavimento em lajeado e pequeno passeio em calçada de calcário, onde se ergue uma oliveira. O EDIFÍCIO PRINCIPAL é de planta rectangular simples, em U no piso superior, com os braços virados a S., tendo coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco *1, algumas delas percorridas por embasamento saliente, em cantaria de calcário, flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas em friso, cornija e beirada simples, rasgadas, uniformemente, por vãos rectilíneos, excepto na fachada S., em arco de volta perfeita, com caixilharias de madeira ou alumínio e vidro simples e portas do mesmo material. Fachada principal virada a N., de dois pisos, composta por dois panos, o do lado direito mais alto e o do lado esquerdo, correspondente à zona nobre da entrada; possui os vãos em disposição simétrica, a partir de um eixo central, composto pelo portal. O piso inferior é rasgado pelo portal, de verga recta e moldura almofadada, flanqueado por duas pilastras toscanas, que sustentam friso almofadado, possuindo mísulas laterais, em forma de pequena consola, com lacrimais na base, onde se apoia o frontão interrompido do remate, com parte do tímpano ornado por concheados e cartela enrolada, formando uma carranca, onde surge a pedra de armas dos Condes de Óbidos, rodeado por acantos, com coronel de nobreza e sustentada por tenentes, na forma de figuras infantis. O portal é flanqueado por duas janelas de peitoril de cada lado, com molduras recortadas e rematadas por friso e cornija. Ocupando o espaço entre as janelas, surgem seis painéis de azulejo, com 21 azulejos de altura na parte mais alta, formando silhar recortado, em monocromia azul de cobalto em fundo branco, imitando os painéis do séc. 18, representando cavaleiros, albardeiros, e figuras de convite, assentes em plintos galbados, com guarnição composta por motivos arquitectónicos, como quarteirões, pináculos, volutas e apainelados com festões de flores e carrancas. No segundo piso, quatro janelas de peitoril e molduras recortadas. O pano do lado direito tem, no primeiro piso, três portas de serviço, três janelas de peitoril, todas com molduras recortadas e, em posição descentrada, o portal de acesso à Capela, de verga recta e moldura recortada, rematado por friso e por frontão triangular interrompido por cruz latina, flanqueada por dois pináculos piramidais. No lado esquerdo, um painel de azulejos de 11x10, em monocromia, azul sobre fundo branco, representando o orago, Nossa Senhora da Conceição, em glória de anjos, rodeada por moldura de volutas, enrolamentos e acantos. No lado direito, estrutura em ferro, pintada de verde, sustentando uma sineta. No segundo piso, seis janelas de peitoril com molduras recortadas, surgindo, sobre os telhados três trapeiras, com janelas rectilíneas. Fachada lateral esquerda, virada a E., de três panos divididos por pilastras colossais, com o piso inferior a imitar silharia fendida, dando um ar rústico; o pano do lado esquerdo é rasgado por porta e janela de peitoril, no primeiro piso, surgindo, no segundo, duas janelas de sacada, com guarda em ferro forjado, rematadas por friso e cornija. O pano intermédio possui duas janelas de peitoril correspondentes, sendo o do lado direito cego. Fachada lateral direita adossada ao edifício imediato. Fachada posterior, virada a S., de três pisos, devido ao declive do terreno, marcada pelos dois braços do U, no piso superior, criando dois pequenos corpos torreados, de dois pisos, o inferior seccionado por friso de cantaria, surgindo, na zona superior, duas janelas de peitoril, tendo, no piso superior, duas janelas de varandim, com guardas de ferro e rematadas por friso e cornija. As faces internas possuem portas-janelas, que abrem para um amplo terraço, pavimentado a lajes de calcário, protegido por guarda metálica, dividida por seis acrotérios de cantaria. A face frontal do segundo piso tem quatro portas-janelas, rematadas por friso e cornija, que centram um painel de azulejo policromo, de 21x37, alusivo à Descoberta do Brasil. No piso inferior, cinco arcadas cegas, assentes em pilastras toscanas, com altos plintos, cada uma com janelas em arco de volta perfeita, na zona superior, possuindo dois pequenos panos laterais, com janelas rectilíneas. INTERIOR com dois pisos de serviços, divididos em gabinetes, destacando-se o andar nobre, com acesso por VESTÍBULO amplo, percorrido por lambril de cantaria, rebocado e pintado de branco e tecto plano com as mesmas características, com acesso frontal a um corredor, que atravessa todo o piso e dá acesso às dependências, através de portas de verga recta, todas elas intercomunicantes e com pavimentos em soalho; do vestíbulo acede-se a duas portas laterais, que levam a duas salas com as paredes pintadas a imitar adamascado, tendo silhares de azulejo de padrão monocromo, azul sobre fundo branco, criando motivos fitomórficos e com tecto de caixotões de madeira, de onde partem escadas de madeira, de perfil curvo e guarda de balaústres, que acedem ao piso superior. A primeira sala é a BIBLIOTECA, rectangular, composta por dois pisos de estantes de talha policroma, com cada armário dividido por pilastras toscanas, pintadas de marmoreados fingidos, corrida, superiormente, por varandim com guarda balaustrada, assente em consolas, todas pintadas de marmoreados azuis, verdes e vermelhos. O acesso ao piso superior processa-se por um corpo torreado e convexo, existente no lado esquerdo, com duas portas, a inferior mais aparatosa, de moldura recortada e decorada por frontão alteado, com cornija contracurva, de inspiração borromínica, ornada por festões, sobre a qual surge relógio circular; a do piso superior possui uma simples cornija contracurva. Tem cobertura em gamela, possuindo, na sanca, a representação das Artes Liberais, na forma de "putti", que seguram vários atributos, assentes em plintos, flanqueados por açafates e albarradas, encimados por festões de flores, que centram, no lado direito, uma cartela com inscrição; no tecto, o "Episódio de Alvalade", em que a Rainha Isabel aplacou uma batalha que se iria travar entre D. Dinis e o príncipe D. Afonso; do tecto, pende um lustre de cristal. As portas janelas possuem azulejos policromos, formando silhar, compondo festões de drapeados, de onde pendem ramos de flores, rodeados por moldura de pedra torta, sendo a zona superior pintada com apainelados de marmoreados fingidos, centrados por florão. As salas que se sucedem têm nos enxalços das portas-janelas, painéis com 11 azulejos de altura, policromos, representando cariátides com cestos de flores à cabeça. Sucede-se a SALA DO CONSELHO SUPREMO ou Sala de Diana, com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por 10 painéis de azulejo, com 11 de altura, de composição figurativa mitológica, formando silhares, em monocromia de azul de cobalto sobre fundo branco, representando cenas da vida de Diana, envolvidos por uma barra de grotescos, acantos, "putti" e concheados *2; nos enxalços das portas-janelas, azulejos de enchimento, meramente decorativos. A SALA DAS PARÁBOLAS semelhante à anterior, possui 10 painéis de azulejo, com 11 de altura, de composição figurativa formando silhares, em monocromia de azul de cobalto sobre fundo branco, representando Parábolas bíblicas, envolvidos por molduras com grotescos, figuras infantis aladas, enrolamentos de folhagem e carrancas, elaborados no séc. 20. A SALA D. JOÃO DE CASTRO possui tecto de caixotões de madeira, assentes e consolas de estuque decorativo, que também surge a emoldurar os azulejos e portas de acesso, formando um moldura corrida, tendo, nas sobreportas, sobre azulejos figurando "putti", cartelas, medalhões, frontão curvo sem retorno, com o tímpano decorado por cartela recortada, envolvida por rosas e acantos. É envolvida por sete painéis de azulejo, de 10 de altura, de composição figurativa formando silhares, em monocromia de azul de cobalto sobre fundo branco, reproduzindo as campanhas militares de D. João de Castro, envolvidos por molduras de grotescos, enrolamentos de flores, folhas e frutos, medalhões de folhagem, bustos, figuras infantis, carranca, esfera armilar, tendo, na barra, inscrição invocativa, surgindo, no topo da sala, dois painéis com inscrição, a explicar a origem da temática, tudo executado no séc. 20. A SALA DAS GRINALDAS está pintada de bege, possuindo, sobre as portas, moldura de madeira, que percorre todo o espaço, delimitando um lambril; as portas têm molduras de mármore, uma delas com letras gravadas, impossíveis de identificar; tem tecto curvo, pintado, ao centro, por cartela enrolada e florão, rodeado por festões de flores; lateralmente, corre friso de acantos, de figuras híbridas femininas e, nos ângulos, naginas a sustentar açafates de flores; do tecto, pende lustre de cristal. Adossada a esta, a SALA DA MITOLOGIA, com paredes rebocadas e pintadas de branco, corridas por moldura de madeira pintada de bege, tendo tecto em apainelados geométricos, formando pendentes e mantendo 5 painéis de azulejo do 1.º quartel do séc. 18, com 11 de altura, composição figurativa mitológica, em monocromia de azul de cobalto sobre fundo branco, representando episódios das Metamorfoses de Ovídio, envolvido por moldura de grotescos, enrolamentos vegetalistas, volutas de acanto, grinaldas de flores e folhas. Ao lado desta, a SALA DE JANTAR com pavimento em cantaria de calcário, paredes pintadas a imitar adamascado, com moldura dourada, que corre todo o espaço, servindo de divisão a 8 painéis de azulejo, de 11 de altura, de composição figurativa formando silhares, em monocromia de azul de cobalto em fundo branco, representando cenas galantes, cenas pastoris, cavalos e cavaleiros, jogo de cartas, todos envolvidos por barra de acantos enrolados, grinaldas de flores e volutas, possuindo, lateralmente, cariátides, executados no séc. 20, segundo modelos do 17 e 18 *3, tendo fogão de sala, em cantaria de calcário vermelho, rematado em friso e cornija, com guarda-fogo metálico e envolvido por painel do mesmo material, flanqueado por dois nichos dourados e vazios, que se repetem na parede oposta. O tecto forma painel octogonal, pintado com grotesco, pássaros, festões e duas cartelas enroladas, uma delas representando uma ponte, talvez a de Alcântara; nos lados, forma painéis com o mesmo tipo decorativo, surgindo, em quatro cartelas,a representação do palácio nos secs. 17, 18, 19 e 20, conforme inscrição nos mesmos *3. A CAPELA é de planta longitudinal simples, composta por pequeno nártex, nave e capela-mor com as mesmas dimensões, separadas por um degrau e pelo arco triunfal, de volta perfeita e assente em pilastras toscanas, de fustes almofadados. Tem pavimento em mármore, formando elementos geométricos de várias tonalidades e coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, ambas com as zonas laterais marcadas por falsa balaustrada, onde surge, sobre acrotérios, pequenos anjos músicos, a da nave com o escudo português e a da cabeceira com a pomba do Espírito Santo. As paredes encontram-se revestidas a azulejo do tipo tapete, com padrão 2x2, possuindo silhar de azulejo de padrão de maçaroca, possuindo várias lápides com inscrições. Na parede testeira, altar em cantaria e um nicho com uma cruz latina. O nártex, com cobertura crucífera, pintada de várias tonalidades e florão central, está revestido a azulejo de figura avulsa, tendo, na parede fronteira à entrada, um painel policromo, composto por enrolamentos, cartelas e festões, que centram um medalhão em monocromia, azul sobre fundo branco, a representar a Imaculada Conceição, e, sobre a porta de entrada na Capela tem a inscrição "CAPELLA DA PADROEIRA". No lado do Evangelho, a sacristia e o baptistério, a primeira com cobertura em gamela, com a zona plana formando caixotões de formas diferentes, com almofadados, pendentes ou cartelas fitomórficas de talha dourada, intercalados com grinaldas ramos de flores, surgindo, na sanca, nos ângulos, "putti" de vulto, e painéis com açafates de flores, estando sobre falsos drapeados, em estuque pintado, tendo as paredes pintadas, a imitar adamascado e silhares de azulejo de padrão monocromo, azul sobre fundo branco. Possui lavabo de cantaria, composto por um espaldar rectilíneo com depósito em arco de volta perfeita, onde se inscreve torneira de bronze, que verte para taça rectilínea, com concavidade na zona superior. O baptistério está pintado a imitar papel adamascado, possuindo lambril de azulejo policromo, a representar uma "Fuga para o Egipto", o "Baptismo de Cristo" e "Cristo e a samaritana", em medalhões envolvidos por elementos fitomórficos sinuosos e festões, que também surgem nos painéis de enchimento. Tem cobertura em falsa cúpula oitavada, assente em cornija e frisos, tendo, nos ângulos, pombas brancas, surgindo, na zona central da cúpula, a pomba do Espírito Santo. Ao centro, pia baptismal de cantaria, oitavada, com taça, coluna e pé almofadados, possuindo janela conversadeira com inscrições. A escada de acesso ao segundo piso, tem cobertura de gamela, com a zona central alteada, formando um falso lanternim, decorada com motivos fitomórficos e com albarradas na sanca; a escada, de tiro, está revestida a azulejo de figura avulsa policromo, alternando com um liso, possuindo corrimão de cantaria, embutido na parede. No segundo piso, muito descaracterizado por obras de adaptação às novas funções, mantém-se o GABINETE DO PRESIDENTE, com tecto de caixotões, ornados por elementos vegetalistas em estuque, sendo revestido a azulejo de padrão monocromo, azul sobre fundo branco, formando um enxaquetado de flores. Os ANEXOS situados a N., criam um L invertido, de volumes articulados e coberturas diferenciadas a quatro águas. Fachadas pintadas de branco, rematadas em cornija e beirada simples, rasgadas por vãos, maioritariamente rectilíneos, com molduras simples de cantaria. Fachada principal virada à via pública, a N., de dois pisos e dois panos divididos por pilastra colossal, tendo, no do lado esquerdo, três janelas de peitoril em arco abatido no primeiro piso e três no segundo, surgindo, no pano da direita, uma porta, a que se sucedem cinco janelas protegidas por grades metálicas, encimadas por seis janelas, as dos extremos de sacada, em cantaria e com guarda vazada de metal, formando elementos geométricos. Fachada lateral esquerda, virada a E., composta por dois grandes vãos no piso inferior e três janelas de peitoril no superior, surgindo, sob elas, uma réplica do painel de azulejos da Sala de D. João de Castro. Fachada lateral direita adossada ao edifício anexo. Fachada posterior tem, na face N., quatro janelas em cada piso, surgindo, no extremo direito, uma porta em cada andar, a superior com acesso por escadas com guarda de alvenaria, rebocada e pintada e capeadas a mármore. A face virada a E. tem, no primeiro piso, três portas, uma de menores dimensões, e três janelas, surgindo, no segundo, seis janelas de peitoril. A face S. de um dos braços tem duas portas no piso térreo e três janelas de peitoril no segundo, possuido, ao centro, um nicho de volta perfeita, assente em pilastras, contendo a imagem de São Cristóvão. Sob o portão de acesso e aproveitando o desnível do terreno, fronteiro ao edifício principal, surge uma ampla garagem, com porta de verga recta, flanqueada por janelas jacentes, sendo rematada por platibanda plana, entrecortada por três grupos de balaústres; anexo a esta, para o lado poente, surgem vários gabinetes e um bar. INTERIOR não observado.

Acessos

Jardim Nove de Abril, n.º 1 a 3; Rua Presidente Arriaga; Escadaria de José António Marques. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.704107, long.: -9.163442

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280 de 30 novembro 1993 / ZEP, Portaria nº 512/98, DR, 1.ª série-B, n.º 183 de 10 agosto 1998 *1

Enquadramento

Urbano, implantado em zona de forte declive, parcialmente adossado a edifício no lado direito, o Hospital da Guarda Nacional Republicana, antigo Hospital de São João de Deus (v. PT031106260230), destacado pela implantação sobre um maciço calcário, a Rocha do Conde de Óbidos, em posição fronteira ao Rio Tejo e separado deste pela Avenida 24 de Julho e pela linha férrea. A fachada principal abre para a via pública, pavimentada a calçada de basalto e a lateral direita abre para um amplo largo, o Jardim Nove de Abril, antiga cerca do Convento das Albertas, tendo fronteiro o edifício do Museu Nacional de Arte Antiga (v. PT031106370084). Fronteiro à fachada principal, um edifício de feitura novecentista, pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a Casa de Protecção e Amparo de Santo António (v. PT031106261130).

Descrição Complementar

Na fachada principal do edifício, surge a pedra de armas esquartelada, tendo no primeiro e quarto, as armas de Portugal, por descenderem de D. Jorge de Lencastre, e no segundo e terceiro as armas dos Mascarenhas, constituídas por quatro fachas; é sobrepujado por coroa ducal e, nas volutas, podem surgir as rosas da casa de Lencastre. Os azulejos da fachada principal representam um cavaleiro, um albardeiro que o aguarda, duas figuras de convite, uma feminina e uma masculina, um lanceiro e dois cavaleiros. As figuras de convite possuem inscrições nos plintos, a do lado esquerdo com: "VINDE VOSSA MERCE RECEBER NOSSO CARINHO ENTRANDO NESTA CASA EM QUE DEUS NOS VEJA." o lado oposto, "BEM HAJA QVEM AOS SEVS AMIGOS BVSCA CRIANDO MAIS SAUDADES PARA A AUSENCIA". Na fachada posterior, um amplo painel a representar a Descoberta do Brasil, compondo um falso tríptico, dividido por colunas de inspiração coríntia, que sustentam arcos canopiais, com o escudo português e o brasileiro, tendo, ao centro, uma efígie de Pedro Álvares Cabral, com a inscrição "DESCOBERTA DO BRASIL PEDRO ÁLVARES CABRAL". Na base, um friso de quadrilóbulos, cruzes de Cristo e as armas dos Cabrais. No painel central, o desembarque de Pedro Álvares Cabral, surgindo, no lado esquerdo, as caravelas portuguesas e, no direito, o Padrão. Na BIBLIOTECA, surge, na cobertura, a inscrição "INTER ARMA CHARITAS", divisa da Cruz Vermelha. Na SALA de D. João de Castro, surgem dois painéis de grandes dimensões, sendo os restantes menores; um deles representa um cortejo, com a inscrição latina: "HIC EST ITLVSTRIS DONIS IOANIS DE CASTRO INDIE PARTIS GVBERNATORIS 13 DEE POVO DE GOA CIVITATE TRIVPHVS SVBSTRATIS REGIS CABAIE SEXAGINTA MILIBVS MILITIBVS CV QVIBVSDA NOBILIBVS ACTV. 1538", tendo, na base, duas inscrições: "BEM AVENTURADO IMORTAL TREVNFO POR A LEI E POR EL REI E POR A GREI", e "CONTINUAÇÃO DO CORTEJO TRIUNFAL PRISIONEIROS, CARROS COM DESPOJOS BÉLICOS. ALMADIAS, SOLDADOS E HOMENS DO MAR O ORIGINAL MEDE 3m48x4m60"; o segundo de menores dimensões apresenta cenas galantes num clima oriental. Num painel mais pequeno, onde surge o próprio D. João de Castro a cavalo, a inscrição "HEC EST VICTORIA DONI IOANIS DE CASTRO 13. INDIE GVBERNATORIS, QVA REGIS PORTVGALE NOIE DEI OPE CONTRA VRBE E POVO DE GOA VICTIS REGIS CABAIE CAPITANIS OBTINIVIT ACT.", tendo, na base "CERCO DE DIU NA MANHÃ DE 11 DE NOVEMBRO DE 1546. JOÃO DE CASTRO SAI DO CASTELO PARA ATACAR O INIMIGO E OS MUROS DA CIDADE MANDADOS LEVANTAR POR COGE SOFAR O ORIGINAL MEDE 3m45x5m30"; num painel pequeno, a figura de D. João de Castro, a cavalo acompanhado por uma dama e a inscrição "REGRESSO DE D. JOÃO DE CASTRO A GÔA COM AS SUAS TROPAS, DEPOIS DE TER VENCIDO OS CINCO CAPITÃES DE HIDALCÃO O ORIGINAL MEDE 3m55x4m65"; noutro painel de pequenas dimensões: "CONTINUAÇÃO DO CORTEJO TRIUNFAL BOMBARDEIROS, FOLIAS E DANÇAS, GIGANTES, MONOS E DIABRETES DOIS TRABVCOS PVCHADOS POR ELEFANTES (...) MORTEIROS FORA DO EIRADO DISPARANDO DOCES O ORIGINAL MEDE 3m55x3m94"; outro painel representa um passeio de D. João de Castro com uma dama. Nos painéis de fundo, três painéis com inscrições: "TAPEÇARIAS DE D. JOÃO DE CASTRO ENCONTRAM-SE INCLVIDAS NAS COLECÇÕES DA CORÔA DA AVSTRIA CONSERVADAS NOS DEPOSITOS DO ANTIGO HOFBURG DE VIENA ENTRE O VALIOSÍSSIMO ESPOLIO DOS ANTIGOS PALÁCIOS IMPERIAIS DOS HABSBVRGS INCORPORADAS POSTERIORMENTE NO KUNSTHISTORISCHES MVSEVM REPRODVZIDAS EM 1935 POR GABRIEL CONSTANTE EM QVADROS DE AZVLEJO AQVI COLOCADOS PELA CRVZ VERMELHA PORTVGVESA"; no oposto, é citada bibliografia consultada sobre o assunto; no terceiro: "TAPEÇARIAS DE D. JOÃO DE CASTRO FORAM TECIDAS EM BRVXELAS CERCA DE 1555 EM LÃ, SEDA, OVRO E PRATA. INCLVEM NA ORLA INFERIOR DE CADA PANO, A MARCA DA CIDADE BRABANTE BRUXELAS E A SIGLA PESSOAL DO AVTOR CONFORME ERA OBRIGATÓRIO PELOS REGVLAMENTOS DO COSELHO DE BRABANTE E DOS EDITOS IMPERIAIS DE 1528 E 1544 NAS CERCADVRAS ESTÃO REPRESENTADAS AS FIGVRAS MITOLOGICAS DE JVPITER, NEPTVNO, MARTE, DIANA, MINERVA E EVROPA E FIGVRAS DE AMORES APOIADOS EM ESFERAS ARMILARES.". No nártex da Capela, surge sob a imagem pintada em azulejo de Nossa Senhora da Conceição, a seguinte inscrição: "AETERNIT.SACR. IMMACULATISSIMAE CONCEPTIONI MARIAE IOAN. IV. PORTVGALL REX. VNA CVM GENERAL. COMITIIS SE, ET REGNA SVA SVB ANNVO CENCV TRIBVTARIA PVBLICE VOVIT, ATQVE DEIPARAM IN IMPERII TVTELARE ELECTAM A LABE ORIGINALI PRAESERVATA PERPETVO DEFENSVRVM IVRAMENTO FIRMAVIT, VIVERET VT PIETAS LVSITAN. HOC VIVO LAPIDE MEMORIALE PERENNE EXARARI IVSSIT ANN. CHRISTI M. DC.XL. VI. IMPERII SVI VI.". No banco que surge sob este painel, em cantaria de calcário, com almofadas de veludo vermelhas, surge, no espaldar, a inscrição incisa e avivada a dourado: "DOS MEIRINHOS MORES DA CORTE E REINO E DE TODOS OS SENHORIOS DE PORTUGAL CONDES DE ÓBIDOS DE PALMA E DE SABUGAL COM TRATAMENTO DE SOBRINHOS DOS SENHORES REIS ALCAIDES MORES DE ÓBIDOS SABUGAL SELIR DO PORTO TRANCOSO ALFAIATES CASTELLO DE VIDE E LINDOSO SENHORES E PADROEIROS DE EGREJAS NAS VILLAS DE RIBA TAMEGA SINFAENS SINDE E ARCOS E DO LUGAR DE PALMA COMENDADORES NA ORDEM DE SÃO THIAGO DE HORTA LAGOA E NA ORDEM DE CHRISTO DE SÃO MIGUEL DE VILLA MARIM NOSSA SENHORA DA IDANHA A VELHA SÃO SALVDOR DE BARBAENS NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA LOURINHÃ SÃO LOURENÇO DE TAVEIRO SÃO MIGUEL DE COSATO E SANTA MARIA DA DEVEZA DE CASTELLO DE VIDE ETC. ETC.". No lado do Evangelho da capela-mor, duas lápides de calcário, com as seguintes inscrições incisas e avivadas a negro: "POR BREVE DO NVNIO APOSTOLICO DE XXV DE SETEMBRO DE MDCXCI FOI AQVI PERMITTIDA MISSA QVOTIDIANA SENDO SENHOR DESA CAPELLA DOM FERNÃO MARTINS DE MASCARENHAS II CONDE DE OBIDOS III DE PALMA E IV DE SABUGAL MEIRINHO MÓR DO REINO CONSELHEIRO DE ESTADO E DE GVERRA DO REI SENHOR DOM JOÃO V COMENDADOR DAS ORDENS DE CHRISTO E DE SANTHIAGO, ETC, ETC NASCEV EM IV DE NOVEMBRO DE MDCXLIII MORREV EM IV DE JANEIRO DE MDCCXIX" e "EM MCMXXXV SOB A DIRECÇÃO DE AFFONSO DE DORNELLAS AUXILIADO POR SALVADOR D'ALMEIDA FOI ARTISTICAMENTE MELHORADA ESTA CAPELA PERTENCENTE Á CRUZ VERMELHA PORTUGUESA INSTITUIÇÃO FUNDADA EM MDCCCLXV CRUZ DE GUERRA DE PRIMEIRA CLASSE GRAN CRUZ DA ORDEM DE BENEMERENCIA GRANDE OFICIAL DA ORDEM DE TORRE E ESPADA DO VALÔR LIALDADE E MÉRITO GRANDE OFICIAL DA ORDEM MILTAR DE CHRISTO. ETC. ETC.". No lado oposto, uma grande lápide com a inscrição: "FOI ESTA CAPELLA FVNDADA NO SEGVNDO QVARTEL DO SÉCVLO XVII POR DOM VASCO DE MASCARENHAS ALCAIDE MÓR E PRIMEIRO CONDE DE ÓBIDOS COM HONRAS DE PARENTE GENERAL DE ARTILHERIA. SERVIV NA FLANDRES. GOVERNOV O ALGARVE E O ALEMTEJO TOMANDO VALVERDE E CERCANDO BADAJOZ EM ESPANHA DVRANTE AS GVERRAS DA INDEPENDENCIA VICE REI DA INDIA EM MDCLIJ. VICE REI DO BRAZIL EM MDCLXIIJ. CONSELHEIRO DE GVERRA DO REI SENHOR DOM JOÃO IV. CONSELHEIRO DE ESTADO DO REI SENHOR DOM AFFONSO VI. ESTRIBEIRO MÓR DA RAINHA SENHORA DONA MARIA IZABEL DE SABOIA. ETC. ETC. MORREV EM IV DE JVLHO DE MDCLXXVIIJ". No baptistério, bancos com as inscrições: "VINDE A MIM" e "AQUI ACHAREIS DESCANÇO". A pia baptismal tem a inscrição: "A ÁGUA DO BAPTISMO, LAVA O PECADO ORIGINAL E ALCANÇA O AMOR E A GRAÇA DE DEUS". Nas conversadeiras do baptistério, as inscrições: "VINDE A MIM AQUI ACHAREIS DESCANSO" E "VINDE A MIM QUE EU VOS ALIVIAREI". À entrada do Gabinete do Presidente, existem dois plintos, com duas cabeças em gesso, que ladeiam uma pia de água benta manuelina, lobulada e ornada por faixa fitomórfica, sobre a qual surge a seguinte inscrição: "ESTA PIA SERVIU ÁGUA BENTA Á IGREJA DE NOSSA SENHORA DA ANUNCIADA QUE EL-REI DOM MANUEL I FUNDOU EM 1496 NO LOCAL DA MESQUITA DA MOURARIA DE LISBOA ONDE DEPOIS FOI O CONVENTO DE SANTO ANTÃO-O-VELHO. COM O NOME DE COLEGINHO FOI O MESMO CONVENTO A PRIMEIRA CASA QUE NO MUNDO TEVE A COMPANHIA DE JESUS E ONDE ESTEVE SÃO FRANCISCO XAVIER QUANDO FOI TRAZIDO DE ROMA PELO EMBAIXADOR DOM PEDRO DE MASCARENHAS DA FAMÍLIA DOS CONDES DE ÓBIDOS FUNDADORES DESTE PALÁCIO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XVII. PELO TERRAMOTO DE 1755 FOI DESTRUÍDA A IGREJA DO COLEGINHO, SENDO NO RESPECTIVO CLAUSTRO, EM 1916, ENCONTRADA ESSA PIA NAS ESCAVAÇÕE EFECTUADAS POR AFFONSO DE DORNELLAS, QUE AQUI A COLOCOU EM 1923 OFERECENDO À CRUZ VERMELHA PORTUGUESA".

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Política e administrativa: sede de associação

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: Gabriel Constante (1934-1936). PINTOR DE AZULEJOS: Jorge Colaço (séc. 20); José Leite (1947); VIDROS: Fábrica da Marinha Grande (1947-1948).

Cronologia

Séc. 17, 2.º terço - construção do palácio por um antepassado do 1º conde de Óbidos, D. António de Mascarenhas *4, que cede aos Irmãos de São João de Deus o terreno contíguo ao Palácio, do lado poente, para edificação de um convento-hospital; séc. 17, último quartel - o 1.º Conde de Óbidos, D. Vasco de Mascarenhas, inicia obras no palácio, que continuaram com o seu filho, o 2º conde de Óbidos, D. Fernando Martins Mascarenhas (1643-1719); execução dos azulejos que forram a igreja e a sacristia; execução de painéis de azulejo azul e branco, para colocar nos salões, incluído o da Sala de Mitologia; 1755, 1 Novembro - o edifício pertence ao 3º conde de Óbidos, D. Manuel Assis de Mascarenhas de Castelo-Branco da Costa (1699-1760), tendo ficado com as paredes desaprumadas e algumas fendidas; seria já com o 4º conde, D. José de Assis de Mascarenhas Castelo-Branco da Costa Lencastre que o edifício seria restaurado, após o terramoto de 1 de Novembro; 1874 - o 8º conde, D. Luís António de Assis Mascarenhas (1844-1880) vende o edifício a um particular por 12:000$000; o rei D. Luís compra o palácio ao particular pela mesma importância e faz doação do edifício a D. Maria Teresa de Mascarenhas, irmã do 8.º conde e aia dos príncipes D. Carlos e D. Afonso; D. Maria Teresa lega o palácio ao sobrinho, D. Pedro de Melo de Assis Mascarenhas, 9º conde; 1883 - construção das escadarias pela Câmara Municipal de Lisboa; 1891 - obras de ampliação na ala O.; 1900 - existiam fogões de sala na Biblioteca, na Sala do Conselho Supremo, na Sala das Parábolas, um deles transferido para a Sala de Jantar, durante as obras da década de 30 do séc. 20; séc. 20, inícios - o andar nobre do palácio esteve arrendado ao Clube Inglês; 1903 - Eduardo VII, quando visita a Lisboa, esteve no Palácio; 1905 - morte do 9º conde, sendo o palácio pouco depois arrendado ao The British Council; 1919, 30 Junho - aquisição do edifício pela Cruz Vermelha Portuguesa a D. Pedro de Melo de Assis Mascarenhas, por 65.000$00; séc. 20, década de 20 - pintura dos azulejos do terraço por Jorge Colaço; 1924 - instalação da sede da Cruz Vermelha Portuguesa no local; 1927 - demolição do muro que fechava o Palácio a N., onde se integrava um portal armoriado, foi derrubado, construindo-se, no lado E., dois portões, um gradeamento e um muro mais baixo; 1934 - pintura do tecto da Casa de Jantar por Gabriel Constante, reproduzindo quatro vistas do Palácio; o amplo vestíbulo que antecedia o palácio e o pátio foi dividido em dois terraços, onde se construíram dependências; 1935 - reconstrução da biblioteca, conforme projecto de Afonso de Dornelas, inspirada na Biblioteca da Academia de Ciências de Lisboa; pintura do tecto por Gabriel Constante; pintura dos azulejos da Sala de D. João de Castro, a imitar as tapeçarias da Casa de Áustria, fabricadas em Bruxelas, em 1555, da autoria de Gabriel Constante; construção da Capela sobre a antiga Capela do Palácio, com pinturas de Gabriel Constante, conforme sugestões de Salvador de Almeida, que fora mordomo do Palácio; projecto da escadaria que liga a Avenida 24 de Julho ao Jardim 9 de Abril, da autoria de Guilherme Rebelo de Andrade; 1936 - pintura do tecto da Sala das Grinaldas por Gabriel Constante; 11 Fevereiro - o Presidente Marechal Carmona plantou uma oliveira em frente ao portal principal do edifício, como símbolo de paz; 1937 - concepção dos azulejos da Casa de Jantar pelo coronel Victória Pereira, a imitar azulejos seiscentistas; 1937 / 1947 - obras para instalação da Cruz Vermelha Portuguesa; 1947 - execução dos azulejos da Sala das Parábolas por José Leite, o qual terá refeito alguns painéis de azulejo da Sala de Diana e da Sala de Jantar; 1947 - 1948 - aquisição do lustre da biblioteca, executado na Fábrica da Marinha Grande; 1980 - Despacho, de 20 Março, do Secretário de Estado da Cultura, aprovando o estabelecimento da Zona Especial de Protecção; 1999, 6 Agosto - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante no edifício principal e de betão nos secundários.

Materiais

Estrutura do edifício principal em alvenaria mista, rebocada e pintada, sendo a dos anexos em betão e alvenaria de tijolo, igualmente rebocada e pintada; pilastras, cornijas, embasamento, modinaturas, pavimentos, pedra de armas, pia baptismal, balaustradas, escadarias em cantaria de calcário; guardas, portões em ferro forjado; pavimentos, bancos, lápides, altar em mármore; estantes da biblioteca, tectos, portas e caixilhos de madeira; salas com decoração em estuque pintado; silhares e painéis de azulejo tradicional e industrial; janelas com vidro simples; cobertura exterior em telha de canudo.

Bibliografia

CASTILHO, Júlio de, Ribeira de Lisboa, 2ª ed., vol. V, Lisboa, 1944; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, fasc. 6, Lisboa, 1949; O Palácio dos Condes de Óbidos - sede da Cruz Vermelha Portuguesa, Lisboa, 1983; ATAÍDE, M. Maia, (coord. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - tomo III, Lisboa, 1988.

Documentação Gráfica

CVP

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID, Carta de Risco; CVP

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH-010/125-0120/01, DGEMN/DSID, Carta de Risco; CVP; CML: Arquivo de Obras da (Pº Nº 13906); IGESPAR: Pº Nº 86/3 (43)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1934 / 1935 / 1936 / 1937 - campanha de obras para instalação da Cruz Vermelha Portuguesa, sob a orientação do Secretário Geral Afonso d'Ornelas: os dois portões de ferro, brazonados, de acesso ao pátio pela Rua de D. Francisco de Paula, foram tirados e substituídos por muro gradeado; duas novas entradas foram abertas no muro alto do Palácio, do lado do Jardim Nove de Abril, com portões de ferro; restauro das fachadas, construção de novas dependências sobre o primitivo vestíbulo nobre, na entrada principal; renovação de todas as salas, e capela: pinturas, madeiras, azulejos foram restaurados, em certos casos, ou totalmente feitos de novos, como um dos painéis que representam Diana e Actéon, com 16 azulejos novos; 2000 - pintura das paredes exteriores do edifício em branco.

Observações

*1 - Palácio do Conde de Óbidos, actualmente sede nacional da Cruz Vermelha Portuguesa. *1 - encontrava-se pintado de vermelho no final do séc. 20. *2 - os azulejos da sala de Diana foram restaurados e muitos deles são modernos: a barra do painel 7, o painel 8 e os painéis que representam uma cariátide com folha de acanto à cabeça são do séc. 20, mais precisamente dos anos 40. *3 - os azulejos da Sala de Jantar que se encontram entre as conversadeiras, bem como o painel dos cavaleiros, são também do séc. 20, imitando os azulejos do séc. 18. *3 - as representações antigas do palácio não o mostram com grandes alterações, existindo, no terraço cinco portas-janelas, em vez das actuais quatro, significando, que, após o séc. 18, talvez, depois do terramoto de 1755, a central foi entaipada. *4 - segundo outras fontes (Nobreza de Portugal e do Brasil, vol.III, Lisboa 1989, pp. 61-62) o palácio teria sido fundado por D. Vasco de Mascarenhas, 1º Conde de Óbidos, Alcaide-mor de Óbidos, 27º vice-rei da Índia, 2º vice-rei do Brasil (morre em 1678).

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1994 / Paula Correia 2001 / Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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