Palácio Bensaúde

IPA.00004913
Portugal, Lisboa, Lisboa, São Domingos de Benfica
 
Arquitectura residencial, do séc. 20. Casa de uma quinta de recreio, bastante vasta e com várias construções, de planta rectangular irregular, com acrescento de dois corpos posteriormente, com as fachadas dinamizadas por vários panos, com coberturas distintas e vãos de perfil diverso, racionalizados e simplificados nos anos 30 do séc. 20, desenvolvida em torno de dois pátios, um externo e um interno, com acesso por vestíbulo, que liga à escadaria, a uma galeria e às várias dependências intercomunicantes e com acesso por corredores dispostos de forma sinuosa. As fachadas possuem elementos típicos das construções de Raul Lino, como um pavilhão no extremo com cobertura em coruchéu, cujos elementos arquitectónicos se encontram protegidos por telha, uma loggia sobre um alpendre a abrir para o pátio exterior e um jogo de janelas de volta perfeita e rectilíneas, que dinamizam os vários panos da fachada. O porta principal tem reminiscências seiscentistas, com verga recta e remate em friso, cornija e pináculos laterais, bem como as sacadas e respectivas guardas.
Número IPA Antigo: PT031106390390
 
Registo visualizado 4124 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Residencial unifamiliar  Quinta  Palacete  

Descrição

Planta rectangular irregular formada por sucessivas reconstruções, possuindo um pátio no lado E. que liga ao Jardim e um interno no lado oposto., de volumes articulados e disposição horizontalista, com corpos diferenciados e escalonados, possuindo coberturas diferenciadas com telhados a quatro águas, em coruchéu octogonal e em pavilhão. Fachadas rebocadas e pintadas de bege, percorridas por embasamento saliente, com placagem de cantaria aparelhada em almofada, que reveste todo o primeiro piso, possuindo alguns ressaltos, que servem de contrafortes, flanqueadas por cunhais de cantaria, em aparelho isódomo e rematadas em cornija e beirada simples. Fachada principal virada a N., dividida em seis panos, por frisos de cantaria, de dimensões distintas e com fenestração irregular. No lado esquerdo, existe um pequeno corpo torreado, quadrangular, possuindo os ângulos truncados e cobertura em coruchéu octogonal, tendo em cada face e abaixo do coruchéu um remate em frontão triangular, sendo rasgado, no segundo piso, por janela de sacada, com bacia em cantaria e guarda vazada de ferro forjado pintado de verde, para onde abre porta-janela rectilínea, com moldura simples de cantaria, sublinhado por friso e frontão semicircular, com o tímpano atravessado por três aduelas, que marcam a verga da janela. Neste corpo, o cunhal e os frontões encontram-se protegidos por telha. O segundo pano, bastante estreito, possui porta de verga recta, com moldura de cantaria, assente em plintos paralelepipédicos com as faces em ponta de diamante, rematado por friso e cornija, encimada por pináculos de bola, sobre o qual evolui uma janela de peitoril rectilínea, com moldura simples e remate em frontão triangular. Sucede-se um pano de maiores dimensões, possuindo, no piso inferior, sete janelas rectilíneas, protegidas por grades, encimadas por sete janelas de sacada, com bacia e guarda semelhantes às anteriores, possuindo porta-janela rectilínea, com moldura simples e remate em friso e cornija. O pano imediato, ainda da construção primitiva, é rasgado, no piso inferior, por duas janelas em arco de volta perfeita, protegidas por grades metálicas, surgindo, no segundo piso sacada corrida, com bacia de cantaria, com pequena barriga central, assente em seis modilhões, e guarda em ferro forjado, para onde abrem três portas-janelas em arco de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas, divididas por frisos verticais de cantaria, que sustentam friso e cornija. O pano seguinte é rasgado por portal de verga recta e moldura simples, assente em cubos de faces almofadadas, encimado por friso e frontão semicircular, interrompido em volutas, possuindo no tímpano vários enrolamentos e volutas em relevo; no piso superior, duas janelas em arco de volta perfeita, com moldura simples e protegidas por grades de ferro pintadas de verde. O sexto pano possui, no segundo piso, duas janelas de sacada semelhantes às do pano de maiores dimensões. No lado esquerdo, o edifício é prolongado por muro, rebocado e pintado de bege, com alto embasamento e encimado por platibanda vazada em ziguezague, o qual envolve o jardim e a zona da quinta, surgindo um pequeno muro semelhante, no lado direito, que termina no portão de acesso ao interior da quinta; este é flanqueado por dois pilares em cantaria fendida e encimados por urnas do tipo Médicis, protegido por duas folhas metálicas pintadas de verde, tendo, no lado esquerdo, pequena porta de acesso, de verga recta. Fachada lateral esquerda, virada a E., possuindo o corpo torreado, já descrito, o qual tem, no piso inferior, porta de verga recta e moldura de cantaria recortada, com acesso por escadas do mesmo material, com guardas laterais em ferro forjado. Sucede-se um pano saliente, com dus trapeiras no telhado, com janelas rectilíneas, possuindo, sobre os cunhais, pináculos piramidais, rasgado por respiradouros jacentes, ao nível do solo, e por uma janela de peitoril de moldura simples e rematada por frontão triangular, um óculo circular a que se sucede um alpendre, sustentado por três colunas de fuste liso e capitéis jónicos e em três mísulas com o mesmo tipo de capitel, possuindo estrutura de madeira pintada de verde, que forma um friso e mísulas que sustentam as três águas; junto a este, uma ampla chaminé. Fachada lateral direita, virada a O., marcada por três panos, o do lado esquerdo rasgado por porta e janela em arco de volta perfeita e moldura simples, a que se sucede um saliente, com três respiradouros ao nível do solo e três janelas de volta perfeita com moldura simples; no extremo direito, duas arcadas de volta perfeita, com fecho saliente e volutado, entaipadas. Fachada posterior com oito panos, o do extremo esquerdo reentrante, rasgado por quatro respiradouros junto ao solo e por quatro janelas de peitoril rectilíneas, com molduras em cantaria de calcário e remate em frontão triangular; sucede-se um pano com seis respiradouros e seis janelas com molduras recortadas e pequena guarda de ferro forjado; junto aos respiradouros, surgem floreiras paralelepipédicas, revestidas a azulejo policromo. Em seguida, surge um pano reentrante, de pequenas dimensões e com cobertura em pavilhão, onde se rasga uma trapeira, saliente e rectilínea, rematada por frontão triangular; é rasgado, tal como os anteriores, por um respiradouro e janela de peitoril rectilínea, rematada por frontão triangular. Surgem dois corpos salientes, com uma trífora rectilínea, com moldura comum, as laterais rematando em cornija e a central em frontão triangular; estes centram um corpo reentrante, marcado no remate pelo alteamento da cornija, em perfil contracurvo, de inspiração borromínica, rasgado por porta de verga recta e moldura recortado, encimado por janela de sacada, com bacia assente em falsas mísulas e guarda de ferro forjado formando elementos vegetalistas, para onde abre porta-janela em arco abatido, com moldura recortada *1. Segue um pano com respiradouro inferior e uma janela de peitoril com remate em frontão triangular, surgindo no extremo um pano semelhante mas com dois vãos em cada piso; entre estes o acesso ao pátio, com pavimento rebaixado, possuindo dois pisos. O acesso é marcado por estrutura arquitravada, sustentada por sete colunas toscanas, e murete de alvenaria, rebocado e pintado de bege, de onde evolui uma escadaria de lanços divergentes, com guarda marcada por estípides encimadas por urnas e por ferro forjado, que leva ao pátio, pavimentado a calçada de calcário. No fundo das escadas, surge uma fonte de falsos embrechados, com nicho em arco de volta perfeita e moldura de pedra não afeiçoada, com o fundo forrado a seixos, onde surge cartela e a bica em forma de carranca, que verte para tanque circular, com bordo boleado. No pátio, a face virada a S. possui quatro arcos abatidos, sustentados por pilares toscanos, de fustes almofadados, que formam um amplo alpendre, com pavimento em ladrilho cerâmico vermelho, com olambrilhas, para onde abre arco abatido, porta de verga recta e, na face E., uma janela de peitoril rectilínea e com moldura simples, em cantaria; no segundo piso, loggia do tipo arquitravado, fechada posteriormente em marquise, sustentada por nove pilares toscanos. A face virada a E. é marcada por amplo portal de verga recta, ladeado por pilastras toscanas e protegido por alpendre sustentado por estas e por duas colunas da mesma ordem arquitectónica, que apoiam friso, cornija e cobertura em falsa cúpula, de quatro panos, revestidos a azulejo axadrezado, branco e verde, rematada por pináculo; é encimado por painel rectangular recortado que serve de moldura a uma cartela circular, com a inscrição "QUINTA DE SANTO ANTÓNIO DAS FRECHAS". Está ladeado por canteiro revestido a azulejo de figura avulsa e por três janelas de peitoril, rematadas por cornija e protegidas por grades em papo de rola; no piso superior, três janelas de peitoril, rematadas por frontão triangular. A face virada a O. tem quatro janelas de peitoril em cada piso, as inferiores com remate em cornija e as superiores em frontão triangular. No telhado, quatro trapeiras no lado O. e uma no oposto. INTERIOR com pequeno vestíbulo, ligando a uma escadas, que levam ao maior salão e se ligam às demais dependências, intercomunicantes. Corredores sinuosos acedem a vários gabinetes, alguns separados por estrutura de tabique *2. Têm paredes rebocadas e pintadas, algumas com lambris de madeira e outras silhares de azulejo de figura avulsa, com tectos planos, rebocados e pintados e pavimento em soalho. As escadas da galeria são de madeira, com lambril apainelado do mesmo material, dando acesso a um espaço com abóbada de berço, dividida em caixotões pintados, com molduras brancas, tendo, no topo, junto a uma janela, colunas toscanas de calcário vermelho. Algumas molduras mantêm os aros de madeira e as sobreportas ornadas por talha de elementos vegetalistas, mantendo-se a enorme lareira da antiga cozinha, sustentada por dois pilares toscanos com fustes almofadados.

Acessos

Estrada da Luz, n.º 151-157. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.753985, long.: -9.175260

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, destacado e isolado, envolvido por edifícios de habitação plurifamiliar, com a fachada principal voltada a uma via pública com trânsito intenso, possuindo, na zona posterior, um amplo jardim com vários lagos e estruturas construídas de lazer (v. PT031106390568).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Política e administrativa: inspeção-geral / Assistencial: organismo de acção social estatal

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Defesa Nacional

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Carlos Ramos (séc. 20, anos 30); José Luís Amorim (1980); Maria Leonor Pereira de Sampaio Rocha (1992-1993); Raul Lino (1921). ENGENHEIRO: José Belard da Fonseca (séc. 20, anos 30).

Cronologia

Idade Média - fundação da primitiva propriedade agrícola existente no local; 1921 - construção do palácio por iniciativa de Vasco Elias Bensaúde, segundo projecto do arquitecto Raul Lino (1879 - 1974), datado deste ano; séc. 20, década de 30 - alterações num corpo da fachada posterior, surgindo tríforas e a zona do portal e sacada para o jardim reentrante, conforme projecto do arquitecto Carlos Ramos, conforme ordem de Vasco Elias Bensaúde; construção de dois corpos anexos à fachada principal, da autoria do mesmo arquitecto e com o apoio do engenheiro José Belard da Fonseca; 1980 - aquisição da propriedade pelo Estado, com vista à construção de um centro administrativo nos primitivos terrenos agrícolas e jardim; adaptação do edifício a serviços administrativos (Cooperação Económica Externa) do Ministério das Finanças e do Centro Regional de Informática do Ministério dos Assuntos Sociais, segundo projecto do arquitecto José Luís Amorim; 1992-1993 - execução de instalações sanitárias no piso inferior, conforme projecto da arquitecta Maria Leonor Pereira de Sampaio Rocha; 1996, Novembro - execução de mobiliário para o interior do edifício, nomeadamente de armários embutidos; 1997 - cedência dos terrenos da antiga quinta pelo Estado ao Município por um período de 30 anos permanecendo o palácio na posse do Estado bem como a zona de jardins contígua; 2005, Março - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista de tijolo e calcário, rebocada e pintada; modinaturas, embasamento, colunas, mísulas, modilhões, sacadas, frontões, cornijas, frisos, pavimentos em cantaria de calcário; coberturas, lambris, pavimentos, portas e respectivos aros, caixilharias, estrutura de alpendre em madeira; guardas e grades em ferro forjado; pavimento cerâmico e em olambrilhas; silhares e painéis de azulejo industrial; janelas com vidro simples; coberturas exteriores em telha.

Bibliografia

FERREIRA, Jorge M. Rodrigues, São Domingos de Benfica. Roteiro, Lisboa, 1991; Monumentos, n.º 10, n.º 23, Lisboa, DGEMN, 2000, 2005; PAIXÃO, Guilherme, Estado Transfere Zona Verde do Palácio Bensaúde para o Município. Lisboa Ganha Jardim Centenário, in Público, Lisboa, 28.02.97.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DSE, DGEMN/DRELisboa/DRC, DGEMN/DRELisboa/DIE DGEMN/DSEP; CML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRELisboa

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRELisboa

Intervenção Realizada

DGEMN: 1980 - projecto e instalação de sistema de detecção de incêndios; projecto e instalação do sistema de ventilação e ar condicionado; projecto e nova instalação eléctrica e telecomunicações; 1981, Janeiro - projecto de ligação das águas residuais ao colector da Câmara Municipal de Lisboa; 1984 - projecto de instalação de uma nova unidade de ar condicionado; projecto de nova instalação eléctrica e telecomunicações; instalação de sistema de detecção de incêndios e de intrusão; 1991 - instalação de nova rede telefónica; 1993 - arranjo da instalação eléctrica; instalação das canalizações de água e águas residuais; 1997 - colocação de tomadas de uso geral e para terminais; colocação de iluminação de emergência; colocação de nova rede de ar condicionado; novo sistema de detecção de incêndios; 1999 - reparação do telhado; 2004 / 2005 - recuperação das fachadas.

Observações

*1 - no projecto inicial e levado a cabo por Raul Lino, este corpo era plano, com a cornija contracurva, possuindo os vãos existentes sob esta, mas ladeado por duas janelas de peitoril rematadas por frontão triangular, resultando o aspecto actual de uma reforma posterior. *2 - o projecto de Raul Lino possuía um largo vestíbulo, através do portal principal da fachada principal, que ligava, para o lado direito ao salão e para o esquerdo a várias dependências até à sala de jantar e ao pavilhão com cobertura em coruchéu, o qual ligava à copa e à cozinha; no lado oposto, situavam-se, com acesso por corredores e uma galeria, os vários quartos privados e instalações sanitárias.

Autor e Data

Teresa Vale, Carlos Gomes e João Ferreira 1996 / Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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